CAPÍTULO 3

                                                           SOU LÉSBICA SIM!

Eufóricos os repórteres registravam cada frase e os paparazzi se encarregavam de fotografar as duas belas jovens. Todos providenciavam que a notícia fosse publicada no mundo inteiro — Esta garota é demais! — gritou um repórter sentindo que seria ela a libertar jovens do armário — Serei um deles — sorriu seguindo para agência.

O pai de Donna lia o jornal furioso — Ligue para essa pervertida! — sua carreira política, seus colegas! Sua mente estava perturbada — Fale que eu não quero vê-la nunca mais! Tenho um nome a zelar— ele gritava com sua mulher que chorava em silêncio — Faça o que estou mandando! Quero ver como vai viver agora. “De amor lésbico” — murmurou se afastando com o jornal debaixo do braço, sentando-se no sofá — Sou um miserável mesmo!

Na mansão da família Adams todos encaravam o assunto de forma natural— O nosso papel como pais é apoiar a nossa filha Meg — disse o senhor Pet.

Meg pegou o jornal olhando em silêncio por alguns minutos e disse:

—Sinto orgulho de nossa família, meu amor.

Enquanto conversava Donna descia a enorme escada com um belo corrimão banhado a ouro com os olhos lacrimejando — Mamãe me ligou, papai não me quer mais em casa, depois que leu os jornais.

Anne respondeu:

—Não é o fim do mundo. Ele é um homofóbico!

O Sr. Adams levantou-se olhando para elas — Em que século esse homem vive? — para surpresa de todos disse:— Não se preocupe Donna. Ficará conosco! Terá a mesma educação de Anne.

A senhora Meg a segurou pelos ombros — Providenciarei que termine seus estudos e se prepare para a vida. Seja bem vinda à família Adams, não se preocupe ficará muito bem conosco.

Orgulhosa dos pais Anne os abraçou emocionada — São os melhores! Farei questão que todos saibam disso.

Donna disse:

—Não pode levar isso a público.

—Por que não?

—Porque o meu pai é político e isso pode prejudicá-lo.

Anne deu um sorriso irônico — Veja o que fez com você! Ele se preocupou com isso? Não diga que não posso, porque eu posso e vou fazer. Ele vai falar o que quando perguntarem sobre você? Que está viajando? Donna você será vista o tempo todo ao meu lado.

Uma semana depois Anne resolveu fazer uma surpresa ao pai no centro financeiro de Los Angeles — Vamos almoçar com ele depois podemos ir ao cinema —Anne pediu que os seguranças deixassem os paparazzi e jornalistas se aproximarem —Avise que quero que seja ao vivo.

Donna tinha que superar mais um desafio pela frente.

—Anne obrigada por ser gentil com a imprensa. Será ao vivo, como solicitou. É verdade que a senhorita Donna está morando com sua família? — era uma repórter de mais ou menos 25 anos, magra de olhos verdes.

—Era tudo que eu queria — murmurou Anne respondendo: — Vivemos em um século moderno e de pessoas civilizadas. Tenho os melhores pais do mundo! Já não posso dizer de um homem que declara ser inteligente e sábio diante sua política— ela riu ironizando — O pai de Donna é tão covarde que mandou sua mulher ligar para ela, informando que não a queria mais na família. É um homofóbico! Que pai faz isso? Despreza a filha como um bicho sem valor ou moral. É uma mercadoria que comprou e devolve porque não gostou? — olhou para as câmeras em sua direção— Homofobia é crime! Desprezou seu bem maior. Sua filha! Ao saber que ela saiu do armário, fechou a porta e disse que não a queria mais na família. Ela não precisa de você! — Anne gritou — Então o voto do gay não é válido? O homossexual não é gente? — com aquela reportagem Anne chamava a atenção dos eleitores homossexuais —Donna está muito bem comigo; a amo e somos felizes. Meus pais dão todo apoio e carinho que ela precisa.

—Os seus pais aceitaram? Como é encarar esse tipo de preconceito?

— Donna estuda no mesmo colégio que eu, e está fazendo cursos. Quem você acha que paga? O pai dela? O preconceituoso? Donna não precisa dele! Passo por cima do preconceito, sem dor e piedade. Como já falei tenho os melhores pais do mundo —virou-se para se afastar, quando uma pergunta a chamou atenção.

—Anne você não tem medo da sociedade? Por mais que vivemos em um século moderno, além do preconceito, tem a violência. Algumas pessoas dizem que você só faz isso porque é rica.

—Que se dane toda sociedade racista preconceituosa e essa m*****a homofobia. Desde criança meus pais me ensinaram que o medo pertence aos fracos. Nasci para viver livre não trancada com medo do que vão dizer ou achar. Somos livres! Todos os afrodescendentes, que sofrem com o racismo, homossexuais, transgêneros, os bissexuais, com homofobia. Temos que gritar para o mundo, que somos seres humanos, com um diferencial: amamos, somos inteligentes e respeitamos o mundo e sua natureza e não somos covardes. Não tenho o porquê não viver e assumir os meus sentimentos. Faria o mesmo, minha moral não está na riqueza. O amor não tem preço. Conheço políticos e padres que criticam e condenam os homossexuais. Vamos analisar que na igreja a pedofilia é rotina. Na política a corrupção é fato. Já fiquei com algumas filhas de políticos e sobrinhas de padres. Virou-se para Donna — Meu amor, perdão pelo comentário, foi necessário.

A transmissão da jovem polêmica estava sendo ao vivo — Continuem com essa entrevista! A audiência é a melhor possível —disse o chefe de uma emissora local, por telefone.

—Anne não se acha muito jovem para amar? Você é muito jovem para declarar amor. Você um dia vai participar do programa na emissora dos seus pais. O grande debate? Você desafiando a igreja e...

Ela o interrompeu:

—Desafio? Se quiserem interpretar dessa forma que seja. Estou pensando em um debate bem interessante. Senhores, o amor tem idade? Sejam felizes! Chega de sofrer! Ser homossexual não é crime. Crime é ter homofobia — ela sorriu — Tenha uma boa tarde e respeite nossa privacidade — ela se afastou ouvindo:

—Vocês são dignas meninas! Contem com a imprensa!

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