FRED
Desde o momento em que chegou em casa, Fred se trancou em seu escritório. Não entendia as intenções daquela mulher, mas com certeza o objetivo principal dela não era o que dizia. Assim que saiu da empresa dela, pediu a Tim para investigá-la. Virgínia Bruni. Ele sabia que nunca ouvira aquele nome, mas aquele rosto não era totalmente desconhecido.- Fred? - ouviu a voz da irmã, Alexia, na porta.- Entre, irmã.- Fred, irmão, como foi a reunião?- Tudo certo. A empresa nos ajudará a recuperar a empresa Romano. - ele disse.- Que bom! Então tudo ficará bem?- Sim, irmã, tudo ficará bem. - a mulher saiu feliz, enquanto Fred pensava que todos ficariam felizes, enquanto ele entrava num negócio onde não sabia o quê esperar.#VIRGÍNIAConferiu seu vestido no espelho. O traje vermelho de alças finas e trançadas nas costas, justo e longo estava perfeito. Ela escovara os cabelos e os cachos desapareceram, dando espaço a uma cortina lisa de fios caramelo.- Tia, você está linda! - Diego disse enquanto entrava no quarto, trajando seu pijama e trazendo um barquinho de brinquedo.- Ai, meu querido! - ela o abraçou – Muito obrigada! Já está prontinho para dormir, vamos, vou contar uma história para você.Ela pegou a criança nos braços e os dois saíram para o quarto ao lado, que era o de Diego.O ambiente era todo decorado com tons de azul claro, nas paredes havia brinquedos e livros infantis. O menino deitou e então a tia contou a história da Bela Adormecida, em pouco tempo a criança adormeceu e Naty entrou no quarto avisando que o sr. Fred Romano a esperava lá embaixo.Ela suspirou, voltou para seu quarto pegou a bolsa e então desceu as escadas.O homem vestia um terno preto, com camisa preta e gravata cinza. Deus, ele parecia um punk executivo.- Boa noite. - ela disse.- Boa noite. Para onde vamos? - ele perguntou, a expressão sempre fechada, a testa vincada.- Um jantar beneficente promovido pela nossa empresa. - explicou – Vamos. - ela pegou o braço do homem, que pareceu levar um choque e o puxou para a noite.Do lado de fora, um carro (que surpresa!) preto estava estacionado.Fred destravou a porta e foi para o lado do motorista. Um cavalo que nem mesmo abria a porta para a mulher.Virgínia entrou no carro e todo o percurso até o restaurante foi feito em silêncio. Nunca conhecera uma pessoa tão sisuda como aquele homem.Quando chegaram no local, nem esperou que o homem a ajudasse, desceu do carro e se surpreendeu no momento em que ele pegou sua mão e a colocou no braço. Os dois entraram juntos no estabelecimento, a imagem dos dois sendo capturada por vários jornalistas que estavam lá. Virgínia sorria para todos, enquanto Fred mostrava sua (falta de) simpatia para todos. Avistou alguns sócios da empresa e foi até eles.- Olá, Virgínia! Que surpresa vê-la acompanhada! - Oswald, um dos sócios mais simpáticos, disse. O homem estava acompanhado pela esposa, uma senhora loira e rechonchuda que parecia bem simpática.- Esse é meu namorado, Fred Romano. - apresentou.Ao dizer o nome do homem, o sócio demonstrou uma expressão confusa. Aliás, essa mesma expressão foi vista nos rostos de todos que viam os dois juntos. Virgínia sorria abertamente, enquanto Fred continuava carrancudo.Deveria ter colocado no contrato que ele precisava sorrir.- Você sempre é assim? - Virgínia perguntou já no meio da noite, quando estavam sozinhos.- Assim como? – falou, confuso.- Sisudo. Carrancudo. - ela respondeu.- Sim. - disse simplesmente.Virgínia estava pronta para ameaçá-lo, quando alguém veio avisá-la que ela precisava ir para o palco fazer seu discurso. Ela sorriu para o homem e seguiu para o palco. Mais tarde lembraria Fred Romano que ela era quem dava as regras naquele jogo.$FREDO homem olhava sua futura esposa no palco fazendo um discurso sobre a importância de empresas fazerem obras sociais. Ela estava linda naquele vestido vermelho, apesar do rosto angelical, a mulher tinha uma aura de poder e sua confiança fazia com que todos a olhassem com respeito.Ele desistira de relacionamento há anos e, se ela não tivesse chantageado, ele até poderia pensar em ter algo com aquela mulher.- Aproveito este momento para anunciar que estou noiva. - Fred olhou para ela sem nem piscar o olho – Sei que para alguns aqui vai parecer precipitado, mas se há amor, por que esperar? - ela sorriu e todos bateram palmas – Em alguns dias, eu e Fred Romano, meu noivo, estaremos formalizando nosso noivado. Venha aqui, querido! 9- ela o chamou com um sorriso e o homem pensou se ignorava o chamado.Fred nunca fora uma pessoa que gostava dos holofotes, sempre procurou viver discretamente e agora arranjara uma mulher que parecia amar as luzes das câmeras em si.O homem levantou e foi até ela que mantinha o braço esticado. Ao subir no palco, ele segurou a mão que ela oferecia e beijou o dorso, causando uma chuva de aplausos na plateia e espanto em Virgínia.Percebeu que o toque causara algo nela, por isso sorriu.A moça sorriu para ele, agradeceu a todos e juntos se retiraram do palco, voltando para o lugar deles.- Foi ótimo. - ela disse, satisfeita – Muito bem.Fred permaneceu calado, enquanto várias pessoas vinham até a mesa em que estavam parabenizá-los. O homem manteve-se em silêncio, controlando a raiva que sentia naquele momento, mas era preciso pensar que fazia aquilo por sua família. Resistiria.$VIRGÍNIAA mulher estava muito feliz que seu plano ia no caminho certo. O evento beneficente fora um sucesso, as pessoas adoraram a novidade, enquanto Fred fervia de raiva. A cara dele era o melhor.Ele trincava os dentes, enquanto tentava manter a raiva sob controle.- Chegamos. Muito obrigada pela noite. - ela disse quando o carro parou em frente a casa – Ah, não esqueça, que amanhã irei até a sua empresa.Fred aquiesceu sem encará-la, ele mantinha os olhos voltados para a frente.Ela mal colocara os pés na calçada quando o carro saiu em alta velocidade, cantando pneus.Grosseiro.Virgínia entrou na casa e foi direto para o quarto de Diego, o menino dormia tranquilamente e a tia sorriu, satisfeita. Em breve faria Fred Romano pagar por tudo que fizera com sua querida irmã.FREDNo dia seguinte, o homem foi para a empresa bem cedo. Tim já o esperava na sala de reuniões, os dois precisavam fazer um plano para apresentar a Virgínia.- Você tem certeza que conseguirá reerguer a empresa em seis meses? - o advogado perguntou, preocupado.- Eu vou conseguir, Tim. - respondeu, convicto.Por volta de oito horas, Virgínia e o advogado dela entraram na sala de reuniões. A mulher trajava um vestido colado ao corpo de cor preta e parecia muito animada naquela manhã.Ele a fitou lentamente, observando cada curva que aquele vestido revelava.A mulher era uma megera, mas era muito bonita e voluptuosa. - Bom dia! – ela falou, alegremente.Deus, ele odiava gente feliz demais. Ainda mais de manhã. Fred respondeu com um aceno de cabeça.- Bom dia, Sra. Virgínia. Nós temos um plano de recuperação da empresa. Está aqui. - Tim empurrou a pasta para ela.- Examine, Al. Veja se é possível. - ela disse ao advogado – Enquanto isso, precisamos conversar sobre a nossa f
VIRGÍNIAA mulher estava revoltada. Como ele ousara fazer aquilo? Ele não tinha o direito de beijá-la daquela forma. Esperou que a noite terminasse, que Fred estacionasse em frente a sua casa para desabafar.Tirou o cinto de segurança e olhou para o homem que parecia bem tranquilo, como se nada tivesse acontecido.- Como você ousou fazer aquilo? – perguntou, ultrajada.- O quê? – Fred Romano era um perfeito cafajeste, o homem se fazia de desentendido.- O beijo. Não era para você fazer aquilo!O desgraçado sorriu.Um sorriso aberto e sincero, como se ele estivesse se divertindo com a revolta dela.Ela nunca vira o homem sorrir, apenas aqueles levantar de lábio como um sorriso sarcástico, e por isso seu coração acelerou de repente. Ele parecia bem mais novo quando sorria, os olhos brilhavam, o rosto se iluminava e Fred ficava muito bonito.Bonito demais.- E você queria que eu fizesse o quê? Nós somos noivos.- De mentira.- Mas as pessoas não sabem disso. - ele pontuou – Você não pens
VIRGÍNIAO casamento aconteceria em três dias. Ela se sentia extremamente nervosa. Naquela noite, a mulher jantaria com a família de Fred e isso a enervava. Não sabia o que esperar deles, mas não tinha esperanças de que fosse algo positivo.Olhou mais uma vez para o reflexo no espelho, vestia uma calça social preta, com uma blusa de alças cor de pêssego. Calçou saltos altos e pretos e finalizou com uma carteira preta com pequenos brilhantes.De repente a porta do quarto se abriu e Diego entrou, trajando seu pijama e com seu carrinho de sempre.- Tia, você está linda. - a criança disse, abraçando as pernas da moça.Virgínia pegou o menino nos braços e juntos foram para o quarto dele. Deitado na cama, a moça contou uma história que sua mãe lhe contava quando era criança e, em poucos minutos, o menino adormeceu. Ela deu-lhe um beijo na testa e saiu do quarto devagar, para não acordá-lo. Foi até o quarto buscar sua carteira no mesmo instante em que a campainha tocava, Fred chegara.Desce
VIRGÍNIAOs dias passaram rápido. Entre preparativos para o casamento e planos para a recuperação da empresa de Fred, ela nem percebeu que já era o dia do jantar de ensaio. Preferiu que o jantar acontecesse no jardim de sua casa. Assim, ali estava ela, observando o trabalho que Naty fizera, tudo estava muito bem decorado.Alguns convidados já haviam chegado e estavam sentados nas mesas, ouvindo a banda tocar uma música instrumental. O jardineiro aproximou-se dela e disse:- O noivo e a família chegaram.Virgínia agradeceu ao homem e foi encontrá-los. Fred vestia um terno sem gravata, todo de preto, a mãe trajava um vestido de lantejoulas negro e Alexia vestia um tubinho azul.- Boa noite. - ela disse com um sorriso, saudando todos.- Boa noite. - Fred respondeu, ele segurava um buquê de rosas vermelhas enorme e o entregou a ela. O homem aproximou-se e deu-lhe um rápido beijo na bochecha que fez com que ela se arrepiasse, inteira.De braços com o noivo, seguidos por Alexia e sua mãe, f
FRED Ele olhava para a esposa dançando com o sobrinho. Os dois balançavam para lá e para cá sorrindo um para o outro, era muito nítido o quanto eles tinham uma relação de cumplicidade e amor. Era engraçado vê-la com o garoto, parecia que a mulher mudava, se tornava mais leve. Infelizmente a sua esposa nunca lhe dirigira um sorriso daqueles, aliás, nenhum tipo de sorriso. - Fred, os noivos não vão ter a primeira dança? - Alexia perguntou, parecendo mais feliz que ele que era o noivo. - Não acho necessário. – respondeu dando de ombros. - Fred… - a irmã repreendeu e então ele se levantou e foi até a esposa, pediu licença ao garoto e então, uma música lenta começou a tocar. Os outros casais se afastaram e os dois ficaram sozinhos na pista de dança. Fred sabia que aqueles olhos esverdeados escondiam o verdadeiro motivo por trás daquele casamento, mas não conseguia deixar de admirá-los. O homem sentia-se fraco quando ela lhe olhava. Ele desceu o olhar para a boca da mulher que parecia
VIRGÍNIADemorou alguns minutos para que Virgínia recobrasse os sentidos e visse que Fred a abandonara.Percebeu que estava seminua e, rapidamente correu para o banheiro. Tirou a camisola rasgada e vestiu o roupão. Olhou-se no espelho e estava com os lábios e pescoço marcados pelos beijos famintos.Deus, ela quase se entregara para aquele homem, o mesmo homem que fez sua irmã adoecer e morrer.Virgínia sentiu um embrulho no estômago e correu para o vaso sanitário, colocando para fora tudo que comera e sentira naquele dia.Sentiu-se suja e traidora. Estava traindo a irmã quando se oferecia daquela forma para aquele homem. Será que não tinha vergonha na cara?Depois que se sentiu mais calma, percebeu que chorava, chorava pela irmã, chorava pelo sobrinho e, também, chorava por ela, porque tinha cometido um grande erro com aquele casamento.E não tinha muita certeza se poderia consertar aquela situação.Não dormiu naquela noite que seria a sua noite de lua de mel. Sentou-se na poltrona qu
VIRGÍNIALogo depois do café da manhã, os três estavam no carro em direção à Mansão Romano. Diego falava animado, perguntando a Fred sobre a casa e o resto da família. O homem respondia tudo prontamente, fazendo o menino ficar cada vez mais interessado por aquelas pessoas. O coração de Virgínia se encolhia no peito ao pensar que eles poderiam tirar o sobrinho dela. Mostrava-se forte para Fred, quando, na verdade, estava morta de medo.Chegaram no pátio da Mansão Romano poucos minutos depois, Diego desceu do carro, seguido de Fred. Virgínia respirou fundo e fez o mesmo. O menino segurou na mão do tio e juntos entraram na casa, onde um homem alto, bigodudo e que se vestia com roupas formais, abriu a porta para eles.- Bem vindo, sr. Fred.Os três entraram e foram encaminhados a uma sala ampla onde Alexia e a mãe de Fred esperavam. Diego e a tia paterna se abraçaram longamente, enquanto a mulher mais velha olhava para Virgínia com um olhar de desprezo.- Bem-vinda, Virgínia. - ela beijo
VIRGÍNIAO clima entre o casal era como uma guerra fria, a mulher não sabia quando o marido ia atacá-la. Ele agia de maneira distante e a tratava com indiferença, já com Diego ele era amável e fazia tudo o que o garoto pedia.Naquele sábado ensolarado, o garotinho pediu a Fred que o levasse até Alexia, pois a tia prometera que plantariam juntos algumas rosas.- Tia, você vem também, né?- Claro, meu amor. Vamos trocar de roupa. - ela subiu com o garoto e, primeiro, foi até o quarto do menino, para depois ir ao dela, não permitiria que Fred levasse o menino e o tomasse dela.#FREDO homem não dormia há dias, tentava pensar em uma maneira de sair daquele casamento, mas até agora sem esperanças. Contou tudo a Tim, para que juntos pudessem impugnar o contrato, mas o advogado já lhe garantira que o contrato era legal e Fred assinou sem coação.Cerrou as mãos em punhos.Deveria ter decretado a falência da empresa e depois ergueria uma nova empresa, do zero. Tudo que tinha na vida conseguir