Capítulo 0004
Mariana trajava um elegante sobretudo branco feito de lã de cordeiro, e as pérolas brancas da Austrália penduradas em suas orelhas realçavam sua doçura e elegância.

O xale em seu pescoço, valendo milhares, chamou a atenção da atendente, que se aproximou rapidamente:

- Sra. Amaral, o Sr. Teófilo não a acompanhou na escolha das joias hoje? Sra. Amaral, os modelos mais recentes acabaram de chegar na loja. Cada um deles é perfeito para a senhora. Sra. Amaral, as esmeraldas que a senhora me pediu para reservar finalmente chegaram. Experimente-as mais tarde, elas certamente combinarão com o seu tom de pele.

A atendente falava rapidamente, chamando Mariana de "Sra. Amaral" a cada frase. Mariana sorriu e lançou um olhar para Patrícia, cheia de satisfação, como que declarando sua vitória.

Todos sabiam que Teófilo a tratava como uma joia preciosa, mas poucos sabiam que Patrícia era a esposa legítima dele.

Patrícia apertou o punho da mão que pendia ao lado, questionando por que, justamente naquele momento constrangedor, ela teve que encontrar a última pessoa que desejava ver.

Com gentileza, Mariana indagou:

- Vender um anel de tão boa qualidade por dinheiro à vista pode resultar em perdas consideráveis.

Patrícia estendeu a mão e pegou a caixa do anel, seu rosto negro como carvão:

- Não vou mais vender.

- Não vai? Que pena. Eu realmente gostei desse anel e estava disposta a comprá-lo por um preço alto, considerando que nos conhecemos. Afinal, Sra. Patrícia, você não está precisando de dinheiro?

A mão de Patrícia ficou rígida no lugar. Sim, ela estava precisando de dinheiro, e muito. Mariana percebeu isso e usou isso como sua arma para humilhá-la.

As atendentes ao redor se apressaram para intervir:

- Senhorita, esta é a noiva do Presidente do Grupo Amaral. É raro a Sra. Amaral se interessar pelo seu anel. Ela definitivamente lhe oferecerá um bom preço, assim você não precisará esperar pelo procedimento habitual para receber o pagamento.

Cada vez que a chamavam de "Sra. Amaral", era um lembrete irônico do fato de que um ano atrás ela tinha jurado a Mariana que não se divorciaria, algo que agora ela desejaria que tivesse feito.

Em apenas um ano, todos nas ruas sabiam de sua situação. Patrícia sentia que seu casamento com Teófilo era uma conspiração.

Vendo sua hesitação, Mariana sorriu brilhantemente:

- Sra. Patrícia, por que você não sugere um preço?

O sorriso triunfante no rosto dessa mulher repugnante estava deixando Patrícia enjoada. Ela respondeu com frieza:

- Não vou vender.

No entanto, Mariana não se intimidou.:

- A Sra. Patrícia está claramente em uma situação difícil. Ainda se preocupa com a dignidade? Se eu fosse você, Sra. Patrícia, abriria mão disso com prazer. Nniguém te contou que insistir de maneira patética não é bonito?

- Suas palavras são ridículas, Srta. Mariana. Você está se aproveitando dos outros para chamar atenção. Se gosta tanto de tirar proveito, por que não assalta um banco?

Enquanto discutiam, o anel voou para fora da caixa, descrevendo uma parábola no ar e caindo no chão com um som de "ding".

Patrícia se apressou para pegá-lo. O anel rolou diretamente até os pés de um par de sapatos de couro fino junto à porta.

Patrícia se inclinou para pegá-lo, uma gota de água caindo em seu pescoço, gelada e penetrante.

Ela levantou os olhos lentamente, encontrando um par de olhos frios e implacáveis. Teófilo ainda segurava o guarda-chuva preto aberto, as gotas de chuva caindo sobre sua cabeça.

O elegante sobretudo preto realçava a impecável postura de Teófilo.

Patrícia encarou-o, relembrando o primeiro encontro deles. Quando ele tinha vinte anos, estava de pé no ensolarado campo de treinamento usando uma camisa branca. Parecia estar no auge de sua juventude, eternamente gravado em sua mente de quando tinha catorze anos.

Ela usava um suéter de tricô, a textura felpuda destacando sua magreza. Seu queixo era afilado, como se tivesse emagrecido um pouco nos últimos três meses.

Ele era nobre e imponente, enquanto ela era humilde como poeira.

O gesto de Patrícia para pegar o anel ficou congelado no lugar, e nesse momento de hesitação, o homem ergueu o pé e pisou no anel, passando por ela sem expressão.
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