Júlia tirou de sua bolsa um certificado vermelho. Na capa, estavam impressas as palavras "Certificado de Qualificação Profissional". E não era qualquer certificado. Era o de uma barista mestre.— Agora está bom? Precisa que eu chegue mais perto para você enxergar melhor? — Júlia ergueu o olhar, fitando Viviane com frieza.Viviane arregalou os olhos, incrédula. Ela realmente tinha o certificado?Mesmo diante da evidência, Viviane se recusava a ceder. Com teimosia, retrucou:— Certificados também podem ser falsificados.Júlia riu:— Certificados emitidos pelo governo têm um número de registro único. Você pode verificar no site oficial, se quiser.Imediatamente, alguém na plateia, sempre atento a uma boa confusão, sacou o celular e começou a pesquisar o número do certificado de Júlia. Logo depois, anunciou em voz alta:— Olha só! Achei aqui! Informação confirmada, nível conferido. É legítimo, sem dúvida.Viviane rangeu os dentes, tentando manter o controle:— E daí que você tem o certific
— E, para concluir, deixo uma frase para todos: O café não atrapalha um bom momento. Que cada ano seja ainda melhor que o anterior! Muito obrigada.Júlia se levantou e fez uma reverência profunda para a plateia.Por um momento, o salão ficou em silêncio, e logo em seguida, foi tomado por aplausos estrondosos:— Bravo!— Maravilhosa!…A Sra. Arceno, da famosa Grupo Arceno Móveis, tinha feito fortuna anos atrás com o cultivo, torrefação e venda de café. Ela havia vindo ao evento justamente porque soubera que um mestre barista experiente daria a palestra. No entanto, ao ver que o palestrante havia sido substituído por uma jovem, ela ficou um tanto decepcionada.Pensou Sra. Arceno. “Jovens, sem experiência, só sabiam fazer firulas. Não dava para esperar que realmente entenderam de café. ”Mas, ao assistir ao processo impecável de Júlia, com sua explicação cativante e conhecimento profundo sobre a cultura do café, a Sra. Arceno ficou genuinamente impressionada.Muitos baristas gostavam de f
— Sra. Fernanda, sua família inteira é assim desrespeitosa? Isso não dá! Melhor levar de volta e ensinar boas maneiras antes de sair por aí, não acha? Não têm vergonha de manchar o nome da família Lima? Eu sei que seu gosto é meio duvidoso, mas a escolha foi péssima! Onde foi que você achou esse tipo de gente? Que falta de educação! — Comentou alguém.As outras pessoas começaram a murmurar entre si. Os olhares dirigidos a Viviane carregavam desconfiança, desprezo e uma pitada de desdém e eles pensaram:“O filho da família Lima até para trair escolhe mal... Olha só a mulher burra que ele arrumou.”Viviane não suportava aqueles olhares. Seu corpo começou a tremer levemente. Fernanda, por sua origem humilde, sempre foi subestimada naquele círculo. Depois de muito esforço e anos tentando se integrar, finalmente havia conseguido ser aceita, mas agora, por causa de Viviane, estava sendo ridicularizada mais uma vez. Ela sentia uma mistura de raiva e arrependimento. Se soubesse, não teria tra
Júlia ficou um pouco sem jeito:— Ah, não é nada demais...Nos seis anos que passou com Rafael, os dois primeiros foram dedicados à faculdade. Nos quatro anos seguintes, ela ficou confinada na mansão, vivendo uma rotina repetitiva e monótona, todas as suas atividades girando em torno dele. Rafael, com sua promessa de amor, construiu uma prisão invisível onde Júlia ficou presa por anos. Mas mesmo dentro daquela prisão, ela não ficou parada. Além de cuidar de Rafael, aproveitou para ler, estudar e cultivar novos interesses. Com o tempo, à medida que a relação entre eles esfriava, Rafael começou a aparecer cada vez menos em casa, e Júlia finalmente teve mais tempo para si. Ela se matriculou em vários cursos e tirou diversas certificações, preenchendo seu tempo livre com aprendizado.Júlia sempre se lembrava do que seu pai lhe dizia quando era pequena: "O aprendizado nunca tem fim. A gente deve aprender até o último dia de vida." Além disso, quanto mais habilidades você tiver, mais portas
Catarina ficava animada hoje. Normalmente, Lorena mal participava dessas atividades, e, quando participava, era sempre com uma atitude displicente, apenas para cumprir tabela. Mas Lorena tinha preparado uma jarra de café, e Catarina era ansiosa para alguém o provar.Júlia se aproximou delas, e, ao levantar os olhos, encontrou o olhar de Lorena. Por um instante, Lorena pareceu surpresa, talvez até um pouco desconfortável, mas logo soltou um leve resmungo pelo nariz, com uma expressão arrogante.Para Júlia, porém, essa arrogância era apenas uma forma de disfarçar o leve constrangimento que Lorena sentia. Catarina sugeriu com um sorriso:— Srta. Júlia, prove o café que a Lorena fez. O que você acha?Júlia limpou o paladar e então provou o café. Após uma breve pausa, deu sua opinião com sinceridade:— Tem muito café e pouca água. A cor está muito escura e o sabor acabou ficando amargo. E parece que você não aqueceu a jarra ou a temperatura não estava ideal, então o aroma não se espalhou c
Lívia não insistiu e pediu que o motorista partisse.Júlia também estava esperando um carro na entrada do hotel, e várias pessoas a cumprimentavam enquanto ela respondia cordialmente a cada uma. Sabendo que alguém viria buscá-la, Lívia não ofereceu carona. E de fato, José não se atrasou. Levou apenas dez minutos para chegar e ainda adiantou-se em dois. Quando ele parou o carro, começou a cair uma leve chuva. Do carro, José olhou pela janela e avistou Júlia à distância.Sob a chuva fina, vestida em sua elegante roupa de festa, Júlia parecia uma figura saída de uma pintura.José ficou paralisado por alguns segundos, mas logo voltou à realidade, estacionou o carro e desceu para abrir o guarda-chuva. Ele caminhou até ela com rapidez, segurando o guarda-chuva firmemente, e abriu a porta do carro para que ela entrasse.Júlia se abaixou para entrar no carro, e José prontamente usou a mão para proteger a cabeça dela, evitando que se machucasse ao entrar.— Obrigada. — Disse Júlia, sorrindo pa
A noite estava silenciosa e densa, com uma tranquilidade quase palpável. O som que preenchia o ambiente vinha apenas dos dois, enquanto operavam os equipamentos de laboratório e digitavam nos teclados.José olhou de esguelha para Júlia. Ela estava concentrada, registrando dados, e a luz sobre a mesa de trabalho projetava uma pequena sombra ao longo de seu nariz delicado. Ele estava acostumado a trabalhar sozinho, muitas vezes virando a noite. Ter alguém ao seu lado, de repente, era uma sensação estranha... mas, ao mesmo tempo, surpreendentemente agradável.Quando finalmente deixaram o laboratório, já era madrugada.De volta ao prédio onde moravam, desejaram-se boa noite. Júlia foi a primeira a entrar em casa, e José observou enquanto ela desaparecia pela porta. Ele se lembrou da imagem dela mais cedo, em meio à chuva, parada na entrada do hotel, parecendo uma pintura com sua pele clara e cintura esguia.José sacudiu a cabeça, percebendo que seus pensamentos estavam indo longe demais. C
— Tudo bem, vou fazer a massagem. — Disse a empregada, resignada, pensando que, se algo desse errado, a responsabilidade não seria dela. — Deite-se, por favor.Viviane se deitou no sofá e soltou um suspiro de satisfação:— Viu só? Só quando sou grossa é que vocês se mexem. No fundo, vocês não passam de escravas!A empregada, que já havia começado a massagem, travou por um segundo. Respirou fundo e decidiu ignorar o comentário.— Você não jantou? Está tão fraca. Dá para colocar mais força nisso? — Disse Viviane.— Claro...— Ai! Eu disse para colocar mais força, não para me esmagar! Você está fazendo isso de propósito, né?A empregada respirou fundo novamente:— Desculpe. Esse nível de pressão está bom?— Agora sim.Depois de meia hora, a sopa de batata foi finalmente trazida. Estava bem preparada, com batatas de qualidade e o ponto de cozimento perfeito. A empregada ainda havia adicionado um toque de iogurte, que dava um leve aroma doce ao prato.No entanto, Viviane deu apenas uma colh