— Você sabe que eu te amo, não sabe? — Paulo me olhou com um sorriso doce nos lábios, o mesmo sorriso que tinha me ganhado quando nos conhecemos. — Eu também te amo. — abracei seu corpo, aconchegando a cabeça no seu peito. — Quero te fazer um pedido, sobre a gravidez. — esperei que ele continuasse a falar. — O que acha de adiarmos por alguns anos essa ideia e agora vamos focar em nós? Me sentei apressada, querendo entender o que ele tinha dito de verdade, porque ele não podia estar falando sério. — O que você está falando? Não tem como adiar a “ideia” quando eu já estou grávida de dois meses! — Você pode fazer um aborto querida. Sabe quantos planos eu tinha para nós? Temos tanto que viajar, tanta coisa pra fazer, essa não é a hora de ter um bebê. — Não é a hora? Não é a hora? Devia ter pensado nisso antes de transarmos sem camisinha quando eu estava tomando aqueles antibióticos e te avisei que o anticoncepcional não funcionaria! Eu avisei e você falou o que Paulo? Você disse qu
Sabe aquelas decisões que marcam nossas vidas para sempre? Eu tinha tomado uma dessas, precisei largar meu marido e ir morar com minha melhor amiga em uma cidadezinha perdida no mapa. Estava começando a acreditar que o amor não era para mim, meu segundo casamento e estava acabado assim como o primeiro. Bruno foi meu primeiro amor, namoramos na escola, ele foi meu primeiro homem e nos casamos assim que acabei o ensino médio. Mas as coisas ficaram ruins, rápido de mais. Depois de alguns anos eu conheci Paulo, mais novo que eu e me fez cair de amores por ele rapidamente, não nos desgrudávamos, o homem era maravilhoso em todas as áreas da vida. Mas quando descobri a gravidez alguns meses atrás ele surtou, disse que não estava pronto para ser pai e que tinha outros planos para nós dois, me implorou que eu fizesse um aborto e quando me neguei ele alertou que não estaria lá para cumprir seu papel. Eu tinha deixado meu emprego como paisagista, entrado na merda da ideia dele de ficar em ca
O sol já estava alto quando levantei da cama, fiz meu ritual habitual, banho, momento de contemplação, café e oficina. Eu já tinha acostumado com meus dias sendo sempre iguais, eu fazia as mesmas coisas e não tinha do que reclamar, minha vida era calma finalmente e eu estava feliz com isso. Mas hoje quando sai de casa e soltei uma gracinha, jurando que a mulher que vi de relance no quintal vizinho era Julia, meu mundo foi abalado. Os cabelos castanhos, ondulados, brilhavam ao sol, assim como seus olhos claros, isso me fez perder um minuto observando ela, que parecia até mesmo uma miragem. Julia tinha me dito que uma amiga viria morar com ela por esses dias, mas tinha esquecido de mencionar que a mulher era terrivelmente gata. A pele branca marcada pelas sardas em evidência, principalmente quando ela ficou irritada com meu comentário. Agora quando a mulher se virou completamente em minha direção foi realmente covardia, não sei se encarei mais sua comissão de frente ou de trás, porqu
Eu deitei querendo dormir como pedra aquela noite, mas não pude negar que meus pensamentos ficaram vagando para o vizinho safado dela. Jack era lindo, mas não era isso que chamava minha atenção, ele tinha uma áurea de mistério, algo muito bem escondido. Aquelas tatuagens que se perdiam onde começava sua jaqueta, mas que de certa forma eu sabia que havia uma infinidade delas debaixo de suas roupas. Meu corpo se esquentava apenas em pensar em como deveria ser o corpo dele pelado e repleto de desenhos, padrões e cores. Mas me repreendi por isso, não devia ficar fantasiando com homens a essa altura da vida, foi por causa disso que acabei onde estou hoje, grávida, desempregada e sozinha. A única coisa que eu não me arrependia era de ter meu filho, sempre sonhei em ser mãe e nenhum macho babaca me tiraria o prazer disso. Continuei com os pensamentos incessantes, parecia que a madrugada era o melhor horário para se pensar sobre a vida e os problemas, porque eu simplesmente não conseguia d
Eu deveria me afastar, deveria ter feito o que falei para Julia e me manter distante, apenas cuidando dela de longe. Mas ali estava eu, com a mão estendida esperando que ela aceitasse meu convite para almoçar. Alicia parecia relutar, um briga interna acontecia, dava para notar pelo seu olhar. Mas o lado perverso dela deve ter ganhado, porque ela deslizou a mão delicada e macia sobre a minha e eu senti uma corrente atingir meu corpo. Seus olhos se arregalaram levemente e isso me deu a confirmação de que não fui o único a sentir, ela começou a recuar com a mão, mas fui mais rápido e segurei firme em seus dedos. Ela não ia escapar tão fácil assim. — Vem, vamos almoçar. — fiz minha melhor expressão de quem não sabia o que estava acontecendo e a puxei comigo. O restaurante Casa di Nonna era o melhor daqui, eu torcia para que Alicia gostasse de comida italiana. Andamos em silêncio até o fim da rua e eu apontei o lugar para que ela entrasse na frente, depois que escolhemos uma mesa eu p
As coisas estavam ficando cada dia mais complicadas, eu precisava começar a fazer o pré-natal e não tinha um convenio mais, o dinheiro estava quase acabando e não tinha nem ideia de quando poderia arrumar um emprego. Isso sem falar do vizinho irritantemente sexy, que agora perturbava meus sonhos. Jack não tinha se contentado em ser apenas o vizinho safado, agora habitava em meus sonhos. Meu único refúgio, o lugar onde eu podia esquecer toda essa bagunça da minha vida, era na internet, estava criando o habito de postar coisas do meu dia a dia no instagram, não era nada agitado, mas de uma forma estranha eu estava ganhando seguidores. Como aquilo me mantinha longe de pensar besteiras eu estava unindo o útil ao agradável. Mas eu precisava reagir, estava na hora de fazer algo e retomar as rédeas da minha vida. Começando por achar um hospital. Julia tinha levado o carro para o trabalho, então eu decidi andar até o centro novamente, apenas com o GPS me mostrando o caminho até lá. Eu se
A última coisa que imaginei quando levantei da cama essa manhã, era que aquela beleza de mulher entraria na minha oficina hoje, pior ainda que eu iria estar em um hospital, esperando com ela a consulta com a ginecologista. Mas ali estava eu, sentado na sala de espera gelada, com aquele cheiro horroroso de hospital que me dava calafrios. Sempre odiei hospitais, mas não ia deixá-la ir sozinha em uma consulta tão importante. Julia com certeza não sabia o que a amiga tinha ido fazer sozinha, do contrário teria mandado Levi se foder e faltado ao trabalho. A atendente foi gentil, mas isso não era novidade em Santa Maria. Aparentemente a ginecologista estava com horário vago hoje e ela conseguiu encaixá-la, era bom que eu estivesse aqui, do contrário Alicia estaria fazendo sua primeira consulta sozinha. Após alguns minutos de espera finalmente nos levaram para a sala, ela conversou com a doutora, falou tudo sobre como descobriu a gestação, respondeu a uma série de perguntas, algumas um t
Eu ainda estava em estado de choque, gêmeos era a última noticia que eu esperava receber a essa altura do campeonato. Se meu estado de mãe solteira, desempregada e sem um tostão no bolso, já era preocupante para um filho, imagine agora que descobri que são dois. Julia estava tentando me fazer ver pelo lado bom e eu agradecia a ela, tinha certeza que Jack havia ligado pra ela assim que chegamos em casa, era a única explicação para ela ter chegado ali tão rápido. — Vai ser tudo em dobro, o que significa que a felicidade também vai! Ela estava tentando me ajudar, mas eu só conseguia ver pelo lado racional da coisa, eu não tinha dinheiro para suprir os gastos de gêmeos. — Eu só estou preocupada com tudo, você sabe o quanto uma criança gasta. — murmurei tentando não começar a fazer as contas na minha cabeça. — Nós vamos dar um jeito, prometo. — ela segurou minhas mãos, me confortando. Não era justo com ela, não era justo que Julia me sustentasse, já era um grande favor o que estava f