Eu não conseguia conter meu sorriso bobo. Estava imensamente feliz. E via um Francis ansioso. Foram anos esperando por aquele momento... Quase uma vida inteira.Meu pai, lindamente vestido, beijou meu rosto e entregou minha mão à Francis, dizendo baixinho:- Faça nossa diabinha feliz, Francis.- Minha felicidade depende da dela, Yan... Sua preciosidade é também a minha... Não existe maior amor do que o que eu sinto pela sua filha.Senti uma lágrima rolando pelo meu rosto:- Francis, seu idiota, vai fazer eu acabar com a maquiagem antes mesmo de iniciar este casamento. – reclamei.Como se não fosse suficiente um beijo, meu pai deu outro, na mesma face que não havia beijado antes.Francis, quebrando os protocolos, como sempre, abaixou-se e beijou minha barriga antes de dar um beijo na minha testa. Ok, ele nunca havia beijado minha testa antes... Não que eu lembre.A cerimônia foi rápida, como pedimos. Era só um enlace oficial e mostrar ao mundo o quanto nos amávamos.Era difícil não me
Sim, aquela era a nossa música. E não poderia ser nenhuma outra a não ser ela. Uma música antiga, que quase ninguém escutava a não ser nos bailes de Primavera, mas que só nós dois sabíamos o quanto ela era importante para nós. E não só pela letra... Simplesmente porque um dia ela tocou em algum momento importante que estávamos juntos e quando percebemos, fazia parte do nosso mundinho de algodão doces, visitas noturnas entrando pela janela, baladas...Nossos corpos se encontram, afastados pela minha enorme barriga, que trazia nosso filho.- Me diga que está tudo bem... E que ela não lhe fez nada de ruim.- Ela não pode mais me fazer mal, Francis.- “Eu só quero usar seu amor esta noiteEu não quero perder seu amor esta noite.” – ele falou, me puxando o máximo que conseguiu para perto de si, cantando no meu ouvido.- Amo quando você canta para mim, Francis. – confessei.- Amo você, Vi.- É tão bom ouvir Your Love e não ser obrigada a dança-la porque é o baile de Primavera. – comecei a r
A pediatra disse:- Papai vem comigo. Vou pesá-lo, medi-lo enquanto você e os familiares poderão assistir a tudo. A mamãe agora vai se recuperar um pouco e logo estarão os três no quarto, juntinhos. – falou carinhosamente.Então vi meu filho sendo levado no colo de um papai completamente bobo, que não desgrudava o olhar dele um segundo. Sorri, imensamente feliz. Apesar do cansaço físico, eu não sentia mais dor. Porque a felicidade era tão intensa dentro de mim que não tinha espaço para nada ruim.Antes de sair na porta, Francis disse:- Amo você, Vi... Fica bem. Estaremos esperando-a... Nós dois.- Amo vocês. – falei emocionada ao adicionar um “s”.Ele saiu na porta e voltou:- Dom... Vem conosco?Dom riu:- Isto é ciúme?- Não acha que vou sair e deixá-lo com minha mulher, não é mesmo?Dom balançou a cabeça e foi com ele.Assim que não vi mais Francis e Francisco comecei a sentir dor.- Preciso de algo para dor. Sem eles ao meu lado eu não sou tão forte. – confessei.A doutora riu:-
- Eu... Trouxe isso. – Michelle me mostrou uma margarida na mão.- Eu... Não estava louca. Vi você... O que quer?- Vim lhe trazer uma flor. – ela disse, sem se aproximar.- Você quer me dar uma flor? – perguntei confusa. – Tem... Veneno nela? Leite?- Acha que eu faria isso?- Acho... Quer dizer, tenho certeza.Michelle olhou para os presentes que estavam em todos os lugares no quarto. Foi até a janela e abriu o vidro, jogando fora a flor.Fiquei olhando para ela, que disse com ar de deboche:- Por que quereria uma simples margarida, não é mesmo?Ela estava tão próxima que eu senti seu perfume. Um leve tremor tomou conta do meu corpo:- O que você quer aqui? Vá embora... Ou vou chamar a polícia.- O que eu fiz? Vai dizer o que para a Polícia?- Que... Você entrou sem permissão.- Eu sou sua mãe, Virgínia, quer você queira, quer não.- Nunca foi... Por que isso agora? Fale de uma vez o que quer de mim e suma daqui.- Quero ver a criança. – falou em tom autoritário.- Está louca? Você.
Francis estava atendendo alguns clientes na cidade vizinha naquele dia. E eu estava com projetos atrasados, o que já era comum. Estava disposta a termina-los de vez, mas Francisco estava muito agitado. Se não bastasse ele correndo pela casa, tinha os cachorros acompanhando com latidos. Na verdade, essa era a brincadeira favorita dele: corria enquanto as bolinhas de pelo tentavam pegá-lo.Certa de que não conseguiria fazer mais nada, convidei:- Francisco, o que acha de brincarmos na praça?- Sim, sim, sim... – ele foi pulando até o quarto, já separando algumas bonecas, carrinhos e vestindo sua roupa de super herói favorita.Ajudei-o a se vestir corretamente, já que havia colocado a parte das pernas nos braços e já estava ficando irritado. Logo entramos no carro, com as mãos cheias de sacolas com brinquedos.- Mamãe, coloca a nossa música. – ele pediu, assim que liguei o carro.Coloquei Your Love a tocar. Ele começou a cantar imediatamente. Logo me ouvi acompanhando-o. Sorri, ao vê-lo
- Marcelus... Por favor, deixe meu menino ir. – pedi, num fio de voz.- Por que eu faria isso, bela Virgínia? – ele riu. – Mas me mate uma curiosidade: ele é alérgico?Eu não disse nada. Ele pegou a arma e apontou para o chão:- Quer que eu mostre para o Francisco? Ou devo chamá-lo de Francis? Ei, Francis, este é seu apelido?- Não. – ele deu de ombros enquanto imitava a voz do boneco, fazendo-o voar em seus braços. – Francis é o meu pai. – fez voz de super herói.- Onde está Francis? - Marcelus perguntou. – Não acredito que ele vai perder o melhor da festa.- O que você quer, seu idiota? – Michelle perguntou.- Ela. – ele apontou a arma para mim. – Só isso. Poderia ver você... Afinal, quem fez a propaganda da boa moça foi a mamãe, não é mesmo?- Acha que vai sair impune desta vez? – ela perguntou.- Não... Não sou como você, Michelle. Você saiu impune. Eu paguei pelo que fiz. Perdi o direito de clinicar. Então... Adivinhem? Me mudei de país, para poder exercer minha profissão... Por
Entre uma troca de fralda no banheiro feminino e uma foda rápida no masculino, nossa música começou. Já estávamos completamente esgotados quando nossos corpos se encontraram na pista de dança.- Acho que ano que vem não vou dançar Your Love. – falei.- Por quê? – ele riu.- Porque não aguento mais esta música dia e noite. – comecei a rir também.- Quem diria que a nossa música seria a preferida dos nossos filhos?- Eu posso apostar que tudo isso é obra de Irina.- Ah, eu não tenho dúvidas. – ele me puxou, deixando a barriga entre nós.Olhei nos seus olhos e senti o mesmo amor de quando dançamos a mesma música dez anos atrás, obrigados por um testamento completamente absurdo. Alisei a nunca dele e disse:- Eu amo você, Francis gostosão.- Amo você, Vi gostosa... E mãe dos meus três meninos.Eu ri:- Você imaginava que um dia isso tudo aconteceria?- Que eu faria amor com você sim... Porque eu já fazia com as suas fotos.- Seu depravado... Tarado.- Mas confesso que fiquei com medo de
ALGUNS ANOS ANTESEu e Francis assistíamos televisão enquanto minha mãe preparava o jantar. Liam, meu irmão, estava conosco na sala, mas concentrado nos livros. Ele sempre era muito focado nos estudos. Minha mãe não deixava ser diferente. Ele era o garoto que ficaria rico estudando e sendo alguém na vida. Eu seria rica porque casaria com um homem milionário.Estava entrando uma brisa fria pela janela. Levantei e subi as escadas, indo até meu quarto e pegando uma coberta fina. Joguei sobre Francis, que abriu-a, nos cobrindo.Meus pais conversavam na cozinha, mas eu não prestava atenção. Estava fixa na série que eu mais amava, sendo exibida na televisão.Quando percebi, minha mãe puxou a coberta, me deixando com os joelhos para cima, enquanto minhas mãos o seguravam. Olhei-a confusa:- Eu estou com frio.- Nem pensar que vai ficar coberta junto de Francis.Francis olhou para minha mãe, arqueando a sobrancelha, confuso:- Não entendi.- Estou impedindo de antemão que tenha qualquer cont