03

FRED

Desde o momento em que chegou em casa, Fred se trancou em seu escritório. Não entendia as intenções daquela mulher, mas com certeza o objetivo principal dela não era o que dizia.

Assim que saiu da empresa dela, pediu a Tim para investigá-la. Virgínia Bruni. Ele sabia que nunca ouvira aquele nome, mas aquele rosto não era totalmente desconhecido.

- Fred? - ouviu a voz da irmã, Alexia, na porta.

- Entre, irmã.

- Fred, irmão, como foi a reunião?

- Tudo certo. A empresa nos ajudará a recuperar a empresa Romano. - ele disse.

- Que bom! Então tudo ficará bem?

- Sim, irmã, tudo ficará bem. - a mulher saiu feliz, enquanto Fred pensava que todos ficariam felizes, enquanto ele entrava num negócio onde não sabia o quê esperar.

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VIRGÍNIA

Conferiu seu vestido no espelho. O traje vermelho de alças finas e trançadas nas costas, justo e longo estava perfeito. Ela escovara os cabelos e os cachos desapareceram, dando espaço a uma cortina lisa de fios caramelo.

- Tia, você está linda! - Diego disse enquanto entrava no quarto, trajando seu pijama e trazendo um barquinho de brinquedo.

- Ai, meu querido! - ela o abraçou – Muito obrigada! Já está prontinho para dormir, vamos, vou contar uma história para você.

Ela pegou a criança nos braços e os dois saíram para o quarto ao lado, que era o de Diego.

O ambiente era todo decorado com tons de azul claro, nas paredes havia brinquedos e livros infantis. O menino deitou e então a tia contou a história da Bela Adormecida, em pouco tempo a criança adormeceu e Naty entrou no quarto avisando que o sr. Fred Romano a esperava lá embaixo.

Ela suspirou, voltou para seu quarto pegou a bolsa e então desceu as escadas.

O homem vestia um terno preto, com camisa preta e gravata cinza. Deus, ele parecia um punk executivo.

- Boa noite. - ela disse.

- Boa noite. Para onde vamos? - ele perguntou, a expressão sempre fechada, a testa vincada.

- Um jantar beneficente promovido pela nossa empresa. - explicou – Vamos. - ela pegou o braço do homem, que pareceu levar um choque e o puxou para a noite.

Do lado de fora, um carro (que surpresa!) preto estava estacionado.

Fred destravou a porta e foi para o lado do motorista. Um cavalo que nem mesmo abria a porta para a mulher.

Virgínia entrou no carro e todo o percurso até o restaurante foi feito em silêncio. Nunca conhecera uma pessoa tão sisuda como aquele homem.

Quando chegaram no local, nem esperou que o homem a ajudasse, desceu do carro e se surpreendeu no momento em que ele pegou sua mão e a colocou no braço. Os dois entraram juntos no estabelecimento, a imagem dos dois sendo capturada por vários jornalistas que estavam lá. Virgínia sorria para todos, enquanto Fred mostrava sua (falta de) simpatia para todos. Avistou alguns sócios da empresa e foi até eles.

- Olá, Virgínia! Que surpresa vê-la acompanhada! - Oswald, um dos sócios mais simpáticos, disse. O homem estava acompanhado pela esposa, uma senhora loira e rechonchuda que parecia bem simpática.

- Esse é meu namorado, Fred Romano. - apresentou.

Ao dizer o nome do homem, o sócio demonstrou uma expressão confusa. Aliás, essa mesma expressão foi vista nos rostos de todos que viam os dois juntos. Virgínia sorria abertamente, enquanto Fred continuava carrancudo.

Deveria ter colocado no contrato que ele precisava sorrir.

- Você sempre é assim? - Virgínia perguntou já no meio da noite, quando estavam sozinhos.

- Assim como? – falou, confuso.

- Sisudo. Carrancudo. - ela respondeu.

- Sim. - disse simplesmente.

Virgínia estava pronta para ameaçá-lo, quando alguém veio avisá-la que ela precisava ir para o palco fazer seu discurso. Ela sorriu para o homem e seguiu para o palco. Mais tarde lembraria Fred Romano que ela era quem dava as regras naquele jogo.

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FRED

O homem olhava sua futura esposa no palco fazendo um discurso sobre a importância de empresas fazerem obras sociais. Ela estava linda naquele vestido vermelho, apesar do rosto angelical, a mulher tinha uma aura de poder e sua confiança fazia com que todos a olhassem com respeito.

Ele desistira de relacionamento há anos e, se ela não tivesse chantageado, ele até poderia pensar em ter algo com aquela mulher.

- Aproveito este momento para anunciar que estou noiva. - Fred olhou para ela sem nem piscar o olho – Sei que para alguns aqui vai parecer precipitado, mas se há amor, por que esperar? - ela sorriu e todos bateram palmas – Em alguns dias, eu e Fred Romano, meu noivo, estaremos formalizando nosso noivado. Venha aqui, querido! 9- ela o chamou com um sorriso e o homem pensou se ignorava o chamado.

Fred nunca fora uma pessoa que gostava dos holofotes, sempre procurou viver discretamente e agora arranjara uma mulher que parecia amar as luzes das câmeras em si.

O homem levantou e foi até ela que mantinha o braço esticado. Ao subir no palco, ele segurou a mão que ela oferecia e beijou o dorso, causando uma chuva de aplausos na plateia e espanto em Virgínia.

Percebeu que o toque causara algo nela, por isso sorriu.

A moça sorriu para ele, agradeceu a todos e juntos se retiraram do palco, voltando para o lugar deles.

- Foi ótimo. - ela disse, satisfeita – Muito bem.

Fred permaneceu calado, enquanto várias pessoas vinham até a mesa em que estavam parabenizá-los. O homem manteve-se em silêncio, controlando a raiva que sentia naquele momento, mas era preciso pensar que fazia aquilo por sua família.

Resistiria.

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VIRGÍNIA

A mulher estava muito feliz que seu plano ia no caminho certo. O evento beneficente fora um sucesso, as pessoas adoraram a novidade, enquanto Fred fervia de raiva. A cara dele era o melhor.

Ele trincava os dentes, enquanto tentava manter a raiva sob controle.

- Chegamos. Muito obrigada pela noite. - ela disse quando o carro parou em frente a casa – Ah, não esqueça, que amanhã irei até a sua empresa.

Fred aquiesceu sem encará-la, ele mantinha os olhos voltados para a frente.

Ela mal colocara os pés na calçada quando o carro saiu em alta velocidade, cantando pneus.

Grosseiro.

Virgínia entrou na casa e foi direto para o quarto de Diego, o menino dormia tranquilamente e a tia sorriu, satisfeita. Em breve faria Fred Romano pagar por tudo que fizera com sua querida irmã.

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