Eu estava descansando em meu quarto e estava um pouco depressiva demais para sair de lá.
Eu não sabia bem o motivo da minha tristeza, mas aquele era um daqueles dias em que eu não tinha vontade de fazer nada, além de ficar deitada na cama.
Até tentei ler um livro, mas não consegui me concentrar o bastante para isso.
Aos poucos estava caindo a minha ficha de que a minha vida estava acabada.
Eu estava presa a um casamento que eu não desejava, eu havia perdido o meu filho - o único motivo pelo qual eu havia me casado - e eu estava perdendo Felipe aos poucos. Para piorar tudo, eu ainda precisava resolver todos os problemas de um reino inteiro, incluindo uma maldita guerra.
De repente ouvi uma batida na porta e uma voz me chamando. Era uma voz de mulher.
- Entre. - falei ao me sentar na cama.
A porta se abriu e Patrícia entrou trazendo uma bandeja com o meu almoço.<
Entrei embaixo da água fria do chuveiro e deixei ela escorrer por todo o meu corpo, numa tentativa de me refrescar do calor.Eu havia acabado de almoçar e, como eu não estava mais tendo aulas durante a tarde, não havia mais nada para fazer, então eu pretendia ficar trancada no meu quarto o resto do dia.Desliguei o chuveiro e enrolei a toalha em volta do corpo, então fui até o meu closet e coloquei um vestido preto qualquer dentre os muitos vestidos que haviam ali.Eu poderia doar algumas daquelas roupas, já que Julian insistia em sempre me trazer roupas novas.Fui mais para o fundo, onde estava a minha coroa e também alguns presentes que eu havia guardado ali.Havia gavetas de joias, prateleiras de sapatos, dois quadros que eu ainda não havia decidido onde colocar, uma garrafa de vinho branco... e uma espada, que Felipe havia me dado de presente.Parei subitamente e encar
As palavras de Kevyn ecoavam na minha cabeça e sua expressão não saia da minha mente.- Você o ama tanto assim? - ele perguntou quando eu disse que faria qualquer coisa se ele me prometesse que Felipe ficaria bem e vivo. Ao que eu respondi que sim, que o amava mais do que qualquer outra coisa no mundo.- Então... tudo o que aconteceu entre nós dois... foi uma mentira realmente? - ele exigiu saber - O noivado? O casamento? A... gravidez? Você estava mesmo grávida? Ou... Você estava grávida dele?Kevyn foi juntando os pontos e seu olhar era de puro sofrimento, o que me fez, por um momento, sentir pena dele.Não menti. Eu já estava ficando cansada de mentiras.Confessei a ele minhas ações e meus motivos, e ele me deu suas condições.Ele disse que não contaria nada a ninguém e continuaria nosso casamento, como eu imaginava,
Acordei pela manhã me sentindo mais ansiosa do que nunca.Felipe não compareceu ao café da manhã, o que me deixou apreensiva, mas ao mesmo tempo aliviada, pois não era bom que ele e Kevyn se vissem de novo.Na noite anterior eu havia falado com meu primeiro ministro, meu secretário e com o tesoureiro, e consegui que preparassem um carro com motorista e uma mala de dinheiro para Felipe e disse que o estava enviando para um tipo de missão urgente e confidencial.É claro que eles quiseram saber os motivos e o que era aquela missão, mas eu exigi que conseguissem tudo o que eu havia pedido e não perguntassem nada.Depois da minha reunião eu voltei para o quarto e
Subi as escadas em direção à biblioteca mais uma vez. Lá era o meu refúgio e o meu esconderijo.Andei pelos corredores de cabeça baixa e sem tentar esconder o quanto eu estava arrasada, mesmo com os dois guardas atrás de mim.Perdida em pensamentos nem percebi que havia alguém vindo e esbarrei em Mateus, quase derrubando nós dois no chão.Felizmente ele me segurou pelo braço com a mão livre e se equilibrou.Era bem estranho, mas estava se tornando um hábito nós dois nos encontrarmos assim.- Desculpe. - pedi, já tentando me esquivar dele.
O mundo estava desabando sobre mim de uma só vez e os destroços estavam me soterrando cada vez mais, me sufocando.Fiquei a noite toda acordada assistindo aos noticiários na sala de estar.Alguns dos meus guardas estavam comigo, assim como Kevyn também.De tempos em tempos recebíamos novas notícias, mas nada que fizesse muita diferença.Urano estava sendo fortemente atacado e parcialmente destruído.A destruição estava sendo muito maior do que a que ocorrera no reino de Júpiter e pessoas inocentes estavam sendo mortas.Felizmente conseguimos encurralar os atacantes, cercando-os por trás.O meu maior medo era que esse ataque fosse apenas uma distração, por isso mandei que os soldados ficassem atentos, fortificando as nossas fronteiras.Poderíamos ter sido atacados a qualquer momento, mas não fomos.A noite acabo
Meu tio Sebastian não parecia muito bem. Ele estava com os cabelos bagunçados e a barba já começando a crescer, seus olhos estavam inchados e com olheiras e seu rosto parecia um pouco inchado também.Respirei fundo.Assim que me viu ele me encarou com as sobrancelhas erguidas, me analisando de cima à baixo.Eu estava com uma bermuda jeans e uma camisa regata branca e meu cabelo curto estava solto.- Tio... - cumprimentei.- Majestade.Ele fez uma leve reverência e depois me encarou, me olhando nos olhos como se me desafiasse.- Bom... - comecei - Eu vim aqui para dizer que terei que adiar o seu julgamento por um tempo e o senhor permanecerá preso até lá... A não ser que esteja pronto para fazer uma confissão, é claro. Isso poderia ajudar muito.Ele deu um riso de escárnio.- Você acha mesmo que eu vou confessar?
Ao voltar para o meu quarto encontrei Kevyn sentado na cama, de frente para a porta, como se estivesse me esperando.- Precisamos conversar. - ele disse direto - Não posso deixar que você se aliste para fazer treinamento militar.Eu o encarei com as sobrancelhas erguidas.- Alice, você é a rainha, precisa ficar no castelo onde está protegida. Tenha um pouco de juízo! Você tem deveres e obrigações, e há muitas coisas que precisa fazer, mas aqui, no Castelo.- Tenho certeza de que poderá cuidar dessas coisas na minha ausência. - retruquei - E eu virei ao castelo uma vez por semana para resolver o que for necessário.Ele balançou a cabeça.- Você não pode fazer isso.- Eu posso e eu vou. - respondi - A minha decisão já foitomada Kevyn, e eu não preciso da sua permissão.- Você es
Dois dias se passaram e eu quase não saí do quarto, nem falei com ninguém, mais por vergonha do que por qualquer outra coisa.No terceiro dia, porém, eu tive que sair, pois finalmente começaria o meu treinamento militar.Acordei praticamente de madrugada, me vesti, peguei minhas coisas e saí.Um carro já me esperava na entrada e meu tio estava na porta para se despedir de mim.- Cuide de tudo por mim. - pedi para ele - Ajude Kevyn nas reuniões e se alguma coisa importante acontecer mande me chamar imediatamente.- Tudo bem. Farei isso.- Até logo. - me despedi.Hesitei por um momento, mas depois o abracei.Seria apenas alguns dias fora, eu sabia disso, mas era estranho ficar quase uma semana longedo Castelo.Finalmente eu daria um tempo de ser rainha, mas eu não estaria de férias, ao invés disso eu teria uma semana de treinamento pe