André se levantou de imediato, procurando um lugar mais tranquilo para atender a ligação. Antes que conseguisse sair da sala, Rafael e Bruno o seguraram pelos ombros. O primeiro fez sinal para que todos fizessem silêncio, enquanto o segundo rapidamente desligou a música.A sincronia dos dois foi impressionante, e André, pego de surpresa, engoliu em seco. Sentiu a pressão aumentar.Do outro lado da linha, Júlia havia pensado muito antes de fazer aquela ligação. O contrato de Camila estava prestes a expirar, e se ela não renovasse com a editora, Júlia precisaria encontrar outro editor competente, de preferência alguém com experiência em livros de suspense e terror. Melhor ainda se tivesse boas conexões para divulgação.Depois de pensar em todas as opções, a única pessoa que conhecia alguém no ramo editorial era André.O dilema de Júlia não era se deveria ou não pedir ajuda a André. Ela sabia que, se ele tivesse contatos, com certeza a auxiliaria sem hesitar. Apesar do término com Rafael,
André sabia muito bem que Júlia não queria dever favores a Bruno, então tomou a iniciativa de falar por ela, decidindo as coisas de uma vez. E ele não estava errado, afinal, só estava perguntando; não era nada certo ainda.— Então, Júlia, vai descansar cedo. Vou desligar agora, tá? — Disse André.Ele encerrou a ligação.— Cara, que empolgação a sua. O que é que a Júlia te deu em troca pra você ser tão prestativo? — Bruno não resistiu e deu uma risada irônica.— Ah, você não entende nada. Com os amigos, a gente é sincero. Se não gosta, problema seu. — Retrucou André.— Amigos? — Bruno arqueou as sobrancelhas. — Ela terminou com o Rafael, lembra? Desde quando vocês têm essa amizade toda?Ao ouvir isso, até Rafael olhou curioso para André.André ouviu e, de repente, ficou sério, endireitando-se na cadeira:— Não é bem assim, Bruno. A Júlia já me ajudou antes. Mesmo que ela e o Rafael não estejam mais juntos, isso não muda a nossa amizade.Bruno estreitou o olhar, como se captasse algo nov
— Aquela vez no hotel, você me ajudou. Eu sou o tipo de cara que paga suas dívidas. Mesmo que você e o Rafael tenham terminado, uma dívida é uma dívida, e eu tenho que te retribuir. — Disse Bruno.Ele tinha passado ali uns bons vinte minutos, fumando dois cigarros, e Júlia nem sequer pensou em ligar direto pra ele? O André disse claramente que ele tinha os contatos certos! E contatos ótimos, diga-se de passagem! Júlia não pensou nisso por que? Subestimando ele, talvez?Bruno revirou os olhos:— Procurando um editor confiável, né? Vou te indicar um agora.Júlia não era do tipo ingrata, muito menos orgulhosa demais pra aceitar ajuda. Alguém oferecendo ajuda? Seria tolice recusar!— Valeu. — Disse Júlia.— Tô só pagando minha dívida.Assim que desligou, Bruno rapidamente abriu o WhatsApp e procurou o contato do editor para mandar pra Júlia. Foi aí que percebeu que ele nem tinha o WhatsApp dela!Voltou a ligar.— Olha... me aceita no WhatsApp aí. Fica tranquila, não sou que nem o Lucas, tá
André assentiu sem hesitar: — Claro que sim, eu sempre mantenho contato com a Júlia, por quê?Bruno estreitou os olhos, como se pudesse enxergar até a alma dele: — Eu sei o que você quer saber. Seja o fato do André ainda falar com a Júlia ou de eu ter decidido ajudar hoje, você tem dúvida se nossa consideração por ela é por causa da sua ligação com ela ou porque realmente nos importamos com a Júlia em si.Bruno fez uma pausa, observando a reação de Rafael: — Posso responder com certeza: é pela Júlia. Não tem nada a ver com você. O André também deve pensar o mesmo.Rafael franziu a testa:— Por quê?Bruno soltou uma risada rápida: — Entre as pessoas, tudo é uma questão de troca, não é? A gente interage, cria uma história. Você acha que a Júlia passou esses seis anos com você como um fantasma? Nós nos encontramos ao menos duas ou três vezes por mês, e tivemos várias oportunidades de conviver com ela. Só para lembrar, André, se não me falha a memória, a Júlia já te ajudou a arruma
Maya se virou, e Viviane logo ergueu um sorriso: — Então, deixo o Rafael sob os cuidados seus. Estou exausta e vou dormir agora.Ela se afastou, saindo da cozinha. Maya ficou sem entender. Antes Viviane disputava para levar a sopa ao Rafael, e agora mudou assim de repente?Maya serviu metade da sopa numa tigela e a colocou na bandeja, levando-a diretamente ao quarto principal.Rafael não tinha bebido muito naquela noite, mas não tinha jantado, e o estômago começou a dar sinais de dor. Quando Maya apareceu com a sopa quente, ele não hesitou e tomou tudo de uma vez.Após sair do quarto com a bandeja, Maya lembrou-se de fechar a porta silenciosamente. Rafael, deitado na cama, fechou os olhos e esperou que o incômodo no estômago diminuísse. Não sabia quanto tempo tinha passado, mas sentiu que o estômago melhorara; no entanto, seu corpo estava cada vez mais quente. Quando decidiu levantar para ajustar o ar-condicionado, a porta do quarto foi aberta por alguém do lado de fora.Viviane entr
— Responde, foi ou não foi assim? — Disse Rafael.Viviane balançou a cabeça, desesperada: — Não… Eu… Eu não fiz isso… Rafael, você está me machucando…Rafael puxou a camisola dela com um sorriso de desprezo:— E então, como explica isso? Se nunca fez, por que parece tão… experiente?Desde o início, algo não soava certo. Naquela noite, ele jurava que estava com Júlia, abraçando e beijando-a. Como pôde acordar na manhã seguinte com Viviane? Na época, ele acreditou que fosse efeito da bebida, uma confusão de bêbado, mas agora percebia que tinha sido enganado! Rafael cerrou os dentes, o ódio queimando por dentro.— Você está testando minha paciência! — Disse Rafael, furioso, puxando Viviane do chão. — Sua desgraçada, sai da minha casa agora! Some da minha frente!A raiva lhe subiu à cabeça, e Rafael sentiu o calor aumentar. Um calor estranho, quase febril… Seu corpo vacilou, e ele engoliu seco, sentindo a garganta arder. Não era normal.De repente, a expressão dele endureceu, e ele a enca
Viviane ficou paralisada: — Você… Não está…?— O quê? Decepcionada? — Disse Rafael.Assim que Rafael percebeu algo estranho em seu corpo, ele correu para o banheiro e induziu o vômito. O calor que ainda sentia era apenas um leve resquício do efeito do medicamento.— Se você estava bem, por que fez aquele teatro todo agora há pouco? — Perguntou Viviane.Rafael sorriu de lado:— Para ver a expressão de alguém passando da esperança à decepção e, em seguida, ao desespero. É divertido, não acha?Viviane começou a tremer dos pés à cabeça.— Você realmente tem coragem, né? Dá para ver. Ousou me drogar… mas que pena. Coragem você tem, mas cérebro? Nenhum! Idiota! Maya! — Chamou Rafael em voz alta.— O que o senhor deseja? — Maya entrou prontamente ao receber o comando.Viviane, apressada, tentou vestir a camisola, mas, na afobação, mal conseguia colocá-la, desajeitada e humilhada.— Recolha as coisas dela e, em meia hora, quero ela e seus pertences fora daqui. Troque todas as senhas de acess
— Sim, senhor.De repente, Viviane ficou pálida e levou as mãos ao abdômen: — Ai… Minha barriga está doendo muito…Rafael continuou impassível. Ele não se moveu, e Maya, sem coragem, também permaneceu imóvel.Viviane deslizou para o chão, com o rosto coberto de suor frio. Tentou agarrar a barra da calça de Rafael, o olhar suplicante: — Rafael, me ajuda… ajuda nosso bebê. Dói tanto, eu juro…Maya, sem suportar a cena, murmurou: — Senhor, a Srta. Viviane não parece estar fingindo…A camisola leve de Viviane estava encharcada de suor, e seu rosto contorcido pela dor. Rafael, sem demonstrar nenhuma emoção, apenas disse antes de sair: — Faça o que quiser. Maya soltou um suspiro de frustração. Vida de empregada era um verdadeiro inferno!Às quatro da manhã, a ambulância chegou à mansão para levar Viviane ao hospital. E, por coincidência, a levaram para o mesmo hospital onde Fernanda estava internada.Logo cedo, Fernanda recebeu a ligação de Maya, que contou como Viviane havia feito u