Segunda Vida, Nova Vida!
Segunda Vida, Nova Vida!
Por: Sandra Marques
Capítulo 1
— Ei, me passa o contato do Rodrigo.

Mariana cutucou meu braço.

Na sala de aula, a sombra de um garoto se destacava pela janela.

Era Rodrigo, com 17 anos.

Eu voltei a mim, ofegante, com a mão no peito.

— O que houve?

Quem me cutucava era minha colega de classe, Mariana, que havia chegado há uma semana e já fora eleita a mais bonita da escola.

Na vida passada, ela também me abordou assim, confiante e atrevida: — Me passa o contato dele, em uma semana ele é meu.

Naquela época, achei que ela estava se gabando.

Mas naquela mesma noite, vi Mariana sentada na mesa, beijando Rodrigo.

A estátua de gesso que devia estar sobre a mesa caiu e se quebrou em pedaços.

Eu renasci!

Voltei para a época em que nada havia acontecido.

Minhas unhas se cravaram na palma da mão enquanto eu tentava controlar a voz trêmula.

— Tudo bem, vou te passar o contato dele.

Na vida anterior, não passei o contato e Mariana guardou rancor por muito tempo.

Depois de uma breve operação no celular, eu disse: — Pronto, preciso estudar agora, se não tiver mais nada, pode ir.

Mariana, enquanto adicionava o contato de Rodrigo, perguntou: — Estudar de novo? Não está curiosa por que quero conquistá-lo? Você não o ama em segredo?

Meu coração disparou.

Aos dezessete anos, cometi dois erros.

O primeiro foi amar Rodrigo em silêncio, sem coragem de confessar.

O segundo foi denunciar o romance dele com Mariana, o que o fez ser enviado para o exterior.

Por isso ele me odiou, por oito anos.

Ele destruiu minha vida para se vingar.

Lembrar daquela noite humilhante me dava vontade de vomitar.

— Não, você está enganada, nunca amei ele.

Levantei a cabeça, olhando nos olhos de Mariana com seriedade.

Mariana se surpreendeu com minha seriedade, mas logo esboçou um sorriso malicioso: — Assim fico tranquila, nem sabia como contar que estou saindo com Rodrigo, fiquei com receio de te magoar.

Na vida passada, Mariana também se gabou assim, reivindicando seu território.

Mariana era linda, com um corpo esbelto e pele impecável, suas feições brilhavam mesmo sem maquiagem.

Entre nós, alunos comuns, ela era a rosa mais vibrante.

Mariana era uma conquistadora, já havia namorado quase todos os garotos bonitos da escola.

Seu jeito era tão intenso quanto sua aparência.

Enquanto todos se preparavam para os exames, ela fumava, bebia, saía à noite e faltava às aulas, definitivamente não era o que se esperava de uma boa aluna.

Mas para pessoas disciplinadas, garotas como ela eram irresistíveis. Rodrigo estava entre elas.

Lembrei-me do meu último momento de vida anterior.

Agarrei a manga da camisa branca de Rodrigo: — Rodrigo, você não pode fazer isso comigo. Mesmo que me odeie, não deveria se vingar assim.

A manga caiu, revelando as cicatrizes eternas de queimaduras de cigarro e ferro de ondulação em meu braço.

Rodrigo me olhou de cima com desdém, soltando uma risada fria.

— O que você esperava? Se não fosse por você, Mariana não teria se casado com outro, nem morrido em uma clínica clandestina.

— Você a matou, e ainda tem a cara de pau de pedir para eu te poupar?

— Yolanda Machado, você é inacreditavelmente ingênua.

Sim, na vida passada, eu contei para os pais de Rodrigo, Wilson Dantas e Ofélia Zamith, sobre o namoro precoce dele com Mariana.

Rodrigo foi forçado a ir para o exterior, enquanto Mariana, por causa do relacionamento, não foi bem na prova de admissão artística.

Não demorou muito para que ela começasse a sair com um rapaz que adorava motocicletas.

Acabou engravidando antes do casamento, e seu namorado fugiu, deixando-a sem suporte dos pais.

Sem alternativas, Mariana recorreu a uma clínica clandestina para fazer um aborto, mas não sobreviveu à cirurgia.

Rodrigo sempre achou que, se eu não tivesse contado para os seus pais naquela época, ele não teria saído do país.

E Mariana não teria morrido.

Tudo isso foi causado por mim.

Eu sorri e desejei a ela: — Que ótimo, desejo que vocês tenham um amor duradouro e feliz.

Mariana me olhou surpresa, mas não disse nada.

Os dias foram passando, e Rodrigo e Mariana continuavam seu romance em segredo.

Como qualquer casal, eles matavam aula para ir ao cinema, furavam as orelhas para usar brincos extravagantes, e se beijavam na roda-gigante.

Pilotavam motocicletas a toda velocidade pelas ruas.

Mariana trouxe para a vida de Rodrigo experiências que ele nunca tinha vivido antes.

Eles eram livres, como se não fossem estudantes, talvez até esquecessem que ainda eram.

Eu observava tudo de longe, sem me intrometer.

Não seria tola de novo a ponto de contar a Wilson e Ofélia sobre eles.

Eu estava focada em me preparar para o vestibular.

Na vida passada, influenciada por Rodrigo, escolhi estudar no mesmo colégio que ele e me tornei uma estudante de artes. Até já tinha decidido cursar a mesma faculdade que ele.

Eu segui seus passos, contente em ser sua sombra.

Mas agora tudo tinha mudado, decidi deixar de ser uma estudante de artes para me tornar uma estudante regular.

Iria prestar o vestibular e seguir meu próprio caminho.
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