Então, não importava a forma como Sofia apresentasse, Júlia já tinha decidido.Sofia mal conseguia esconder a empolgação:— E a forma de pagamento?— À vista.O quê?! Gustavo não acreditava que sua filha estava realmente decidida a comprar uma casa de luxo, e com todo o dinheiro pronto!Ele tentou dizer algo, mas antes que pudesse falar, sentiu uma forte dor na cintura. Camila lhe deu um beliscão discreto:— Deixa a menina fazer o que quiser. Só observa e não fala nadaGustavo engoliu as palavras e ficou em silêncio.Sofia, tremendo de nervosismo, pegou o outro cartão e, meio desajeitada, preparou todos os contratos:— Você realmente pensou bem? Se estiver tudo certo, eu passo o cartão agora.Júlia assentiu:— Pode continuar.Ainda meio fora de si, Sofia seguiu os procedimentos, e após ver Júlia assinar o contrato de compra e confirmar o depósito de cinco milhões, começou finalmente a acreditar que aquilo era real.Meu Deus!Que sorte era essa? No segundo dia de trabalho, já vender um
Empréstimo com agiota?Cinco milhões… Mesmo que ele tivesse trabalhado a vida toda, sem gastar um centavo, jamais teria conseguido esse valor.Júlia ficou um pouco nervosa:— Nesses anos, eu não fiquei de braços cruzados. Consegui juntar um pouco de dinheiro.Nesse momento, Camila, que estava em silêncio até então, finalmente falou:— Como você juntou esse dinheiro?O olhar dela tinha um toque de seriedade.Júlia suspirou. Pelo visto, os boatos que circulavam por aí já tinham chegado aos ouvidos de Camila.Ela explicou:— Mãe, todo esse dinheiro foi ganho por meios honestos, fruto do meu trabalho. Tá tudo limpo, ganhei com minha dedicação e gastei com a consciência tranquila.Isso não foi mentira.Anos atrás, Rafael se desentendeu com a família por causa dela, a ponto de romper relações.Para disciplinar o filho, Fábio Lima bloqueou todos os seus cartões de crédito e ordenou que Fernanda Alves não o ajudasse de maneira alguma.Rafael tentava abrir um negócio, mas precisava de capital i
Gustavo disse com certo entusiasmo:— Vou comprar tudo agora! Primeiro, os suportes, porque sua mãe adora glicínias. Aí já ajudamos as plantas a subirem… depois, compro algumas hortênsias. Em maio, quando estiverem florindo, o Sr. Luís vai ficar com inveja…Sr. Luís era colega de trabalho de Gustavo, embora ensinassem disciplinas diferentes. Eles se davam bem, principalmente por serem grandes entusiastas da jardinagem.Alguns anos atrás, Luís se mudou do bairro atual e comprou um apartamento nas proximidades. Por morar no térreo, ganhou um pequeno jardim, onde plantou várias flores.Porém, por falta de espaço, ele só podia cultivar pequenos vasos. Plantas como as hortênsias, que são imponentes e chamam mais atenção em grandes áreas, estavam fora de questão.Sem perder tempo, Gustavo pegou o celular para começar a fazer as compras. Mas, de repente, ele parou: — Vamos nos mudar para casa nova. E esse apartamento aqui, o que faremos com ele?Júlia respondeu: — Vamos o deixar.— Será que
Paula abriu um sorriso e caminhou até Henrique, entrelaçando seu braço ao dele:— Que coincidência, Camila! Quem diria que a gente ia se encontrar aqui.Camila também sorriu para cumprimentá-la:— Oi, Paula.Paula perguntou:— E o que você e Júlia vieram fazer no estande de vendas? Não me diga que vão comprar uma casa?— Não, não é isso.Elas já haviam comprado a casa no dia anterior…Paula deu uma olhada rápida de cima a baixo em Camila e o sorriso em seu rosto ficou ainda maior:— Entendi… Nós viemos dar uma olhada nesse condomínio, Vila Verde, que está super na moda! Dizem que os apartamentos dos andares altos estão esgotados, tem gente que dá até gorjeta para os corretores só para conseguir uma vaga na fila.Paula fez uma pausa e continuou:— Ainda bem que nossa Carla conhece o pessoal de vendas daqui, foi assim que conseguimos reservar uma. Acabamos de fechar o contrato.A essa altura, a expressão de satisfação no rosto de Paula estava evidente, como se suas sobrancelhas fossem al
Camila deu um sorriso constrangido.Se ela realmente conseguisse ganhar tanto com direitos autorais, não precisaria esperar que a filha comprasse uma casa para eles.Júlia pereceu o desconforto da mãe, interveio rapidamente:— Tio, tia, temos uns compromissos e precisa ir…Paula disse imediatamente:— Ah, com tantos dias de férias, não há muito para fazer. Júlia, você já está quase nos 30, não estuda, não trabalha, nem namorado tem… Qual outra mulher da sua idade ainda depende dos pais?A bronca das ‘cerejas’ ainda estava entalada, e Paula não deixaria essa oportunidade passar:— Não vamos nem longe, olha o seu primo. Ele abriu uma empresa em Cidade J, com um futuro brilhante pela frente. E a Carla, pode até não ser tão ambiciosa, mas com o próprio esforço conseguiu entrar na Companhia Elétrica e já garantiu um emprego estável.Ela ainda não deixou Júlia em paz:— Às vezes me preocupo com seus pais, sabia? Criaram vocês com tanto esforço e não têm retorno. Nem falo de dar orgulho, mas
Sofia entregou o documento para Júlia.Júlia conferiu, confirmou que era o original e trocou pela cópia que estava em suas mãos.Sofia soltou um suspiro de alívio:— Desculpa mesmo, é a primeira vez que cuido de uma venda de casa, ainda estou aprendendo, e acabei atrasando vocês…— Tudo bem.Paula estava do lado, entendendo cada palavra, mas sem conseguir processar.Paula apontou para o papel na mão de Sofia:— Você… disse que esse documento é o quê?— Contrato de compra da casa.— De quem?— Da Júlia, claro, ela comprou a casa.Paula quase perdeu o equilíbrio:— Você está dizendo que ela, a Júlia, comprou uma casa aqui?!Sofia respondeu, sem entender por que tantas perguntas estranhas:— Claro.Pareceu que Paula foi atingida por um raio, ela perguntou:— Não pode ser! Qual foi? O bloco 19 ou 20? Em que andar? Qual o tamanho?— Senhora, acho que está confundindo as coisas. Os blocos 19 e 20 são apartamentos comuns que estão à venda. A Júlia comprou uma casa, uma das nossas vilas.O quê
Paula ficou um pouco nervosa:— Pode deixar para amanhã? Amanhã com certeza eu volto para fechar.A funcionária franziu o cenho:— Tudo bem, amanhã a gente vê. Mas se alguém fechar antes, aí não tem o que fazer.Paula hesitou:— Então, deixa eu só fazer uma ligação, pode ser?— Claro.Paula saiu da área VIP, encontrou um canto mais afastado e, antes de ligar, ainda deu uma olhada em volta para garantir que Júlia e Camila não estivessem escutando. Só depois disso, apertou o número.Ela disse imediatamente:— Oi, pai! Sou eu! Hoje vim aqui na Vila Verde ver uma casa para você e a mãe… Sim, é aquele condomínio famoso, está bombando! Eu e Henrique já vimos tudo, o lugar é ótimo… Sim, está bem concorrido! Que tal vocês virem hoje mesmo para assinar o contrato? Assim fica garantido.O plano de Paula era claro.O apartamento onde mora agora não é ruim, mas comparado à Vila Verde, não chega nem perto.Se os pais querem trocar de casa, ela já pensou em convencê-los a comprar esse apartamento ma
Pensando nisso, Paula não pôde evitar sentir um certo desconforto.Os três irmãos Ferreira tinham destinos bem diferentes. O mais velho, Gustavo, vivia de maneira invejável. Ele já era um grande empresário, e a vida dele e da sua família já estava em outro nível, distante de pessoas comuns como eles.Em seguida, vinha a sua própria família. Embora Henrique não fosse tão bem-sucedido quanto Gustavo, ainda assim, estavam em uma posição relativamente confortável.Graças às conexões dos seus pais, ele conseguiu o cargo de gerente em uma empresa de inspeção, um trabalho tranquilo, com um salário anual de cerca de 300 mil reais.Ela mesma tinha um emprego estável na Companhia Elétrica, e agora até Carla havia conseguido um lugar lá. No geral, formavam uma família de classe média alta, sem grandes preocupações financeiras.Por último, a situação de Gustavo e sua família era a mais precária. Mesmo tendo se formado na renomada Universidade Q, ele acabou voltando para sua cidade e assumindo o ca