Conseguia ver minha mulher sofrendo com antecipação, Alicia deveria estar curtindo o reconhecimento do seu trabalho, aproveitando a gravidez e fazendo planos para nós quatro. Mas ao invés disso estava se corroendo, pensando em todos os possíveis defeitos que sua mãe iria encontrar. Eu nem conhecia a mulher e já detestava, como um ser poderia ser tão cruel com uma criança? Colocando todo o tipo de merda na cabeça da filha, para que ela não se sentisse merecedora de amor, e porque? Porque a filha não tinha o corpo que ela queria.Levei Alicia para fora do box e envolvi seu corpo com a toalha. Minha mulher merecia ser venerada e era isso o que eu ia fazer essa noite, ia adorar o seu corpo.Alicia não tinha vergonha do seu corpo, eu via isso na forma que se vestia, não se importando em usar decotes ou roupas curtas e na forma que transava, toda desinibida, sem querer se esconder. Não queria que começasse a ter pensamentos errados graças a megera da mãe.Segurei ela em meu colo e caminhei
Eu estava esparramada na cama, sem nenhuma vontade de me levantar e começar o dia. Depois da noite de ontem eu me sentia sem forças pra se quer levantar o braço. Jack tinha acabado comigo, de um jeito delicioso tinha que confessar.Era impossível não me apaixonar ainda mais por ele quando ele me tratava como uma princesa, todo carinho e cuidado, preocupação em me fazer sentir bem, e ontem foi mais uma prova disso.Me estiquei na cama, espreguiçando e sentindo meu corpo reclamar com preguiça.— Bom dia dorminhoca. — ouvi a voz grossa do homem e abri apenas um olho, para encontrá-lo parado na porta, usando apenas uma samba canção e segurando algo nas costas.— Bom dia lindo. — ergui meu tronco, me apoiando nos cotovelos. — O que está escondendo aí?Jack sorriu andando até a cama e se sentou ao meu lado antes de tirar as mãos das costas e me estender uma venda.Meu olhar confuso deve ter me entregado.— Confia em mim? — ele não precisava perguntar aquilo, a resposta era óbvia.— É claro
Um rosnado reverberou por meu corpo sem que eu pudesse me conter, a raiva se espalhando a cada nova palavra que aquela víbora soltava contra Alicia.O que Júlia disse ontem a noite era pura verdade, Verônica não queria perder e por isso jogava todas as suas frustrações, mágoas e medos sobre Alicia, a usando como saco de pancadas.Eu sabia que minha mulher era forte o suficiente, tinha aguentado todos esses anos com aquele ser demoníaco, mas isso acabava aqui.— Vou chamar a polícia...— Você nunca me deu nada, além de traumas. — Alicia falou retomando a voz e me cortando — Cansei de ser seu bode expiatório, se quiser ficar e tentar ser agradável é bem-vinda, mas se for continuar destilando seu veneno é melhor ir embora.Ela encarava a filha com espanto, eu teria gargalhado se não estivesse fervendo de ódio.Antes mesmo que aquela mulher pudesse dizer mais alguma coisa, Júlia gritou o nome de Verônica enquanto pisava duro atravessando o quintal.— Escuta aqui sua megera, eu aturei suas
Por incrível que pareça eu não tinha surtado após a ida da minha mãe, tinha se passado uma semana e sim eu fiquei triste e chorei, pois sabia que ela nunca tinha me amado e a única pessoa responsável por isso era ela mesma. Ela havia escolhido me detestar desde o dia em que descobriu que estava grávida e nada a fez mudar isso.Mas eu não vou negar que ainda tinha esperança de que um dia ela olhasse para trás e visse tudo com outros olhos.Júlia me explicou porque ela ficou gritando aquelas loucuras sobre Levi, ela tinha entrado na casa sem avisar, usando a chave que minha amiga insistia em deixar de baixo do tapete, e viu Levi sem camisa, mostrando todas as suas cicatrizes e foi por isso que minha amiga veio atrás dela.Eu não a culpo por vir tirar satisfação ou por bater na minha mãe, Deus sabe que se ela fosse qualquer outra pessoa por quem eu não nutrisse nenhum sentimento, já teria dito poucas e boas. Júlia sempre foi estourada, nunca teve papas nas línguas e o pavio dela é mais
Acordei sentindo como se meu corpo pesasse uma tonelada, meus olhos estavam pesados, as pálpebras pareciam grudadas. Era por isso que eu odiava tomar aquela droga de remédio, me sentia destruído no dia seguinte.Porra! As lembranças do dia anterior enchem minha mente naquele instante e eu me arrependi de estar ali. Deveria ter ido embora, fugido para qualquer lugar, quando Sean conseguiu com que Alicia saísse daqui.Precisei fazer um esforço descomunal para me sentar na cama, mas agora todo meu corpo pesado, provavelmente por ter dormido de mais, nem era minha maior preocupação e sim as perguntas que eu teria de responder.Estava remoendo como faria para continuar mantendo Isabella em segredo, quando o som de risadas me alcançou. Não era algo longe, na rua ou em outra casa por perto, vinha do andar de baixo.Me levantei curioso com a euforia das gargalhadas, não esperei por mais e sai para o corredor.Eu conhecia aquele som, era Alicia rindo em completa felicidade e tranquilidade. Mas
Eu estava sedenta para entrar no quarto, pegar aqueles papéis e ler até descobrir o que tinha acontecido com Isabella, pois eu tinha certeza que encontraria as respostas para a reação de Jack. Sean tinha me impedido de fazer isso no dia anterior, ele insistiu que eu deveria esperar ele acordar e conversarmos. E esse foi o único motivo para eu n fazer isso antes. Mas assim que os dois saíram eu vi a oportunidade perfeita. Estava na cara que Jack não ia falar nada, ele estava fugindo do assunto novamente então nada mais justo! Entrei no quarto intocado e comecei a vasculhar. Queria muito que Júlia estivesse aqui para fazermos essa loucura juntas outra vez. Mas ela não estava aqui e eu precisava fazer isso agora, descobrir o que tinha por trás de tudo. Fui direto na caixa procurando por um atestado de óbito, ou qualquer coisa que me dissesse o que poderia ter acontecido a ela. Até que me deparei com um bolo de papel grampeado, e que fora amassado e rasgado em várias partes. Pra Jac
Alicia tinha entrado na casa ao lado e trancado a porta, eu fiquei ali tentando assimilar como chegamos aquilo, como chegamos aquele fim.Não foi o que eu imaginei para nós, meu sonho com ela e os bebês ainda estava vivo, marcado em mim como um lembrete do que eu queria. Mas eu não consegui impedir que ela fosse embora, não consegui impedir que ela me deixasse.— Então é isso? Acabou? Você não vai atrás dela? Não vai lutar por ela?— Sean perguntou quebrando aquele silêncio incomodo. — Jack, responde porra!— Agora não, Sean. — minha voz soou fraca e derrotada, era exatamente assim que eu me sentia.— Agora não? E quando vai ser a hora? Você deixou ela ir, Alicia está com raiva e magoada, mas ela te ama. Jack, você só tem que concertar as coisas.Me afastei dele e deixei que meu corpo caísse no sofá, porque sabia que era verdade, eu só precisava concertar as merdas que deixei que nós afastassem, eu tinha que limpar a bagunça.Seria hipócrita da minha parte dizer que Alicia era culpada
Eu chorei por um longo tempo sozinha dentro daquela casa, queria que ele fosse até lá, que lutasse por nós, mesmo depois de tudo o que falei eu queria que ele viesse atrás de mim.E por mais ridículo que possa parecer eu corri desesperada para a porta quando bateram. Meu coração batia desparado no peito, na esperança de que fosse ele, mas ao invés disso me deparei com Sean.— Ele não vem, não é? — minha voz soou tão triste, até mesmo para os meus ouvidos.— Por hora não, gata. — eu murchei assim que as palavras me atingiram. — Mas ele me mandou entregar isso.Ele me estendeu um envelope amarelo e eu encarei o papel confusa.Jack não iria escrever uma carta, aquilo não fazia sentido quando estávamos apenas há alguns metros um do outro.— Nem vem Sean, você não pode escrever cartas e fingir ser outra pessoa só porque está querendo nos ver juntos.— Por mais que eu adore ver vocês dois juntos e ache que são almas gêmeas, eu não escreveria uma carta nem em um bilhão de anos. — semicerrei