— Como é que é? — Fernanda mal podia acreditar no que ouvia. — Você tem a coragem de me culpar por suas próprias escolhas? Continua falando besteira e eu arranco esse seu sorriso cínico com a unha!— Vem tentar! Se não me matar hoje, você perde. — Provocou Viviane, de olhos faiscando.Fernanda ficou tão irritada que começou a tremer: — Maya! Ligue para o Rafael e diga que venha para cá agora. Sem desculpas!— Sim, senhora!Depois de duas tentativas, Rafael finalmente atendeu. — O que é? — Perguntou ele, seco.— Mestre jovem, A Sra. Fernanda pediu que o senhor viesse ao hospital.— Sem chance.— Mas… a Sra. Fernanda e a Srta. Viviane estão brigando.Rafael deu de ombros: — Diga à Sra. Fernanda que foi ela quem insistiu para manter o bebê da Viviane. Então que lide com as consequências e pare de me incomodar.E Rafael desligou o telefone na cara dela. Maya tentou ligar de novo, mas a linha estava fora de serviço.— Senhora… O mestre jovem disse… — Hesitou Maya, mas acabou falando.
— A nossa linhagem agora só tem você e o Rafael de netos. Como vamos competir com as outras duas esposas do seu avô? Se o testamento dividir a herança por cabeça, certamente sairemos prejudicadas. Mas se o seu irmão ou você tiverem filhos, também teremos direito a uma parte. Como não posso contar com você, e a Viviane já tem um filho a caminho… é melhor aproveitar, não acha? — Continuou explicando Fernanda.Bianca finalmente entendeu:— Então é por isso? Agora faz sentido. Se o bebê da Viviane nascer bem, quanto exatamente a gente pode ganhar?Fernanda levantou uma mão.— Cinquenta milhões? — Perguntou Bianca.— Pense um pouco maior. — Respondeu Fernanda.— Não me diga que são… quinhentos milhões?Fernanda sorriu, e Bianca ficou boquiaberta. Do quarto, Viviane ouviu cada palavra. O isolamento acústico do quarto VIP era praticamente inútil. Ela passou a mão na barriga ainda plana, pensando nos quinhentos milhões… Quantia absurda de dinheiro!No estado em que Viviane estava, ficar no hos
— O quê? — Gritou Fernanda.— Você não está grávida, pra que tomar canja? Vai competir com quem está esperando um bebê, é? — Disse Viviane.— Tem canja demais aí, você acha que vai conseguir tomar tudo? — Fernanda olhou para ela, incrédula, achando que Viviane só podia ter algum problema na cabeça para dizer uma coisa tão absurda.— Claro que consigo.— O que você quer dizer com isso?Viviane nem disfarçou:— Já que fizeram a sopa para mim, o resto da família que fique longe, não acha?— Certo. — Fernanda, furiosa, largou a tigela na mesa com um sorriso frio. — Então fique aí, aproveite a sua canja! Fernanda virou-se e saiu da sala.Viviane ergueu uma sobrancelha, vitoriosa. Olhou para as tigelas na mesa, torceu o nariz com desprezo e voltou ao quarto sem tocar em nada.Mais tarde, Fernanda notou que Viviane sequer tinha encostado na canja e perguntou:— Você não tomou a canja?Viviane, acabando de acordar de um cochilo, bocejou:— Perdi a vontade. Tem algum problema?— Você!— Sra. F
Fernanda observava a sopa que passou a manhã inteira preparando ser desprezada com tanto desdém, sentiu uma pulsação na testa:— É sopa de carne com tomate, faz bem para o bebê.— Faz bem para o bebê, mas não importa para a grávida, né? Você não viu a camada de óleo em cima? Só de olhar já fico enjoada. Como vou beber isso? — Disse Viviane.Fernanda respirou fundo:— E o que você quer que eu faça?— Nossa, como você é lerda, hein? Isso é algo tão básico e precisa que eu ensine? Não pode tirar a gordura da superfície? Nem sei como conseguiu sobreviver com essa sua inteligência…Viviane não poupava palavras, sua fala era afiada e cruel. Fernanda nunca tinha sido tratada assim. A raiva subiu e ela se levantou, prestes a explodir:— Com quem você tá falando desse jeito? Viviane, não ultrapasse os limites!Se Fernanda tivesse prestado atenção, perceberia que o tom de Viviane, assim como as palavras escolhidas, eram exatamente iguais às que ela própria tinha usado para insultar a Viviane no
Quando Larissa terminou de falar, uma figura alta surgiu no corredor. Júlia ficou surpresa.— Apresento a você o aluno favorito do Professor João, Lucas. — Disse Larissa.O Lucas sorriu de leve e estendeu a mão para Júlia:— Prazer em conhecê-la, colega.— Você... é aluno do Professor João? — Júlia mal acreditava.— O quê? Não pareço?— Não, não é isso.Larissa olhou de um para o outro:— Vocês já se conhecem?Lucas assentiu:— Sim, nos conhecemos.Na verdade, já se conheciam há bastante tempo.— Sendo assim, fiquem para jantar esta noite, que tal? — Sugeriu Larissa.— Agradeço, professora, então vou aceitar o convite. — Lucas respondeu.Júlia já havia planejado jantar antes de ir embora. A empregada preparou uma mesa cheia de pratos, dois dos quais eram os favoritos de Júlia. Talvez por intenção ou acaso, Lucas, ao se sentar, deixou Júlia mais próxima desses pratos, mudando de lugar para ela se servir com facilidade.Larissa notou o gesto e arqueou as sobrancelhas.Júlia, porém, acho
Lucas não era muito habilidoso. Além de seus movimentos desajeitados, o problema era que ele apertava detergente em cada prato e tigela. Sob o olhar incrédulo de Júlia, perguntou com uma expressão inocente:— Não é assim que se lava?— Se você não se importar, pode me ensinar? — Lucas pigarreou. — Quando morei fora, geralmente só sujava um ou dois pratos, então eu colocava detergente em cada um deles…— Na verdade, não existe uma forma fixa de lavar louça. Cada um tem seu jeito; o importante é que fiquem limpos no final. Mas... — Júlia mudou o tom: — Pensando em economia, você pode colocar um pouco de detergente em água quente, dissolver, e aí usar uma esponja para lavar. Depois, é só enxaguar com água corrente, escorrer e pronto.— É assim, então…Lucas escutava atentamente e seguia as instruções dela.Ele já estava prestes a dissolver o detergente quando Júlia o interrompeu:— Espera aí! Usa água quente.— Ah, certo!Depois de terminarem, os dois ficaram um pouco na cozinha, até perc
Júlia de repente lembrou do que Andressa tinha dito: havia um pervertido nos arredores da entrada B da universidade, conhecido por seguir alunas, especialmente à noite. Uma garota já havia sido atacada, mas, mesmo depois de chamar a polícia, não conseguiram capturá-lo.Pensando nisso, a respiração de Júlia ficou tensa, e ela acelerou os passos. Porém, o som dos passos atrás dela também aumentou. Instintivamente, levou a mão à abertura da bolsa. Apesar de geralmente contar com a companhia de José para ir e voltar do trabalho, às vezes, com a correria, os horários dos dois não coincidiam.Morando sozinha, ela se habituou a carregar um spray de pimenta na bolsa, tanto para se sentir mais segura quanto para se defender. Nunca pensou que realmente teria que usá-lo. Os passos ficaram cada vez mais próximos, e a sombra da pessoa parecia sobrepor-se à dela.Júlia segurou a respiração, o corpo todo ficou tenso, e sua mão entrou na bolsa, sentindo o toque frio do frasco. Quando estava prestes a
— Você é lindo demais, fiquei encantada. Vamos sair juntos? Que tal ser meu namorado...? Algo assim. — Disse Lucas.— Essa aí foi ainda mais absurda. — Júlia riu.— A maior qualidade que eu tenho é pensar e agir sem medo.Júlia respondeu:— Então, melhor só ficar no pensar mesmo.Lucas fingiu não notar o recado sutil de recusa e sorriu:— Primeiro a gente pensa, depois a gente age.— Nem sempre dá para fazer o que se quer. — Júlia retrucou, querendo esfriar as expectativas dele.— Não tem problema! Pelo menos eu tentei, assim não fico com nenhum arrependimento. Vai que dá certo, né?Júlia não respondeu mais.Lucas a acompanhou até a entrada da escada:— Vai lá.— Obrigada.— Qualquer coisa, pode me ligar. Não importa a hora, eu apareço na mesma hora.— Hum.— Olha só, você está me enrolando de novo. Aposto que pensou: “Hum, vou concordar, mas se um dia der ruim, nem vou chamar ele mesmo.”Júlia apenas ergueu um canto dos lábios.— Eu sei que você é independente e já se adaptou a viver