Capítulo 1 - Encontro Secreto

Duas semanas de casada e eu já estava de saco cheio.

Fingir que gostava de Kevyn era mais fácil quando nos víamos apenas algumas vezes no mês, mas acordando todos os dias ao lado dele, era  quase impossível.

Todos os dias - e noites - eram uma tortura para mim, e eu tentava suportar com ajuda de vinho, sempre que possível, mesmo sabendo que não deveria beber.

Abri meus olhos e soltei um suspiro ao tentar me soltar do abraço de Kevyn.

Saí da cama silenciosamente e fui ao banheiro. Lavei o rosto e arrumei meu cabelo até que ouvi passos atrás de mim.

Pelo reflexo eu vi Kevyn se aproximar e me abraçar por trás.

- Bom dia, minha rainha. - ele falou alegre e pousou um beijo em meu pescoço.

- Bom dia. - respondi, tentando forçar um sorriso.

Kevyn passou a mão suavemente pela minha barriga.

- Está se sentindo bem?

- Estou sim. - respondi.

Aos poucos eu estava melhorando e já não ficava enjoada todos os dias, mas estava evitando comidas pesadas ou em grande quantidade, como a médica havia recomendado.

Também estava tentando não ficar muito agitada ou muito nervosa, mas isso era uma missão quase impossível.

Kevyn me soltou e foi até a pia para lavar o próprio rosto, enquanto que eu dei as costas e fui ao meu closet para me trocar. Ele foi logo atrás, entrando no closet enquanto eu ainda colocava o vestido.

Fiquei constrangida por ele ficar olhando para mim e me apressei a me vestir.

- Sua barriga ainda não cresceu nada. - ele comentou.

- É claro. Eu ainda nem completei um mês.

Era mentira. Eu já havia passado de um mês, mas a barriga continuava lisa como sempre, o que era normal, mas Kevyn parecia estar com pressa de vê-la crescer.

Ele suspirou.

- Você não acha que deveríamos dizer pra todo mundo que você está grávida?

- Eu já te falei que quanto mais tempo a gente esperar melhor. - respondi, um pouco impaciente.

Desde que nos casamos Kevyn insistia que devíamos anunciar a gravidez, mesmo eu dizendo que não era uma boa ideia.

- Eu sei. - ele teimou - Mas estamos casados há duas semanas já. Todos vão ficar contentes com a notícia, afinal você é uma rainha e estamos em tempos de crise. Quanto mais rápido tivermos um herdeiro, melhor. Ninguém vai se importar se fizemos ele antes de casar, afinal estamos casados agora e é isso o que importa.

Soltei um suspiro.

Talvez ele tivesse razão, mas eu tinha medo mesmo assim. O que ele não entendia era que meu medo não era as pessoas saberem que eu fiquei grávida antes de me casar, isso não tinha tanta importância, apesar de poder se tornar um escândalo da realeza. O meu medo era as pessoas desconfiarem que o filho não era dele.

- E então... - Ele insistiu.

- Tudo bem, Kevyn. Você pode anunciar a minha gravidez... Mais tarde, no jantar.

Kevyn sorriu.

Eu tinha esperança de que ele esquecesse isso até lá, mas era improvável.

Ele veio em minha direção e me abraçou, me pegando de surpresa.

...

Durante o café da manhã eu fiquei observando a minha família, me perguntando se eu devia mesmo dizer a eles que estava grávida e qual seria a reação deles.

Talvez eu devesse falar com Felipe sobre isso primeiro.

Meus olhos encontraram os dele sobre a mesa e eu lhe dei um leve sorriso e coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha, confirmando nosso encontro mais tarde.

Felipe e eu havíamos combinado de nos encontrar em suas folgas, e eu tive que decorar todos os horários dele para que isso pudesse dar certo, mas estava funcionando.

...

Depois da reunião diária com o conselho eu fui até a biblioteca e mandei que os guardas me deixassem sozinha.

Tranquei a porta e fui até uma das estantes de livros, perto do pequeno sofá que ficava ali.

Tirei um livro específico de lá e o abri. Era um livro falso e dentro dele havia um pequeno controle remoto com números. Disquei a senha 6789 e apertei o botão verde.

A parede da biblioteca se abriu para mostrar um pequeno corredor.

Fazia um tempo que Felipe havia me mostrado aquele lugar. Era um tipo de esconderijo para o caso de o castelo ser atacado, e acabou se tornando o nosso esconderijo secreto.

Coloquei o controle e o livro de volta no lugar e entrei pelo corredor, então apertei um botão que havia do lado de dentro e a porta se fechou.

As luzes estavam acesas, o que significava que ele já estava ali.

Andei até uma sala espaçosa onde Felipe já me esperava sentado em um banco de madeira.

Ele se levantou e quase correu em minha direção, me dando um beijo arrebatador.

Me agarrei nele, devolvendo-lhe o beijo com a mesma intensidade.

- Senti sua falta. - ele murmurou contra meus lábios.

Eu ri.

- A gente se vê todo dia, e faz apenas dois dias que eu não venho aqui.

- Isso já é muito tempo. - ele retrucou.

Durante as últimas duas semanas nós nos encontrávamos ali com frequência, mesmo sabendo que era arriscado.

Felipe acariciou o meu rosto lentamente e sorriu.

- Eu te amo. - murmurou ele.

Dei um leve sorriso.

- Eu também...

Apoiei minha testa na dele e soltei um suspiro, me lembrando do que havia me levado até ali.

- Kevyn está insistindo de novo que quer anunciar a minha gravidez. - falei em voz baixa - Eu disse a ele que poderia fazer isso hoje no jantar.

Felipe franziu a testa.

- Você acha que isso é uma boa ideia?

- Não acho muito não, mas ele já está insistindo nisso há algum tempo e eu cansei de ficar discutindo sobre o assunto. De todo modo, acho que não vai fazer tanta diferença. Todo mundo já sabe sobre nós dois, então... mesmo que eu esperasse mais todos ficariam desconfiados do mesmo jeito.

- Como assim "todo mundo sabe sobre nós dois"?

- Bom, quase todo mundo sabe. Mateus, meu tio Sebastian, meu tio Lucas... todos eles sabem que nós dois temos alguma coisa. Eles só não sabem que ainda nos encontramos assim.

Felipe apertou os lábios pensativo.

- Acho que você tem razão. Mesmo assim, todo cuidado é pouco.

- Eu sei.

Soltei um suspiro mais uma vez e me aconcheguei em seu peito.

- O que vamos fazer Felipe? - perguntei em tom suplicante.

Eu não queria parecer desesperada, mas era assim que eu me sentia e não conseguia esconder isso dele.

Felipe me abraçou protetoramente.

- Eu não sei. - ele respondeu com sinceridade - Eu realmente não sei.

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