Eu estava tão perturbada que saí tropeçando pelo salão até finalmente conseguir me trancar dentro do meu quarto, fiquei parada na porta tentando absorver o que tinha acontecido, o que rolou ali no meio de todos?
O meu primeiro pensamento foi "Será que Beatrice viu?" "Será que ficou chateada comigo?" "Não foi intencional"
Depois eu percebi que eu estava me justificando em cima de algo que eu não precisava justificar, já que NADA ACONTECEU.
Eu só precisava me convencer disso o mais rápido possível.
Mas se eu fechasse os olhos eu via os olhos verdes daquele demônio insuportável, acho que ele me impressionou pela capacidade de me tirar do sério, por isso eu estava pensando nele, não rolou nada especial, só rolou alguém que me desafiou... e isso não acontecia normalmente. E eu nem sei por que eu estava tão focada em algo que aconteceu apenas a cinco minutos atrás, já era passado.
Eu já estava envolta em minhas cobertas quando Beatrice entrou no meu quarto. Eu sentia os passos dela, sabia exatamente a forma como ela chegaria.
- Bella, você ainda está acordada? – disse ela com uma voz doce
Tentei simular olhos um pouco mais fechados, esperava que isso fosse funcionar.
- Eu estava cochichando Bea, o que houve? está tudo bem? - agi dissimulada e agi como se fosse normal para mim ser aquela mentirosa sociopata.
Tudo bem, eu sei que é um exagero mas é sempre bom já deixar claro como água que eu sempre exagero em tudo.
- O que você achou da noite de hoje? eu senti que você ficou um pouco incomodada...
Ah meu Deus, o nervoso do meu coração ia sair pela minha boca se eu não cuidasse da minha língua comprida. Ela ia falar do que houve no salão, ah meu Deus ela viu então... o jeito como aquele animal me segurou pelas mãos.
- Eu... não sei...
- Você está com medo de que eu me case, não é? - Ah então foi isso que ela pensou que aconteceu? Que bom, nossa a minha respiração voltou ao normal.
- Acho que é isso mesmo Beatrice, eu não estou preparada para estar longe de você.... mas olha... eu vou superar. Você está feliz? tem certeza de que quer se casar com aquele... com o ... Salvatore?
- Eu sinto que eu devo, o papai já ajeito tudo... e ele é... lindo, você não achou?
- Eu... não tenho que achar nada sobre isso.... tá bom? eu vou dormir agora, se você puder me deixar aqui eu agradeço Bea.
- Nossa você está mesmo me expulsando, bom, o papai vai beber demais e eu já pedi para alguém ficar de olho para levá-lo a cama, os outros convidados mais importantes já se foram, ficaram os mesmos de sempre... tudo sob controle. Então agora eu finalmente posso ir dormir, o meu dia vai ser bem cheio amanhã.
- Sim, acho que você deve dormir... que comecem os preparativos! - eu sorri melancolicamente, não por estar perdendo minha irmã, mas por saber que ela se casaria MUITO mal. Mas ela estava feliz e eu não podia estafá-la naquele momento.
Ela saiu do quarto e talvez eu só esteja dando atenção demais a algo que na realidade não existe, porque eu fico pensando demais em coisas que não fazem sentido. Talvez para mim aquele foi um momento importante, quando na verdade não foi para mais ninguém.
Então eu podia finalmente pegar no sono.
Já era tarde da noite quando eu escutei um barulho na minha varanda, eu relutei para me levantar... e só despertei de verdade quando vi a silhueta de um homem adulto.
Eu deveria ter gritado, mas eu não consegui gritar... eu fiquei paralisada olhando até que a porta se abriu e eu pude enxergar melhor quem era.
O cheiro de charuto e uísque misturados a loção pós barba invadiu o meu quarto.
Eu odiava mais do que tudo.
A minha primeira reação nada adulta foi me levantar correndo e acender a luz... e lá estava ele...
- O que você faz aqui? você ficou maluco? - era Matteo, eu nunca tive contato com aquela praga, a não ser a nossa mini briga no jardim e nosso embate antes de eu subir, por que ele estava ali? Qual era a desse imbecil para estar ali parado no meio do meu quarto de madrugada?
- Eu preciso saber de você... o que houve ali na sala... - ele começou a embaralhar as próprias palavras, estava com uma postura diferente... estava meio duro, não parecia mais o debochado profissional que eu vi no jardim, a expressão escura tomava conta do seu olhar que parecia raivoso - Eu quero saber por que você me provocou...
- Eu te provoquei? você ficou maluco? - eu disse me esquivando enquanto ele andava para frente para me pegar em falso, eu estava lidando com um criminoso, ele podia cortar a minha garganta e sair correndo e ninguém jamais o acusaria já que não temos nenhuma ligação.
- Você me provocou... e eu quero saber o motivo! Você combinou com alguém de me tirar o juízo? - ele parecia irritado, estava falando alto não parecia ter medo do que iria acontecer se alguém entrasse e o pegasse ali, agia como o dono do mundo. Nada diferente do infeliz que eu conheci no jardim, a única diferença era realmente a postura que parecia intocável de tão dura.
- Eu nunca provoquei você... nós não nos conhecemos! Você vai se casar com minha irmã, por que os nossos pais arranjaram esse casamento...
- Nos conhecemos desde que somos pequenos!
- Sim, e eu te odeio desde então. Aliás, não odeio você... odeio todos vocês, só não sabia que tinha crescido e ficado ainda mais imbecil. E agora sobe pela minha varanda para me acusar de não sei o que, por que nem entendi ainda o motivo de você estar aqui... - eu comecei a atacar com palavras, porque estar semi nua em meu quarto já dormindo era a única arma que eu tinha, além do grito e do constrangimento de ter que explicar por que o noivo da minha irmã estava no meu quarto em uma madrugada como aquela depois de um anuncio importante.
- Por que você me provocou? é só isso que eu quero saber... eu estava feliz com a ideia de me casar com a sua irmã mais bonita e muito mais doce do que você, e agora essa ideia para mim parece insuportável! M*****a! - ele disse com a boca cheia, ele estava bêbado? o cara entrou pela minha janela caindo de tanto uísque para me dizer as maiores barbaridades. Eu podia perceber que ele estava lutando para se manter com a mesma postura de quando entrou, depois de um tempo o álcool começa a nos deixar cambaleando por aí e claramente isso estava acontecendo.
- O que eu tenho a ver com o seu casamento com a beata da minha irmã? eu não decidi nada, por que pareceria insuportável se casar com um anjo como ela? ela é quem deveria correr de você... o mais rápido possível! Já que não vale nem um real.
- Então por que disse que nunca vai me deixar conhecer você?
- Por que isso importa tanto para você Salvatore? eu sou só a cunhada... não é a mim que você deve impressionar e criar um relacionamento, você não deveria estar na porra da janela da Beatrice?
Ele se aproximou antes que eu conseguisse sair correndo, segurou a minha cintura e me puxou para bem perto e ficou olhando nos meus olhos, eu senti o meu corpo ficando fraco... e mais fraco e à medida que a respiração dele se encontrava com a minha tudo ia ficando mais turvo. Eu não acreditava que uma coisa assim havia acontecido, que porra era aquela? por que eu estava ali? por que ele estava ali? Por que era tão bom sentir o toque dele na minha pele? por que parecia absurdamente errado e certo tudo ao mesmo tempo?
- O que aconteceu ali no salão? - ele disse com os olhos sedentos por sangue, era assim com homens poderosos e maus. Eu havia aprendido isso desde pequena! Eles sempre têm uma habilidade quase que insana de arrancar tudo de você, das roupas até a alma. Porém, eu já estava familiarizada com o tipo.
- Me solta agora! Isso que está acontecendo aqui é totalmente errado! você não deveria estar no meu quarto, e nem tomando essas intimidades comigo Matteo...saia daqui agora!
Ele fechou os olhos assim que eu pronunciei o seu nome, respirou fundo e se aproximou um pouco mais de mim - Eu não suporto o jeito como você fala o meu nome Lion... - ele disse ainda com os olhos fechados.
Eu estava adorando a situação e ao mesmo tempo o meu coração estava batendo forte de tanto medo de estar ali naquela situação.
- Me solta agora... - eu disse ríspida
- Eu tinha um plano e você atrapalhou... e eu te prometo... que eu vou atrapalhar todos os seus!
- Do que você está falando? você só pode ser maluco! - ele me soltou finalmente, abrupto, com raiva... me jogou em cima da minha cama. – eu nem ao menos de conheço, aliás, nos conhecemos a uns cinco minutos e eu já te vi mais do que vejo o meu pai durante a semana...você é insano!
Matteo apenas me olhou nos olhos.
Saiu pelo mesmo lugar que entrou deixando o seu cheiro no meu quarto e levando embora a minha paz.
Eu respirei fundo e tentei minimizar os acontecimentos, comecei a fingir que nada daquilo aconteceu, e se aconteceu foi apenas um rompante causado por beber demais! Ele não faria isso em seu juízo perfeito, claro que ele estava mais do que grato de se casar com a minha irmã... como eu disse, ela era um anjo.
E tudo o que eu precisava fazer era me convencer de que aquela situação só precisava ser esquecida, mais cedo ou mais tarde Matteo me pediria desculpas e eu poderia odiá-lo menos.
Eu ia conseguir passar por tudo aquilo.... eu sei que poderia.
Se eu voltasse a dormir poderia até fingir que tudo não passou de um pesadelo horrível que eu somatizei por ter bebido demais.
Tudo era possível... menos contar as pessoas a verdade.
Eu somatizei todas as coisas, isso é verdade, eu fiz de tudo para que eu não pensasse mais naquele homem nem no cheiro dele ou no modo como ele me segurou forte nos braços a noite toda em meus sonhos, ele era noivo da minha irmã, e eu não podia interferir em nada que pudesse colocar em risco á vida perfeita e quadrada que minha irmã tanto queria para ela. Eu acordei no outro dia estranha, a calcinha melada da noite anterior, uma vontade imensa de ter tirado ela na frente de Matteo. Corei com o pensamento e me senti a maior das vagabundas, tomei um banho e desci as escadas na esperança de tudo aquilo ter sido apenas um maldito devaneio da droga da minha cabeça. - Olá Bella, acordou só agora... eu já estava indo ao seu quarto te acordar – disse Beatrice sorridente demais para o meu gosto no salão principal. - Eu só preciso de um café para acordar de algum jeito Bea, logo volto aqui e falo com você... sou um monstro com fome – sim eu era, aquilo ao menos não era mentira, porém, eu est
Eu não sou como toda mocinha de conto de fadas e livros clichês, eu nunca me senti desajeitada diante da minha irmã que era um monumento, eu nunca me senti feia em relação a nada e quando ele olhava para mim eu sabia que ele me queria de todas as formas possíveis e em todos os lugares e posições possíveis.Eu aceitei, com o coração batendo mais forte do que eu conseguia conter, mas eu encarei aquele desafio.- E então... Isabella não é? – disse o irmão dele caminhando ao meu lado, enquanto ele esticava o pescoço para trás para saber o que estávamos falando.Eu tinha pena.Minha irmã tentava incessantemente chamar a atenção do seu noivo, o homem que deveria estar dando 100% de atenção a ela o tempo inteiro.Matteo parecia incomodado demais com a forma como o irmão estava falando comigo.- E então... vocês dois... podem andar na nossa frente! – ele disse irritado demais para o meu gosto.- Eu realmente não vejo motivo para andarmos na frente, vocês dois precisam de um espaço para se con
Eu caminhei com o Pedro e ele brilhava. Mas infelizmente brilho nunca me atraiu e eu sempre gostei demais de problemas, eu não conseguia evitar. Era mais forte do que eu o meu ímpeto de ser uma m*****a louca de pedra. - Garotos – chamou minha avó do gramado – vamos jantar! – era ordem, ninguém se atrevia a não obedecer a uma ordem direta de uma dama envolvida com um monte de mafiosos armados até os dentes. Crescer nisso dava uma aura engraçada para a minha vida, e enquanto eu crescia em um colégio católico cheio de pompas e circunstâncias eu ouvia o quanto os pais das minhas amigas eram CEO’s de grandes empresas, enquanto eu sempre soube que o meu pai matava pessoas e contrabandeava drogas pelo mundo inteiro. O meu senso de justiça foi afetado, e talvez, só talvez, o meu senso de atração também. A luz nunca me disse nada, eu gostava de problema, e os olhos dele era puro ódio e me atraíam como um raio para ele. Ele se sentou na outra ponta da mesa, mas o meu sentimento, era que e
Todo o motivo do desprezo de Matteo era porque eu estava na jogada.E essa frase ficava ecoando na minha mente, de novo e de novo e sem pausa enquanto ela chorava as lágrimas mais sinceras que podia chorar.Eu não queria decepcionar Beatrice, minha intenção jamais havia sido essa, eu não esperava que esse homem me atropelaria como um caminhão sem freio em uma rodovia molhada pela chuva.Mas foi assim que aconteceu.- Tudo bem Bea, fala para o papai... que você... não se sente confortável se casamento com alguém que claramente não tem sentimentos por você! – até que ponto o meu conselho para ela era real? Até que ponto eu realmente estava preocupada com seus sentimentos e não com os meus?- Eu não posso! Eu quero me casar com ele! – ela disse firmemente se levantando e limpando as lágrimas no rosto.- Por qual motivo você iria querer se casar com um cara que não está nem aí para você? – eu falei veemente, acho que fiquei com o rosto vermelho do nada, por que sentia como se pegasse fog
Matteo foi embora, como sempre me deixando perturbada.Demorei uma vida para conseguir dormir e quando eu acordei de manhã a casa já estava na maior algazarra.- O que está havendo aqui? – eu gritei descendo as escadas, o vestido da minha mãe nas mãos de Beatrice me fez dar três passos para trás.- Oi Belinha, desce logo... vamos ajustar o vestido da Amélia para sua irmã! – disse minha avó vendo que eu realmente estava puta.- E quem disse que Beatrice pode usar o vestido da mamãe? – eu falei indignada.- Ah, não seja mimada! Depois você pode usar o vestido Isabella... – disse ela com um sorriso irritante nos lábios.- Eu jamais vou concordar com isso! Entendeu? O vestido da mamãe tem que ficar guardado, como era o nosso combinado!- Um desperdício de renda francesa! E você pode muito bem deixar sua irmã usar, logo será o seu casamento... Você poderá usar o vestido também!- O vestido da mãe vai ficar guardado! Entendeu?! Eu não quero você com ele, tem que ter respeito pela minha opin
O problema todo estava em mim e eu sabia, e ao sair do carro uma brisa leve bateu no meu rosto e eu fui atingida como um raio de desesperança quando na frente da droga da modista estava Matteo parado com seus seguranças com uma m*****a cara de quem ia matar alguém ali a qualquer momento. - O que faz aqui? – disse Beatrice um pouco surpresa, mas parecendo feliz pela “Atenção” que o seu noivo pretendia dar a ela, enfim, eu não podia dizer nada sobre isso, ele de fato teria que dar toda a atenção possível a ela. - Eu vim garantir que tudo sairá como o planejado, não deveria ter vindo? – disse ele olhando para mim, não sei por que, o cara simplesmente sempre dava um jeito de me impedir de respirar. - Dá má sorte ver a noiva antes do casamento! – disse ela um pouco sem graça. - Você verá que os planos vão mudar Beatrice, não se preocupe com isso! – disse ele misterioso, mas eu senti que o recado era para mim, ele não dava um maldito ponto sem nó. O celular da minha irmã explodiu em mil
Eu só soube chorar.E Beatrice não ficou atrás, ela estava arrasada.Um acordo foi feito, o meu casamento iria acontecer, eu apenas consegui mais duas semanas de anistia daquele martírio, já que tudo teria que ser repensado para que eu não tivesse o mesmo estilo de casamento da minha irmã que passou anos e anos planejando sua cerimônia perfeita.Eu não me interessei pelos preparativos, eu não ligava a mínima para o que iria ser feito ou não de tudo, e o olhar de ódio que minha irmã fazia vez ou outra me fazia querer ofegar e se deitar em posição fetal de tanto chorar.Número Desconhecido E então, tudo pronto? Nosso casamento acontece daqui a três dias!15:07 pmBellaEu odeio você, odeio esse casamento, odeio o olhar da minha irmã para mim por sua causa! Maldito!15:10 pmEu estava em uma maldita reunião de decisão sobre o sabor do maldito bolo, os docinhos que eu nem queria encostar e um bocado de assentos marcados com pessoas que eu nem ao menos conhecia.Mas era importante.Onde e
Ao chegar na modista um grupo de mulheres já se apinhava pelos corredores, os cumprimentos me incomodavam porque aquelas mulheres nem falariam comigo em circunstâncias normais.Porém, apesar da puxação de saco de sempre alguma coisa não estava bem no lugar, uma mulher morena me observava do outro lado da sala com um sorriso esticado no rosto e uma aura de puta de luxo que me dava nos nervos.- Desculpem, mas quem é? – apontei para ela, alguma fofoqueira bajuladora com certeza saberia o nome da mulher.- Eu sou Olívia... tudo Bem Isabella Lion? – disse ela se aproximando de mim – não pergunte a elas, fale comigo diretamente.- Eu só fiquei curiosa, você não parou de me olhar desde que entrei aqui! – eu disse insistindo em saber quem era, a postura dela era de despeito, mas ao mesmo tempo, um certo tipo de orgulho que só pessoas donas de alguma coisa que queremos tem estampado no rosto.- Meu nome é Olívia Mancini, muito prazer! Eu vim até aqui comprar um vestido para o seu casamento.-