O crepúsculo caiu sobre Haven, tingindo o céu de tons roxos e cinzentos enquanto o acampamento se recuperava do ataque dos Caçadores. As barricadas estavam danificadas, mas de pé, e os híbridos trabalhavam em silêncio, consertando o que podiam com mãos calejadas e determinação feroz. O cheiro de madeira queimada e metal derretido pairava no ar, misturado ao sangue seco que marcava o chão onde os inimigos haviam caído. Kael estava na caverna do conselho, o ombro enfaixado por Aria em um curativo improvisado que doía a cada movimento. Ao seu redor, os líderes de Haven formaram um círculo tenso: Talon, Sable, Rook, Mara e Finn. Aria estava ao lado de Kael, o dispositivo de interferência repousava sobre uma pedra à sua frente como um troféu de guerra. — Eles vão voltar — disse Talon, a voz firme enquanto ajustava uma flecha na mão. O felino,, exibe uma autoridade natural nos olhos verdes. — Caçadores não são o fim. São o aviso. A Genesis Core está testando nossas defesas. Rook asse
A noite caiu sobre a floresta como um manto pesado, as estrelas escondidas por nuvens escuras que prometiam chuva. Kael liderou o grupo de caça, os sentidos aguçados pelo DNA felino de tigre que corria em suas veias, captando cada som e movimento no terreno irregular ao norte de Haven. Sua aparência era humana — alta, musculosa, com cicatrizes marcando a pele —, mas a agilidade e força interna o tornavam um predador nato. Sable se movia-se ao seu lado, silenciosamente, os reflexos de leopardo evidentes em cada passo, a faca longa refletindo o brilho fraco da lua quando esta espiava entre as nuvens. Rook, um macaco com mãos ágeis e visão noturna apurada, segue atrás, os olhos espertos varrendo as copas das árvores. Zane, um canino com sentidos aguçados, e Vex, outra felina com agilidade de pantera, completavam o grupo, suas respirações visíveis no ar frio. O plano foi arriscado: encontrar o ponto de origem do batedor drone e destruí-lo antes que mais Caçadores fossem enviados. Talon a
A chuva diminuiu para um chuvisco leve quando o amanhecer chegou a Haven, o céu cinza refletindo-se nas poças que se formavam no chão do acampamento. Kael acordou com o peso quente de Aria contra seu peito, o corpo dela aninhado nas peles onde havia dormido. O calor da noite anterior ainda pulsava em suas veias, mas o comunicador do Genesis, ao lado deles, era um lembrete frio do que os esperavam. Ele a observou por um momento, os cabelos negros espalhados como tinta sobre a pele pálida, os lábios entreabertos em um sono leve. Ela era sua força, mas também suas fraquezas — uma verdade que ele aceitou com um rosnado silencioso. Ele levantou com cuidado, pegando a camisa rasgada que jogara de lado na noite anterior. O ferimento no ombro latejava, mas ele o ignorou, saindo da tenda para o ar úmido da manhã. O acampamento estava quieto, os híbridos ainda se recuperando da batalha e da tensão da caçada. Todos tinham aparência humana, mas Kael reconhecia os tipos: felinos como ele, com mo
A cela cheirava a ferro e desespero, um odor que Kael conhecia tão bem quanto o som de sua própria respiração. As paredes de aço reforçadas refletiam a luz fraca de uma lâmpada suspensa no teto, projetando sombras que dançavam como fantasmas sobre o chão frio. Ele estava sentado, os músculos tensos sob a pele marcada por cicatrizes, os olhos âmbar fixos na porta trancada à sua frente. Não havia janelas, nem ar fresco, apenas o zumbido constante do sistema de ventilação que mal disfarçava os gritos distantes de outros como ele — híbridos, prisioneiros da Genesis Core.Kael era diferente, diziam os guardas. Um modelo aprimorado, criado a partir do DNA de um tigre siberiano e de um soldado humano de elite. Seus reflexos eram mortais, suas mãos podiam partir metal, e sua mente... bem, sua mente era o que o mantinha vivo. Ele não se dobrava, não implorava, nem mesmo quando os eletrodos queimavam sua carne ou quando injetavam substâncias que faziam seu sangue parecer lava. Ele sobreviveu. S
O ar na câmara de contenção era denso, carregado com o cheiro metálico de sangue seco e o suor acre de corpos confinados. As luzes vermelhas piscavam em um ritmo frenético, sincronizadas com o alarme que gritava como uma fera ferida. Kael avançou entre as celas, arrancando aço como se fosse papel, libertando os híbridos um por um. Cada grade que caía no chão era um grito de desafio contra o Genesis Core, um eco do ódio que queimava em seu peito.Aria ao seu lado, os dedos ágeis digitavam códigos em painéis eletrônicos. Ela foi rápida, mas Kael percebeu o tremor em seus movimentos, o peso da adrenalina misturado com algo que ele não conseguiu identificar — medo, talvez, ou arrependimento. Ele não tinha tempo para analisar. Não agora.— Por aqui! — referiu-se a ela, apontando para um corredor à esquerda enquanto uma porta pesada começava a se abrir com um gemido mecânico. Do outro lado, sombras se movem — guardas armados, seus uniformes pretos reluzindo sob as luzes de emergência.Kael
O corredor tremia com o impacto dos passos dos Caçadores, cada batida reverberando como o martelo de um tambor de guerra. Kael sentiu o chão vibrar sob seus pés descalços, o instinto felino gritando para ele correr ou lutar. Mas Aria estava certa — correr era a única opção agora. Ele agarrou o braço dela, puxando-a para trás enquanto os híbridos libertados se espalhavam em um caos organizado, alguns carregando os feridos, outros rugindo em desafio.— Jogue essa coisa! — falei ele, os olhos fixos na granada que ela segurava como se fosse uma tábua de salvação. Aria arrancou o pino com os dentes, o movimento rápido e preciso, e lançou a granada em direção aos Caçadores. O objeto girou no ar, uma esfera prateada brilhando sob as luzes vermelhas, antes de explodir em uma onda de fogo e fumaça. O som foi ensurdecedor, um rugido que engoliu os gritos dos híbridos e o zumbido dos alarmes.Kael não esperou para ver o resultado. Ele empurrou Aria à frente, correndo com os outros pelo corredor
O rio corria lento ao lado deles, suas águas escuras refletindo fragmentos de uma lua partida por nuvens finas. Kael liderou o grupo em silêncio, os pés descalços afundando na lama fria da margem enquanto os híbridos o seguiam em uma fila irregular. O ar da noite era cortante, carregado com o aroma de pinheiros e o leve cheiro metálico da chuva que se aproximava. Ele mantém os sentidos aguçados, as orelhas captando cada farfalhar das folhas, cada respiração irregular dos outros. A liberdade era um gosto amargo — doce por um instante, mas envenenado pela certeza de que o Genesis Core estava logo atrás. Aria caminhava ao seu lado, o comunicador guardado no bolso da calça rasgada, os cabelos negros grudados no rosto por suor e umidade. Ela parecia pequena ao lado dele, frágil até, mas havia uma força em seus passos que Kael não podia ignorar. Ele ainda não sabia o que pensar dela — uma humana que traíra seus próprios mestres, uma cientista que carregava culpa como uma segunda pele. Mas
Talon olhou para o céu, os olhos observando algo que os outros ainda não viam. — Minutos, talvez. Vocês deixaram um rastro que até um cego poderia seguir. O rio não esconde o cheiro de sangue e medo. Aria xingou baixinho, puxando o comunicador do bolso. — Eu desativei os primeiros drones, mas eles devem ter enviado reforços. precisamos nos mover agora. — Não — disse Talon, erguendo a mão. — Correr só vai levá-los até nós. Vocês vêm comigo, ou morrem aqui. A escolha é de vocês. Kael rosnou, o som reverberando entre as árvores. — E por que confiaríamos em você? Talon o encarou, os olhos verdes inflexíveis. — Porque eu sei o que é ser uma arma deles. E sei como não ser mais. Se quiserem viver, sigam-me. Se não, boa sorte contra os Caçadores. O nome "Caçadores" fez o grupo se calar, o medo palpável no ar. Kael sentiu o peso do olhar dos outros sobre ele — todos esperando que ele decidisse. Ele odiava isso, uma responsabilidade que nunca pediria, mas que agora era de