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Capítulo 6 - Testemunhas e Provas

- Oi. - Felipe cumprimentou quando entrou na biblioteca.

Levantei os olhos do livro que estava lendo e sorri. Me levantei da cadeira e dei a volta na mesa, me aproximando dele.

- Preciso que faça uma coisa para mim. - falei de forma direta.

- O que seria? - Felipe perguntou com as sobrancelhas franzidas.

Me aproximei mais um passo, segurando em sua mão.

- Eu preciso que encontre provas ou testemunhas que eu possa usar contra o meu tio no julgamento. Sei que minha palavra é suficiente, mas se vamos fazer isso publicamente, e ele tem direito a uma defesa, é melhor que eu tenha algo mais do que apenas a minha palavra.

Felipe assentiu.

- Eu vou testemunhar por você, - afirmou - e Kevyn também, mas vou tentar encontrar mais alguém que saiba de alguma coisa.

- Obrigada. Você é o único em quem eu confio.

Soltei um suspiro e me aproximei mais dele, apoiando a testa em seu ombro.

Felipe passou as mãos por minha cintura e me abraçou.

- Você está bem? - ele perguntou.

- Estou, eu acho.

Ele me apertou um pouco mais e deu um beijo em minha testa.

- Alice... Você ainda pretende continuar casada com Kevyn?

A pergunta me pegou de surpresa e eu levantei a cabeça para olhá-lo nos olhos.

- Eu não sei. - respondi depois de pensar um pouco.

- Então é sim. - ele concluiu.

- Felipe...

Ele colocou o dedo em minha boca, fazendo com que eu parasse de falar.

- Eu entendo. Você ainda precisa da aliança com o reino de Marte. Você ainda é a rainha, essa é a sua vida e o seu dever. Eu sei.

- Você não vai ir embora, não é? - perguntei com medo.

- Não. Eu não vou embora. Sei que você precisa de mim e o meu dever é te ajudar e te proteger. Estarei ao seu lado sempre.

- Eu te amo. - sussurrei emocionada.

- Eu também te amo. - ele respondeu.

Respirei fundo e me aconcheguei em seu peito.

- Está tudo bem, Alice. Vai ficar tudo bem.

Ele se afastou um pouco e segurou meu rosto entre as mãos, me olhando nos olhos, e então me deu um beijo suave.

- Agora é melhor eu ir.

- Certo.

Ele me deu mais um selinho e foi até a porta, mas parou antes de abri-la e se virou para mim.

- Estava quase me esquecendo... Nosso hóspede está querendo falar com você.

Levei um momento para entender de quem ele estava falando, mas então me lembrei e acenei com a cabeça.

- Posso falar com ele mais tarde. Depois do jantar.

- Tudo bem.

Felipe então abriu a porta e foi embora, me deixando sozinha ali na biblioteca.

Fiquei me questionando sobre o que exatamente eu pretendia fazer. Será que eu ainda conseguiria seguir com o meu plano inicial?

Meus olhos se encheram de lágrimas ao perceber que eu estava totalmente encurralada num caminho sem volta e sem final feliz.

Não deixei as lágrimas caírem, ao invés disso guardei o livro que estava lendo e saí.

Andei pelos corredores distraidamente, perdida em meus pensamentos, até que avistei alguém se aproximando.

Levantei a cabeça para encontrar tristes olhos verdes olhando para mim.

- Mateus?

Ele tinha o semblante sério e parecia estar cansado.

- Majestade... - ele cumprimentou com um aceno de cabeça. - Será que podemos conversar?

- Podemos.

Mateus desviou os olhos dos meus e suspirou antes de ajoelhar em minha frente.

- Eu queria implorar que soltasse o meu pai.

- Mateus, eu já lhe disse que não vou fazer isso. Não posso fazer isso. Levante-se.

Ele se levantou, mas não me olhou nos olhos, apenas encarou o chão.

- Eu sei que deve ser difícil pra você, e se eu estivesse em seu lugar também imploraria por meu pai, mas eu tenho bons motivos para desconfiar dele. Não posso me arriscar a deixa-lo solto, então ele ficará detido até o julgamento, onde será provada a sua culpa ou inocência.

- Alice, meu pai não fez nada, eu sei disso! Ele é seu tio e nunca faria mal a você. Por favor...

- Eu já tomei a minha decisão, Mateus.

Ele me encarou, e dessa vez parecia realmente bravo.

- Eu sei que meu pai pode parecer suspeito por causa das coisas que ele fez, mas tudo o que ele queria era que eu me casasse com você. - Mateus quase gritou - Agora que eu e Camille estamos nos dando bem e ele viu que eu estou feliz... ele havia desistido disso. Não faz o menor sentido ele tentar fazer alguma coisa contra você agora. Abra os seus olhos, Alice. A única pessoa que ganharia com isso tudo é o seu marido.

Eu não podia dizer que ele estava errado, mas acusar o meu marido me traria consequências ainda piores do que acusar o meu tio, e eu não achava que ele tinha alguma culpa...

- Eu sei disso, mas sinto muito Mateus. Eu não posso fazer nada até o julgamento, me desculpe. Tudo o que você pode fazer é tentar provar que seu pai é inocente, apesar de eu achar que isso será impossível.

Mateus ficou em silêncio por um momento.

- Por que você desconfia tanto assim do meu pai? - ele quis saber - Tem alguma prova ou algo que te faça pensar isso?

- Eu não posso te dizer agora, mas você vai saber no julgamento.

Ele soltou um suspiro.

- Alice, eu estou tentando entender isso tudo. O meu pai não tentaria envenenar você, eu sei disso. Então por que acha que ele fez isso?

- Sinto muito mesmo Mateus, não direi nada até o julgamento, mas acho que irá se decepcionar muito. Seu pai pode não ser tão bom como você pensa...

Mateus apertou os lábios, mas não respondeu, ao invés disso passou por mim, indo embora.

Eu ainda queria falar com ele sobre Camille, mas não era o momento, por isso deixei que ele fosse.

Aquela situação toda estava cada vez mais complicada, mas eu não tinha escolha. Meu tio havia tentado me matar e eu não podia simplesmente ignorar isso, por mais doloroso que fosse.

Tudo o que eu precisava descobrir era o motivo de ele ter feito isso. "Motivos, Meios e Oportunidade" - eu havia lido isso em algum lugar sobre investigação de crimes.

Meu tio possuía os meios, já que ele era um príncipe rico e poderia facilmente ter acesso à algum tipo de veneno, seja diretamente ou usando alguém para conseguir. Ele teve a oportunidade na manhã da minha quase morte, mas os motivos...

Se eu morresse meu tio Lucas seria rei novamente, então o que Sebastian ganharia com isso?

A não ser que ele pretendesse matar o próprio irmão depois.

Ainda havia muitas perguntas sem respostas e eu estava ficando cada vez mais confusa, sem saber em quem confiar ou no que acreditar.

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