MaluNo dia seguinte, eu já estava de pé logo cedo para organizar a casa e outras coisas antes dos nossos amigos chegarem. Mesmo ele cumprindo com sua palavra, não me pedindo para fazer nada, afirmando que ele e os amigos ajeitariam tudo, ainda temperei as carnes para o churrasco e fiz arroz branco, feijão-tropeiro e salada. Por incrível que pareça, o ogro ficou grato pela minha atitude.Após terminar tudo, estava bastante suada e cheirando a tempero, então fui direto para o banheiro tomar um banho, antes que os nossos convidados chegassem.— Nem vem que não tem, seus amigos já devem estar chegando. — reclamei de dentro do box, quando o vi tirando a bermuda e a cueca para entrar no banho comigo.— Tô nem aí, que se foda todo mundo. — tive vontade de rir ao notar seu pênis endurecendo.— Sossega, Samuel! — Sossega o caralho, tu me deixa maluco, Malu. — disse sério, entrando no box e ficando por trás de mim.Nem que eu quisesse, poderia negar, porque esse homem tem o poder de me fazer
MaluNaquele momento, eu senti nossos corações em sintonia, não importava se ele dizia algo, se declarava o que sentia por mim ou não. Eu sabia. Não era apenas sexo, ou como ele costuma dizer, uma foda… Era algo a mais e eu tive certeza naquele instante.Não fizemos nada, não transamos, apenas paramos de nos beijar, deitamos e dormimos de conchinha, mesmo com ele estando bastante sem graça, já que desde que vim morar na casa dele, o Pardal nunca faz isso por vontade própria, porém, toda manhã, seu braço está envolto em minha cintura e seu rosto próximo a minha cabeça. O dia foi magnífico ontem e eu juro que desejei que não tivesse acabado, fazia tempo que eu não me sentia tão bem, rodeada das pessoas que gosto, aquilo me fez um bem danado, mas como nem tudo são flores, hoje precisei levantar cedo para ir trabalhar. Nós ainda não conversamos a fundo sobre a questão das doações para a instituição, ele apenas me disse que estava decidido a fazê-lo, contudo, não irei pressioná-lo, no mom
MaluTodas aquelas palavras que ouvi da mãe do Pardal, ficaram dando voltas e mais voltas em minha cabeça, fazendo um verdadeiro redemoinho, durante todo o dia. Enquanto eu seguia para o salão, na garupa do Perigo, tive uma vontade imensa de ir até ele, o abraçar e dizer o quanto ele é amado e querido. Mas não o fiz, porque, provavelmente, ele não estava ciente que eu sabia sobre seu passado, ao menos uma parte dele.Eu teria que explicar que sua mãe esteve em nossa casa e não sabia como ele encararia isso, então, apenas tentei evitar pensar no assunto — algo bastante complicado. Não via a hora de chegar a noite e eu poder desabafar com a Yasmin.— Tá tudo bem, patroa? — Perigo me tirou do meu transe.— O que disse? — perguntei, piscando os olhos duas vezes.— Tá tudo bem? Parece que tá viajando na maionese aí, tá caladona. — ele olhou rapidamente para mim por cima do ombro.— Impressão sua, só estou cansada. — menti, porque não queria expor a situação.Não faço ideia se algum deles c
PardalEu não sei dizer o que deu em mim quando resolvi aceitar o pedido da Malu, devo estar virando viado, só pode. A parada é a seguinte: fiquei vidrado naquela mulher quando a vi dançando no quintal da minha goma com as amigas. Sim, todas as amigas dela são lindas, mó gostosas, inclusive, já bati o olho várias vezes na patroa dela, e daí que ela é mais velha que eu? Panela velha é que faz comida boa, tá ligado? Mas conheço o passado dela, por isso sempre me mantive afastado. Não tenho tempo pra mina cheia de não me toque. O que eu sei, é que minha goma tava cheia de mina gostosa, e eu só sabia olhar e admirar a mandada. Feiticeira da porra. E nem era olhar de desejo, pô. Sim, eu sou paradão na dela, já percebi isso e não é um bagulho do qual eu possa fugir, mas sei lá, naquele momento foi sinistro. Eu tava sentado, batendo um teti a teti com os menor e, falando bem a verdade, não prestei atenção em quase nada do que eles estavam falando, porque não conseguia desviar meus olhos da
MaluJá era dez horas da noite quando finalmente a última aula acabou e, apesar de me sentir cada vez mais deslumbrada com tudo o que tenho aprendido, não via a hora de chegar em casa, pois, estava exausta. Acredito que todo mundo se sinta assim às segundas-feiras, uma espécie de preguicite aguda toma conta de nossos corpos e mentes.Quando eu estava passando pela porta de saída do prédio da UFRJ, avistei minha amiga misturada em um grupinho, batendo o maior papo. Me aproximei deles.— Olha quem chegou! — Ricardo, o garoto que conheci no outro dia, comenta, sorridente.— Oi, gente. — respondo meio tímida, porque não conheço todos que estão na roda.— Estávamos falando de você agora, Malu. — a Maju, que pensei que não veria mais, se pronuncia.— Espero que bem, hein. — Sim, o Elias queria se desculpar pelo seu primeiro dia aqui. Não é, Elias? — Maju põe a mão no ombro dele, como quem diz: “vai em frente”.— É… — o garoto fala todo sem graça, passando a mão na nuca e sorrindo envergonh
MaluSe eu pudesse apagar a noite passada da minha mente, eu o faria sem pensar duas vezes. Nunca vi o Pardal daquela forma, ele parecia transtornado e não adianta aquele idiota vir tentar se justificar, porque nada poderia explicar tal atitude repentina.Aquilo fez com que lembranças do meu passado viessem à tona, inclusive, situações de quando a minha mãe estava viva.Fiquei chorando por um bom tempo ainda no sofá, até não ter mais lágrimas e ser vencida pelo cansaço. Horas depois, tive a impressão de ter sido carregada, mas acredito que foi apenas um sonho, porque eu estava em casa sozinha, não tinha como isso acontecer.— E aí? — ao abrir os olhos, pela manhã, me deparo com a figura do Pardal, sentado na cama, me encarando.Fico olhando para ele sem dizer nada e assim permaneço. Ele parece ter voltado ao normal, porque não vejo nenhum resquício do homem de ontem a noite.Sem respondê-lo, pego meu celular para olhar as horas e checar se tem alguma mensagem, mas não tem nada e const
Malu— É… Tá todo mundo olhando, Pardal… — comento sem graça, tentando parar o beijo.— E daí? Tu é minha mulher, pô. A primeira dama do CDD, que se foda todo mundo.Ele permanece segurando minha cintura.— Qual foi, Agatha? Tá olhando o quê? Perdeu alguma coisa aqui? — percebo que ele olhando para trás de mim.— Você aí com essa ridícula… Não entendo como preferiu ela, quando me tinha a hora que quisesse. — a voz enjoada da cabelos de fogo ecoa em meus ouvidos.Me dá até nos nervos.— Tu ainda não entendeu, né? Se conforma, pô. Tô com a Malu agora, vai procurar quem te queira, porque eu mesmo nunca te quis. Era só pente e rala, tu que pagava de fiel, sem ser.— Como tu diz uma coisa dessas, Pardal? — a mulher choraminga e se aproxima de nós — Você amava me comer, amava quando eu fazia um babão. Volta pra mim, vai. Larga essa songamonga aí, que não vai te dar o que só eu posso.Ela me afasta dele, dando um empurrão, só não caio porque o Pardal me segura pelo braço, me sustentando. Mas
MaluDias depois…Semana passada, Yasmin e eu aproveitamos para levar as cestas básicas para a instituição, foi maravilhoso ver o sorriso de satisfação no rosto da Aline e a “festa” que os acolhidos por ela e toda a equipe da casa Apoio Fraternal fizeram. Aquilo encheu o nosso coração de alegria e me mostrou que, podemos não conseguir mudar o mundo, mas o pouco que fazemos, já é muito para algumas pessoas.Os dias foram passando tranquilamente, sem muita novidade e aquele episódio do Pardal não voltou a se repetir. Porém, ainda assim, estou com um olho aberto e outro arregalado, não sou o tipo de mulher que atura esse tipo de situação.Nesse momento, estou discutindo com a Yasmin sobre o meu aniversário, que é hoje, no entanto, já havia deixado claro para ela que não queria festa. Mas minha amiga é do tipo festeira e quando coloca uma coisa na cabeça, só Deus para tirar.— Eu já disse que não quero festa, Ys. — tento convencê-la, enquanto termino de organizar os pratos limpos no escor