— Então? — Rafael levantou uma sobrancelha. — Você se atreve a gravar minhas impressões digitais? — Viviane apontou para a fechadura da porta, quase chorando, como se um cachorrinho angustiado: — Esperei por você na porta algumas vezes. Olhe, em minhas mãos e pernas, um, dois, três...Com tantas picadas de mosquito, você me espera ser picada tão mal da próxima vez? Rafael: — Eu não espero isso.— Yeah! — Quando Viviane pulou de alegria, — Na verdade, eu fiz de propósito. Eu só quero gravar minhas impressões digitais nele, então será conveniente vir encontrar você. O homem riu: — Por que você ainda é tal como uma criança... Rafael gravou suas impressões digitais. Pensando no mingau que ela enviou especialmente hoje, e nas picadas vermelhas em suas mãos e pernas, ele tocou seu bolso: — Este é o meu cartão secundário. O limite mensal é de 80 mil reais. Pode comprar algo de que você gosta. Viviane mordeu os lábios com medo: — Não, não, não...Como posso pegar seu dinheiro? — Uma mulh
Com ajuda de Victor, a eficiência de Júlia melhorou muito. Naquela manhã, ela conseguiu terminar duas séries de exercícios.Quando Victor corrigiu os exercícios, ficou surpreso ao ver que a taxa de acertos foi de 95%.Ele sabia que Júlia já havia se formado há três anos e só recentemente voltara a estudar. Tão impressionante!Não era à toa que a professora Larissa valoriza tanto ela.Sem saber o que Victor estava pensando, Júlia se levantou para ir ao banheiro.Ao mesmo tempo, Viviane percebeu a situação e seguiu atrás:— Espera aí.Júlia se virou, sem surpresa ao ver Viviane:— O que foi?Viviane respondeu com orgulho:— Ontem à noite, levei um mingau para ele. Ele adorou, comeu tudo. — Viviane sorriu, mostrando as covinhas no rosto. — E mais… Rafa me convidou para pernoitar. Descobri um lado dele que eu não conhecia, meio bruto e bem sexy. Nem consegui dormir a noite toda.Ela falou de forma insinuante, baixando o olhar timidamente, as pestanas tremendo, como se estivesse lembrando
A mão do homem era elegante, com dedos longos e bem definidos. Ela desviou o olhar e notou que o carrinho dele estava cheio de pratos pré-prontos. Quando levantou a cabeça, encontrou o olhar dele, que também a observava.Júlia sorriu:— Sua janta vai ser só isso?José Cardoso tossiu levemente e respondeu com um tom leve:— Às vezes chego em casa muito tarde e não quero pedir delivery, então, só como algo rápido. Já fiz as contas, essas refeições têm a quantidade certa de proteínas, vitaminas e carboidratos para um dia.Júlia não conseguiu segurar o riso ao ver a seriedade com que ele explicava:— Parece que o Professor José já calculou tudo com precisão científica. Mas, se você tivesse que escolher entre uma refeição quente e fresca e essas comidas, qual escolheria?José ficou em silêncio por um momento, a resposta era óbvia.Quem preferiria comida pré-pronta se tivesse uma refeição caseira disponível?Júlia sorriu com astúcia:— Então, Professor, que tal eu preparar o jantar hoje? Em
Algumas fotos eram de Patrícia logo após descer da montanha-russa, com uma expressão de puro alívio, como se tivesse acabado de sobreviver a algo terrível. Júlia não conseguiu segurar o riso.Continuou deslizando as fotos até chegar na última, que era só dela. Quando ia desligar o celular, percebeu algo familiar no fundo da foto.Dois rostos conhecidos estavam entre os transeuntes capturados por acaso. Ela franziu os lábios, notando que Viviane e Rafael também foram fotografados. Na imagem, ela era o foco, mas os dois, de mãos dadas ao fundo, pareciam ser os protagonistas, com Júlia invadindo a cena sem querer....— Ana! Ana!Rafael segurava o abdômen, pálido e com a voz fraca, chamando por empregada.Mas a mansão estava silenciosa, sem resposta alguma.De manhã cedo, ele havia acordado com uma dor intensa no estômago, que lhe causava náuseas e um frio suadouro pelo corpo, mas sem conseguir vomitar.Era uma dor familiar, o velho problema de gastrite voltando à tona.Lembrando que hav
Do outro lado da linha, Júlia ficou um instante em silêncio, enquanto a imagem de Rafael de mãos dadas com Viviane surgiu em sua mente, naquela foto.Ela respondeu friamente:— Se está doente, vá para o hospital. Não sou médica.E ela desligou o telefone, sem demonstrar nenhuma emoção, como se estivesse falando com um completo estranho.Rafael cerrou os dentes, tremendo de raiva, e atirou o celular contra a parede, partindo-o.Ana, do outro lado, ficou chocada. Era o celular dela!A raiva pelas palavras de Júlia só fez a dor no estômago de Rafael piorar.Em um gesto de teimosia, ele subiu as escadas e se trancou no quarto, com uma amargura crescente.Ela realmente achava que ele não podia viver sem ela? Ridículo!Ana olhou para o celular quebrado e suspirou, pensando naquela ligação.Ela não entendia como Sr. Rafael conseguia ser tão cruel com uma moça tão boa quanto Júlia, e ele realmente a expulsou…Mais tarde, após terminar a limpeza, Ana bateu na porta do quarto de Rafael antes de
Bianca também ficou surpresa.Se fosse antes, seu irmão no hospital, Júlia já estaria ao lado dele, cuidando de tudo, com os olhos cheios de lágrimas. Mas desta vez, nem sinal dela.Com essa frase, um silêncio desconfortável tomou conta do ambiente.Rafael não disse nada, André e Bruno, que sabiam do que estava acontecendo, preferiram ficar calados.Foi Lucas que quebrou o gelo:— Eles terminaram. Vocês não sabiam?Fernanda franziu a testa:— Ainda estão nessa? Já se passaram dias! Que temperamento dela!Rafael ouviu e ficou ainda mais irritado.— Sra. Fernanda, dessa vez não vai ser fácil… — Lucas comentou, olhando para ela.Fernanda ficou mais zangada:— O que quer dizer com isso? Júlia agora está tão arrogante?Rafael interrompeu com a voz fria e o olhar duro:— Mãe, dessa vez foi de verdade. Fui eu que terminei.— O quê? — Fernanda ficou sem palavras.Bianca também estava incrédula.Pensando bem, essa briga da Júlia já estava durando muito tempo…Após sair do quarto, Fernanda nem e
Júlia chegou em casa e foi direto conferir a geladeira. Ainda tinha bastante coisa das compras de ontem.Decidiu preparar uma feijoada, um picadinho de carne, um arroz de forno, e para acompanhar, uma salada.Ela lavava e cortava os ingredientes com tanta destreza, o que deixou Victor, que não sabia cozinhar, impressionado.Ele disse:— Hoje em dia, a maioria das pessoas pede delivery ou come fora. É raro encontrar alguém que ainda cozinha em casa, como você.Júlia sorriu de leve:— Cada um tem seu jeito de viver. Eu só me acostumei a cozinhar para mim mesma.Victor observava o ambiente enquanto ela estava ocupada. A casa era pequena, mas bem-organizada e decorada com carinho.Na sala, havia uma estante pequena cheia de livros. Ele notou que eram livros técnicos, mas um em especial chamou sua atenção, pois era sobre física, algo que parecia destoar dos outros.Achou que olhar tanto o apartamento de uma garota era um pouco indelicado, ele desviou o olhar.Logo, os pratos estavam prontos
Apesar de a comida estar deliciosa, Victor não conseguia relaxar e comer à vontade.Mal terminasse de comer, já se apressou em se despedir e foi embora.A casa ficou subitamente silenciosa. Júlia começou a lavar a louça, mas as palavras de Bianca não saíam de sua cabeça.Úlcera no estômago…Com distraída, ela deixou um prato cair e quebrar.Ao tentar pegar os cacos, cortou o dedo. Sentindo a dor, as lágrimas começaram a cair sem que ela percebesse.Seis anos… Não foram seis dias, nem seis meses. Certos hábitos já estavam enraizados, e ao ouvir que Rafael estava no hospital, seu instinto foi se preocupar e querer ir vê-lo.Por sorte, a razão venceu o instinto.Júlia pensou que, com o tempo, iria se acostumar a não se preocupar mais e a não derramar mais lágrimas por ele.Eles passaram do amor ardente ao tédio de uma relação desgastada, até finalmente se separarem. Não sabia ao certo quando as rachaduras começaram a aparecer.Talvez tenha sido a primeira vez que ele quebrou uma promessa