Rafael saiu do bar e voltou para a casa.Viviane estava sentada no sofá da sala e, ao ouvir o som da porta, levantou-se imediatamente para recebê-lo.No entanto, ele passou por ela como se fosse invisível e subiu as escadas rapidamente.Viviane mordeu o lábio com raiva.No quarto principal.Deitado na cama, a mente de Rafael começava a vagar. Lembranças dos momentos íntimos que havia compartilhado ali com Júlia voltavam, como cenas de um filme.Respirando fundo, seus olhos ficaram pesados com uma expressão de desejo.Praguejando baixinho, ele foi direto para o banheiro, onde tomou uma ducha fria.Ele só havia bebido duas taças nesta noite, então estava bem lúcido, mas as palavras de Lucas continuavam ecoando em sua cabeça.“Se a ama de verdade, por que a deixou?”“Você só usou esses seis anos para afastá-la de você…”“Você fala o tempo todo que a ama, mas tudo que faz só a machuca…”“Por mais que ainda haja amor, a separação é só questão de tempo…”Cada uma dessas palavras parecia crav
Maya:— Essa canja ainda nem está pronta. O que você está fazendo, Srta. Viviane?— Faz o que eu mandei e para de falar besteira. — Disse Viviane,Tanto faz se a canja está pronta ou não, Fernanda nem deve tomar mesmo. E se tomar, melhor ainda, que vá direto pro banheiro!No quarto de internação do hospital.Viviane nem se deu ao trabalho de bater na porta, entrou direto:— Sra. Fernanda, trouxe uma canja para a senhora.Fernanda mal a viu e já sentiu a dor de cabeça voltar com tudo. O mal-estar que estava diminuindo, piorou de novo. Tonta e irritada, ela gritou:— Quem te mandou aqui? Eu não quero te ver. Sai daqui, agora!Viviane, com uma expressão de arrependimento, respondeu:— Sra. Fernanda, vim para me desculpar. Ontem eu exagerei, não devia ter discutido com a senhora. Veja, fiz essa canja hoje de manhã, tá quentinha. Trouxe para ajudar na sua recuperação.Fernanda soltou uma risada fria:— Desculpas? Se você não viesse me irritar, eu já ficaria feliz. E acha que eu vou beber es
O laboratório em junho estava tão movimentado quanto sempre. Júlia havia trabalhado sem parar por duas semanas e finalmente conseguiu um dia de folga. Logo de manhã, assim que terminou de alimentar os peixes, o celular tocou. Era Gustavo.— Júlia, já acordou? — Perguntou Gustavo.— Já sim.— Por que não aproveitou para dormir mais um pouco? Eu lembro que você disse que hoje não ia ao laboratório, que teria um dia de descanso.— Já me acostumei com o horário. E a mamãe?— Está no escritório.— Escrevendo o livro de novo?— Você sabe como é. As manhãs são o momento em que ela tem mais inspiração.Júlia lembrou-se do contrato da mãe e perguntou:— Pai, o editor da mamãe entrou em contato com ela recentemente?— Não, por quê? Eles quase sempre se comunicam online.— Ah, nada demais. Só curiosidade.Depois de encerrar a ligação, Júlia foi para a cozinha preparar o café da manhã.Enquanto isso, Gustavo foi para o jardim cuidar das plantas.No escritório, Camila estava completamente concentra
Enquanto falava, Laura lançou à Editora um olhar cortante, de cima a baixo:— Olha só pra você. Com essa roupa aí, não parece nem de longe uma mulher decente. Toda arrumadinha... mas aposto que passou a noite na esquina!A Editora ficou boquiaberta. Não esperava ser atacada de forma tão vulgar, com ofensas tão baixas.— Vo-você... — Gaguejou Editora, tremendo de raiva.Mas, por mais furiosa que estivesse, não conseguia descer ao nível de Laura, nem pensar em um xingamento tão sujo quanto.— Você o quê? Não consegue nem falar direito? Quanto é que os homens pagam pra dormir com você? Dá desconto? Metade do preço? Ou será que nem isso você vale? Cem reais? Você acha que vale isso? — Xingou Laura.A Editora ficou vermelha de indignação:— Eu não vou descer ao seu nível. Você é uma mulher sem classe, sem noção, e completamente nojenta!— Ai, que medo! Olha só, sabe usar umas palavrinhas difíceis, né? Mas eu também sei! Você é uma vagabunda, sem vergonha, uma piranha barata, uma galinha de
Após o café da manhã, Júlia começou a fazer uma faxina geral. Depois de duas semanas sem limpar a casa, havia bastante poeira acumulada.A manhã passou voando. Após um breve descanso no início da tarde, ela se preparou para sair e comprar alguns mantimentos. Mas, assim que estava pronta para sair, o celular tocou. Era Patrícia.— Júlia, tá em casa? — Perguntou Patrícia.— Tô sim. Aconteceu alguma coisa?— Ah, deu uma vontade de comer sua comida...Júlia conhecia Patrícia há tempo suficiente para perceber que algo estava errado só pelo tom de voz.— O que houve? Aconteceu alguma coisa? — Perguntou Júlia.— Não... Só faz tanto tempo que a gente não se vê. Tô com saudade. A voz de Patrícia soava abafada, como se ela estivesse tentando segurar as emoções.Júlia hesitou um segundo, mas decidiu não pressionar:— Então vem pra cá. Eu faço o que você quiser comer.— Oba! Chego em quarenta minutos!Júlia saiu rapidamente para comprar os ingredientes. Assim que voltou, Patrícia chegou logo atrá
Júlia ficou sem palavras.Será que a Patrícia fez isso de propósito? Não podia ser coincidência. Justamente quando ela liga, quem atende é o José? Se fosse qualquer outra pessoa, jamais teria chegado tão rápido!Dez minutos depois, Júlia ajeitou Patrícia no quarto e saiu de fininho, fechando a porta com cuidado. Ao se virar, deu de cara com José sentado no sofá da sala, os olhos fixos nas latas de cerveja que ainda estavam espalhadas pela mesa.— Foi ela que bebeu tudo isso sozinha?O tom de José não era exatamente duro, mas Júlia sentiu uma pressão inexplicável.Júlia respondeu com sinceridade:— Eu também bebi um pouco.— Só um pouco? — José a encarou, sério, com aquele olhar penetrante que parecia ver através dela.Júlia suspirou, desistindo de lutar:— Tá bom... Foram duas latas. Mas eu juro que tô bem, nem fiquei bêbada.Patrícia tinha se embriagado por causa do estado emocional. Estava claramente tentando afogar as mágoas. E, além da cerveja, tinha misturado vinho, o que só pioro
O que não esperava era que o primo "distante e quase desconhecido", de quem Patrícia sempre falava, se importasse tanto com ela.Mas, pensando bem, fazia sentido. José podia parecer frio e reservado na superfície, mas Júlia sabia que ele era do tipo que se importava profundamente com as pessoas, só não gostava de demonstrar.— Se algo assim acontecer de novo, pode me ligar a qualquer hora. — José fez uma pausa e, com um olhar discreto, acrescentou. — O álcool afeta o sistema nervoso. Pode causar desde náuseas e vômitos até desmaios mais graves. Melhor evitar beber tanto, não acha?Júlia entendeu que ele estava se referindo a ela. Seu rosto ficou imediatamente vermelho, e até as orelhas começaram a esquentar. Tentando disfarçar, ela pigarreou e se defendeu:— Eu sei que o álcool tem seus efeitos colaterais, mas ele também pode dar uma sensação momentânea de alívio. Às vezes, esvaziar a cabeça e relaxar um pouco é uma forma de lidar com as emoções. Não concorda?José não esperava que ela
De madrugada, começou a chover forte. Rafael estacionou o carro na garagem da mansão, mas não desceu. Ficou ali, parado, olhando para a casa à sua frente. Aquele lugar, sem Júlia, já não parecia um lar.Ele acendeu um cigarro. No espaço fechado do carro, a fumaça logo preencheu o ar, sem poder escapar. O brilho vermelho da ponta do cigarro iluminava suas mãos enquanto a fumaça subia e, aos poucos, embaçava seus traços no espelho retrovisor.Rafael estava imerso na escuridão, como se estivesse prestes a se fundir à própria noite. O tempo de um cigarro, nem muito longo, nem muito curto. Quando a última tragada apagou o brilho do cigarro, seus olhos, antes perdidos, de repente se tornaram claros e determinados.Desistir de Júlia? Jamais! Ter perdido não significava que ele não poderia tê-la de volta no futuro. Se ele conseguisse reconquistá-la, tudo poderia voltar a ser como antes.Rafael abriu a porta do carro, jogou a bituca no chão e caminhou em direção à mansão. Ao chegar à entrada, V