A noite parecia interminável.Serena rolava na cama, incapaz de desligar sua mente. O silêncio da madrugada deveria ser reconfortante, mas, em vez disso, tornava o peso da noite anterior ainda mais intenso. A sensação de estar sendo observada, o arrepio na espinha, a sombra que se moveu no limite da floresta... Tudo se repetia em sua cabeça como um ciclo sem fim.Ela fechava os olhos, tentava se forçar a dormir, mas, sempre que conseguia um pouco de descanso, um par de olhos prateados emergia da escuridão em sua mente.O mesmo lobo.Observando.Esperando.O som estridente do despertador a arrancou do torpor, fazendo-a se erguer de súbito, o coração disparado. Seu peito subia e descia enquanto piscava algumas vezes, tentando se situar. O quarto ainda estava em penumbra, iluminado apenas pelas frestas de luz que escapavam da cortina.Respirou fundo.Era fim de semana. Uma folga merecida.Ela precisava tirar a cabeça disso.☽❂☾Depois de um banho morno para aliviar a tensão, Serena escol
O silêncio entre Serena e Dominic era confortável.Ela estava recostada no banco do passageiro, sentindo a vibração do motor potente do Maserati Levante Trofeo, o carro preto luxuoso que Dominic dirigia com maestria. O interior era espaçoso, os bancos de couro macios, e o painel iluminado por uma luz sutil. O ronco do motor era baixo e constante, embalando seus pensamentos enquanto olhava para a paisagem que se desdobrava pela estrada. Serena silenciosamente se perguntava quem de fato era Dominic, mas aquele carro, suas vestes, sua aparência, modo de agir e seu grau de educação deixavam claros de que ele vinha de alguma família rica, talvez bem rica, ela só não conseguia distingir quanto ainda.A cidade logo ficou para trás, dando lugar a uma vasta região de mata fechada e estradas sinuosas. As árvores, altas e imponentes, formavam um corredor natural, e os raios da lua escapavam entre as copas, lançando sombras que dançavam conforme o carro passava. O ar ali era diferente—mais puro,
O primeiro som que Serena ouviu ao acordar foi o suave crepitar da madeira queimando na lareira. A luz fraca da manhã filtrava-se através das cortinas finas, tingindo o quarto de um tom dourado suave.Ela piscou algumas vezes, permitindo que a consciência a alcançasse. Durante alguns instantes, apenas permaneceu ali, sentindo o peso das cobertas sobre o corpo e ouvindo o silêncio do castelo. Era diferente de qualquer manhã que já tivera. Não havia o barulho da cidade, os ruídos abafados de vizinhos ou o som dos passos de desconhecidos no corredor de um prédio qualquer. Ali, tudo parecia… tranquilo.Tranquilo demais.Inspirando profundamente, afastou as cobertas e se levantou. Sentiu o piso frio contra os pés descalços e estremeceu levemente antes de seguir até o banheiro.A água quente do banho ajudou a despertar por completo. Enquanto massageava os ombros, observou o próprio reflexo no espelho embaçado.Serena sempre teve uma beleza incomum. Sua pele pálida contrastava com os longos
A noite caiu com uma suavidade inquietante, trazendo consigo uma aura de expectativa e tensão. No interior do castelo, Serena estava diante do espelho de seu quarto, observando sua própria imagem com um misto de curiosidade e hesitação.Sua pele pálida contrastava com os cabelos longos de um castanho avermelhado intenso, que caíam em ondas sobre seus ombros nus. Os olhos cor de mel refletiam a luz branda do ambiente, capturando suas emoções conflitantes. O vestido branco que usava era leve, fluido, com um caimento que se ajustava ao corpo sem ser vulgar. Os ombros expostos adicionavam um toque delicado, e a bainha alcançava a altura exata entre a formalidade e o conforto.Ela não era ingênua quanto à sua aparência. Sabia que, dentro do universo dos lobisomens, a estética lupina possuía uma característica naturalmente chamativa. Os traços bem definidos, os corpos ágeis e marcantes, tudo fazia parte de sua biologia. Mas nunca havia se sentido tão consciente disso quanto agora, prestes a
O jantar transcorria em completo silêncio. O único som que preenchia a sala era o tilintar ocasional dos talheres contra os pratos de porcelana, um ruído pequeno, mas que parecia ensurdecedor diante do peso das revelações recentes.Serena segurava os talheres com firmeza, mas a comida no prato estava praticamente intocada. Seu estômago se revirava, incapaz de aceitar qualquer coisa enquanto sua mente girava em torno das palavras de Dominic."Você foi roubada de sua família real."O choque ainda estava fresco, latejando em sua mente como um tambor incessante. Cada pedaço de sua vida, cada lembrança que acreditava verdadeira, agora parecia envolta em uma névoa de incerteza.Do outro lado da mesa, Dominic mantinha-se atento a cada pequeno movimento dela, como se temesse que a qualquer momento ela se levantasse e simplesmente fugisse. Seu olhar era intenso, mas também carregado de algo que Serena não queria interpretar no momento.Os demais à mesa pareciam igualmente afetados pela tensão
O escritório era um ambiente que, até pouco tempo atrás, Serena considerava seu refúgio. A previsibilidade das tarefas, a rotina organizada, as interações limitadas aos colegas e clientes—tudo isso a ajudava a manter um senso de normalidade em meio ao caos que sua vida às vezes se tornava.Mas, agora, sentada à sua mesa, revisando documentos e organizando planilhas, a sensação de normalidade parecia uma ilusão frágil, prestes a desmoronar a qualquer momento.A presença de Simon, ainda que discreta, era um lembrete constante disso. Ele não estava dentro do escritório, claro, mas Serena sabia que ele estava por perto. Do lado de fora do prédio, talvez encostado no carro, observando qualquer movimentação suspeita.Ela tentou ignorar esse pensamento e focar no trabalho. Havia prazos a cumprir, e sua chefe, Sra. Hollingsworth, não era do tipo que aceitava desculpas, por mais justificáveis que fossem.— Serena, posso falar com você um instante? — A voz da mulher a tirou de seu devaneio.Ser
A tensão pairava no ar como eletricidade antes de uma tempestade. Dominic não tirava os olhos de Serena, o olhar carregado de algo que ela não conseguia decifrar completamente—raiva, frustração, talvez até um resquício de algo mais profundo, mais primitivo.— Você tem ideia do que isso significa, Serena? — A voz dele era um rosnado baixo, perigoso.Ela engoliu em seco. O cansaço do dia, a ansiedade crescente e agora a intensidade sufocante de Dominic estavam começando a irritá-la.— Eu não sou burra, Dominic. É claro que sei o que significa.Os olhos dele brilharam com algo perigoso.— Então por que diabos você está agindo como se isso não fosse grande coisa?Serena cruzou os braços, tentando manter a compostura.— O que você quer que eu faça? Que me tranque aqui e espere vocês resolverem minha vida por mim?— Se for isso que for necessário para te manter viva, sim.Ela sentiu um calor subir pelo corpo—e não era apenas raiva. O jeito como ele falava, o domínio que exalava em cada pala
O silêncio do quarto contrastava com a tempestade de pensamentos na mente de Serena. Ela encarava a tela do celular, os dedos hesitantes antes de finalmente digitar a mensagem para sua chefe:"Sra. Hollingsworth, preciso me ausentar por algumas semanas. Espero que compreenda. Prometo compensar o tempo perdido assim que retornar."Aperta "enviar" e solta um suspiro frustrado. Ela se lembra da última conversa que tiveram no escritório, da promessa de que se dedicaria ainda mais ao trabalho. Agora, tudo parecia distante, como se sua antiga vida estivesse escapando por entre seus dedos.Com um suspiro cansado, deixou o celular de lado e se acomodou na cama, mas demorou a pegar no sono. Quando finalmente adormeceu, foi arrastada para um sonho enigmático.Serena estava na floresta, cercada por uma névoa densa e prateada. O ar era carregado com uma energia selvagem, e então ela o viu.O lobo negro.Os olhos prateados perfuravam-na como lâminas afiadas. Havia algo hipnótico naquela criatura—U