— Não se preocupe. Quando a situação melhorar e o dinheiro entrar, compramos de alguém e pronto.Elisa suspirou, queria perguntar quem compra casa de segunda mão para casamento?Mas, vendo as dificuldades do momento, resolveu não insistir.Porém, o Vila Verde se tornou uma obsessão para ela.Não comprar a casa a deixava inquieta, comprar, entretanto, era financeiramente inviável.Elisa perguntou novamente para Paula:— Você tem certeza de que é o Vila Verde?Paula sorriu de canto. Ela sabia que ninguém esperava isso da família de Gustavo:— Vi o contrato de compra com meus próprios olhos, preto no branco! Não tem como ser mentira, até a Camila confirmou. Diz que foi um presente da Júlia para eles. Ah, como eu queria ter uma filha assim, viu? Não dá para subestimar a Júlia só porque é mulher. Pelo visto, ela está melhor que o Vitor!Vitor tinha sua empresa, mas não tinha comprado uma casa para os pais.Elisa perguntou, tentando disfarçar o desconforto:— Mas a Júlia tem tanto dinheiro a
Natália trocou os sapatos e deu uma olhada rápida pela sala, notando várias caixas grandes empilhadas em um canto. Sentou-se no sofá com tranquilidade.Ela perguntou:— Vocês estão… fazendo uma limpeza geral?Camila sorriu de leve:— Não, estamos só arrumando uns lençóis, roupas…Natália olhou novamente para as caixas:— Já embalaram tudo?Camila respondeu:— Quase tudo.Natália continuou:— Vocês vão se mudar?Gustavo confirmou:— Vamos.— Para onde?Gustavo e Camila trocaram um olhar. Não havia razão para esconder; mais cedo ou mais tarde, todos saberiam.Gustavo disse:— Vamos para aquele novo condomínio aqui perto, Vila Verde.— Vocês compraram um apartamento?Ele balançou a cabeça:— Não, compramos uma mansão.Natália disfarçou sua surpresa de maneira impecável, como se só agora estivesse descobrindo a novidade:— Onde você arrumou tanto dinheiro? A mansão mais barata na Vila Verde custa pelo menos uns três, quatro milhões… você…Ela hesitou por um momento, demonstrando uma leve p
Natália olhou séria para Júlia e disse:— O que eu quero dizer é bem simples: como mulheres, por mais difícil que seja, não podemos pegar atalhos. Temos que seguir com os pés no chão, sem recorrer a caminhos errados ou pensar que a sorte vai resolver tudo.Júlia concordou com a cabeça:— É, realmente é assim.Natália disse com um ar de alívio, como se visse esperança:— Você concorda, né?— Claro.Ela assentiu, satisfeita:— Ótimo, então fico mais tranquila. Acho melhor devolver a casa quanto antes. Talvez você perca um pouco na taxa, mas pelo menos fica em paz, né?Júlia ficou perplexa e não disse nada.Natália perguntou, com o rosto já ficando sério, sentindo que tudo o que dissera tinha sido em vão:— O quê? Está com pena de devolver?Júlia riu, entendendo finalmente o motivo de tanta conversa:— Olha, tia, tudo o que você falou eu concordo. Sim, as mulheres devem contar com elas mesmas. Mas…Ela mudou o tom:— Eu não dependo de ninguém. Então, vou encarar suas palavras como uma tro
Plantar verduras, criar peixes… agora a família vai ter comida à vontade!Laura apareceu na entrada do jardim, braços cruzados e com um sorriso malicioso:— Vão se mudar?Gustavo não deu bola e continuou cavando a terra com afinco.Camila, que estava saindo de casa, ouviu a voz dela e imediatamente deu meia-volta. Prefere não ver para não se incomodar.Laura fez uma careta:— Do que adianta esse orgulho todo? No fim, fui eu quem fez eles saírem…Uma vizinha perguntou, que a encontrou voltando do mercado:— Laura, foi comprar comida?Laura disse, se gabando um pouco:— Sim, comprei uns ovos. A essa hora sai bem mais barato do que de manhã, quando está lotado!Ela não era de se gabar, mas, verdade seja dita, ninguém no bairro sabia fazer as compras tão bem quanto ela.A vizinha disse:— Vou tentar da próxima vez. A propósito, ouviu a novidade? Parece que o professor do seu lado vai se mudar.Laura fez um aceno:— Já sabia. Mas duvido que onde queira que tenham alugado seja tão prático qu
Gustavo hesitou por um momento:— Vou conversar com a Camila primeiro…A voz da Bruna ficou séria:— Conversar? Conversar o quê? Você é homem, é o chefe da família! Uma coisa tão simples assim, você ainda precisa perguntar para sua mulher para tomar uma decisão?Gustavo explicou:— Mãe, isso não tem nada a ver com ser o chefe da família, é uma questão de respeito básico. Tenho que pelo menos falar com a Camila antes…— Que fracote! Pode conversar o quanto quiser. Se ela concordar, ótimo. Se não concordar, tanto faz. De qualquer jeito, eu e seu pai vamos amanhã!Dizendo isso, Bruna desligou o celular com um estalo.Gustavo ficou silencio.Camila perguntou, entrando do jardim e vendo o marido coçando a cabeça:— O que foi? Quem estava no telefone?— A minha mãe…— O que ela disse?— Que vêm amanhã para o almoço e para aquecer a atmosfera da casa nova…Camila sorriu levemente:— Ótimo, vamos chamar o Caio, o Henrique, a Natália e todos eles também.... No dia seguinte, logo cedo, Camila
Ela comentou algumas palavras que, à primeira vista, pareciam inofensivas, mas o tom definitivamente não era amigável.Elisa piscou os olhos com intrigada:— Afinal, Júlia trabalha com o quê em Cidade J? Porque, sinceramente, não é qualquer pessoa que consegue juntar alguns milhões assim.Júlia franziu a testa, mas Camila apertou sua mão, sinalizando que deixasse com ela.Camila disse seriamente:— Depois que a Júlia se formou, embora não tenha feito mestrado, também não ficou parada. Ela já passou por alguns empregos e economizou um dinheirinho.Natália deu uma risadinha sarcástica:— Que ótimo se foi ela mesma que economizou, mas o que preocupa é quando as meninas se perdem, desviam do caminho certo.Camila respondeu sem perder a calma:— Obrigada pela preocupação, Natália, mas ela já é adulta e tem seus próprios planos. Nosso papel, como pais e tios, é apenas apoiar.Paula levantou a sobrancelha:— Planos? Pelo que você está dizendo, parece que Júlia já tem algo em mente. Vai voltar
As pessoas correram imediatamente para o segundo andar, seguindo o som até o quarto de Júlia. Ao chegarem lá, se depararam com a seguinte cena:Carla estava sentada no chão, com duas bolsas espalhadas ao seu redor. Ao ver todo mundo entrando, ela começou a chorar alto, chutando as pernas de forma descontrolada, parecendo uma criança fazendo birra.Paula correu até ela, agachando-se ao seu lado:— Carla, o que aconteceu? Não assusta a mamãe. Vamos, levanta-se…— Eu não! Hoje, se Júlia não se desculpar, eu não vou me levantar!Júlia riu com desdém:— Tudo bem, então fique aí sentada. Ou pode se deitar, se preferir.— Você!Os olhos de Paula se estreitaram:— Desculpar-se por quê? O que aconteceu? Fala para a mamãe.— Mãe! Júlia me bateu...Paula arregalou os olhos, virando-se para Júlia:— Como você pode bater nela?Júlia explicou:— Tia, eu entrei no meu quarto e ouvi barulho no closet. Achei que fosse um ladrão, por isso…, mas, na verdade, eu também gostaria de saber por que a Carla es
Júlia ainda achava que era a mesma de antes?Tantos anos após se formar na universidade, ainda queria voltar a estudar?Sonha!Logo, quando sair o resultado, ela vai passar vergonha!Elisa comentou:— Após ouvir a Carla, fiquei curiosa também.Natália sorriu:— É verdade, estamos curiosos, né, Júlia? Por que você não verifica logo? Vamos dar uma olhada todos juntos. Não precisa ficar tão tensa, viu? Independentemente do resultado, passar ou não, tudo bem.Camila olhou para a filha, querendo recusar, mas Júlia respondeu sorrindo:— Claro.Todos se aproximaram do computador. Júlia já tinha inserido o número do registro e a senha, bastava apertar a tecla Enter para ver o resultado.Júlia estava um pouco nervosa e disse:— Pai, pode ser você.— Eu?— Sim, lembra que foi você quem viu minha nota do ENEM?— Certo.Gustavo esfregou as mãos, respirou fundo e apertou Enter.A página carregou e travou, mostrando que estava processando os dados.Todos prenderam a respiração.Um segundo, dois segu