Entre as três noras, Elisa era a mais habilidosa, e Paula, a mais engraçada nas conversas, mas Camila… ah, ela não agradava de jeito nenhum. Com o tempo, até Gustavo começou a ser tratado com desprezo.Um filho que esqueceu da mãe após casar não tinha utilidade. Como poderia ser comparado ao primogênito, que sempre oferece comida, roupas e ainda se tornou um empresário de sucesso?Júlia se sentou ao lado da mãe. Sabendo que seus avós não gostavam dela, ela já havia desistido de tentar agradá-los.O plano era simples: comer em silêncio e ir embora logo após a refeição.Elisa comentou, após colocar a bandeja de frutas sobre a mesa:— Júlia, essa sua bolsa… que bonita! É de marca, né?Imediatamente, todos os olhares se voltaram para Júlia.Antes que ela pudesse responder, Paula se adiantou:— Ah, esse símbolo é da… como chama mesmo? Luis Vuiton, né?Carla interrompe:— Se não sabe, nem precisa falar. Essa bolsa é da Hermès.Paula exclamou, espantada:— O quê? Daquela marca dos seriados? A
Paula soltou uma risada por dentro, e seu olhar caiu sobre a pilha de frutas que Gustavo tinha trazido:— Camila, vocês também compraram cerejas? Essas parecem bem menores que as que a Elisa comprou.Camila deu uma pausa na sua risada, mas respondeu com calma:— Como poderíamos comparar com Elisa?Paula riu alto:— Ah, é verdade! Caio e Elisa, claro, ninguém pode competir.Júlia sorriu levemente, fingindo não dar importância, e disse:— Tia Paula, o que você comprou de frutas?O sorriso de Paula ficou tenso.Sem dar muita atenção, Júlia pegou a sacola que estava ao lado de Paula e deu uma olhada:— Deixa eu ver… tem maçãs, peras, laranjas…Nenhuma fruta cara da estação.Júlia disse com um sorriso:— Você sempre faz ótimas escolhas, tia, essas frutas são daquelas que a gente sempre encontra.Paula ficou desconcertada, mas não conseguiu encontrar falhas nas palavras de Júlia:— É, sim, pensei em trazer algo que todos gostassem…Apesar de sua boa origem, Paula, filha única de funcionários
Natália sorriu e disse:— Claro!— Natália, você é sempre tão generosa!Elisa pegou o presente e colocou de lado, pensando em abri-lo depois.No entanto, Natália logo esclareceu:— É uma pulseira de ouro maciço. Se você não gostar do estilo, pode trocar na loja Tesouro Real.Paula soltou uma risadinha:— Nossa, Natália! Que presentão, hein? Uma pulseira de ouro logo de cara…Natália ergueu uma sobrancelha com certo orgulho, mas respondeu humildemente: — Elisa já viu de tudo. Isso aqui não é nada.Paula não perdeu tempo e, meio séria, meio em tom de brincadeira, perguntou:— Ah, somos todas suas cunhadas aqui. Elisa ganhou presente, e eu e a Camila? Você já é gerente, lida com grandes clientes o tempo todo, esses pequenos gestos você sabe bem como fazer, não é?Natália não se deixou abater:— Então, Paula, está dizendo que também quer uma pulseira?Paula manteve o tom de brincadeira:— Quem não quer uma pulseira de ouro? E você, Camila?Agora as duas estavam olhando diretamente para Ca
Há anos o escândalo de Júlia Ferreira deu o que falar, tanto que Gustavo e Camila chegaram a viajar para Cidade J, mas voltaram sem dizer uma palavra sobre o ocorrido.Pelos boatos que Paula ouviu, a verdade não devia ser muito diferente: Júlia largou os estudos devido a um relacionamento.Diziam que o namorado dela era bem de vida, provavelmente um homem rico, o que explicava por que ela havia desistido dos estudos para se dedicar ao relacionamento.Gustavo e Camila não esconderam o desconforto, franzindo a testa. Júlia, por outro lado, parecia tranquila:— Não estamos mais juntos.Paula soltou uma risadinha cínica e balançou a cabeça:— Ah, esses ricaços… Aposto que ele só estava brincando com você, Júlia. Gente assim nunca quer nada sério, e você caiu direitinho. Casar com alguém assim é para poucas.Ela fez uma pausa, depois lançou um olhar:— Uma coisa eu te digo, viu? A reputação de uma moça é a mais importante. Ele não deixou nem uma compensação para você?Na TV, aqueles homens
A avó olhou para as costas dele e começou a gritar:— Filho ingrato! Você foi levado por aquela vadia e agora tem coragem de me desafiar! Falo uma coisa, você responde com dez, sempre contestando! Vá embora, vá bem longe, e leve aquela filha da vadia também! Nunca mais apareça para me ver!A rebeldia de Camila foi uma afronta direta para a avó, que agora odiava profundamente tanto a nora quanto Gustavo. Como ele pôde se envolver com uma mulher dessas? Aquele ditado estava certo: depois que se casam, os filhos esquecem das mães. Ingratos, todos eles!...No caminho de casa, Gustavo ficou em silêncio. Camila, notando o clima pesado, segurou sua mão com carinho.Gustavo sorriu para ela, tentando mostrar que estava bem.Afinal, já estava acostumado com a preferência da mãe pelos outros filhos. Desentendimentos assim não eram novidades.Antes, ele aguentava o que podia, mas quando se tratava de Júlia, por mais paciente que Gustavo fosse, não podia tolerar aquelas calúnias.Chegando em cas
Camila estava obviamente furiosa:— Além de você, quem mais faria uma coisa tão selvagem?Ela raramente ofendia alguém com palavras.E “selvagem” talvez fosse o termo mais agressivo que ela conseguia encontrar no momento.Porém, para Laura, isso não fazia diferença. Ela colocou as mãos na cintura e soltou uma risada sarcástica:— Selvagem? Você acha que isso é selvagem? Você não viu nada ainda!Camila arregalou os olhos, incrédula:— Então você admite? Foi você quem fez isso?Laura desviou o olhar por um instante e disse:— Cuidado com suas palavras. Admiti o quê? Cadê as provas? Tem alguma evidência? E mesmo que tenha sido eu, e daí? Chamar a polícia para me prender? Olha, a polícia nem abrirá um caso por uma questão tão trivial.Camila estava fora de si de tanta raiva.Gustavo rapidamente se aproximou e se colocou na frente da esposa:— Laura, não exagere! As flores da nossa trepadeira de glicínia não estão te incomodando em nada. Somos vizinhos, não precisa chegar a esse ponto, né?
O rosto de Laura ficou feio.Gustavo adicionou:— Ah, lembrei que esse esfregão que eu usei no banheiro ontem ainda não foi lavado. Mas tudo bem, o nosso banheiro não estava tão sujo assim. Não deve se importar, né?Imagina!Júlia continuou:— Pai, você esqueceu… ontem eu joguei aquelas sobras de comida no banheiro. Até lavei depois, mas sabe como é, ainda ficou meio engordurado. Será que a senhora não está com um cheirinho de gordura, Laura?Pai e filha se revezavam nas provocações, cada vez mais nojentas. O rosto antes orgulhoso de Laura ficou tão escuro quanto o fundo de uma panela queimada.Ela farejou o próprio corpo, como se realmente estivesse sentindo o cheiro que Júlia mencionara, e saiu correndo, deixando a ameaça no ar:— Vocês… vocês vão ver!Banho! Precisava de um banho urgente!Naquele momento, Júlia se sentiu como uma deusa grega, mas daquelas que controlam esfregões!No entanto, apesar de sentir uma certa satisfação, Camila não aprovava totalmente o comportamento:— Lev
Gustavo ficou surpreso:— Como viemos parar aqui?Antes que Júlia pudesse responder, uma funcionária já se aproximou com um sorriso no rosto:— Vocês estão interessados em conhecer os imóveis? Temos várias opções de plantas que atendem tanto às necessidades básicas quanto a quem busca algo mais confortável.Júlia respondeu:— Vamos dar uma olhada.A funcionária começou a apresentação:— Aqui está a maquete do nosso condomínio. Como podem ver, a terceira fase do projeto foi planejada com muita atenção. Temos supermercados, escolas, hospitais, tudo muito bem integrado.Júlia observou a maquete com cuidado:— Parece que os prédios estão bem próximos uns dos outros.— Infelizmente, por se tratar de edifícios altos, o espaço entre eles acaba ficando menos.Júlia continuou a perguntar:— Ouvi dizer que vocês têm uma área de mansões?O empreendimento Vila Verde era dividido em dois tipos de moradias: os apartamentos que Júlia via na maquete e uma área exclusiva com casas independentes.Essas