Ao deixar Viviane na porta da Universidade, Fernanda reforçou mais uma vez:— Cuida bem de você e do bebê, tá?Em seguida, disse ao motorista:— Podemos ir agora.Sentada no banco de trás, Fernanda olhou para a echarpe feia ao seu lado e não conseguiu evitar torcer o nariz.Quanto mais olhava, mais desgosto sentia. Não resistiu e jogou a echarpe no chão do carro, retirando rapidamente a mão como se tivesse tocado algo desagradável.Ao lembrar de Viviane, Fernanda suspirou. A garota tinha uma aparência comum, sem muito destaque. Se quisermos ser gentis, podemos dizer que é ‘delicada’, mas, na verdade, ela é apenas ‘sem classe’.Mais uma vez, o olhar de Fernanda se fixou naquela echarpe de rosa-choque, de gosto rústico e antiquado.Não importava o quanto fosse bem embalada, não dava para disfarçar a qualidade ruim. Claramente, quem vem de uma família simples tem seus limites.Ao lembrar dos presentes que Júlia sempre lhe dava: echarpes de seda, joias, bolsas, todas elegantes e cuidadosam
Para Fernanda, o filho dela sempre foi o melhor.Nem passava pela cabeça dela aceitar uma nora que não tivesse pelo menos um mestrado, preferencialmente com formação no exterior.Em todos os aspectos, Viviane estava bem longe do ideal. Só pela ‘criança’ que ela estava esperando, Fernanda concordou, a contragosto, em se encontrar com ela.Quanto a se casar com seu filho… Isso era pura fantasia.Bianca ouviu e deu de ombros, claramente não surpresa com a decisão da mãe.Sem pensar muito, jogou o cachecol que segurava no lixo, limpando as mãos com um lenço umedecido como se quisesse se livrar do cheiro de ‘pobreza’ que aquele presente exalava.Depois ela disse:— Assim é melhor. Viviane não vale nada, e ainda quer ser minha cunhada? Ela nem chega aos pés de Júlia.Bianca torceu o nariz, pensando em como Viviane, apesar de ter sido considerada a mais bonita da universidade, não tinha nada de especial além de um rosto mais ou menos.Como Rafael tinha se interessado por ela? Ele deve ter per
Júlia ficou séria:— O vídeo da minha entrevista foi visto por todo mundo na internet. Se você tem algum problema com a minha nota, pode muito bem reportar isso à direção da universidade. Não fique inventando histórias.Júlia fez uma pausa e continuou:— Hoje em dia, espalhar boatos sai muito barato. Por exemplo, até agora ninguém descobriu quem postou aquela foto minha com o professor José na rede.Enquanto Júlia falava, seus olhos fixavam-se em Bianca, observando qualquer mínima reação.Quando mencionou ‘foto’ e ‘autor das postagens’, percebeu que Bianca desviou o olhar, claramente desconfortável.Júlia logo entendeu que era ela a responsável. Não era algo tão surpreendente, mas agora tinha certeza.Ela disse:— Você me critica, mas não esconde a inveja nas suas palavras, né?Bianca parecia um tanto frustrada, como se estivesse arrependida por não pensar nesse plano antes:— Do que você está se gabando? Viviane está grávida! E o bebê é do meu irmão. Aposto que você ainda não sabia di
Bianca ficou radiante:— Sério? Eu realmente posso?!— Claro.— Eu aceito! Sempre admirei seu trabalho, ser sua aluna de mestrado é o meu sonho.Ela parecia ter esquecido que havia acabado de sair da casa de Larissa.Vanessa disse com sorriso:— Então está combinado. Você se chama…Bianca foi rápida:— Professora Vanessa, eu sou Bianca Lima, do curso de Biologia da Universidade B.— Você é da casa? Ótimo, já tem uma boa base.Vanessa sorriu satisfeita e balançou a cabeça:— A propósito, Bianca, no primeiro dia de aula, vá me encontrar no Bloco C, eu vou apresentar você aos seus colegas de pesquisa.Apresentar colegas de pesquisa? Bianca se lembrou do projeto de laboratório da professora Vanessa. Ela ficou animada com a possibilidade de participar. Afinal, os laboratórios da Universidade B eram de altíssimo nível, quem sabe Júlia não conseguiria nem entrar?Esse pensamento a fez sorrir com mais entusiasmo.Vanessa percebeu a inteligência e simpatia de Bianca, ficou ainda mais satisfei
Larissa acabara de receber a notícia de que 70% do financiamento dos projetos de pesquisa da universidade este ano foi direcionado ao grupo de pesquisa de Vanessa, deixando o restante para ela. Descontando os custos variados, a parte que sobraria em suas mãos seriam a 20%.Nos últimos anos, seus experimentos não mostraram progresso, naturalmente, resultou na ausência de publicações científicas.Sem publicações, não há conquistas acadêmicas, e aos poucos, o financiamento foi minguando.Além disso, sua saúde já não era a mesma, e nenhum de seus alunos parecia ser capaz de carregar o fardo ou representar.Suspirando profundamente, Larissa viu sua colega atravessar a rua, com aquele sorriso de sempre:— Boa tarde, Larissa! Acabei de sair do laboratório. Ouvi dizer que seu grupo de pesquisa fez uma nova descoberta? É verdade?Larissa permaneceu em silêncio.Vanessa disse com sarcástica:— Ah, então é mentira, né? Você vive ocupada no laboratório, mas nunca tem resultados. Ouvi dizer que cor
Júlia tinha uma ideia em mente, mas ainda precisava esperar um pouco mais…Ela só poderia agir quando o contrato terminasse, permitindo que as próximas etapas fossem desenvolvidas.…Um dia, como de costume, Júlia saiu para ir à biblioteca.Ao sair do prédio, encontrou José, que estava envolvido em novos projetos de pesquisa e havia passado várias noites no laboratório, acabando de voltar de lá.Júlia disse com um sorriso:— Bom dia, professor José.Ele respondeu com uma pitada de cansaço:— Na verdade, fora da sala de aula, você pode me chamar pelo nome. Aliás, tem algo que gostaria de ouvir sua opinião. Lembra daquele projeto que te mencionei, o que eu não consegui finalizar?Júlia assentiu.Claro que ela lembrava; aquele projeto estava muito alinhado com sua área de pesquisa.Além disso…Era um tema cuidadosamente escolhido, desenvolvido com muito esforço, e ela achava uma pena ter sido abandonado no meio do caminho.José perguntou: — Você já pensou bem? Quer continuar com isso?Jú
José disse:— Você pode usar o laboratório no horário que for melhor para você, não precisa vir todos os dias. Apareça quando tiver tempo.Além de estudar os artigos que a professora Larissa a havia dado, Júlia também estava acompanhando as mais recentes pesquisas da área.Agora, com mais uma tese formal para concluir, sua agenda estava cheia.José sabia do quanto ela estava ocupada, mas confiava em sua capacidade de planejar bem o tempo e executar suas tarefas sem problemas.Ele explicou para Júlia alguns pontos importantes sobre o funcionamento do laboratório.Cada laboratório tinha suas próprias regras e ela prestava atenção, anotando os detalhes mais importantes.José explicou:— Por enquanto, só meu grupo está usando o laboratório. Além de mim, há mais quatro membros no grupo. Em breve você poderá conhecê-los pessoalmente…José foi interrompido quando um homem de cerca de 40 anos, com óculos e uma presença imponente, saiu da área do café.Alto, com músculos robustos, ele lembrava
A primeira coisa que Júlia notou foram as pernas longas de alguém, envoltas em botas de cano alto. A pessoa usava um casaco bege sobre um suéter de tricô branco, e na mão carregava uma bolsa Hermès cinza.Quando Amanda Azevedo viu José, seus olhos brilharam:— Bom dia, professor José!Ele respondeu com um leve aceno de cabeça:— Bom dia.Arthur logo tratou de compartilhar a novidade:— Amanda, deixa eu te apresentar: essa é a nova integrante do nosso grupo, Júlia. Ela é dois anos mais nova que você.Só então Amanda notou que havia uma pessoa nova no laboratório, seu sorriso vacilou por um instante.Antes de Júlia chegar, Amanda era a mais jovem do grupo, e todos sempre a mimavam. E não era sem motivo.Ela tinha um currículo impressionante: mestrado pela Universidade G e doutoranda na Universidade B, com uma trajetória acadêmica de destaque.Além disso, se ela conseguiu entrar no prestigiado grupo de pesquisa de José, suas habilidades e conhecimentos eram certamente de alto nível.Júlia