Há anos o escândalo de Júlia Ferreira deu o que falar, tanto que Gustavo e Camila chegaram a viajar para Cidade J, mas voltaram sem dizer uma palavra sobre o ocorrido.Pelos boatos que Paula ouviu, a verdade não devia ser muito diferente: Júlia largou os estudos devido a um relacionamento.Diziam que o namorado dela era bem de vida, provavelmente um homem rico, o que explicava por que ela havia desistido dos estudos para se dedicar ao relacionamento.Gustavo e Camila não esconderam o desconforto, franzindo a testa. Júlia, por outro lado, parecia tranquila:— Não estamos mais juntos.Paula soltou uma risadinha cínica e balançou a cabeça:— Ah, esses ricaços… Aposto que ele só estava brincando com você, Júlia. Gente assim nunca quer nada sério, e você caiu direitinho. Casar com alguém assim é para poucas.Ela fez uma pausa, depois lançou um olhar:— Uma coisa eu te digo, viu? A reputação de uma moça é a mais importante. Ele não deixou nem uma compensação para você?Na TV, aqueles homens
A avó olhou para as costas dele e começou a gritar:— Filho ingrato! Você foi levado por aquela vadia e agora tem coragem de me desafiar! Falo uma coisa, você responde com dez, sempre contestando! Vá embora, vá bem longe, e leve aquela filha da vadia também! Nunca mais apareça para me ver!A rebeldia de Camila foi uma afronta direta para a avó, que agora odiava profundamente tanto a nora quanto Gustavo. Como ele pôde se envolver com uma mulher dessas? Aquele ditado estava certo: depois que se casam, os filhos esquecem das mães. Ingratos, todos eles!...No caminho de casa, Gustavo ficou em silêncio. Camila, notando o clima pesado, segurou sua mão com carinho.Gustavo sorriu para ela, tentando mostrar que estava bem.Afinal, já estava acostumado com a preferência da mãe pelos outros filhos. Desentendimentos assim não eram novidades.Antes, ele aguentava o que podia, mas quando se tratava de Júlia, por mais paciente que Gustavo fosse, não podia tolerar aquelas calúnias.Chegando em cas
Camila estava obviamente furiosa:— Além de você, quem mais faria uma coisa tão selvagem?Ela raramente ofendia alguém com palavras.E “selvagem” talvez fosse o termo mais agressivo que ela conseguia encontrar no momento.Porém, para Laura, isso não fazia diferença. Ela colocou as mãos na cintura e soltou uma risada sarcástica:— Selvagem? Você acha que isso é selvagem? Você não viu nada ainda!Camila arregalou os olhos, incrédula:— Então você admite? Foi você quem fez isso?Laura desviou o olhar por um instante e disse:— Cuidado com suas palavras. Admiti o quê? Cadê as provas? Tem alguma evidência? E mesmo que tenha sido eu, e daí? Chamar a polícia para me prender? Olha, a polícia nem abrirá um caso por uma questão tão trivial.Camila estava fora de si de tanta raiva.Gustavo rapidamente se aproximou e se colocou na frente da esposa:— Laura, não exagere! As flores da nossa trepadeira de glicínia não estão te incomodando em nada. Somos vizinhos, não precisa chegar a esse ponto, né?
O rosto de Laura ficou feio.Gustavo adicionou:— Ah, lembrei que esse esfregão que eu usei no banheiro ontem ainda não foi lavado. Mas tudo bem, o nosso banheiro não estava tão sujo assim. Não deve se importar, né?Imagina!Júlia continuou:— Pai, você esqueceu… ontem eu joguei aquelas sobras de comida no banheiro. Até lavei depois, mas sabe como é, ainda ficou meio engordurado. Será que a senhora não está com um cheirinho de gordura, Laura?Pai e filha se revezavam nas provocações, cada vez mais nojentas. O rosto antes orgulhoso de Laura ficou tão escuro quanto o fundo de uma panela queimada.Ela farejou o próprio corpo, como se realmente estivesse sentindo o cheiro que Júlia mencionara, e saiu correndo, deixando a ameaça no ar:— Vocês… vocês vão ver!Banho! Precisava de um banho urgente!Naquele momento, Júlia se sentiu como uma deusa grega, mas daquelas que controlam esfregões!No entanto, apesar de sentir uma certa satisfação, Camila não aprovava totalmente o comportamento:— Lev
Gustavo ficou surpreso:— Como viemos parar aqui?Antes que Júlia pudesse responder, uma funcionária já se aproximou com um sorriso no rosto:— Vocês estão interessados em conhecer os imóveis? Temos várias opções de plantas que atendem tanto às necessidades básicas quanto a quem busca algo mais confortável.Júlia respondeu:— Vamos dar uma olhada.A funcionária começou a apresentação:— Aqui está a maquete do nosso condomínio. Como podem ver, a terceira fase do projeto foi planejada com muita atenção. Temos supermercados, escolas, hospitais, tudo muito bem integrado.Júlia observou a maquete com cuidado:— Parece que os prédios estão bem próximos uns dos outros.— Infelizmente, por se tratar de edifícios altos, o espaço entre eles acaba ficando menos.Júlia continuou a perguntar:— Ouvi dizer que vocês têm uma área de mansões?O empreendimento Vila Verde era dividido em dois tipos de moradias: os apartamentos que Júlia via na maquete e uma área exclusiva com casas independentes.Essas
Júlia sabia que muitos condomínios de alto padrão exigiam comprovação de renda para visitação.E ela perguntou:— Quais são os requisitos para ser um cliente VIP?A funcionária respondeu:— O primeiro é ter autorização para comprar imóvel aqui na Cidade K, isso é o básico. Além disso, é necessário ter pelo menos 20 milhões disponíveis em conta ou possuir um cartão preto de um dos cinco maiores bancos do país. Também aceitamos outros documentos que comprovem a sua capacidade financeira.Júlia tinha tudo isso: dinheiro, poupança e até o cartão preto.Enquanto ela pensava qual seria a melhor opção para mostrar, Gustavo já tinha agarrado seu braço e a puxava para fora.Ele resmungou enquanto saíam:— A conversa está ficando surreal! 20 milhões? A gente não está num programa de TV…Ao lado, Camila murmurou baixinho:— Nem nos meus romances eu ouso escrever algo assim. E você ainda perguntou. Parece que após passar uns anos fora, você ficou mais corajosa.Ela então se virou para o atendente
A jovem estava claramente sem saber o que fazer:— Alice…Alice disse:— Por que está me olhando? Você sabe como funciona o processo de verificação financeira? E se der algum problema e você deixar qualquer um entrar? Você acha que pode arcar com essa responsabilidade?A jovem disse um pouco nervosa:— Eu… acho que sei o processo, mencionaram isso no treinamento. Se, após a verificação, o cartão da cliente não tiver problemas, a responsabilidade não será minha…Alice disse com desdém:— Aprendeu rápido, mas no nosso trabalho precisa ter bom senso. Saber quem é nosso cliente e quem pode comprar é essencial. Caso contrário, só vai perder tempo.A jovem mordeu os lábios:— Obrigada, Alice. Mas como continuo começando e não fechei nenhuma venda, estou em fase de aprendizado. Preciso ver e praticar mais, não me importo em perder tempo.Depois, virou-se para Júlia:— Senhorita, segundo as regras, vamos precisar verificar o seu cartão. Se estiver tudo certo, podemos continuar a visita.E logo
Então, não importava a forma como Sofia apresentasse, Júlia já tinha decidido.Sofia mal conseguia esconder a empolgação:— E a forma de pagamento?— À vista.O quê?! Gustavo não acreditava que sua filha estava realmente decidida a comprar uma casa de luxo, e com todo o dinheiro pronto!Ele tentou dizer algo, mas antes que pudesse falar, sentiu uma forte dor na cintura. Camila lhe deu um beliscão discreto:— Deixa a menina fazer o que quiser. Só observa e não fala nadaGustavo engoliu as palavras e ficou em silêncio.Sofia, tremendo de nervosismo, pegou o outro cartão e, meio desajeitada, preparou todos os contratos:— Você realmente pensou bem? Se estiver tudo certo, eu passo o cartão agora.Júlia assentiu:— Pode continuar.Ainda meio fora de si, Sofia seguiu os procedimentos, e após ver Júlia assinar o contrato de compra e confirmar o depósito de cinco milhões, começou finalmente a acreditar que aquilo era real.Meu Deus!Que sorte era essa? No segundo dia de trabalho, já vender um