Fernanda ficou furiosa e jogou a toalha da testa de lado:— Você veio aqui para me ver ou para me tirar do sério? Aquela mulher só está aqui porque o filho que ela carrega é da nossa família. Do contrário, acha que eu daria a mínima para ela?Bianca torceu a boca:— Bem-feito, né? Dá para ver que essa mulher não tem boas intenções. Ela quer subir na vida só pelo filho. Só você acha que ela é inocente.Desde o começo, Bianca nunca gostou da tal Viviane, e Fernanda só agora se deu conta disso. Que lerda!Rafael ficou sabendo que a mãe tinha sido internada e correu do escritório para o hospital. Mas, antes mesmo de entrar no quarto, ele já escutava a discussão.Ele franziu o cenho:— O que está acontecendo?Ao ver o filho, Fernanda imediatamente se ajeitou, parando de reclamar e indo direto ao ponto:— Você chegou bem na hora. Sua namorada já tá fora de controle! Eu fui buscar ela na escola com a melhor das intenções, e além de você me passar o horário errado, ainda teve a descarado de br
Viviane não aguentou mais e desabafou:— Tudo que fiz esse tempo todo você nem se importa, né? Só quero que a gente volte a ser como antes, sem desconfianças. Mas parece que seu coração é feito de pedra, não me dá nem uma chance… Por quê? É porque você ainda tem a Júlia no coração, não é?! Você nunca a esqueceu!Rafael respondeu pausadamente:— E daí?Ele nem tentava mais disfarçar.Viviane disse:— Eu sei que não sou como a Júlia, mas o amor que sinto por você não é menor que o dela...Viviane chorava copiosamente, com os olhos vermelhos, e tentou segurar a mão de Rafael, que a afastou sem piedade.A veia na testa de Rafael saltava, como se ele estivesse prestes a explodir:— Você não tem o direito de falar dela. O nome dela na sua boca é uma ofensa. Dou um dia para você decidir: ou vai pedir desculpas para minha mãe pessoalmente, ou pode dar o fora da casa. Escolhe.Dizendo isso, ele pegou o casaco e saiu sem olhar para trás.Viviane tremia inteira.Nos olhos dele, ela não passava de
Lucas abriu as mãos e admitiu com um sorriso irônico:— Tenho ultimamente tentado relaxar um pouco, então, realmente, não vou exagerar.Rafael sentiu um baque inesperado; ao invés de irritar Lucas, acabou com ele próprio sem palavras.Ele disse:— Lucas, você perdeu toda a coragem e o temperamento? Ainda é homem?Lucas respondeu com calma:— Primeiro, beber não tem nada a ver com ter coragem. Segundo, sobre eu ser homem ou não, qualquer um pode ver claramente.Rafael riu frio:— Você também é assim com a Júlia? Sempre tão racional?Lucas ergueu o dedo, balançando-o devagar:— Não, não, não. Ela já entende muito bem; não precisa que eu explique.— Ah, e o que você fala?— Falo das nossas experiências, histórias engraçadas, conhecimentos, poesia, filosofia… até coisas românticas. Dá para conversar sobre tanta coisa que nem sei por onde começar.Rafael sentiu uma pontada no peito.E Lucas continuou, como se provocasse:— Quer ouvir? Podemos marcar um dia para compartilhar tudo isso.Sem c
Lucas deu um sorriso leve:— Então, uma garota como a Júlia, por mais que ame, no final sempre vai escolher partir. É só uma questão de tempo.Seis anos…Lucas pensava que era tempo demais.Tempo suficiente para acreditar que aquela garota, antes tão cheia de vida, havia se tornado uma marionete cega por amor.Tempo suficiente para ele quase desistisse.Felizmente, no final, ela deu o passo que precisava e escolheu voltar a ser quem realmente era.Lucas comentou:— Durante seis anos, ela te deu inúmeras chances, com uma preferência tão descarada…Isso era o tipo de coisa que deixava qualquer um louco de inveja!Ele continuou:— Mas, infelizmente, você acabou decepcionando-a, então ela partiu sem hesitar, sem deixar nenhuma chance de retorno.Essa era a verdadeira Júlia!Quando ama, ama intensamente, apostando todas as fichas.Quando deixa de amar, segue em frente com elegância e sem olhar para trás.Antes, Bruno a criticava em privado, dizendo que ela era ‘obcecada pelo relacionamento’
Rafael saiu do bar e voltou para a casa.Viviane estava sentada no sofá da sala e, ao ouvir o som da porta, levantou-se imediatamente para recebê-lo.No entanto, ele passou por ela como se fosse invisível e subiu as escadas rapidamente.Viviane mordeu o lábio com raiva.No quarto principal.Deitado na cama, a mente de Rafael começava a vagar. Lembranças dos momentos íntimos que havia compartilhado ali com Júlia voltavam, como cenas de um filme.Respirando fundo, seus olhos ficaram pesados com uma expressão de desejo.Praguejando baixinho, ele foi direto para o banheiro, onde tomou uma ducha fria.Ele só havia bebido duas taças nesta noite, então estava bem lúcido, mas as palavras de Lucas continuavam ecoando em sua cabeça.“Se a ama de verdade, por que a deixou?”“Você só usou esses seis anos para afastá-la de você…”“Você fala o tempo todo que a ama, mas tudo que faz só a machuca…”“Por mais que ainda haja amor, a separação é só questão de tempo…”Cada uma dessas palavras parecia crav
Maya:— Essa canja ainda nem está pronta. O que você está fazendo, Srta. Viviane?— Faz o que eu mandei e para de falar besteira. — Disse Viviane,Tanto faz se a canja está pronta ou não, Fernanda nem deve tomar mesmo. E se tomar, melhor ainda, que vá direto pro banheiro!No quarto de internação do hospital.Viviane nem se deu ao trabalho de bater na porta, entrou direto:— Sra. Fernanda, trouxe uma canja para a senhora.Fernanda mal a viu e já sentiu a dor de cabeça voltar com tudo. O mal-estar que estava diminuindo, piorou de novo. Tonta e irritada, ela gritou:— Quem te mandou aqui? Eu não quero te ver. Sai daqui, agora!Viviane, com uma expressão de arrependimento, respondeu:— Sra. Fernanda, vim para me desculpar. Ontem eu exagerei, não devia ter discutido com a senhora. Veja, fiz essa canja hoje de manhã, tá quentinha. Trouxe para ajudar na sua recuperação.Fernanda soltou uma risada fria:— Desculpas? Se você não viesse me irritar, eu já ficaria feliz. E acha que eu vou beber es
O laboratório em junho estava tão movimentado quanto sempre. Júlia havia trabalhado sem parar por duas semanas e finalmente conseguiu um dia de folga. Logo de manhã, assim que terminou de alimentar os peixes, o celular tocou. Era Gustavo.— Júlia, já acordou? — Perguntou Gustavo.— Já sim.— Por que não aproveitou para dormir mais um pouco? Eu lembro que você disse que hoje não ia ao laboratório, que teria um dia de descanso.— Já me acostumei com o horário. E a mamãe?— Está no escritório.— Escrevendo o livro de novo?— Você sabe como é. As manhãs são o momento em que ela tem mais inspiração.Júlia lembrou-se do contrato da mãe e perguntou:— Pai, o editor da mamãe entrou em contato com ela recentemente?— Não, por quê? Eles quase sempre se comunicam online.— Ah, nada demais. Só curiosidade.Depois de encerrar a ligação, Júlia foi para a cozinha preparar o café da manhã.Enquanto isso, Gustavo foi para o jardim cuidar das plantas.No escritório, Camila estava completamente concentra
Enquanto falava, Laura lançou à Editora um olhar cortante, de cima a baixo:— Olha só pra você. Com essa roupa aí, não parece nem de longe uma mulher decente. Toda arrumadinha... mas aposto que passou a noite na esquina!A Editora ficou boquiaberta. Não esperava ser atacada de forma tão vulgar, com ofensas tão baixas.— Vo-você... — Gaguejou Editora, tremendo de raiva.Mas, por mais furiosa que estivesse, não conseguia descer ao nível de Laura, nem pensar em um xingamento tão sujo quanto.— Você o quê? Não consegue nem falar direito? Quanto é que os homens pagam pra dormir com você? Dá desconto? Metade do preço? Ou será que nem isso você vale? Cem reais? Você acha que vale isso? — Xingou Laura.A Editora ficou vermelha de indignação:— Eu não vou descer ao seu nível. Você é uma mulher sem classe, sem noção, e completamente nojenta!— Ai, que medo! Olha só, sabe usar umas palavrinhas difíceis, né? Mas eu também sei! Você é uma vagabunda, sem vergonha, uma piranha barata, uma galinha de