ELLE NARRANDOEstou há dias sem notícias de Henry e isso está me enlouquecendo, então, decidi fazer uma loucura para ver se consigo alguma informação. Minha avó concordou em cuidar de Benny. Os dois, aliás, viraram muito amigos.Eu me arrumei e, a noite, fui para um bar caminhando, sozinha. Sabia que os seguranças dele estariam à espreita, então, eu fui para o meio da rua e cruzei os braços.— Não vou sair daqui até você aparecer. Se não aparecer por bem, vai ter que aparecer por mal, porque eu vou continuar no meio da rua até alguém me matar atropelada. — Falei. Como não tive resposta, continuei falando. — E se eu morrer, seu chefe vai te matar!Após alguns segundos, um homem saiu das sombras. Ele era calvo, alto e bem mais velho que Henry. Estava vestindo um terno e parecia um segurança particular. É, é exatamente quem procuro.— Tudo bem, você me pegou. — Eu ouvi e assim que vi o homem, saí do meio da rua e fui em direção a ele. Ele levantou as mãos, mostrando que não estava armado
ELLE NARRANDO— Nicole você... Você tem certeza do que está dizendo? — Falei no telefone.— Absoluta. Eu vi com meus próprios olhos o Henry Abel saindo com uma moça do bar. — Ela disse e suspirou. — Olha, amiga, eu sinto muito por te contar, mas acho que seu conto de fadas acabou.— Meu Deus... — Senti meus olhos marejarem e comecei a chorar amargamente. Como ele pôde fazer isso comigo? Por que se casou comigo, então?Passei as duas mãos em meu próprio rosto quando desliguei o telefone. Eu não sabia no que acreditar. Ele sumiu durante dez dias e reaparece em um bar com uma mulher?Era cedo, e eu ouvi batidas em minha porta. Quando eu abri, vi Parlo ali, parado.— Sim? — Perguntei, o olhando.— O senhor Henry disse que já posso levar o menino para casa. Muito obrigado por cuidar dele. — Eu arregalei os olhos, sem entender.— Ele não vai vir falar comigo? — Questionei.— Ele disse que virá ainda essa semana vê-la. — Eu cruzei meus braços e neguei.— Não acredito. Que cretino! Por que el
Eu levei um susto, mas dei graças a Deus por vê-lo ali.— Vou mudar seu nome para “Dona Encrenca”. Porque sinceramente, tudo é motivo para briga com você. — Eu cruzei meus braços e neguei com a cabeça ao ouví-lo.— Se você me falasse um pouco mais da sua vida, a “dona encrenca” não estaria arrumando encrenca.— Mulher, você me deixa doido, sabia? Eu meio que tô machucado e querendo descansar. E você tá grávida... Acha que eu iria te incomodar com isso? — Questionou e eu fiquei furiosa.— Acha que eu não ia querer receber uma mensagem sua avisando que está vivo? Ou você acha que estou esperando você morrer para herdar tudo que você tem? Às vezes eu duvido um pouco da sua inteligência. — Bufei, sentindo meu rosto ferver.— Você precisa aceitar que por enquanto, eu não posso te falar nada. Estou resolvendo um assunto sério, Elle, eu não posso sair falando pra você ou pra qualquer um sobre o que eu estou tratando. Você não entende mesmo, não é? — Ele perguntou, irritado. — Eu faço de tudo
ELLE NARRANDOPassei a noite chorando. Acordei inchada demais, mas fingi costume. Não queria broncas da minha avó sobre o assunto, mas sei que uma hora chegaríamos a isso.Eu estava embalando algumas coisas da minha avó no apartamento pela manhã, a ajudando. Eu permaneceria com esse apartamento para mim, mas ela insistiu em voltar para sua antiga casa, já que já melhorou completamente.Enquanto a ajudo a embalar, estou pensando em tudo que aconteceu com Henry. Acabei colocando uma caneca dentro da caixa de meias e minha avó deu risada.— Isso foi proposital, Elle? — Questionou.— Hm, não, mas deu certo. A caneca vai ficar bem protegida. — Falei e ela sorriu. — Vou colocar as outras aqui.— No que tanto pensa, Elle? É no Henry? — Eu concordei com a cabeça e suspirei.— Sim, vó. Ele desistiu de mim. — Falei e olhei para baixo. — E ainda me chamou de “Dona Encrenca”.— Acho que ele está certo. Você é chata com ele. — Ela disse, guardando um objeto na caixa. — Se fosse outro homem, já ter
ELLE NARRANDOCruzei os braços ao ver Parlo e Henry descendo dos carros. A surra que os dois levaram de Henry e Parlo foi incrível de assistir, mas o que eu vi a seguir, não foi tão fácil de ver: Henry deu um tiro na cabeça do homem que me agarrou e Parlo deu um tiro na cabeça do outro. Minha avó não parecia chocada, na verdade, ela estava muito tranquila com toda a situação.— Graças a Deus vocês apareceram. Você acredita que ele queria levar a minha bolsa? — Ela disse para Parlo, que pegou a bolsa dela do chão e a limpou, entregando de forma respeitosa para ela.— Aqui está, senhora. Venha, vou te guiar até o carro. — Ele ofereceu o braço para minha avó, que pegou e saiu caminhando com ele.Eu olhava para Henry, com o coração acelerado do susto da tentativa de assalto e também pelo fato de estar surpresa por sua presença ali. Esperava o Parlo, sim, confesso... Mas não o Henry.— Por que está aqui? — Questionei, o olhando nos olhos.— Porque você precisava de mim. Essa estrada é muit
ELLE NARRANDOHenry acenou com a mão e eu vi Parlo saindo com a van, levando minha avó embora. Aquilo me fez arregalar os olhos e pensar que realmente, minha avó estaria em cárcere privado como eu. Eu olhei para Henry com raiva e comecei a tentar abrir compulsivamente a porta do carro.Bati no vidro, como se alguém pudesse me ouvir. Nenhuma alma viva passava por ali, quanto mais alguém para pedir socorro. Eu comecei a chorar e Henry tentou colocar a mão em mim.— Não coloca a mão em mim. Vai ser do seu jeito, não é? Você não é o machão mafioso? — Henry bufou.— É, é isso mesmo. Eu sou o “machão mafioso”, Dona Encrenca. E se você não me obedecer, além de levar uns tapas na bunda, eu vou pedir para o Parlo não ser tão gentil assim com a sua avó. — Eu arregalei meus olhos ao ouvir o que ele disse, profundamente decepcionada.Eu abri o cinto de forma cautelosa. Eu devia tentar fugir antes de Henry começar a dirigir, ou poderia matar nós dois. Ataquei Henry, pulando em cima dele no carro,
ELLE NARRANDONa manhã seguinte, Henry apareceu no meu quarto e veio me puxando pelo braço.— O que você está fazendo? — Questionei. Reparei que ele estava vestido e pronto para sair.— Vamos buscar o café da manhã e eu preciso falar com você, então, vamos. — Ele falou.Não tive escolha a não ser acompanha-lo. No carro, ele ficou em silêncio durante boa parte do trajeto.— Não vai falar? — Questionei. Ele suspirou e deu um tapa no volante.— Eu tô ficando louco de não poder te contar as coisas. — Eu arregalei os olhos. Me enchi de esperança de que ele realmente falasse alguma coisa.— Conta, Henry, por favor. — Pedi, o olhando com ansiedade. — Por favor.— Eu estou prestes a conseguir uma coisa enorme, Elle. Se você tiver a paciência de esperar... — Eu girei os olhos ao ouvir.— Mais segredos? — Ele negou com a cabeça.— O fim dos segredos. Só que você tem que me dar tempo, Elle. Eu tô tentando, juro que estou. — Ele falou e eu cruzei os braços.— Tentar não é fazer. Não vejo uma dúvi
Henry se aproximou o suficiente para colocar a mão em meu queixo, e olhar em meus olhos de forma profunda.— Ah, claro... Entendi. Só pra te informar... O relógio que está no meu pulso nesse exato momento vale oito vezes o valor que você gastou hoje. E ele é o meu relógio mais básico. Se esforce mais se quiser me irritar. Que tal dormir do meu lado sem calcinha e me impedir de te tocar? Aí sim, seria uma provocação interessante.— Ridículo. — Virei meu rosto para o outro lado.— Sinto muito, Dona Encrenca. Eu estou super bem com seus gastos. — Ele saiu andando até a cozinha de forma tranquila. — Pode comprar mais coisas.Passei as duas mãos em meu próprio rosto, com raiva, mas eu pensei no que ele disse sobre dormir sem calcinha ao lado dele. Isso me deu uma ideia bizarra. Nesse jogo de amor e ódio, quem vai ganhar, vai ser eu.No meio da noite, entrei no quarto dele com um pijama minúsculo. Ele estava acordado lendo, e os olhos dele, que estavam no livro, me mediram de cima a baixo.