Caído no chão, arrasado, braços e pernas pesando como chumbo, à vista embaçada vendo as luzes criadas por magias lançadas por ambos os lados iluminarem as paredes, Tristan ouviu os sons da batalha fora da cabana.
Juntando o máximo de forças e determinação, moveu os braços, arrastando-se no chão frio, as feridas doendo como brasa, aumentando a fraqueza e os tremores por seu corpo.
Aos poucos o veneno perdeu a eficácia e conseguiu se sentar desajeitadamente próximo ao buraco feito pelo orc na madeira. Um relance do exterior mostrou que os soldados de Cedric tinham vantagem e vários monstros estavam mortos e outros tantos fugiam. Mas nada disso era importante quando a vida de Selene estava em perigo.
Puxou sua bolsa, pendurada no alto próximo a porta, e caçou com a única mão que se movia sem rigidez um pergaminho de invocaç&ati
Cedric observou o sol se pôr lentamente no horizonte, tingindo o céu de tons alaranjados e dourados. O anoitecer sempre trazia consigo a inquietação nos últimos dias, com o perigo de outra guerra entre reinos, mas naquele dia, a preocupação com Selene em seu coração. Ele sabia que ela estava em perigo, nas mãos de inimigos desconhecidos, e sentia-se impotente diante da situação.Decidido a tomar uma atitude, Cedric foi atrás de Tristan. O amigo era a única pessoa que poderia ajudá-lo naquele momento.Seguiu até a cabana em que o deixaram, encontrando o amigo ainda desacordado, ainda sob os efeitos do veneno que lhe haviam dado antes de sequestrarem Selene. Estava aos cuidados de Flyn, aprendiz de Ayala, que tentava amenizar as feridas da maldição. A lava, apagada desde a chegada de Selene em Eszter, agora se arrastava pelos vergões por tod
Exaurido, pouco sobrou de magia no centro elementar de Cedric e Aodh seria inútil por pelo menos meia hora. Aguardar sua magia ou as forças do corvo retornar estava fora de questão.Andando devagar para dentro da caverna, com a mão fracamente pousada em sua espada, decidiu que utilizaria até o útil resquício de magia, energia e inteligência para resgatar Selene em segurança.Ainda tinha sua espada e um truque a sua disposição. Só precisava chegar até Selene sem ser morto pelos infelizes que planejava decapitar em breve.~*~Quando a Selene acordou, com a cabeça rodando e a visão turva, piscou diversas vezes confusa, a mente buscando razões para estar em um chão úmido e frio.Então vieram as lembranças. Seu reencontro com Cedric; a partida dele logo em seguida; o território sendo invadido; a empregada deix
— Ei, Darfen! Não mate a garota agora, precisamos dela viva para atrair o rei corvo — a mulher de cabelo verde indicou se sentando em uma grande pedra no canto. — Deixe que ele arranque um pouco da carne dela para comermos, Eriz — o orc pediu degustando a própria carne como se não fosse nada demais. — Tô com fome e não podemos sair pra caçar com todos esses soldados do corvo nos arredores — comentou olhando para o braço sentindo o estômago insatisfeito. Só tinha concordado em usá-lo como alimento por não poder colocá-lo de volta e estarem cercados, impossibilitando pegarem algo para comer. Infelizmente o esconderijo só tinha rocha e a passagem que ocultaram com folhas e galhos para mescla-lo a vegetação do exterior. — O rei corvo matou meu irmão, serei justo em devolver o favor — a criatura aranha disse par Selene com o ódio cortando suas feições e voz. Sabendo que o rei corvo que a criatura se referia se tratava de Cedric, Selene orou mentalmente para que o marido a achasse logo,
O tempo se arrastava devagar dentro da caverna, tanto para Selene largada no chão, quanto para as criaturas vigiando-a, que estavam ficando impacientes com a demora de Cedric em aparecer. Mesmo tendo colocado vegetação para ocultar a entrada do esconderijo, sabiam por informações dadas por pessoas de Eszter que Cedric tinha formas de encontrar inimigos mesmo que usassem artifícios para se esconder. Mas para isso ele teria de gastar muita energia e magia, fato que dava aos inimigos vantagem. Imaginaram que em breve teriam o rei corvo aparecendo na caverna, exigindo a esposa de volta e sendo capturado por cometer tamanho erro em julga-los despreparados para sua chegada. — Argh! Estou enfadado e com fome — o orc disse alto, a mão se apertando na barriga que em concordância rugia. — Esse rei corvo não vai chegar nunca? Sentado ao seu lado, girando uma faca no chão, o integrante esquelético também resmungou pela longa espera. — Se quer saber, Narin, acho que talvez nem venha. — Fitou Se
Aodh, o corvo real, em sua forma humanoide tinha penas negras o cobrindo por completo, asas majestosas, longos braços com garras afiadas, bico alongado que ameaçava os inimigos que impedia de se aproximarem de Cedric e Selene. A jovem, surpresa ao vê-lo assim, não pôde conter o espanto. — Aodh?! É você? Como...? — Sim, é o Aodh. Estamos aqui para te resgatar — Cedric confirmou aproximando-se dela e brandindo a espada para quebrar as correntes prendendo-a as rochas da caverna. — Vamos embora daqui. Contente em vê-los e ansiosa em se libertada dos grilhões, Selene se ergueu pronta para fugir daquele lugar horrível. Porém, Narin e Darfen avançaram contra eles. O drider indo contra Aodh e o orc atacando Cedric com a enorme maça. — Fique atrás de nós, Selene — Cedric comandou usando a espada para bloquear o ataque, pronto para proteger a esposa a qualquer custo. — Enfim terei minha desforra — Darfen cuspiu as palavras carregadas de veneno. Sabendo que foi o corvo a matar seu irmão na
Mesmo sentindo o gosto metálico e desagradável de sangue, Selene só soltou Eriz quando ouviu o grito agudo retumbar em seus ouvidos e a cobra, contorcendo-se de dor, libertar seu corpo do aperto. Aproveitando a recente libertação, Selene correu até Aodh, pegando o corvo desfalecido em seus braços antes de se juntar a Cedric. Seu o coração apertou-se por ver a tez bronzeada de Cedric pálida, lutando para se manter consciente. Aodh, em seus braços, tinha a respiração rarefeita. Olhou angustiada ao redor, buscando alguma forma de ajudá-los, sem achar uma escapatória. Conseguiria fugir com Aodh, mas carregar Cedric, maior e musculoso em relação a ela, seria impossível. Narin, o orc, e Darfen, o drider, observaram a situação momentaneamente silenciados, paralisados pela surpresa com a ousadia da princesa em morder a demônio da água. Eriz voltou a sua forma humana. Os longos cabelos verdes caindo em cascata ao redor de seu rosto pálido e contorcido de dor. Esfregou o pescoço onde Selene
Tendo o corpo curado e renovado pela magia transferida de Selene para si, foi à vez de o Cedric revidar o ataque feito pelos inimigos, correndo em direção as duas criaturas restantes. — Vou matar todos vocês, criaturas perversas — urrou com a espada flamejante em mãos. O orc e a demônio da água levaram segundos preciosos em meio à confusão ao ter o inimigo, até então exaurido e sem magia, de repente se encher de energia, força e sede de retaliação premente em seus olhos, corpo e alma. Em um instante, Cedric avançou contra o orc, sentindo nele uma fraqueza maior, por estar sem braço e ter esquecido a maça no chão enquanto dava seus pulinhos em comemoração à desgraça do Rei Corvo, ao cair vencido pelo truque de Eriz. Era tão bom que orcs e outras criaturas do mal fossem tão burras, era fácil vencê-las por causa disso. Só precisava ter um pouco de sede de vingança, força e o mínimo de inteligência para superá-los mesmo em quantidade inferior, Cedric concluiu desferindo um golpe mortal
Cedric olhou para o portal que se fechava lentamente, levando consigo Eriz, a troca-formas. Segurou a vontade de seguir a criatura junto de Aodh. Poderia persegui-la, acabar com isso de uma vez por todas, mas, ao fazer isso, arriscaria deixar Selene desprotegida depois de tudo que passou. Aodh voltou a sua forma original, pousando no ombro dele, parecendo entender a angústia do rei e o motivo de permanecer somente observando o portal se dissipar. ― Ela escapou... Não vai atrás dela? ― A voz de Selene soou carregada de preocupação. Cedric negou movimentando a cabeça. — A troca-formas não é a ameaça verdadeira ao nosso redor — comentou analisando os corpos dos inimigos derrotados, antes de fitar Selene e estender sua mão. Ao ter a pequena mão junto a sua, a puxou em um abraço apertado, o corpo se juntando ao dela, sentindo seus corações batendo um contra o outro. Aliviado por ter conseguindo libertá-la daquela situação aflitiva, de ficar nas mãos dos inimigos de Eszter – que deduzi