Cinco anos depois
A prova não estava difícil. Embora eu não tivesse certeza de todas as respostas, creio que tenha acertado grande parte. Fui a penúltima a deixar a sala e entregar a folha com o gabarito.
Assim que saí pela porta, Francis me esperava do lado de fora.
- Achei que você nunca mais fosse sair. – ele disse, me oferecendo uma caixa com chicletes.
- Não... – recusei, observando que enquanto passávamos, todas as mulheres, independente da idade, ficavam olhando para ele.
- Achou fácil a prova?
- Não estava difícil. E o que você achou?
- Acho que vou ser um bom “advogato” futuramente.
- Daqueles nada convencidos? – ironizei.
- O que um advogado e uma bióloga tem em comum? – ele perguntou, empurrando meu corpo com o dele.
- Isso é uma piada?
- Claro que não. Eu achei que você responderia “uma amizade eterna”.
- Me poupe, Francis. – revirei meus olhos. – A propósito, você veio com os braços de fora só para chamar a atenção?
- Você não costumava ser tão chata, Vi.
- É que eu estou com muita fome. Isso me deixa irritada e você sabe.
- Vamos comer algo antes de ir embora.
- Sabe que não gosto de comer na rua...
Assim que deixamos o portão da universidade de Noriah, tinha um carrinho móvel de cachorro-quente. Francis foi até lá e pediu um. Cruzei meus braços enquanto ele saía dando uma mordida gigantesca no pão.
- Isso é para me fazer passar vontade? Você é cruel, Francis.
- Quer um pedaço? – ele colocou perto da minha boca enquanto seguíamos caminhando.
- Não.
- Então me olhe comer.
Segui ao lado dele enquanto íamos até o carro. Ele abriu a mochila e retirou duas maçãs de dentro, me entregando.
- Você trouxe isso para mim? – dei uma mordida com vontade, chegando a sentir água na boca.
- Na verdade era uma pra mim e a outra pra você, pois imaginei que poderia ter fome e não traria nada.
- Ah, Francis, você é um encanto de amigo. Eu já disse que te amo hoje?
- Ainda não...
- Eu te amo hoje.
Ele acionou o alarme, abrindo a porta do carro e jogando a mochila para dentro. Sentei ao lado dele e respirei fundo:
- E se eu passar e não vir para a faculdade?
- Pelo menos tentou. – ele ligou o carro, pegando a outra maçã da minha mão.
- Ainda está com fome? Comeu o cachorro-quente em menos de cinco minutos.
- Estou em fase de crescimento.
Comecei a gargalhar ironicamente:
- A sua fase de crescimento deve ter passado a no mínimo uns cinco anos atrás.
- Não brinca! Chata.
Havíamos feito a prova do vestibular. Eu para Biologia e ele para Direito. A diferença é que a família de Francis sabia que ele estava ali naquele momento, certamente torcendo por ele. Enquanto eu estava escondida. Se minha mãe sonhasse que eu estava fazendo aquilo, literalmente me mataria, depois de me torturar em praça pública.
Michelle Miller, minha mãe, não queria que eu perdesse tempo estudando. Conforme fui terminando o Ensino Médio, achei que fosse passar esta ideia dela de que eu nasci para ser modelo ou algo do tipo. Mas não. Ela seguia focada nisto. Além de exigir que eu recebesse a coroa de rainha do baile anual de Primavera todos os anos.
A faculdade implicava estudar longe da minha cidade e me preocupar com outras coisas a não ser futilidades diárias como exercícios, corridas, cuidar da pele, do corpo, do cabelo... Ainda assim Francis insistiu para mim pelo menos tentar. Acabei ouvindo-o e vindo fazer a prova do vestibular escondida.
- Pensando na sua mãe? – ele perguntou.
Assenti com a minha cabeça:
- Como sabe?
- Você fica com o olhar distante.
- Jura?
- Sim. Quando eu for advogado vou processar a sua mãe.
Comecei a rir:
- Por quê? Vai alegar qual motivo?
- Privação de direitos.
- Existe isso?
- Vou ver com meu pai... Mas se não tiver, vou criar para Michelle Miller.
- Isso não vai durar para sempre, Francis.
- Claro que não. Acaba quando ela morrer... Ou você.
- Não seja tão dramático, Francis.
- E Michelle é contraditória. Diariamente lembra você que não pode se relacionar comigo, mas ao mesmo tempo não quer que você saia de Primavera para conhecer outras pessoas. Às vezes tenho a impressão que se ela pudesse, guardava você numa caixinha só para ela.
- Ou no fim, vai sobrar só você para casar comigo, querido Francis Provost. – ri.
- Eu não tenho intenção de sair de Primavera. Minha vida é boa por lá. Então posso fazer o favor de casar com você... Daqui há uns quinze anos. Antes disto, nem pensar.
- Até lá eu já estarei velha e cheia de rugas.
- Se ainda estiver sob o teto da sua mãe, continuará plastificada e sem uma ruga sequer.
- Quanta crueldade com sua melhor amiga. Além do mais, eu não me casaria com você. Quem quereria viver o resto da vida com um homem que “comeu” todas as mulheres da cidade?
- Pensa no lado positivo: não será traída. – ele riu. – Já conheço todas as vaginas de Primavera.
- Não conhece a minha. – me exibi, orgulhosa.
- Isso é um convite?
Dei um tapa no braço dele, que estalou. Ele reclamou, gemendo. Acabei alisando a pele tatuada, arrependida.
- B**e e depois se arrepende?
- Francis, falando em conhecer todas as vaginas, eu não quero que você fique com Dothy.
Ele suspirou:
- Vi, eu amo você... Juro. Mas você não pode tentar me manipular desta maneira.
- Francis, ela tentou me matar.
- Isso faz quase dez anos, Vi. E ela não tentou matar você. Ela lhe deu um pedaço de bolo e tinha leite na composição. Mas talvez ela não esteja mentindo quando alega que não sabia.
- Francis, eu não acredito que você está protegendo Dorothy Falco, a mulher mais odiada de Primavera.
- Em primeiro lugar, eu não estou protegendo Dorothy: só estou dizendo que você pode estar enganada. Em segundo lugar, a mulher mais odiada de Primavera é sua mãe, Michelle Miller. Em terceiro lugar, só você odeia Dothy.
- Você não odeia Dothy? – perguntei, fingindo decepção.
- Eu quero dormir com ela.
- Você já fez isso. Não precisa repetir.
- Ela ficou mil vezes mais gostosa depois. E ela me quer, querida. Então, infelizmente, você não vai poder me impedir.
- E se eu nunca mais falar com você?
- Não somos mais crianças para você me ameaçar, Virgínia. – ele garantiu. – Não me importo.
Suspirei e disse:
- Combinamos que eu não transaria com Douglas, nem você com ela.
- Não “combinamos”. Você combinou sozinha e decidiu por nós dois.
- Francis, você não tem este direito.
- De dormir com quem eu quiser? – ele me olhou, sarcástico.
- De dormir com Dothy.
- “Você” tem problemas com Dothy. Não eu.
- Mas somos amigos...
- Bem falado, somos amigos. Não somos casados.
- Ok, você vai lá, dorme com Dothy e pronto, acabou.
- Eu não disse que iria namorar ou casar com ela. Disse?
- Não.
- Então, qual seu problema?
- Eu odeio ela.
- Não seja infantil, Vi. Você já passou da idade.
- Ok, então nada mais me impede de ficar com o irmão dela.
- Não mesmo. Quer ficar com Douglas, fique. Este acordo de não sairmos com os Falco não existe mais. Combinamos isso quando éramos adolescentes ainda.
Assenti com minha cabeça, furiosa. Sim, eu odiava Dorothy Falco, desde sempre. Motivo: ela tentou me matar, dando um bolo com leite na composição. Ela sempre jurou que não sabia que havia leite, mas nunca acreditei nela. Não nos suportamos, mesmo antes do episódio do bolo e de eu ter parado no hospital.
Mas tinha Douglas Falco, o irmão mais velho de Dorothy. E ele era simplesmente perfeito.
Quando estávamos no Ensino Fundamental, ele estava no Médio e sempre arrancou suspiros de toda Primavera... Depois de Francis, claro. A diferença é que Francis já havia dormido com todo mundo e Douglas era bem mais seletivo.
Eu sabia que ele era interessado em mim, pelos olhares que me lançava. E costumávamos correr nos mesmos horários e com o tempo passamos a nos cumprimentarmos. Mas nunca passou disto.
Apesar de eu ser despachada e decidida, não era muito boa em começar uma conversa com um homem que me interessasse. Eu raramente dava o primeiro passo. Fazia sempre o jogo de flerte, com olhares, gestos, sorrisos, mas dizer abertamente meu interesse, não.
Com Douglas não foi diferente. Não abri precedente para mais de um cumprimento e ele não foi adiante. Se ele tivesse puxado assunto, talvez já teríamos ficado juntos, pois era suficiente para eu sair com ele.
Eu havia ficado com alguns garotos de Primavera na adolescência. E vários de outras cidades também, nos concursos nas proximidades, que minha mãe costumava me inscrever. Embora ela sempre me “empurrasse” descaradamente para os que ela achava que tinham maior poder aquisitivo, às vezes eu conseguia me livrar dela e dar uns beijos em garotos que eu não conhecia e nem queria nada além daquele lance de beijar a passar a mão, sem compromisso.
Perdi a virgindade aos dezesseis anos, com um conhecido da escola. Eu não gostava dele, mas o achava bonito e interessante. Como meu círculo de amigos era pequeno, na verdade minúsculo: eu e Francis, Francis e eu; e o via fazendo sexo com todo mundo, achava que tinha que fazer aquilo também.
Francis me deu uma aula básica de como perder a virgindade e encheu minha bolsa de camisinhas. Odiei a minha primeira experiência sexual. Foi como beijar... Francis... Ou o mesmo que a palma da minha mão. Sem sal, sem gosto, sem tesão, sem nada.
Fui na casa do garoto e Francis ficou me esperando na rua até eu acabar. Sim, porque parece que eu só tinha ido até a casa dele perder a minha virgindade e voltar. E foi o que aconteceu. Uma única vez, dolorida, ardida, saiu sangue e foi decepcionante. Não tive tesão, não fiquei úmida e o membro dele entrou que parecia me rasgar ao meio. Além do fato de ele estar preocupado, com medo dos pais voltarem para casa e nos pegarem na cama. Então, nota zero para minha primeira vez. Orgasmo? O que era isso mesmo?
O garoto acabou indo embora de Primavera alguns anos depois e nunca mais o vi. Não era alguém que eu gostava de lembrar.
Depois disso, decidi que não transaria com ninguém sem realmente ter vontade ou tesão pela pessoa. Então houve mais quatro vezes, ou seja, quatro homens que me despertaram algum tipo de sentimento até aquele momento.
O fato de eu estar sempre com Francis me atrapalhava um pouco com os homens. Embora morássemos numa cidade pequena e praticamente todos se conhecessem, éramos populares dentre os demais, assim como Dothy e seu grupo.
Acabei me tornado um pouco seletiva com os homens, conforme fui crescendo, e isso fez com que eu conseguisse mais admiradores e fosse até motivo de apostas no Ensino Médio. Acho que já havia beijado mais da metade de Primavera... Um pouco na escola e o restante na praça pública, que era o local onde os jovens e reuniam nos finais de semana e algumas noites.
A questão é que os adolescentes cresceram, viraram adultos e continuaram na praça, como se fosse o nosso território. E os que foram crescendo tomaram outros espaços: o salão do baile anual e o lago, que na nossa época não usávamos por ser distante da área central da cidade. Os adolescentes hoje eram mais seguros quanto a isso.
Francis passou devagar pela praça e abaixou a cabeça, olhando para quem estava lá.
- Tivemos sorte, Vi. Douglas e Dothy estão com as amigas dela ali.
Ele estacionou o carro e eu escorei minha cabeça no banco.
- Douglas deixa você nervosa? – ele perguntou, seriamente.
- Um pouco. – confessei. – Eu sou interessada nele há um bom tempo. E ele nunca tentou nada comigo.
- Quer que eu ajude de alguma forma?
- Eu sei como seduzir um homem, Francis. – reclamei.
- Jura? Por que não o seduziu então? Disse que está interessada nele há um bom tempo.
- Então... Acho que não serve para ele minhas técnicas.
Francis riu e abriu a porta para mim, pelo lado de dentro:
- Vamos, sua chata. Hora de conquistar os Falco e aproveitar que meu pai emprestou o carro e levar Dothy para um bom motel.
- Ela não merece... Você vai ver. – desci do carro.
Francis acionou o alarme e pegou meus ombros, olhando nos meus olhos:
- Vi, eu já dormi com ela.
- Então por que precisa dormir de novo?
- Toda Primavera sabe que ela está interessada em mim, Vi.
- Você não precisa provar nada para ninguém, Francis. Então não precisa ficar com ela de novo.
Dorothy Falco era loira e tinha os cabelos passando dos ombros, mais claro que o tom mel. Os olhos eram azuis e ela sempre marcava eles com muito delineador preto. Acho que nunca a vi sem delineador ou máscara para cílios... Desde os doze anos, creio eu.Ela não era alta, mas também não servia para baixa. Eu era mais alta que ela. Era magra. E completamente antipática. O nariz era fino e ela nem havia feito procedimento estético, como eu. A boca era carnuda, sem botox, creio. Enfim, ela era natural... Se não toda, quase cem porcento.Suspirei. Todos na cidade sabiam que eu passava no cirurgião uma vez ao ano para “arrumar” qualquer coisa que não estivesse em harmonia no meu corpo eu face. A parte boa era que não jogavam isso na minha cara. Não sei se por medo da minha mãe ou de Francis. Enfim, na adolescência eu tive um certo preconceito contra mim mesma e cheguei a ficar retraída um tempo por vergonha, especialmente depois de ter colocado silicone aos dezesseis anos.Hoje, aos vinte
Nunca, na minha vida, eu vi um pau tão pequeno. Nem sabia que poderia existir. Completamente desproporcional ao tamanho daquele homem.- Tudo bem? – ele perguntou, sorrindo confiante.Coloquei a mão na minha cabeça e disse:- Deu uma pontada na minha cabeça...- Vou fazer você se curar. – ele sorriu, tentando ser sedutor, olhando para minhas partes íntimas parecendo querer me devorar.Caralho, estou na chuva, vou ter que me molhar. Não vou julgar pelo tamanho, pensei. Vai que ele saiba trabalhar bem com outros artifícios.Ele deitou-se sobre mim e voltou a me beijar. Tentei retirar minha camiseta, mas ele não deu brecha.Recebi sua língua sedenta enquanto as mãos dele foram para as minhas nádegas, alisando não de forma gentil e lenta, tampouco agressiva ou violenta. No meio termo, o que não me inspirava em nada.Comecei a alisar seu corpo musculoso e duro e quando vi, ele estava me penetrando. Eu nem tenho certeza se fiquei excitada a ponto de me lubrificar. Mas ao mesmo tempo o pau d
- Você sabe que eu não me apaixono. – ele garantiu.- Você sabe que um dia isso vai acontecer. – contestei.- E se for por Dothy? – ele riu, mostrando os dentes perfeitamente alinhados e brancos na boca com lábios na medida, nem grandes, nem pequenos.- Pode ser qualquer pessoa, menos Dothy.Ele balançou a cabeça e não falou nada. Deitei, sentindo o coração dele batendo. Francis era a pessoa que eu mais amava no mundo depois dos meus pais e meu irmão. Já cheguei a pensar que gostava mais dele do que de qualquer outra pessoa. Afinal, minha família não era nada fácil e cada um vivia sua vida de forma independente, mas obedecendo os preceitos e vontades da minha mãe, caso não quisessem ser massacrados.Mas Francis se preocupava comigo. Talvez porque a família dele se preocupava com ele. Tinha pais maravilhosos que o colocavam em primeiro lugar sempre.A camiseta dele estava amassada, e o pescoço tinha o cheiro de Dothy. Ela usou o mesmo perfume a vida toda, portanto, eu passava longe daq
Era exatamente sete horas da manhã quando minha mãe me tirou da cama, empurrando-me de um lado para o outro, aos gritos:- Acorde, Virgínia. Você precisa dormir oito horas por dia. Menos que isso dá olheiras e mais é tempo perdido.Levantei, sem reclamar, indo para o banho enquanto ela escolhia minha roupa. Enquanto me ensaboava e deixava a água fria me despertar completamente, ela se escorou na porta, cruzando os braços:- Até que horas ficou com Francis ontem?- Eu não vi Francis ontem. – falei a verdade. – Estive com Andréia. Aliás, vi Francis poucas vezes nesta semana. Ele tem estado ocupado.- Que bom que um de vocês dois se ocupa.- Ele trabalha... – contestei.- Com o pai, que não vale de nada.- E eu não trabalho... Porque você não deixa.- Não consegue conciliar horários trabalhando sem ser de modelo.Suspirei e desliguei o chuveiro, enxugando meu corpo.- Vamos provar seu vestido para o Baile de Primavera.- Mas... Eu nem o vi.- Já escolhi. Você só vai provar.- Mas...- Su
- Deveria ir, querida.- Eu nem devo ter passado, Irina. Não consegui estudar. Francis que fez a inscrição para mim, de última hora.- Mãe, ela está mentindo. Esta diabinha sempre foi boa aluna e todos sabemos disso.- Francis, não chame ela de diabinha. – Irina reclamou.- Mas todos a chamavam assim.- Eu era criança, Francis. – observei, revirando meus olhos.- Uma criança endiabrada. – Irina começou a rir. – Às vezes eu mentia que Francis não estava em casa para você não destruir tudo na minha casa.- Irina, você foi tão má assim comigo?- Um pouco, confesso. Além do mais, era um pouco possessiva com meu Francis.- Entendo, filho único.- Você não é filha única e sua mãe também é possessiva com você. – Francis observou.- Bem, Irina percebeu que eu não oferecia risco então passou a me amar. – mudei de assunto, tirando o foco da minha mãe.- Não mesmo. Percebi que não adiantava ir contra vocês dois. No fim, achei que vocês ficariam juntos mais cedo ou mais tarde e eu o perderia de u
Francis pegou meus pulsos, enquanto me empurrava para a parede:- Eu me importo com você, porra. Acho que você é a pessoa que eu mais me importo na vida.A mãe dele abriu a porta, nos deixando completamente imóveis.Irina ficou sem jeito e disse:- Eu devia ter batido antes, me desculpem. Mas achei que Francis estava sozinho.- Tudo bem, mãe. – ele largou meus pulsos.- Bom dia, Irina. – falei sorrindo sem graça.- Você chegou aqui hoje cedo ou dormiram juntos? – ela perguntou, confusa.- Mãe! – ele gritou.- Desculpem minha intromissão. – ela falou, fazendo menção de fechar a porta.Corri até ela e disse, impedindo-a de fechar:- Eu dormi aqui, sozinha. Francis chegou hoje de manhã. – expliquei.- Não, Francis não chegou hoje de manhã. Eu vi a hora que ele chegou. – ela explicou, com a sobrancelha arqueada.Olhei para Francis, que sorriu sarcasticamente, com os cabelos arrepiados e o corpo ainda molhado. Joguei um travesseiro na direção dele, com força. Ele abaixou e pegou na porta d
- Ok, Francis. Eu não preciso sair com vocês. Na verdade, “eu não vou” sair com vocês. Mas eu aceito o seu relacionamento com ela.- Não é um relacionamento, Vi.- Não... Claro que não. – ironizei. – Só me deixou sozinha para sair com ela, quando disse que iríamos estrear o seu carro novo.- Você não disse que estava na hora de eu mudar e encontrar alguém?- E você acabou de dizer que não estava se relacionando com ela. Mas ok, Francis. Estamos de bem e eu não quero falar dela.Ele entrou e deitou na minha cama, colocando as mãos para trás da cabeça, como costumava fazer.Sentei na frente do computador e abri a página da faculdade:- Vem aqui olhar uma coisa, Francis.Ele levantou e veio até mim, colocando a cabeça um pouco acima do meu ombro. Senti o cheiro de menta vindo da boca dele e o olhei seriamente:- Vai sair depois?- Por quê?- Está mascando chiclete de menta.- Não mesmo. – ele abriu a boca.- Mas mascou...- Sim, mas já joguei fora. – ele continuou lendo o que estava escr
- Mas havíamos combinado...- Virgínia precisa de mim agora. Amanhã eu falo com você.- Francis, se eu for embora nunca mais vou falar com você. – ela ameaçou.- Sinto muito. Não posso fazer nada se esta é a sua decisão.Ela virou as costas furiosa e saiu.- Francis, não precisa brigar com ela por minha causa. Estou bem, juro. – sorri, forçadamente.- Sim, está bem, só decidiu colocar um quimono sobre o pijama e vir chorar na praça. Ou seja, não podia chorar em casa.Eu não disse nada. Abaixei a cabeça.- Contou para ela?- Sim.- E ela fez um escândalo.- Sim.- E você desistiu.- Não foi só isso. Eu não tenho nem dinheiro para pagar a faculdade.- Eu posso ajudar você.- Francis, você é meu melhor amigo. Eu amo você. Mas jamais poderia aceitar isso.- Ela fará qualquer coisa pra impedir você.- Ela passou mal.- E você acreditou, Vi?Assenti, com a cabeça.- Eu não acredito! – ele passou as mãos nos cabelos e começou a andar pelo pergolado, nervosamente.- Francis, não foi invenção