O sol já estava alto quando levantei da cama, fiz meu ritual habitual, banho, momento de contemplação, café e oficina. Eu já tinha acostumado com meus dias sendo sempre iguais, eu fazia as mesmas coisas e não tinha do que reclamar, minha vida era calma finalmente e eu estava feliz com isso.
Mas hoje quando sai de casa e soltei uma gracinha, jurando que a mulher que vi de relance no quintal vizinho era Julia, meu mundo foi abalado. Os cabelos castanhos, ondulados, brilhavam ao sol, assim como seus olhos claros, isso me fez perder um minuto observando ela, que parecia até mesmo uma miragem.
Julia tinha me dito que uma amiga viria morar com ela por esses dias, mas tinha esquecido de mencionar que a mulher era terrivelmente gata. A pele branca marcada pelas sardas em evidência, principalmente quando ela ficou irritada com meu comentário.
Agora quando a mulher se virou completamente em minha direção foi realmente covardia, não sei se encarei mais sua comissão de frente ou de trás, porque ela era um furacão para desestabilizar qualquer homem. Os seios fartos, assim como a bunda redonda e empinada. Não consegui evitar secá-la com os olhos e desejar ver ela como veio ao mundo.
— Alicia. — testei seu nome em meus lábios e gostei do som dele. Peguei meu celular no bolso da jaqueta, assim que me aproximei da moto. — Posso saber porque não disse que sua amiga era uma gata? — enviei um áudio para Julia e sai em disparada pelas ruas tranquilas e calmas.
A única coisa que tinha sobrado da minha antiga vida, era aquela Harley-Davidson que eu estava montado. De resto tudo na minha vida havia mudado drasticamente, desde que eu a perdi...
O som do meu celular tocando, avisando que eu tinha uma nova mensagem, calou meus pensamentos assim que eu alcancei a oficina.
Tinha comprado aquele lugar assim que cheguei a cidade e tinha sido a melhor coisa que tinha feito na minha vida. Quando minhas lembranças eram dolorosas de mais ou sufocantes a ponto de não me deixar dormir, eu me refugiava ali.
Julia: fique longe dela seu safado, já foi assustar minha amiga com suas baixarias. Porque ela me mandou mensagem perguntando se eu estava transando com você. Já estou puta que não consegui ficar em casa com ela hoje, vou matar Levi por me fazer trabalhar hoje.
O áudio dela era caótico, dava para sentir sua raiva, assim como ouvir os animais da fazenda ao fundo.
Levi era o dono do lugar e desde que Julia foi trabalhar lá os dois não se bicavam, o homem precisava dela mais do que tudo, mas não a elogiava nem que sua vida dependesse disso. Já tinha dito a ele que qualquer dia ela o largaria e arrumaria outro emprego, mas como aquela era uma das poucas fazendas de criação de cavalos por ali e a que pagava melhor, ele não acreditava em minhas palavras.
Jack: já vi que não vai sair para dançar hoje a noite, não é? Levi te ama, por isso não fica um dia sem você. Se quiser posso ir fazer companhia pra sua amiga.
Julia: esse velhote babaca ainda vai morrer, apenas com a força do meu pensamento. Vamos sair se Alicia estiver com vontade e não, você não pode fazer companhia a ela. Te conheço bem e ela está grávida e fugindo de homens.
Grávida? Eu engoli em seco e sacudi a cabeça, nem toda bunda do mundo me faria me envolver com uma mulher grávida. Estava fora de cogitação me envolver sério com outra pessoa, nunca mais iria abrir meu coração novamente.
Eu gosto de sexo casual e podia apostar que era tudo o que ela não queria agora, com toda certeza Alicia tinha muita coisa na cabeça agora.
Jack: não está mais aqui quem falou. Nos vemos a noite.
Deixei o celular de lado e abri a oficina, o dia hoje seria como todos os outros, muito trabalho pela frente para manter a cabeça ocupada e os pensamentos tristes longe. Eu gostava de ficar ali a maior parte do tempo, isso me mantinha longe de problemas.
Já passava das sete quando decidi dar por encerrado o dia e voltei para casa, estava sujo de óleo de carro e tinha graxas nas mãos, mas aquilo me trazia um sentimento bom.
Estacionei na entrada de casa e desci da moto, Julia chegou no mesmo minuto e pela forma como jogou o carro de qualquer jeito no meio fio, eu podia dizer que estava muito irritada.
— Longo dia? — questionei dando meu melhor sorriso para acalmá-la, mas isso não surtiu efeito hoje.
— Eu juro que não aguento mais, estou a um passo de surtar com Levi e mandá-lo se foder! — ela bateu a porta e pisou duro para dentro do quintal. — Quem ele pensa que é para me manter até essa hora, de um sábado, que era minha folga! Aquele filho da puta mimado.
— Estou começando a achar que você tem sentimentos por ele, querida.
— Sentimentos? Sim, ódio, raiva, revolta, desejo de matar. — ela numerou cada um na mão enquanto gritava. — Acredita que ele me fez ficar lá até agora, monitorando o manga larga novo que ele comprou, sendo que qualquer um poderia ter feito isso. A porra do cavalo não tinha nada!
— Mas ele queria a melhor pessoa lá, para o caso de algo acontecer...
— Não venha defender ele! — ela interrompeu meu deboche e não teve como não rir, mas a porta abriu me chamando a atenção.
— Vocês estão querendo acordar a vizinhança toda? Porque acabaram de me acordar com essa gritaria.
Alicia estava parada na porta, com a cara amassada de sono, ela usava uma calça de moletom e uma blusa por cima, ainda sim não conseguia parar de encará-la e pensar nas coisas mais erradas possíveis.
— A vizinhança já está acostumada com a bagunça quando ele chega, aquela moto barulhenta não deixa ninguém em paz.
— Mas bem que você gostou de montar nela. — falei com um sorriso sacana, mesmo que estivesse falando com Julia, meus olhos continuaram focados em sua amiga.
Vi o exato momento que Alicia desviou o olhar para onde a moto estava estacionada e suspirou, então olhou para mim e revirou os olhos entrando de uma vez e me presenteando com a visão de sua bunda, marcada no moletom.
— Tem um pouco de baba na sua barba. — Julia provocou vendo que eu ainda olhava para onde a amiga tinha seguido. — Já vi que vou ter que te comprar um babador.
Me limitei a erguer o dedo do meio para ela e entrar em casa, afinal não conseguiria negar, a mulher era feita para mexer com a cabeça de um homem.
Tomei um longo banho antes de jantar, quando subi para o quarto torcia para que a noite fosse longa e que meus fantasmas me dessem uma folga. Era exaustivo fugir deles, não só durante o dia, como a noite também. Mas eu sabia que fugir era melhor do que encarar, já tinha feito isso uma vez e o lugar escuro e triste que fui parar não quero voltar nunca mais.
Nem ao menos acendi as luzes, apenas me arrastei em direção as janelas, para fechá-las e poder deitar de vez, mas a imagem que eu vi me paralisou.
Na janela do andar superior da casa de Julia, eu vi a sombra de uma mulher através da cortina, as luzes acesas lá me davam o vislumbre de tudo, aquele não era o quarto da minha vizinha e a silhueta da mulher com corpão não deixava duvidas sobre quem era.
Alice arrancou a blusa por cima da cabeça e os seios balançaram com o movimento, a imagem dos mamilos empinados me fizeram salivar, mesmo que só pelo contorno, e eu me debrucei no parapeito querendo ver mais. Ela se abaixou, descendo a calça e eu fiquei duro com a sombra perfeita desenhando seu corpo curvilíneo.
— Porra! — resmunguei quando ela se debruçou pegando a calça no chão e deixando os seios pendurados e o bumbum para o alto.
Não consegui evitar de fantasiar em tomá-la por trás naquela posição. Julia estava certa, eu ia precisar de um babador se aquela seria minha nova visão de todas as noites.
Eu deitei querendo dormir como pedra aquela noite, mas não pude negar que meus pensamentos ficaram vagando para o vizinho safado dela. Jack era lindo, mas não era isso que chamava minha atenção, ele tinha uma áurea de mistério, algo muito bem escondido. Aquelas tatuagens que se perdiam onde começava sua jaqueta, mas que de certa forma eu sabia que havia uma infinidade delas debaixo de suas roupas. Meu corpo se esquentava apenas em pensar em como deveria ser o corpo dele pelado e repleto de desenhos, padrões e cores. Mas me repreendi por isso, não devia ficar fantasiando com homens a essa altura da vida, foi por causa disso que acabei onde estou hoje, grávida, desempregada e sozinha. A única coisa que eu não me arrependia era de ter meu filho, sempre sonhei em ser mãe e nenhum macho babaca me tiraria o prazer disso. Continuei com os pensamentos incessantes, parecia que a madrugada era o melhor horário para se pensar sobre a vida e os problemas, porque eu simplesmente não conseguia d
Eu deveria me afastar, deveria ter feito o que falei para Julia e me manter distante, apenas cuidando dela de longe. Mas ali estava eu, com a mão estendida esperando que ela aceitasse meu convite para almoçar. Alicia parecia relutar, um briga interna acontecia, dava para notar pelo seu olhar. Mas o lado perverso dela deve ter ganhado, porque ela deslizou a mão delicada e macia sobre a minha e eu senti uma corrente atingir meu corpo. Seus olhos se arregalaram levemente e isso me deu a confirmação de que não fui o único a sentir, ela começou a recuar com a mão, mas fui mais rápido e segurei firme em seus dedos. Ela não ia escapar tão fácil assim. — Vem, vamos almoçar. — fiz minha melhor expressão de quem não sabia o que estava acontecendo e a puxei comigo. O restaurante Casa di Nonna era o melhor daqui, eu torcia para que Alicia gostasse de comida italiana. Andamos em silêncio até o fim da rua e eu apontei o lugar para que ela entrasse na frente, depois que escolhemos uma mesa eu p
As coisas estavam ficando cada dia mais complicadas, eu precisava começar a fazer o pré-natal e não tinha um convenio mais, o dinheiro estava quase acabando e não tinha nem ideia de quando poderia arrumar um emprego. Isso sem falar do vizinho irritantemente sexy, que agora perturbava meus sonhos. Jack não tinha se contentado em ser apenas o vizinho safado, agora habitava em meus sonhos. Meu único refúgio, o lugar onde eu podia esquecer toda essa bagunça da minha vida, era na internet, estava criando o habito de postar coisas do meu dia a dia no instagram, não era nada agitado, mas de uma forma estranha eu estava ganhando seguidores. Como aquilo me mantinha longe de pensar besteiras eu estava unindo o útil ao agradável. Mas eu precisava reagir, estava na hora de fazer algo e retomar as rédeas da minha vida. Começando por achar um hospital. Julia tinha levado o carro para o trabalho, então eu decidi andar até o centro novamente, apenas com o GPS me mostrando o caminho até lá. Eu se
A última coisa que imaginei quando levantei da cama essa manhã, era que aquela beleza de mulher entraria na minha oficina hoje, pior ainda que eu iria estar em um hospital, esperando com ela a consulta com a ginecologista. Mas ali estava eu, sentado na sala de espera gelada, com aquele cheiro horroroso de hospital que me dava calafrios. Sempre odiei hospitais, mas não ia deixá-la ir sozinha em uma consulta tão importante. Julia com certeza não sabia o que a amiga tinha ido fazer sozinha, do contrário teria mandado Levi se foder e faltado ao trabalho. A atendente foi gentil, mas isso não era novidade em Santa Maria. Aparentemente a ginecologista estava com horário vago hoje e ela conseguiu encaixá-la, era bom que eu estivesse aqui, do contrário Alicia estaria fazendo sua primeira consulta sozinha. Após alguns minutos de espera finalmente nos levaram para a sala, ela conversou com a doutora, falou tudo sobre como descobriu a gestação, respondeu a uma série de perguntas, algumas um t
Eu ainda estava em estado de choque, gêmeos era a última noticia que eu esperava receber a essa altura do campeonato. Se meu estado de mãe solteira, desempregada e sem um tostão no bolso, já era preocupante para um filho, imagine agora que descobri que são dois. Julia estava tentando me fazer ver pelo lado bom e eu agradecia a ela, tinha certeza que Jack havia ligado pra ela assim que chegamos em casa, era a única explicação para ela ter chegado ali tão rápido. — Vai ser tudo em dobro, o que significa que a felicidade também vai! Ela estava tentando me ajudar, mas eu só conseguia ver pelo lado racional da coisa, eu não tinha dinheiro para suprir os gastos de gêmeos. — Eu só estou preocupada com tudo, você sabe o quanto uma criança gasta. — murmurei tentando não começar a fazer as contas na minha cabeça. — Nós vamos dar um jeito, prometo. — ela segurou minhas mãos, me confortando. Não era justo com ela, não era justo que Julia me sustentasse, já era um grande favor o que estava f
Eu nem podia crer que tinha realmente falado aquilo a ela, se Julia tivesse escutado provavelmente teria pedido minha cabeça, mas eu não pude esconder a verdade, ela já era uma tremenda gostosa e dançando com aquela roupa colada, não me ajudou a ser discreto.— Senhor Jack, é melhor parar com isso, ou vou acabar acreditando nas suas palavras e achar que realmente que me levar para sua casa.Alicia estava com os cabelos bagunçados, a pele brilhava depois de toda a dança na pista, não sei como, mas ela estava ainda mais tentadora.— E quem disse que não estou falando sério? Pensei ter deixado claro o quanto te achei linda desde que chegou aqui.Eu deveria parar, levar aquele flerte na brincadeira poderia ser bom por hora, mas não me impedia de ter uma ereção dolorida quando voltasse para casa.— Haha, muito engraçado. — ela debochou, mas eu vi em seus olhos a fagulha do desejo. — Não sei se esqueceu do que viu essa manhã, mas estou carregando gêmeos.— Não, não esqueci de nada. Se engan
A luz que entrava por minha janela me dizia que o sol já tinha raiado, mas eu ainda não tinha nem pregado os olhos.Depois que cheguei do bar com Julia, me joguei na cama, jurando que conseguiria dormir e não pensar em nada, mas não tive sorte.Precisei levantar e tomar um banho e ainda sim eu conseguia sentir o cheiro do perfume dele em mim.Jack tinha ferrado com a minha cabeça, falando aquelas coisas, eu sei que tinha pedido para saber o que faria comigo, mas é aquele ditado: a curiosidade matou o gato. No meu caso a curiosidade me impediu de dormir a noite, me revirei no colchão o tempo todo.Como se para me lembrar de que a minha insônia estava na casa ao lado, o ronco do seu motor ganhou vida na rua. Peguei meu celular na mesinha de cabeceira e vi a hora, eram quase nove, com certeza era a hora dele sair para trabalhar.Foi aí que tive a ideia mais louca de toda a minha vida, cliquei no seu nome e liguei. A chamada tocou duas vezes, antes que ele atendesse.— Desculpa se te acor
Estava travado no meio do meu quarto, ainda tentando assimilar tudo o que tinha acabado de acontecer ali, Alicia tinha mesmo me levado até ali para que eu a assistisse se masturbando? Quando vi sua ligação achei que ela gritaria comigo, por estar incomodando seu sono com o ronco do motor. Mas quando disse que eu deveria subir até meu quarto, um frio perpassou por meu corpo com a mínima ideia de que ela estivesse passando mal. Porem foi só encarar a janela aberta e focar naquele corpo delicioso, completamente nu, para que o frio fosse substituído por fogo liquido. A mulher era uma deusa e melhor do que eu havia imaginado ou sonhado. Os seios fartos e deliciosos que eu já tinha visto, estavam apontando com aqueles mamilos rosa para mim, me fazendo desejar ir até lá chupá-los até que estivessem vermelhos e ela implorando por mais. Seu quadril largo me dava uma boa ideia de como deveria ser aquela bunda e eu quase pedi que ela ficasse de quatro pra mim, mas teria sido mais do que podi