O corpo da morena reluzia sob o Sol e seus óculos refletiam a amiga acima dela, de pé com sua frustração estampada nos olhos castanhos e braços cruzados para enaltecer sua raiva. Dalila, no entanto, estava bastante relaxada e não se deixava afetar pela postura intimidadora da outra.
— Jenifer tu ta bem na frente do Sol. — Reclamou com a voz morosa.
— Nossa Dalila! Dá pra tu pelo menos parecer um pouco incomodada com o mundo acabando? — O cabelo liso e curto se agitava conforme ela se movia.
— O mundo não ta acabando Jenifer. — Dalila se dá por vencida, senta-se na areia rapidamente porque sabe que sua amiga não aceita ser simplesmente ignorada.
Ela tira os óculos escuros e respira pesadamente. Há algumas semanas foi despejada da moradia estudantil e por não ter aonde por suas coisas, precisou vender todos os móveis que tinha até então, menos o piano de seus pais é claro... Esse estava posicionado em um canto da parede, junto com seus equipamentos de DJ, na casa que Jenifer dividia com o namorado.
— Se eu jogar o piano fora tu vai me levar a sério? Precisa começar a pensar em alguma coisa amiga, pelo amor de Deus... A namorada do Eli não ta muito confortável com a história de tu morando lá.
Dalila olha para a jovem na sua frente, o corpo magro nos 1,74 de altura e as sardas na pele branca como o inverno, o rosto fino e o olhar obstinado que faziam dela uma das meninas mais lindas que conhecera, além de certamente ser a mais inteligente também. Sabia que a amiga estava certa, que passara tempo demais morando de favor com seu melhor amigo e que, embora ele estivesse bem com a ideia, seu namoro em breve afundaria porque Elias era fiél demais para expulsá-la.
— Ela é uma ciumenta patológica Jenny, claro que ela não ta confortável. — Diz a morena sarcasticamente, mas seu olhar reflexivo perdido na direção do mar expressava perfeitamente seu verdadeiro sentimento sobre o assunto.
Dalila continuou séria em completo silencio, olhando o mar em busca de respostas que não tinha. Viveu os últimos 3 anos com a pequena herança de seus pais mortos, por 2 anos não conseguia fazer nada além de sobreviver e depois (coisa que já lhe provocava dor o bastante), quando finalmente decidira estudar musica e fazer algo da sua vida, o dinheiro acabou e ela não tinha um emprego e nem experiencia para encontrar um. Jenny se sentou ao lado da amiga olhando os olhos castanho-esverdeado dela com compaixão, a abraçou demoradamente, mesmo que ela não se mexesse e nem parasse de encarar o mesmo ponto na imensidão azul.
— Ta na hora de encontrar um caminho amiga, eu sei que tu consegue. To aqui pra ti, sabe disso.... Olha... Eu falei com o Kiper, ele gostou muito do som que tu fez pra festa da ciranda, disse que se eu te convencesse a tocar no aniversário do João Guilherme de graça, ele te apresentaria pra um cara que manja de umas festas vip e paga muito bem. — Ela fala carinhosamente e aperta a amiga nos seus braços, chacoalhando-a da forma que fazia quando ficava animada com algum assunto.
— Uau! Só tenho que tocar de graça pra um amigo seu pela segunda vez. — Disse ainda sem olhar para a amiga com seu tom sarcástico. — Aposto que o cara nem existe.
— Existe sim, já vi ele, na real. É um loirinho bonitão que já até foi no campus buscar o Kiper uma vez, só não falei com ele, mas sei que é desses riquinhos aí.
A morena continuava pensativa, mas não tinha muita escolha além da sugerida até então, por isso abraçou Jenny de volta, beijou seu rosto e respirou fundo.
— Beleza. Vai rolar... Avisa o Kiper então que ele conseguiu DJ de graça pra festinha do João Guilherme, mas eu só vou levar equipo básico e não vou tocar mais de 1 hora nem ferrando.
Jenifer ficou radiante com a resposta contrariada de Dalila, apertou-a em seu abraço mais uma vez e se levantou limpando a areia da calça chique de cintura alta que lhe modelava bem o corpo.
— É na sexta, amanhã, então se puder não irritar a namorada do Eli até lá... Acho que tu pode já ir procurando um canto e consegue se mudar logo sem nenhum drama a mais. Te empresto dinheiro pro adiantamento do apê novo, beleza?
Dalila ergue a cabeça para encarar a outra, desconfiada que talvez ela estivesse fazendo alguma antecipação de uma possível briga que viria em poucos dias se não saísse de fato da casa do seu melhor amigo. Jenifer sempre entrava na frente de qualquer bala para protege-la e essa conversa estava com cara de um belo desses saltos.
— Sei... Beleza. Te vejo amanhã então. — Ela se despediu de Jenny com um aceno.
Poderia ter ido embora também, mas tinha uma rotina sagrada desde pequena quando visitava a praia todas as quintas feiras com seus pais e sentavam na areia para relaxar ouvindo o som do mar batendo nas pedras em parte da costa, naquela época, Dalila já enxergava a beleza da cena e amava como sua mãe ficava linda com a luz dourada do Sol batendo no seu rosto, exatamente do mesmo modo que agora ela ficava. Então, aos poucos o dia vai virando noite e somente nesse momento ela se sente pronta para ir, se levanta, veste a camiseta e a calça cinza de moletom junto do tênis de corrida, enrola seu tapete de praia e enfia na mochila junto com a sacola de latas que consumiu, desliga a musica que tocava em seu celular e caminha de volta até o ponto de ônibus para finalmente ir para casa, nesse caso, a casa de Elias.
Elias morava hoje em um pequeno prédio ao lado da entrada da antiga mansão dos Feigenbaum, aonde ironicamente Dalila passara parte da sua vida até seus pais serem expulsos da família, que se extinguiu não muito tempo depois, quando infelizmente sua avó su.ici.dou-se da janela do terceiro andar depois de saber que a filha que expulsou da sua própria casa morrera em um acidente de moto. Dos Feigenbaum só restara sua bisavó, única proprietária do ultimo recurso da família que possivelmente acabaria se tornando um monumento histórico da cidade, mas que residia um lar de repouso na cidade vizinha e sofria de Alzheimer.
Não é uma história simples. A vida de Dalila Feigenbaum sempre foi uma tragédia cercada de mortes inesperadas e vio.len.tas, começando aos 8 anos quando sua irmã de 3 mor.reu de pneumonia. Daí em diante nunca mais pararam de acontecer, sempre empurrando a morena cada vez mais fundo naquele precipício de dor aonde viveu reclusa por tempo demais, cultivando a personalidade passiva-agressiva que hoje fazia dela uma pessoa intragável para a maioria das pessoas. Sempre fica refletindo todas as desculpas que podia ter justificado um sui.cí.dio, ou uma causa rebelde, uso compulsivo de dr.o.gas, vício em adrenalina..., mas ao invés disso se tornou uma mulher diligente, com seu próprio código de conduta, amplamente interessada em aprender coisas fora da curva como Krav Maga, Pole Dance, Balé Russo, tocar música eletrônica e até jogar baralho cigano... Qualquer coisa que distraísse o bastante de sua história infeliz, acompanhado de altas doses de sarcasmo e malícia.
O ônibus passava bem na frente da mansão que ela sempre evitava olhar para não reviver qualquer memória da infância e então parava uma quadra depois do prédio aonde estava vivendo e então ela subia a pé e entrava usando a chave reserva que seu amigo lhe confiou para que não acabasse trancada para fora depois de uma de suas caminhadas noturnas. Tentou viver aquela noite com tranquilidade para não denotar a possibilidade de estar se mudando na próxima semana, enquanto Elias seguia sendo o mesmo amigo super animado e gentil que lhe trazia lanches e discos antigos para compor sua coleção, naquela noite em especial um disco da Elza Soares.
“Não durma sem sapatos, Lila” Elias desejou antes do beijo de boa noite que a morena tentou fugir e mesmo assim foi dado em sua cabeça. A frase era uma piada interna sobre os pesadelos e sonambulismo dela, mas por sorte, naquela noite não houve nenhuma escapada.
Acordou na manhã seguinte uma hora antes da aula, a casa já estava vazia e, portanto, ela estava atrasada.
“Porra, Dalila!” Foi o que pensou antes de correr para o banheiro quando viu o horário no celular e a mensagem de Jenny.
Em 30 minutos ela tomou banho e enfiou uma roupa apropriada para seu humor obscuro de sempre e a temperatura de 0 graus.
Pensou em chegar 30 minutos atrasada e ir de ônibus para a universidade, mas desistiu quando viu o Gabriel parado na frente do prédio com a sua moto idiota de 100.000 reais, ou seja lá qual o valor absurdo que ele pagou naquela porcaria. A pele negra e o corpo de academia do amigo estavam atipicamente ressaltados por uma segunda pele branca e sobretudo de couro, fazendo ela sorrir debochada e rolar os olhos quando se aproximou, pegando o capacete vermelho da mão dele que a olhava provocativo.
— Atrasada, coelhinha? Como eu adivinhei? — Ele debochou e ela riu.
— Porra, Gabriel... Vai me fazer comprar uma cortina blackout? — Ela devolveu antes de botar o capacete e subir na “monstrinha” como o amigo gostava de chamar.
— Com medo que eu veja o que você faz com o Elias enfiada naquela casa?
— Uuuuh! Tu ficaria ex.cita.do, viu meu bem? Muitas horas de The Witcher, quase finalizamos as sidequests já. Ta esperando eu bater na sua bunda para dar partida?
Apesar de se tratar de uma moto exageradamente veloz, Gabriel não acelerava mais do que o normal, pelo menos não quando surpreendia Dalila com suas caronas. Os dois fizeram o jardim de infância juntos e ele se achava no dever de pagear a morena, na verdade, de toda a sua história ele era a única coisa boa que sobrou, apesar de acha-lo extraordinariamente irritante e metido, mas... não são assim as relações entre irmãos? Uma eterna e doce guerra fria?
Elias não gostava muito dele por causa do incidente na oitava série quando disputaram a atenção de Dalila e foram ambos rejeitados, mas eventualmente entenderam que ela os via como irmãos, ambos, sem nenhuma exceção do tipo que viria a acabar em romance no futuro. 3 anos depois Elias foi fazer intercambio nos Estados Unidos e voltou namorando com a ex mais popular da oitava série, quem diria? Alguns males vêm para o bem e o relacionamento continua firme.
Gabriel não esteve com ninguém em especial em nenhum momento da sua vida, como se ele tivesse um código sobre isso, alguma promessa de fidelidade à uma alma gêmea misteriosa ou talvez só se sentisse melhor solteiro... Dalila nunca se importou com essa parte da vida dele.
Mesmo com a carona ela estava atrasada e não teve tempo para despedidas, desceu correndo do veículo, entregou o capacete e andou o mais rápido que podia para a sala, sua primeira aula que antecedeu uma palestra de quase 3 horas e depois acabaram dispensados, dando-lhe tempo suficiente para pensar no que tocaria a noite, focou nisso durante o dia, se arrumou no ultimo instante e esteve em contato com Jenny e o namorado que a levariam para a tal festa no horário combinado. Não estava animada, não andava no mood para jovens bêbados, mas sempre podia viver um pouquinho do seu amor por música clássica, mesmo que em forma de trance. O publico sempre pirava de qualquer forma e seria bom para chamar atenção do “loirinho” que sua amiga mencionou tão carinhosamente.
Jenny finalizava seu batom roxo no espelho do carro e a regra é que ninguém podia sair até que ela estivesse pronta e por isso seu namorado batucava freneticamente no volante, ansioso para ver de perto a decoração colorida que já conseguiam notar da rua em que estacionaram. As tendas gigantes cobertas de tecidos variados de cores vibrantes e psicodélicas davam um ar de festival de música, mas eles sabiam que era apenas uma festa de aniversário, no caso o aniversário de João Guilherme, filho de ator famoso e amigo de infância do Jotapê. Dalila era o presente do Kiper e para ela fazia sentido, considerando que o idiota era um rato trapaceiro... Claro que daria um jeito de dar um presente que não pagou para ter.Finalmente a amiga saiu do carro arrumando sua roupa e o namorado a acompanhou como um pequeno labrador feliz, dando espaço para Dalila segui-los de uma distância segura das demonstrações de afeto. A morena analisou o campo que eles conheciam como Pico Da Forca, dado sua históri
— Eu mesma, prazer. — Ela não queria parecer tímida então foi cordial se aproximando dele para lhe dar um singelo aperto de mão.Ele tinha aquele olhar misto de algum tipo de luxúria e o constante ar de riso e deboche como um verdadeiro maníaco, mas Dalila podia notar mesmo com a luz colorida e distante a sua beleza no meio das inúmeras tatuagens, o cabelo loiro claríssimo e propositalmente bagunçado e as roupas despojadas demais para um menino rico do Sul; na verdade o loiro parecia um verdadeiro marginal das ruas de São Paulo, ao menos como Dalila os imaginava, com o pequeno detalhe de que na verdade era italiano e esperava que não fosse um marginal.Apesar de ela ter estendido a mão, ele aceitou apenas para se levantar e puxá-la para dar dois beijos demorados em suas bochechas. Ela ficou tão perplexa com a atitude repentina que mal se moveu, mas sabia que era costume do país dele cumprimentar com beijos no rosto, só não sabia se o faziam com recém conhecidos.— Tommaso Capadócci, m
Mesmo bêbado, Gabe era extraordinariamente cuidadoso naquele veículo quando se tratava de levar Dalila aonde quer que fosse, deu para ela o deu capacete e dirigiu apenas com seus óculos escuros, provavelmente porque se preocupava com os gatilhos que uma direção arriscada poderia disparar nela. Desde a morte dos Feigenbaum, Gabriel era um porto seguro para a morena, sendo sempre o primeiro a se preocupar com as suas verdadeiras necessidades, medos e pesares, os meios que usava para lidar com a dor e o que a deixava confortável de verdade. Ele sabia tudo sobre ela e cada detalhe das suas ações era milimetricamente pensada, desde as provocações até os momentos de distanciamento. Ele sempre sabia o que fazer.Não é que Elias e Jenny não soubessem como cuidar de Dalila, mas eles tinham dificuldades quanto a personalidade dela. Elias, por exemplo, era o tipo que nunca fazia perguntas ou questionava sua amiga porque não queria bater de frente com ela, que já tem personalidade o suficiente po
Jenny morava em um condomínio na parte mais alta da cidade, porém no sentido oposto ao Pico da Forca, o bairro em si era um dos mais antigos de Jalines e por sua vez, o mais rico. Ela não gostava que pensassem que era uma daquelas princesinhas mimadas, a jovem sempre fez questão de parecer uma garota simples, tratava todos muito bem e nunca fazia acepção de ninguém por causa da pele, status social ou gênero e sexualidade. Quase sempre muito sensata, Jenifer lutava pelas pessoas, mesmo que não as conhecesse... Talvez fosse uma herança genética de seu pai, o deputado estadual Armando Bünchen, um dos poucos ainda honestos. Dalila se orgulhava da amiga em muitos aspectos, muitas vezes até se espelhava nela, mas não no momento em que percebeu que o senso de autopreservação dela fora prejudicado. Assim que Gabriel estacionou sua moto no jardim dos Bünchen, a morena encarou a Lamborghini Aventator cor de chumbo com irritação e surpresa, porque sabia que certamente pertencia ao loiro petulant
— Nem vou precisar falar nada, Tommy... Tu é do tipo que deixa uma marca, sabe? — Dalila provocou, mesmo incomodada com toda a desconfiança que foi gerada a respeito dele desde a noite anterior.— Essa é uma verdade, signorina Feigenbaum. — Ele respondeu com uma cortesia regada de sarcasmo, acompanhada pelo mesmo olhar psicopata da outra noite, encarou Gabriel demoradamente.Dalila esperava que o amigo cumprimentasse o loiro, mas não foi o que aconteceu, os dois se encararam como se estivessem lendo um ao outro e foram interrompidos por Jenny que desceu as escadas dissipando o clima estranho com um gritinho de felicidade.— Gabes! E aí, migo? Estava te esperando. — Ela correu até ele agitando o cabelo curto e pulou nele para um abraço.Dalila e Tommaso se encararam, o olhar parecia nunca desaparecer e ela abraçou a si mesma, mantendo sua postura séria mesmo ao receber da amiga um beijo no rosto.— Gabriel Villa Lobos, esse é o Tommaso Capadócci. — Apresentou Jenny com uma cortesia for
Uma luz forte e estável atingiu os olhos de Dalila e ela soube que uma das janelas do quarto que dormira havia sido repentinamente aberta. Ela sentiu falta de quando Jenifer também gostava de dormir e as duas conseguiam 12 horas de sono sem nenhum problema, agora a amiga entrou nessa vida de mulher produtiva e responsável e isso criava um abismo entre elas as vezes.— Por quê? — Resmungou e Jenifer subiu na cama.Dalila afastou o edredom quentinho para olhar o que a amiga queria, ainda com os olhos semicerrados na tentativa de evitar o Sol. Jenny a encarava preocupada, mas também parecia culpa-la por algo que não estava tão claro, na verdade, a noite anterior ainda estava enevoada na memória da morena que nem tinha acordado direito e já tinha que lidar com os inquéritos da senhorita Bünchen.— Lila, a gente precisa conversar. — Pediu com uma honestidade preocupante.Ela se sentou na cama esfregando os olhos, séria, olhava a amiga com atenção.— O que aconteceu, Jenny?— Eu que pergunt
Dalila tentou ligar para Gabriel três vezes enquanto estava no Uber e concluiu que ele estava ocupado, não quis insistir. Organizou na sua mente o que pretendia fazer quando chegasse na casa de Elias, o amigo provavelmente ficaria feliz pela oportunidade dela, ele acreditava fortemente no seu sucesso na música embora ressaltasse com frequência que ela deveria tentar a carreira de cantora. Pensou que poderiam conversar e beber uma coca-cola, bebida favorita do Eli, enquanto ela empacotava seus pertences e procurava uma casa aos arredores da faculdade aonde pudesse pagar e tivesse espaço suficiente para seus instrumentos. Lhe pareceu uma ideia confortável para um dia como aquele.Ela não prestou atenção a princípio, estava distraída, no entanto quando já estava próxima da sua casa olhou para trás e se deu conta de que um carro antigo fazia o mesmo caminho que eles há algum tempo, não reconheceria facilmente, mas se tratava de um corvette stingray 69 na cor preta. Dalila entendeu rapidam
A casa não tinha nenhuma entrada solar, de cara isso a incomodou. Como é possível todas as janelas de uma casa serem escuras? O que era aquilo? Depois olhou todo o resto da decoração, as pequenas gárgulas da entrada e a mistura de masmorra com modernidade de luxo, os lustres estilosos... Tommaso tinha um bom gosto, talvez um pouco sinistro, mas para ela, casou bem com a sua personalidade irritante. Estava distraída demais, mais uma vez, ou de fato aqueles italianos eram muito rápidos porque quando pôs os pés na entrada ela estava sozinha e agora, Jocasta estava parada um pouco a frente, encostada em um pilar aonde chupava um pirulito rosa. — Ciao bambolina, eu já sentia tua falta — Ela disse com aquela voz enjoada que fazia Dalila querer esmagar os seus próprios olhos. — Oi Jocasta. Vai me dizer que foi tu que me chamou aqui? — Perguntou Dalila forçadamente doce, só para corresponder ao tom da loira. — Não. Seria uma surpresa se Jocasta convidasse alguém para qualquer coisa além de