Capítulo 3

Levantando-se da bancada, ela seguiu pelo corredor, determinada a garantir que a refeição não fosse desperdiçada.

Ela bateu na porta algumas vezes, mas não obteve resposta.

— Será que ele saiu e eu não percebi? – pensou em voz alta. — Deve ter sido na madrugada.

Ponderou por alguns segundos, olhando para a porta.

— Bom... Se ele não está, irei arrumar o seu quarto. – decidiu, abrindo a porta.

Ao abrir a porta subitamente, Amora se deparou com uma cena picante, algo que não deveria ter acontecido. Yaman e uma mulher estavam em momentos íntimos de prazer, e ela sentiu-se envergonhada com a cena. Seus olhos arregalados expressavam sua surpresa e desconforto diante da situação inesperada.

Yaman, atordoado, se enrolou no lençol à sua frente, sua expressão uma mistura de indignação e fúria. A mulher que estava na cama, coberta por outro lençol, lançou um olhar furioso para Amora.

— Quem lhe deu permissão para entrar? – esbravejou com raiva. — Menina, você é muito sem noção mesmo.

O cheiro de álcool exalava a cada palavra dita por ele.

— Desculpe, Sr. Como não respondeu, pensei que havia saído. – ela disse sem jeito quase gaguejando, tentando encontrar as melhores palavras.

A moça, que até então estava deitada, levantou-se e foi até a porta, encarando Amora com desdém.

— Quem é essa vadia, Yaman? – perguntou, dirigindo-se a Amora com um tom de desprezo.

O olhar de Amora entregou o sentimento de ofensa que ela havia recebido. Ela olhou para Yaman, mas ele permaneceu calado.

— Olha, garota estraga-prazeres, sinto cheiro de vagabunda no ar. Não te conheço, mas não tente se meter com meu Yaman. – a moça distribuía ofensas gratuitas, enquanto Yaman apenas observava.

Mesmo tentando, Amora não conseguiu conter a lágrima que começou a rolar em seu rosto. Sentindo-se desamparada diante da injustiça da situação, ela se trancou em seu próprio quarto e começou a chorar baixinho no travesseiro, buscando algum conforto em meio à turbulência emocional que se abateu sobre ela.

Após uma hora, a mulher que estava com Yaman foi embora, e ele decidiu-se dirigir-se à cozinha. Ao entrar, seus olhos foram imediatamente atraídos para a mesa onde o delicioso café da manhã que Amora havia preparado aguardava pacientemente. Ele se sentou na cadeira, um pouco pensativo, e tomou uma xícara de café fumegante enquanto observava ao redor.

No entanto, para sua surpresa, não viu sinal de Amora. Uma sensação de desconforto começou a se instalar em seu peito ao perceber a ausência dela. Onde estaria Amora? Por que ela não estava ali para compartilhar o Kahvalti que preparou com tanto cuidado?

Mesmo sabendo a resposta, Yaman levantou-se da mesa e dirigiu-se até a frente da porta do quarto de Amora. Na incerteza, ele começou a bater na porta do quarto dela, sua mente inundada com pensamentos turbulentos.

Ouvindo as batidas na porta, Amora se recompôs imediatamente. Ao olhar no espelho, viu que seu rosto estava inchado pelo choro e seu nariz estava vermelho, mas não havia como mudar isso naquele momento. Yaman estava batendo tão forte na porta que parecia capaz de derrubá-la a qualquer momento.

Com um suspiro, Amora abriu a porta e viu Yaman se afastar imediatamente.

— Desculpe a demora, Sr. Como posso ajudá-lo? – perguntou, tentando manter a compostura.

— Não quero tomar café sozinho, venha comigo. – respondeu rispidamente. Contudo, não deixou de notar o rastro de dor que ele causou nela.

— Sim, Sr. – respondeu, tentando ser o mais profissional possível.

— Pode me chamar de Yaman, não mordo, por isso. – Yaman disse, analisando-a atentamente.

— Perdão, Sr., mas somos apenas patrão e empregada. Não devo e nem quero ultrapassar o limite da intimidade. – Amora falou, desprovida de qualquer emoção.

Ao ouvir isso, Yaman não gostou e saiu pisando duro rumo à cozinha. Amora o seguiu e ficou em pé ao lado dele enquanto ele tomava seu café da manhã, mantendo uma postura profissional, mas sentindo a tensão no ar.

— Sente-se, menina, e comece a comer. Não quero que depois você passe mal e eu seja acusado de deixá-la passando fome – articulou autoritário.

Amora, sem retrucar, sentou-se à mesa e começou a tomar o seu café. Então, lembrou-se do seu uniforme e decidiu perguntar:

— Sr., quando receberei o meu uniforme e todas as instruções? Nada aqui fica fora do lugar, então não sei o que fazer direito – ela falou temerosa.

Ele olhou para ela como se pensasse em uma resposta, então disse:

— Não quero que use um uniforme, até porque se precisar sair comigo, não quero você atrás de mim com aquela roupa horrorosa! – disse sendo sincero.

Ela sentiu alívio ao notá-lo mais brando.

– Na verdade, você não irá fazer serviços pesados. Apenas irá cuidar das coisas básicas, como meu quarto, as refeições e anotar algum recado. Também será assim no apartamento, até porque terá uma equipe de limpeza. – explicou a ela.

– Terei muito tempo livre então... – Amora pensou em voz alta.

– Sim, terá mesmo. Você pode ler ou fazer qualquer outra coisa que mulheres gostam. Se for sair, deve me avisar antes. – completou ele.

– Obrigada! – falou em um sussurro.

– Pelo que? – Yaman perguntou.

– Por me receber em seu lar e me dar trabalho. Eu não saberia o que fazer da minha vida neste momento. – foi sincera em suas palavras.

– Não precisa me agradecer, faça isso ao meu pai. – falou enquanto bebia um gole do suco de romã.

– Já fiz isso, Sr. Meu padrinho é um bom homem! – falou carinhosa.

— Isso você tem razão, porém ele ficou triste com você. Ao invés de ser tratada como a filha que ele nunca teve, você optou por trabalhar para nós – expressou enquanto olhava nos grandes olhos castanhos escuros dela, esperando uma resposta.

— Meus pais sempre me ensinaram que não devemos nos aproveitar da bondade de outra pessoa e que o melhor é trabalhar para não ser dependente. – disse pensativa — Aprendi muito bem a cuidar de uma casa, por isso falei que preferia, no momento, ser uma das empregadas, já que de outro jeito não conseguiria um trabalho facilmente.

— Entendi o seu ponto de vista, mas já que está aqui, agora me pertence! – ele falou com sua voz rouca, olhando intensamente para Amora.

Amora olha para Yaman um pouco intimidada com suas palavras, então diz:

— Sr., não brinque assim comigo. – ela pede

— Você se assusta fácil, Amora. Talvez eu goste de ter você por perto – Yaman levanta-se e sai, deixando-a sozinha à mesa.

Ele vai para o aconchegante sofá e começa a mexer no seu laptop. Yaman levanta sua visão por alguns instantes e observa Amora no mesmo lugar, com uma expressão de confusão no rosto. Ele sorri de canto e continua a mexer em seu aparelho.

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