Uma luz forte e estável atingiu os olhos de Dalila e ela soube que uma das janelas do quarto que dormira havia sido repentinamente aberta. Ela sentiu falta de quando Jenifer também gostava de dormir e as duas conseguiam 12 horas de sono sem nenhum problema, agora a amiga entrou nessa vida de mulher produtiva e responsável e isso criava um abismo entre elas as vezes.— Por quê? — Resmungou e Jenifer subiu na cama.Dalila afastou o edredom quentinho para olhar o que a amiga queria, ainda com os olhos semicerrados na tentativa de evitar o Sol. Jenny a encarava preocupada, mas também parecia culpa-la por algo que não estava tão claro, na verdade, a noite anterior ainda estava enevoada na memória da morena que nem tinha acordado direito e já tinha que lidar com os inquéritos da senhorita Bünchen.— Lila, a gente precisa conversar. — Pediu com uma honestidade preocupante.Ela se sentou na cama esfregando os olhos, séria, olhava a amiga com atenção.— O que aconteceu, Jenny?— Eu que pergunt
Dalila tentou ligar para Gabriel três vezes enquanto estava no Uber e concluiu que ele estava ocupado, não quis insistir. Organizou na sua mente o que pretendia fazer quando chegasse na casa de Elias, o amigo provavelmente ficaria feliz pela oportunidade dela, ele acreditava fortemente no seu sucesso na música embora ressaltasse com frequência que ela deveria tentar a carreira de cantora. Pensou que poderiam conversar e beber uma coca-cola, bebida favorita do Eli, enquanto ela empacotava seus pertences e procurava uma casa aos arredores da faculdade aonde pudesse pagar e tivesse espaço suficiente para seus instrumentos. Lhe pareceu uma ideia confortável para um dia como aquele.Ela não prestou atenção a princípio, estava distraída, no entanto quando já estava próxima da sua casa olhou para trás e se deu conta de que um carro antigo fazia o mesmo caminho que eles há algum tempo, não reconheceria facilmente, mas se tratava de um corvette stingray 69 na cor preta. Dalila entendeu rapidam
A casa não tinha nenhuma entrada solar, de cara isso a incomodou. Como é possível todas as janelas de uma casa serem escuras? O que era aquilo? Depois olhou todo o resto da decoração, as pequenas gárgulas da entrada e a mistura de masmorra com modernidade de luxo, os lustres estilosos... Tommaso tinha um bom gosto, talvez um pouco sinistro, mas para ela, casou bem com a sua personalidade irritante. Estava distraída demais, mais uma vez, ou de fato aqueles italianos eram muito rápidos porque quando pôs os pés na entrada ela estava sozinha e agora, Jocasta estava parada um pouco a frente, encostada em um pilar aonde chupava um pirulito rosa. — Ciao bambolina, eu já sentia tua falta — Ela disse com aquela voz enjoada que fazia Dalila querer esmagar os seus próprios olhos. — Oi Jocasta. Vai me dizer que foi tu que me chamou aqui? — Perguntou Dalila forçadamente doce, só para corresponder ao tom da loira. — Não. Seria uma surpresa se Jocasta convidasse alguém para qualquer coisa além de
Giovanni dormiu por alguns minutos quando já havia amanhecido, encostado na porta do quarto em que Dalila estava hospedada. Antes disso ele passou a noite tentando entender o que Tommy fazia de tão importante para deixar a sua convidada sozinha e a troco de que ele a levou para a mansão aonde era um alvo frágil sob os olhos de vampiros habituados a matar primeiro e perguntar depois. Ele não ouvia muitos detalhes dos planos de seu irmão, mas sabia que o pai exigia que voltassem com o assunto das terras de Jalines resolvido antes da próxima Lua Cheia e considerando o encontro de Tommy com uma possível companheira de aura forte como Dalila, aquele rato manipulador certamente tinha planos para leva-la com ele. Contra a vontade dela, provavelmente, já que nos últimos 3 dias fora incapaz de estabelecer um contato que não fosse por medo. Até que ponto Giovanni estaria sendo verdadeiro quando prometeu que Tommaso nunca faria mal à Dalila? Depois de tudo, começava a se questionar. Foi interro
— Por que está de babá? Ele não pode simplesmente aguentar até sábado? Ela fez a pergunta com um certo tédio na voz, não queria estar ali, só não podia mudar a realidade então pensava que talvez valesse a pena tentar entender mais sobre a sua situação, para saber como seguir a sua vida, mas também porque não aguentava mais o silêncio e a indiferença dele. Mesmo diante da sua pergunta, ele não parecia interessado em nada além da estrada.— Se vai dirigir para mim, não poderia pelo menos fingir que não me odeia? — Sugeriu irônica, olhando o caminho que faziam. — Aonde estamos indo?Ele continuava focado, mas ao som da sua primeira pergunta apertou o volante desconfortável e se mexeu no banco pela primeira vez desde que ligou o motor. Dalila percebeu sua reação em silencio por algum tempo, curiosa, moveu os lábios arriscando mais uma pergunta, mas foi interrompida por uma manobra brusca que a jogou para cima dele quando estacionava na frente do prédio de Elias. Ela perdeu o ar com o su
A zona sul de Jalines era aonde estavam a maioria de seus amigos. Dalila teve o privilégio de estudar em escola particular durante a infância e a adolescência e, por crescerem juntos, acabaram na mesma universidade federal também; o fato é que a maioria das amizades na cidade da névoa eram assim, não poderia ser diferente considerando que não era grande o bastante para se esquecer um rosto, naquele bairro todos se conheciam há muito tempo. O primeiro condomínio de apartamentos da cidade ainda era, de longe, o mais luxuoso e inacessível em questão financeira, Dalila nunca pensou que moraria ali apesar de ter herdado uma boa quantia dos pais, porque sabia que precisaria racionar o dinheiro até o fim da faculdade (e acabou bem antes disso, no fim). Agora ali estava ela, diante das colunas de gesso e placas douradas que, se não fossem ouro, imitavam perfeitamente. Giovanni não se deu ao trabalho de nada além de abrir a porta para ela colocar suas coisas, entrar no carro e aproveitar 10
Giovanni estava ainda na sala de recepção, primeiro cômodo do apartamento alugado para Dalila, desde que chegou com Tommaso no cair da noite. Não queria avançar pela casa e se intrometer nas coisas pessoais da morena, na verdade pensava em uma distância segura daquela mulher e só estava ali porque somente ele seria irrelevante suficiente para que Tommy tivesse um tempo com ela. Ao menos foi o que seu irmão disse antes de saírem.Seu sangue ferveu quando ouviu as palavras sempre mesquinhas e egocêntricas de Tommaso, e embora não fizesse questão de vangloriar-se por coisas que trariam problemas, ele sorriu de canto lembrando-se do olhar quente da brasileira. Tommaso nunca veria aquele olhar, mesmo que ambos fossem monstros cruéis, ela sabia que o único que seguramente não lhe faria mal (apesar de ter lhe apontado uma arma), o único que gostava de vê-la falando alto e dando ordens (apesar de jamais admitir) era Giovanni, o irmão “irrelevante”.“Maldição! O que tem na cabeça, Giovanni?!”
— È magnifico, amore mio. — Tommaso toma a mão dela e beija seu rosto como fez na primeira vez em que se encontraram. Ela ficou rígida sob seus pés e esperou que ele terminasse de marcar território para que pudesse começar a beber e ignorar todo o resto da noite. Era bem comum que ela agisse assim dissociando-se do ambiente para onde a arrastavam, e depois de bêbada até conseguia se divertir. Dessa vez a única intenção era suportar aquela situação. — Eu não sabia desse lugar. — Ela respondeu levemente apática. — A inauguração é hoje, não foi muito divulgado. Na verdade... É para um público bastante restrito. — Tommaso tinha um certo mistério na voz, mas não instigou Dalila. Ela deixou-se ser guiada até o bar. Percebia que estava sendo constantemente observada por cada pessoa que cruzava o seu caminho e o loiro segurava seu ombro firme como se aquela fosse a única garantia de vida que ela tinha, não conseguia entender o que estava havendo, mas Giovanni observava aflito o bastante pa