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Se eu não tivesse você
Se eu não tivesse você
Por: Meg Roberts
Prólogo Preço do Amor

Prólogo

Cinco anos antes…

- Virgínia… - a mulher pálida, deitada na cama de hospital, disse com muita dificuldade – Eu confio meu bebê a você. - as lágrimas saíam incessantes dos olhos castanhos – Não o abandone, não o entregue à família do pai, por favor. Me prometa.

Angelina, sua querida irmã mais velha, tinha acabado de dar à luz a Diego. O menino nascera saudável, mas a mãe perdia sangue desde o momento em que a criança viera ao mundo, os médicos não conseguiam parar a hemorragia e era perceptível que sua irmã já estava sem forças, exausta.

Virgínia tentava conter as lágrimas e só desejava que a outra ficasse bem para cuidar do pequenino que acabara de nascer e dormia em seus braços.

- Irmã, calma. Você vai ficar bem. Olhe, Diego está bem. - ela mostrou o pacotinho azul para a irmã. O menino dormia calmamente, depois que as enfermeiras o higienizaram e empacotaram. – Nós três vamos ficar bem e viveremos felizes juntos, como uma família.

- Eu vou morrer, eu sinto. Eu não tenho mais muito tempo neste mundo, irmã. - a doente afirmou, sem deixar de chorar – Cuide do meu filho. Não deixe que os Romano saibam dele. Nunca. Ou então... eles levarão meu filho... eu não quero... por favor...

Angelina então fechou os olhos e os aparelhos ao seu lado soltaram apitos. As lágrimas que Virgínia represava saíram livremente, enquanto ela via duas enfermeiras entrarem correndo no quarto, a moça abraçou o sobrinho e chorou mais, desesperada. Um médico chegou, apressado e tentou reanimar a paciente, mas não conseguiu. Angelina foi declarada morta.

Virgínia sentou-se do lado de fora do quarto, ainda segurando seu querido sobrinho que dormia placidamente. Agora só restara os dois no mundo, sozinhos.

O corpo da irmã seria preparado e a moça pensava no que seria da vida dela dali para frente.

Angelina e Virgínia perderam a mãe ainda crianças. A mulher fora acometida por leucemia quando a filha mais nova tinha três anos, assim Virgínia tinha poucas memórias daquela que lhe dera a vida.

O pai era um homem muito bom e amoroso, porém criara as filhas de forma muito rígida, não aceitava que elas namorassem ou algo do tipo, por isso quando Angelina conheceu Marcelo Romano na universidade e os dois fugiram para casar, o homem adoeceu.

Virgínia pensava que o pai adoecera de tristeza, ele não aceitava a forma como a filha agiu, por isso cortou relações com ela e proibiu a filha mais nova de manter contato com a irmã. Em pouco tempo o velho definhou e morreu, sem nunca se despedir da primogênita.

Pouco depois que o pai morreu, Angelina entrou em contato com a irmã. Ela soubera da morte do homem pelo obituário do jornal e informou à Virgínia que sua vida não estava nada fácil.

Após quatro meses de casada, Angelina ficou viúva, já grávida de Diego, a mulher pediu abrigo à Virgínia e juntas fugiram para o interior, onde estavam desde então.

Ela não avisou ao cunhado Fred que carregava uma criança no ventre, pois sabia que ele a manteria, contra sua vontade, na Mansão da família.

Frederico Romano era um empresário muito poderoso do ramo de exportação, o homem tinha uma áurea de mistério lhe envolvendo, algumas pessoas afirmavam que ele era envolvido em negócios escusos, o poderoso empresário era temido em todos os cantos da cidade, por isso tiveram que fugir.

As irmãs decidiram ir para a cidade natal da mãe, onde pediram abrigo a uma velha amiga da mulher, a sra. Márcia.

Uma idosa muito simpática e prestativa que prontamente socorreu as duas moças e deixou que vivessem numa casinha nos fundos da sua casa. Virgínia trabalhava como professora na escola infantil, enquanto Angelina cuidava da casa e se escondia da família poderosa do marido.

A irmã mais velha contara que havia sido muito maltratada na Mansão, principalmente pelo tal Fred Romano, o poderoso empresário, que era impiedoso com todos a sua volta. Elas sabiam que se ele as encontrasse e soubesse da existência do bebê, levaria Diego para sempre, o dinheiro e o poder garantiriam a guarda da criança para ele.

Virgínia despertou dos pensamentos sobre o passado com o choro do sobrinho. O menino sacudia as mãozinhas e fazia um biquinho como se estivesse com fome.

O desespero tomou conta da moça e ela chorou junto com o pequeno. Não sabia o que fazer. A irmã se fora e não explicara nada do que deveria fazer ou como agir. Abraçou o sobrinho e chorou mais, pedindo aos céus a resolução para o problema dos dois.

Angelina foi enterrada ao lado da mãe delas, num enterro rápido, só com a presença da irmã, da sra. Márcia e, claro, do filho, que nem tinha noção de nada.

Virgínia chorou e rezou pela irmã, jurando que protegeria o filho dela de qualquer um que quisesse levá-lo ou fazer algum mal.

Os primeiros dias foram terríveis. O bebê chorava e a moça inexperiente não sabia o quê fazer. A amiga da mãe foi quem a socorreu. Primeiro arrumaram o quarto da criança que estava incompleto, a boa mulher arranjou berço e algumas roupinhas, além de fraldas. A senhora, que era mãe de dois filhos, ajudou a tia a cuidar do sobrinho, ensinou a preparar a mamadeira, a dar banho e a identificar quando a criança estava suja ou quando estava com fome.

Virginia estava se adaptando, mas ainda era muito difícil. Tinha que se desdobrar entre os cuidados com os sobrinhos e as aulas na escola, uma vez que não conseguira a licença para cuidar do sobrinho, precisava trabalhar ou então não se alimentariam.

Naquele dia, Virgínia colocou o bebê no berço e o observou dormindo serenamente. Fazia duas semanas que Angelina morrera e Diego nascera, Virgínia ainda não sabia o que fazer, como sobreviveriam, mas com certeza, o garotinho era o melhor presente que poderia ter recebido. Ele era seu tesouro, o legado da sua irmã e ninguém iria tirá-lo dela.

A campainha da casa tocou e Virgínia correu para atender, não queria que o menino se assustasse com o barulho. Provavelmente a sra. Márcia vinha vê-los, saber como estavam, como fazia todos os dias. Era uma mulher muito boa, a amiga da mãe de Virgínia e, por isso, tinha muito carinho por ela.

Mas quando a moça abriu a porta, não era a mulher que estava lá e sim um homem alto e magro, cabelos grisalhos, usando óculos de grau, vestido de paletó e gravata.

- Boa tarde. Virgínia Bianchi?

Virgínia sentiu o coração acelerar dentro do peito.

Aquele homem provavelmente era Fred Romano, ele tinha achado os dois e levaria seu sobrinho. Mas estava decidida a lutar, não entregaria o menino tão facilmente, teriam que matá-la primeiro. Ela tentou fechar a porta, mas o homem impediu, segurando o portal.

- Meu nome é Alberto Salvador, sou advogado da sra. Vera Bianchi, sua avó.

A moça olhou o advogado, intrigada. Não tinha contato com ninguém da sua família paterna, nem mesmo sabia se ainda eram vivos, como sua avó paterna tinha lhe encontrado?

O pai tinha rompido laços com a família antes mesmo de Virgínia nascer e nunca se aprofundara no assunto da família. Como poderia saber que aquele homem falava a verdade?

- A sra. Vera Bianchi faleceu há quase um ano. Quando conseguimos encontrar seu pai, você e sua irmã sumiram da cidade e não conseguimos encontrá-las até agora. – o homem parecia bem cansado – Devo admitir que vocês duas sabem muito bem se esconder.

- Como você me achou? – perguntou, desconfiada.

- Temos investigadores, sra. Virgínia. - o homem sorriu – Posso entrar? Preciso discutir alguns assuntos importantes com você.

A moça observou o homem idoso que realmente parecia ser um advogado e pensou se deveria deixá-lo entrar, afinal não imaginava que tipo de assunto importante era aquele que ele poderia ter com ela.

A avó nem mesmo a conheceu, como poderia ter assuntos com ela ou com a irmã?

Mesmo assim, permitiu que o velho senhor entrasse em sua casa humilde.

Em nenhum momento ele falara em Fred Romano, então poderia ficar um pouco mais calma. O homem sentou-se na poltrona estampada que havia na sala e Virgínia sentou-se no sofá, de frente para ele.

O homem retirou alguns papeis de uma pasta executiva e então, começou a falar:

- Sra. Virgínia, não sei se sabe, mas sua avó era uma mulher muito rica. Ela era viúva quando faleceu e tinha dois filhos. Seu pai e sua tia, Verônica. Quando a sra. Vera morreu, a filha já havia falecido há alguns anos, por isso tínhamos instruções, da sua própria avó, de que deveríamos encontrar seu pai, o único herdeiro. – ele suspirou – Bem, como falei, sua avó era uma mulher de posses, tinha algumas propriedades e uma quantia de dinheiro considerável no banco. Antes de morrer, ela me contatou, queria entrar em contato com o filho, Sr. Sérgio, que ela não via desde a época em que ele fugiu para se casar com a sua mãe. Então, procuramos seu pai por toda a parte, o encontramos e logo soubemos que ele havia morrido. - o advogado pegou um envelope – Procuramos você e sua irmã e achamos essa casa, fomos informados pela proprietária que Angelina havia falecido e só você ficara. Então, você se torna a única herdeira dos bens da sra. Vera Bianchi. – ele mostrou o envelope – Aqui está o testamento de sua avó. Vou ler e, qualquer dúvida, me pergunte.

Então o homem iniciou a leitura do documento, a mulher explicava que sempre amou muito o filho, mas por orgulho não aceitara que ele se casasse com uma moça pobre do interior. Então, perdeu contato com seu filho e nem pode acompanhar o nascimento e crescimento das netas. Ela queria reparar os erros do passado e deixava para seu filho e suas netas, todas as propriedades que possuía, além de todo o conteúdo em sua poupança bancária no valor de trezentos milhões de dólares. O controle da empresa de cosméticos no qual ela era sócia majoritária também ficaria com seus herdeiros de forma integral.

Virgínia ouviu tudo com os olhos arregalados.

Como aquilo poderia ser verdade?

Então agora ela era rica?

Até alguns minutos atrás, Virgínia tinha que se desdobrar entre o colégio e cuidar do sobrinho para se manter e agora...

Agora não precisava mais contar as moedas no final do mês?

Aquilo só poderia ser uma brincadeira de péssimo gosto.

- Sra. Virgínia, precisamos voltar para a cidade o mais rápido possível. Os outros sócios da empresa estão querendo impugnar o testamento, uma vez que sua avó morreu há quase um ano e nenhum herdeiro tomou conta da empresa. Nós temos apenas alguns dias para que eles possam fazer isso.

- Eu... Eu não entendo nada de negócios. Eu sou professora. - Virgínia disse, atônita.

- Não é problema. Posso ajudá-la com isso, claro, se assim desejar. – o advogado disse – Mas não podemos perder tempo. Os sócios estão muito interessados em ter o controle majoritário da empresa, você, como dona de tudo, tem que tomar conta dos negócios antes que seja tarde demais.

Ela assentiu e lembrou de Diego, que dormia tranquilamente no quarto ao lado.

- Na verdade, minha irmã deixou um filho, um bebê recém-nascido. Diego. Então eu e ele somos os herdeiros, certo?

O homem concordou e explicou tudo que eles fariam dali para frente. A primeira providência seria voltar para a cidade e ir para a casa onde Vera morava e então, iriam para a empresa. Ela se apresentaria como herdeira de tudo e isso acalmaria os sócios por ora.

Eles combinaram que partiriam no dia seguinte, de manhã cedo. Virgínia precisava arrumar suas poucas coisas e as coisinhas do sobrinho, se despedir e agradecer à sra. Márcia e pedir demissão do emprego antes de voltar para a cidade e tomar conta da fortuna da avó paterna.

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