Mas agora…Não fazia mais sentido.Amor tardio não vale nada.Com uma expressão neutra, Júlia ouviu tudo e manteve a mão firme na maçaneta, numa postura defensiva.Ela respondeu lentamente:— Desculpa, mas não.Sem perdão. Sem recomeço.Rafael ficou visivelmente irritado:— Por quê? Me diz por quê! Antes você não queria voltar devido a Viviane, e agora que terminei com ela, você ainda não quer? Por quê?!Ele já tinha cedido tanto. O que mais ela queria?Enquanto o homem se enchia de raiva, Júlia permanecia tranquila:— No passado, meu mundo girava em torno de você. Você era tudo para mim.Por ele, ela havia abandonado seus planos de fazer um mestrado.Na época em que o amor estava no auge, ele era seu universo, o homem a quem ela confiaria sua vida.Os olhos de Rafael brilharam de esperança, e ele falou com urgência:— E agora pode ser igual! Se você quiser, podemos voltar ao que éramos.Júlia abaixou o olhar e balançou a cabeça:— Ninguém fica parado para sempre, nem você, nem eu. Dep
Larissa continuou:— Você leva isso para casa e dá uma olhada. Em março começam as aulas, então é bom já ter uma ideia da linha de pesquisa. Assim, quando entrar no grupo, não vai se sentir perdida.Júlia deu uma olhada rápida nos papéis e acenou com a cabeça:— Pode deixar! Vou me aprofundar nisso o mais rápido possível, prometo que não vou te decepcionar!Larissa riu ao ver a confiança de Júlia:— Confio em você. Vi seu vídeo da entrevista. Confesso que, por um tempo, fiquei preocupada se você ainda conseguiria acompanhar o ritmo da pesquisa.Ela deu uma tapinha no ombro de Júlia:— Mas, após assistir, vi que você não perdeu nada do que aprendeu.José perguntou essa pergunta e Júlia a surpreendeu com sua resposta.Sem exagero, nem mesmo alunos do último ano responderiam melhor do que Júlia.Não era só sobre a resposta estar certa ou errada, mas sim sobre a capacidade de raciocínio e lógica que ela mostrou ao explicar.Larissa disse com alívio:— Você é minha aluna. Ninguém conhece se
Júlia ouviu e seu coração disparou.A Rua Oeste não ficava perto da empresa da Patrícia?Um nó subiu à garganta, quase a fazendo chorar.O motorista cumpriu o prometido. O que normalmente levaria meia hora, ele reduziu pela metade.Assim que Júlia desceu do táxi e estava prestes a entrar no hospital, ouviu o som das sirenes de ambulâncias:— Rápido! Esses são os feridos da segunda leva do acidente na Rua Oeste. Levem para a emergência!Ela viu os feridos sendo retirados da ambulância, cobertos de sangue e inconscientes, o que fez seu estômago revirar. Júlia acelerou o passo até a recepção.A enfermeira perguntou:— Você é parente de Patrícia Cardoso?— Sou, me ligaram.A enfermeira fez uma pausa, com um olhar de pesar:— Pode entrar.O coração de Júlia afundou.Com a mão tremendo, ela respirou fundo e abriu a porta. No segundo seguinte, viu um corpo coberto por um lençol branco.Seus joelhos fraquejaram, quase caindo no chão.De repente, uma voz veio de trás dela:— Jú, o que você est
Júlia riu e disse:— Você é incrível, tá bom?— Pela política do hospital, precisam contatar algum parente dos feridos no acidente. Eu não queria preocupar meus pais, então passei o seu número.Patrícia suspirou e pegou o celular com expressão de frustração:— Se meu telefone não tivesse quebrado, eu teria atendido suas ligações.Só então Júlia entendeu por que suas chamadas tinham ido direto para a caixa postal.Ela perguntou:— E aí, está tudo bem agora? Sentindo alguma coisa?Passar pelo local de um acidente grande deixou Júlia preocupada com o estado de saúde da amiga.Patrícia respondeu:— Fiz todos os exames antes de você chegar, está tudo normal. Agora só falta dar entrada na alta.Júlia soltou um suspiro de alívio:— Que bom.Patrícia tinha apenas uma bolsa pequena com ela. As duas foram até o balcão no térreo, pagaram a conta e estavam prontas para sair, mas acabaram se deparando com Fernanda. Ela estava acompanhada de Viviane.As duas conversavam baixinho, com Fernanda sorrin
Fernanda só podia encarar Patrícia, fixando o olhar nela.Se os olhares pudessem matar, Patrícia já estaria em pedaços.Viviane disse com um olhar triste, levantando os olhos timidamente:— Patrícia, acho que você… tem algum mal-entendido comigo.Mas Patrícia não comprava aquele drama:— Mal-entendido do quê? Você tem vergonha na cara?Fernanda gritou com irritada:— Patrícia, não seja tão grosseira! Eu sou sua mais velha, sabia?— Ah, quer usar a idade como desculpa? Eu não ligo para isso. Se quiser, posso ser ainda mais grossa, quer ver?Fernanda ficou sem palavras, enquanto Júlia tentava encerrar a discussão:— Chega, Patrícia, não adianta discutir. Vamos embora...Ela realmente não via sentido em discutir, mesmo que ganhasse a discussão, o que mudaria?No entanto, o tom calmo de Júlia só atiçou ainda mais Fernanda, que soltou uma risada sarcástica: — Você está é com inveja, né? Ficou anos com o Rafael e nunca aconteceu nada. Agora, olha só, Viviane já está grávida em tão pouco tem
Fernanda ficou tão irritada que acabou indo atrás delas.Esse tipo de atitude era algo que ela sempre desprezou, acreditando que apenas pessoas desesperadas insistem em causar confusão.Mas, naquele momento, ela não estava muito diferente. Estava realmente fora de si.Ela disse com raiva:— Língua afiada, arrogante, sem um pingo de respeito. Não é à toa que dizem: ‘Semelhante atrai semelhante’. Vocês duas são mesmo sem educação!Patrícia ouviu aquilo e caiu na gargalhada. Podiam falar o que quisessem dela, mas implicar com Júlia? Isso, não!Patrícia se apressou em dizer:— Cala a boca, sua bruxa velha!Fernanda também rebateu:— Ah, estou mentindo? Ela ficou seis anos com meu filho e nem sinal de nada. Isso é claro como o dia! Ela simplesmente não consegue engravidar! E você está tão ofendida por quê? Está com a consciência pesada?Patrícia riu ironicamente:— Se em seis anos não teve nada, como você sabe que o problema não é do seu filho? Ele vive no hospital, fuma, bebe… acho que ser
Patrícia fez uma careta:— Ela está toda convencida agora, que nojo. Você não devia ter me segurado antes.Ela só usou um pouco da força, se tivesse partido para a briga de verdade, aquela bruxa velha com certeza não teria chance.Júlia lembrou da cara feia de Viviane ao ir embora e soltou uma risada. Logo tentou acalmar sua amiga:— Está tudo bem, não vale a pena se irritar com isso. São só duas pessoas que não importam em nada. Ficar irritada só vai te fazer mal.Patrícia concordou:— Isso mesmo! Mas se acontecer de novo, com certeza eu vou partir para briga.Júlia tem um jeito mais pacífico, mas Patrícia estava pronta para brigar se fosse preciso.Júlia sorriu:— Tá bom, entendi. Você levou um susto hoje, então eu pago o jantar. O que você quer comer?Patrícia rapidamente a abraçou pelos ombros:— Já estava esperando você dizer isso! Vamos, eu vou te levar para comer algo bem gostoso.— Essa frase não era para eu ter dito?— Tanto faz quem fala, o que importa é que a gente se entend
Ao deixar Viviane na porta da Universidade, Fernanda reforçou mais uma vez:— Cuida bem de você e do bebê, tá?Em seguida, disse ao motorista:— Podemos ir agora.Sentada no banco de trás, Fernanda olhou para a echarpe feia ao seu lado e não conseguiu evitar torcer o nariz.Quanto mais olhava, mais desgosto sentia. Não resistiu e jogou a echarpe no chão do carro, retirando rapidamente a mão como se tivesse tocado algo desagradável.Ao lembrar de Viviane, Fernanda suspirou. A garota tinha uma aparência comum, sem muito destaque. Se quisermos ser gentis, podemos dizer que é ‘delicada’, mas, na verdade, ela é apenas ‘sem classe’.Mais uma vez, o olhar de Fernanda se fixou naquela echarpe de rosa-choque, de gosto rústico e antiquado.Não importava o quanto fosse bem embalada, não dava para disfarçar a qualidade ruim. Claramente, quem vem de uma família simples tem seus limites.Ao lembrar dos presentes que Júlia sempre lhe dava: echarpes de seda, joias, bolsas, todas elegantes e cuidadosam