O assistente levou Júlia até casa. Ela agradeceu e desceu do carro, mas ao invés de subir direto, foi até o mercado próximo.Vinte minutos depois, carregando várias sacolas, ela estava prestes a subir quando viu José se aproximando no crepúsculo.O céu já estava um pouco escuro, mas ele ainda estava iluminado pela luz alaranjada do sol poente, tornando sua figura alta e magra ainda mais longa.Ele caminhava com uma concentração notável, sem desviar o olhar.Júlia saudou:— Que coincidência, nos encontramos de novo.José levantou a cabeça e ajeitou os óculos:— Que coincidência.Júlia perguntou com um sorriso:— Já jantou? Comprei bastante coisa, quer comer algo?José ia recusar, mas lembrando das habilidades culinárias dela, aceitou com um aceno de cabeça.Era a primeira vez que José visitava a casa de Júlia. Na varanda, as tulipas estavam florescendo.Ao lado, um aquário quadrado com dois peixes-dourados nadando. As cortinas brancas balançavam suavemente com o vento, e os móveis adici
Patrícia adora sashimi, então pediu salmão fresco e outros frutos do mar.E Júlia, que não gosta de comida fria, optou por um ramen e um sushi.O ramen era mediano, mas os ingredientes eram frescos.Patrícia percebeu Júlia comendo comida tão comum e provocou:— Esse salmão está uma delícia, tem certeza de que não quer provar? Vai que você descobre um novo gosto!Júlia sorriu, recusando:— Você sabe que não consigo comer cru. Prefiro meu ramen.Patrícia riu e disse:— Você não muda, né? Desde que se conheço, sempre foi assim.Patrícia lembrou como Júlia sempre foi determinada nas suas preferências, tanto nas coisas de que gosta quanto nas de que não gosta.Patrícia suspirou:— Faz dias que não vou ao spa. Minhas mãos estão ficando ásperas. A culpa é do meu pai, que insiste em me arranjar encontros. Minha mãe ainda o ajuda! Como se eu precisasse disso… Meu primo, que é um gênio, ainda está solteiro, e eu que tenho que me apressar?Falando do José, Júlia lembrou que, apesar de serem vizin
José ajustou os óculos e disse:— A física nunca é instantânea, tem seu próprio ritmo e direção. Não dá para mudar só porque você quer parar.O responsável pelo homem riu sem graça:— Era só uma sugestão…Os dois se separaram, sem se entender. José se virou e viu Júlia sorrindo e acenando:— Quanto tempo, vizinho.Caminhando juntos para casa, Júlia evitou falar sobre o incidente, conversando sobre outras coisas.Ela disse:— Obrigada pela ajuda da última vez. Estou indo bem nos estudos.José não quis se gabar:— Você tem talento. Falou com a professora esses dias?Júlia respondeu com as mãos atrás das costas, chutando pequenas pedras:— Não, só por telefone. Ela está melhorando e deve voltar em breve.José assentiu:— Ótimo. Ela sempre foi dedicada, deve estar impaciente para voltar.À medida que escurecia, um ciclista passou oscilando. Júlia tropeçou numa pedra e quase se chocou com a bicicleta. José a segurou pelo pulso, a puxando para evitar o acidente.— Tudo bem? — O toque de Jos
Viviane desceu as escadas correndo e avistou o carro de Rafael estacionado na entrada da escola.Ele estava encostado no capô, vestindo uma camiseta branca com um casaco cinza-escuro e calças pretas. Parecia um universitário, jovem e cheio de energia, chamando a atenção de todos ao redor.Rafael olhou o relógio três vezes em três minutos. O combinado era às dez, e ela já estava atrasada.Ele pegou o celular e estava prestes a ligar para Viviane quando sentiu um perfume doce se aproximando.Viviane disse carinhosamente ao abraçar pelo pescoço:— Esperou muito?Rafael respondeu, com os olhos negros fixos nela e as mãos nos bolsos:— Você está atrasada.— Desculpa, prometo que da próxima vez serei pontual.Rafael não fez caso, e Viviane respirou aliviada.— Entra. — Rafael disse.Rafael sabia o que ela estava pensando, mas não queria perder tempo a comentar.Viviane entrou rapidamente no banco do passageiro e começou a falar sem parar. Rafael dirigia em silêncio, apenas respondendo por ve
Patrícia puxou Júlia pelo braço:— Vamos, vamos! Já fiz todo o planejamento, hoje vamos nos divertir muito!— Nossa... Mãe, me ajuda!Os gritos ecoavam ao redor por cinco minutos seguidos. Júlia massageava os ouvidos, que ainda zumbiam, enquanto olhava para Patrícia, que acabara de vomitar e estava pálida.Com uma expressão mista de diversão e preocupação, Júlia bateu levemente nas costas de Patrícia.Júlia perguntou com preocupação:— Melhorou agora?— Eu…Vendo que Patrícia estava prestes a vomitar de novo, Júlia rapidamente pegou alguns lenços e uma garrafa de água. Esperou pacientemente até que Patrícia terminasse de vomitar e lhe entregou a água. Após gargarejar e não vomitar mais, Patrícia parecia mais aliviada.Patrícia disse, limpando a boca e batendo no próprio peito:— Dizem que essa montanha-russa é o terror dos parques. Agora eu entendi o que é inferno na Terra.Júlia riu:— Quem foi que disse que queria desafiar os próprios limites? Você mesma procurou isso.Patrícia tinha
Depois do almoço, Patrícia comprou dois ingressos para o show de animais e quis levar Júlia para ver os golfinhos.Passando pela multidão, elas chegaram ao teatro de animais no sudoeste do parque. Com ar-condicionado, o lugar era um paraíso comparado ao calor lá fora.Júlia não estava muito interessada no show, mas Patrícia adorava golfinhos e pediu para ela tirar algumas fotos durante a interação. Contagiada pelo sorriso de Patrícia, Júlia também sorriu.Meia hora depois, o show terminou. Júlia entregou a bolsa para Patrícia, dizendo que precisava ir ao banheiro.Ao virar o corredor, Júlia viu Viviane lavando as mãos na pia.Ela hesitou, mas seguiu em frente, indo diretamente para uma cabine. Quando saiu, viu que Viviane ainda estava lá, esperando aparentemente por ela.Júlia a ignorou e começou a lavar as mãos com cuidado. O som da água correndo deixava o ambiente tenso.Quando levantou a cabeça, Júlia encontrou o olhar de Viviane, mas desviou rapidamente, como se fosse uma desconhec
— Podem entrar.O funcionário estava ao lado de uma cortina que se abria ao meio, deixando passar um vento frio que levantava um pedaço, revelando um corredor escuro.Gritos ocasionais podiam ser ouvidos lá de dentro. Patrícia engoliu em seco, segurando a mão de Júlia, e foi entrando aos poucos.Júlia quase teve que arrastar Patrícia para avançar. Vendo o medo dela, Júlia achou engraçado:— Nem pensar! Já estamos aqui!Essa frase sempre causa problema.Patrícia, embora estivesse morrendo de medo, fingiu ser corajosa e puxou Júlia para frente.De repente, um boneco assustador pulou na frente delas.Patrícia gritou:— Júlia, me salva!Rafael virou a cabeça de repente. Ele achou que tinha ouvido alguém chamando… Júlia?Mas ao procurar, não viu ninguém conhecido.Ele franziu a testa.Viviane estava ao lado dele, mas não percebeu. Com medo, ela segurou o braço de Rafael:— Rafa, estou com medo. Você me protege, por favor?Rafael olhou para trás e respondeu casualmente.Tudo estava muito esc
Logo, o espaço ao seu redor ficou vazio.Quando o alarme tocou, as luzes ficaram um pouco mais fortes. Júlia deu alguns passos e encontrou um mapa de saída. Ela conseguiu passar pela segunda fase e ouviu a multidão barulhenta mais adiante.Ela olhou para a direção do barulho, percebendo que o caminho estava bloqueado por muitas pessoas.Enquanto Júlia hesitava se devia se juntar à multidão, outra onda de gente a empurrou, e ela não podia escolher a sua própria direção.Alguém a empurrou para o lado e pisou em seu pé. Quando percebeu, ela estava contra uma parede áspera, com dor no peito.De repente, sentiu um olhar. Levantou os olhos e viu Rafael.Ele a olhava, preocupado e um pouco irritado.Então, ele não imaginou aquele ‘Júlia’ de antes.Pensando que ela ainda tinha tempo para brincar, ele achou que a vida pós-separação não estava nada ruim para ela.— Rafa? — Viviane puxou nervosamente o braço dele, olhando para Júlia com desconfiança.Júlia desviou o olhar, não querendo conversar