O pedido de Cedric não era necessário. Pela segurança de ambos os amigos, Tristan daria a sua vida se necessário fosse, mas achou melhor não declarar isso e somente aceitou a missão.
Tranquilo, certo que Tristan cuidaria de Selene, Cedric, foi em direção aos guardas esperando-o, subiu em seu cavalo e assobiou antes de sair em disparada para fora da muralha improvisada. Tristan viu um vulto negro sair da cabana e cortar o céu atrás dos cavaleiros e seu rei.
Com passos rápidos voltou para a cabana, disposto a cumprir a palavra dada a Cedric.
Ao entrar encontrou Selene parada na janela aberta, os olhos azulados fixos no céu, o rosto triste como esteve antes de chegarem ali.
— Até mesmo Aodh não ficou comigo — Selene disse ao fitá-lo com tristeza. — Pensei que ele o deixaria comigo, como fez ao abandonar o palácio, mas Cedric o lev
Do lado de fora gritos se ergueram. De várias idades e sexos.Ignorando a dor, Tristan puxou Selene para o canto, longe das duas empregadas, se colocando a frente dela e puxando sua espada para protegê-la do perigo dentro da cabana. Embora tivesse perdido muito de sua magia por culpa da maldição, a lâmina de sua espada absorvia qualquer elemento e o devolvia com o dobro da força. Um presente de Ayala para que continuasse a exercer suas funções na muralha e como capitão da guarda real.Pelo modo com a outra empregada se escondeu, trêmula atrás do cobertor que arrumava segundos antes, percebeu que a única oferecendo perigo era a transformada em um enorme lobo de pelagem verde, a fera que atacou Selene dentro da muralha do palácio.— Hury, abra a porta — a fera mandou com o olhar tenebroso preso em Tristan. — Temos uma entrega a fazer.— Fique onde está ou será acusada de traição junto dessa criatura — Tristan alertou a empregada que olhava apavorada de um para o outro. — Zirah, se chega
Caído no chão, arrasado, braços e pernas pesando como chumbo, à vista embaçada vendo as luzes criadas por magias lançadas por ambos os lados iluminarem as paredes, Tristan ouviu os sons da batalha fora da cabana.Juntando o máximo de forças e determinação, moveu os braços, arrastando-se no chão frio, as feridas doendo como brasa, aumentando a fraqueza e os tremores por seu corpo.Aos poucos o veneno perdeu a eficácia e conseguiu se sentar desajeitadamente próximo ao buraco feito pelo orc na madeira. Um relance do exterior mostrou que os soldados de Cedric tinham vantagem e vários monstros estavam mortos e outros tantos fugiam. Mas nada disso era importante quando a vida de Selene estava em perigo.Puxou sua bolsa, pendurada no alto próximo a porta, e caçou com a única mão que se movia sem rigidez um pergaminho de invocaç&ati
Cedric observou o sol se pôr lentamente no horizonte, tingindo o céu de tons alaranjados e dourados. O anoitecer sempre trazia consigo a inquietação nos últimos dias, com o perigo de outra guerra entre reinos, mas naquele dia, a preocupação com Selene em seu coração. Ele sabia que ela estava em perigo, nas mãos de inimigos desconhecidos, e sentia-se impotente diante da situação.Decidido a tomar uma atitude, Cedric foi atrás de Tristan. O amigo era a única pessoa que poderia ajudá-lo naquele momento.Seguiu até a cabana em que o deixaram, encontrando o amigo ainda desacordado, ainda sob os efeitos do veneno que lhe haviam dado antes de sequestrarem Selene. Estava aos cuidados de Flyn, aprendiz de Ayala, que tentava amenizar as feridas da maldição. A lava, apagada desde a chegada de Selene em Eszter, agora se arrastava pelos vergões por tod
Exaurido, pouco sobrou de magia no centro elementar de Cedric e Aodh seria inútil por pelo menos meia hora. Aguardar sua magia ou as forças do corvo retornar estava fora de questão.Andando devagar para dentro da caverna, com a mão fracamente pousada em sua espada, decidiu que utilizaria até o útil resquício de magia, energia e inteligência para resgatar Selene em segurança.Ainda tinha sua espada e um truque a sua disposição. Só precisava chegar até Selene sem ser morto pelos infelizes que planejava decapitar em breve.~*~Quando a Selene acordou, com a cabeça rodando e a visão turva, piscou diversas vezes confusa, a mente buscando razões para estar em um chão úmido e frio.Então vieram as lembranças. Seu reencontro com Cedric; a partida dele logo em seguida; o território sendo invadido; a empregada deix
— Ei, Darfen! Não mate a garota agora, precisamos dela viva para atrair o rei corvo — a mulher de cabelo verde indicou se sentando em uma grande pedra no canto. — Deixe que ele arranque um pouco da carne dela para comermos, Eriz — o orc pediu degustando a própria carne como se não fosse nada demais. — Tô com fome e não podemos sair pra caçar com todos esses soldados do corvo nos arredores — comentou olhando para o braço sentindo o estômago insatisfeito. Só tinha concordado em usá-lo como alimento por não poder colocá-lo de volta e estarem cercados, impossibilitando pegarem algo para comer. Infelizmente o esconderijo só tinha rocha e a passagem que ocultaram com folhas e galhos para mescla-lo a vegetação do exterior. — O rei corvo matou meu irmão, serei justo em devolver o favor — a criatura aranha disse par Selene com o ódio cortando suas feições e voz. Sabendo que o rei corvo que a criatura se referia se tratava de Cedric, Selene orou mentalmente para que o marido a achasse logo,
O tempo se arrastava devagar dentro da caverna, tanto para Selene largada no chão, quanto para as criaturas vigiando-a, que estavam ficando impacientes com a demora de Cedric em aparecer. Mesmo tendo colocado vegetação para ocultar a entrada do esconderijo, sabiam por informações dadas por pessoas de Eszter que Cedric tinha formas de encontrar inimigos mesmo que usassem artifícios para se esconder. Mas para isso ele teria de gastar muita energia e magia, fato que dava aos inimigos vantagem. Imaginaram que em breve teriam o rei corvo aparecendo na caverna, exigindo a esposa de volta e sendo capturado por cometer tamanho erro em julga-los despreparados para sua chegada. — Argh! Estou enfadado e com fome — o orc disse alto, a mão se apertando na barriga que em concordância rugia. — Esse rei corvo não vai chegar nunca? Sentado ao seu lado, girando uma faca no chão, o integrante esquelético também resmungou pela longa espera. — Se quer saber, Narin, acho que talvez nem venha. — Fitou Se
Aodh, o corvo real, em sua forma humanoide tinha penas negras o cobrindo por completo, asas majestosas, longos braços com garras afiadas, bico alongado que ameaçava os inimigos que impedia de se aproximarem de Cedric e Selene. A jovem, surpresa ao vê-lo assim, não pôde conter o espanto. — Aodh?! É você? Como...? — Sim, é o Aodh. Estamos aqui para te resgatar — Cedric confirmou aproximando-se dela e brandindo a espada para quebrar as correntes prendendo-a as rochas da caverna. — Vamos embora daqui. Contente em vê-los e ansiosa em se libertada dos grilhões, Selene se ergueu pronta para fugir daquele lugar horrível. Porém, Narin e Darfen avançaram contra eles. O drider indo contra Aodh e o orc atacando Cedric com a enorme maça. — Fique atrás de nós, Selene — Cedric comandou usando a espada para bloquear o ataque, pronto para proteger a esposa a qualquer custo. — Enfim terei minha desforra — Darfen cuspiu as palavras carregadas de veneno. Sabendo que foi o corvo a matar seu irmão na
Mesmo sentindo o gosto metálico e desagradável de sangue, Selene só soltou Eriz quando ouviu o grito agudo retumbar em seus ouvidos e a cobra, contorcendo-se de dor, libertar seu corpo do aperto. Aproveitando a recente libertação, Selene correu até Aodh, pegando o corvo desfalecido em seus braços antes de se juntar a Cedric. Seu o coração apertou-se por ver a tez bronzeada de Cedric pálida, lutando para se manter consciente. Aodh, em seus braços, tinha a respiração rarefeita. Olhou angustiada ao redor, buscando alguma forma de ajudá-los, sem achar uma escapatória. Conseguiria fugir com Aodh, mas carregar Cedric, maior e musculoso em relação a ela, seria impossível. Narin, o orc, e Darfen, o drider, observaram a situação momentaneamente silenciados, paralisados pela surpresa com a ousadia da princesa em morder a demônio da água. Eriz voltou a sua forma humana. Os longos cabelos verdes caindo em cascata ao redor de seu rosto pálido e contorcido de dor. Esfregou o pescoço onde Selene