"Essa jornada, sem dúvida, é difícil, mas não importa o quanto, estou disposta a tentar. Eu acredito que posso conseguir!" Eu pensei na mente.

Ouvi Mariana se gabando para alguém.

— Ah, por favor, Rodrigo é superestimado. Na verdade, ele não entende nada, é só um bobão com pincéis.

— Vamos ser sinceros, se ele não tivesse participado de tantos concursos, se não tivesse nome, se não fosse bonito, quem iria querer sair com ele?

Uma colega comentou: — Ah, Mariana, até para se gabar tem que ser realista. Ele é um gênio, acha que ele te nota? Ele só está interessado porque você é a cara da escola, é só um passa-tempo.

Mariana deu uma risada: — Vocês estão com inveja. Mesmo que ele seja um gênio, posso facilmente conquistá-lo.

— Querem prova de que ele não está de brincadeira comigo? Só esperar para ver.

A colega disse: — Ouvi dizer que ele vai participar de um concurso internacional de pintura. Se você é tão boa, por que não impede ele de ir?

Eu estava sentada ao lado dela.

E eu sabia que o primeiro lugar nesse concurso garantia uma vaga na prestigiada Academia de Belas Artes de Florença.

Eu sabia o quanto esse concurso significava para Rodrigo e quanto ele havia se dedicado a isso.

Sem minha intervenção, tudo aconteceu como na vida passada.

Na vida passada, eu sabia que Mariana estava apenas brincando com Rodrigo.

Tentei várias vezes alertá-lo, mas ele sempre achava que eu estava tentando causar problemas entre eles.

Então, hesitei muito, mas acabei contando aos pais dele.

Devido à intervenção dos pais, houve um grande alvoroço.

Ele foi forçado a terminar com Mariana.

Rodrigo, vigiado pela mãe, foi ao concurso, mas devido ao seu estado emocional, perdeu o primeiro lugar.

Logo depois, os pais o enviaram para o exterior.

Ele me culpou por muitos anos.

Tanto que não hesitou em me destruir.

De uma forma tão cruel.

Quando me recuperei dos pensamentos, Mariana já estava bem na minha frente.

Ela colocou o braço no meu ombro: — Yolanda, você não vai contar, né?

Baixei a cabeça, folheando o livro, e prometi seriamente: — Fique tranquila, eu não ouvi nada.

Na vida passada, Rodrigo me ensinou uma lição valiosa.

Abandonar o impulso de ajudar e respeitar o destino dos outros.

Encontrei Rodrigo na porta da minha casa.

Era a primeira vez que o via após renascer.

Ao lembrar do que ele fez comigo na vida passada, minhas mãos suaram frio.

Tentei segurar o enjoo e olhei para baixo.

Latas de bebida estavam espalhadas no chão e, em sua mão, ele segurava uma cerveja inacabada.

Quando me viu, ele se levantou rapidamente, olhos vermelhos, e agarrou meus ombros.

— Yolanda, você não é colega de Mariana? Por favor, me ajuda a falar com ela, ela quer terminar.

— Eu não posso perder ela, se ela não gosta que eu pinte, eu paro. Diga a ela, por favor, você pode dizer por mim?

— Estou desesperado, amo ela, não posso perdê-la, por ela, desisto de tudo.

Olhei silenciosamente para o jovem à minha frente, desarrumado e cheirando a álcool.

Ele não tinha mais o brilho de antes.

Ele já não era o mesmo que eu lembrava.

Suas mãos sempre foram bem cuidadas, ele as valorizava muito.

Ele dizia que agradecia ao destino por ter mãos capazes de criar obras de arte.

Ele apreciava o processo de dar forma a paisagens ou pessoas com suas mãos.

Agora, suas mãos cuidadas estavam sujas de terra, e ele nem percebia.

Nos olhos dele, ninguém era mais importante que Mariana.

Eu não pude evitar balançar a cabeça.

Aquela paixão platônica só existe na memória, nem mesmo a pessoa real pode sustentá-la.

— Yolanda, por que você não diz nada? Você vai me ajudar, não é?

Olhando para o olhar esperançoso de Rodrigo, peguei meu celular e liguei para Mariana.

Claro que vou ajudar. Como não iria?

Senão, como eu veria essa comédia de erros se desenrolar?

— Mariana, o Rodrigo está caído na porta da minha casa, gritando seu nome. Você pode vir aqui?

Rodrigo ficou atento ao celular, sem ousar respirar fundo.

Mariana soltou uma risada sarcástica e perguntou: — E o que eu tenho a ver com ele estar caído na sua porta, Yolanda? Você deve estar falando com a pessoa errada.

O rosto de Rodrigo foi ficando pálido pouco a pouco.

Esses dois não podem terminar assim, então tentei apaziguar.

— Mariana, vocês brigaram? Não é comum casais terminarem por causa de uma briga só. Que tal ouvir o que o Rodrigo tem a dizer? Ou deixá-lo se desculpar?

Mariana deu uma risadinha: — Desculpar? Pelo quê? Se quer que eu continue com ele, pergunte se ele está disposto a fazer qualquer coisa por mim.

Eu já havia colocado no viva-voz, e Rodrigo, ao ouvir isso, imediatamente assentiu apressado.

— É verdade, Mariana, eu faria qualquer coisa por você. Desculpe, fui eu que errei, te deixei chateada.

Mariana parecia satisfeita: — Então tá bom, não vá participar da competição.

E, sem mais, desligou.

Rodrigo olhou perplexo para o meu celular.

Fiquei observando Rodrigo, curiosa para saber que escolha ele faria sem minha interferência desta vez.

Rodrigo ficou ali, imóvel, a cabeça baixa.

Eu sabia que entre amor e sonhos, ele teria que ponderar um pouco.

Depois de um tempo, ele levantou a cabeça com um sorriso amargo: — Yolanda, só desistindo da competição eu consigo provar o quanto ela é importante para mim?

Ele me perguntava, mas eu sabia que ele já tinha a resposta em seu coração.

Não disse mais nada. Na minha experiência anterior, aprendi a não me intrometer demais.

Observei seu semblante abatido desaparecer lentamente da minha visão.

Rodrigo, de fato, não participou da competição.

Porque ele machucou a mão.

Depois que Rodrigo saiu da minha casa, não sei o que aconteceu, mas ele apareceu com um grande arranhão nas costas da mão, que sangrava sempre que ele a movia.

Não pude deixar de aplaudir a força do amor, que o levou a se machucar para cumprir a promessa à namorada.

Milagrosamente, eles se reconciliaram.

Todo dia, os dois voltavam juntos da escola, de mãos dadas e felizes.

Rodrigo não tinha mais aquele olhar desanimado da outra noite, seus olhos agora cheios de ternura e devoção pela garota ao seu lado.

Naquele beco que tínhamos que passar para voltar para casa, Mariana dava uma longa tragada no cigarro e soltava a fumaça lentamente no rosto de Rodrigo.

Rodrigo, afetuoso, acariciava o cabelo de Mariana e a beijava profundamente.

Ele a abraçava pela cintura enquanto caminhavam para um cybercafé ali perto.

No cybercafé, um grupo de jovens o tratava com muito respeito. Rodrigo pegou o cigarro que lhe ofereceram e se juntou à conversa animada.

Balancei a cabeça e me afastei, decidida a ser apenas uma observadora.

Até que a mãe de Rodrigo, Ofélia, apareceu na nossa sala de aula.

Ofélia é uma famosa designer de vestidos de alta costura, sempre gentil e amável.

Na minha lembrança, ela nunca levantou a voz para ninguém, e sua presença transmitia uma sensação de felicidade.

A empresa de Wilson cresceu bastante, de modo que, na vida passada, quando Rodrigo assumiu a companhia, ele foi capaz de me empurrar para a cama de parceiros de negócios.

Rodrigo sempre teve excelentes notas nas matérias acadêmicas e, além disso, possuía um talento surpreendente para a pintura.

Ele era aquele garoto de quem os pais sempre falavam, "o filho dos outros".

Seus pais não o forçavam a se dedicar apenas aos estudos tradicionais; pelo contrário, apoiavam bastante o desenvolvimento de seus interesses e hobbies.

E Rodrigo não os decepcionou. Ao longo dos anos, conquistou uma infinidade de prêmios, grandes e pequenos.

Assim que se formasse no ensino médio, já teria em mãos a carta de aceitação de uma das universidades mais prestigiadas do exterior.

A competição atual era justamente o trampolim para a melhor escola de arte.

Rodrigo poderia ter tido uma vida brilhante, recebendo aplausos e flores sob os holofotes.

Mas foi ele mesmo quem escolheu deixar essas honras passarem, preferindo se juntar a Mariana na decadência.