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Capítulo 01 (Parte 02):

O jogador agarrou a própria calça e camisa jogadas perto de uma estante de livros, vestindo as peças o mais rápido que podia. As roupas da fotógrafa estavam um pouco afastadas, largadas mais perto da cama queen bagunçada no meio do quarto. Tinha sido uma tarde boa, muito boa, que deixaria vestígios na mente e corpo, e a julgar pelo enorme arranhão que Christian tinha nas costas, ele lembraria daquela tarde por pelo menos uma semana.

   — “Eu cheguei a cogitar abandonar tudo lá só pra vir te ver.” — repetiu baixinho julgando as próprias palavras enquanto fazia uma careta de desgosto. Tinha sido uma tarde boa, mas ele sentiu que provavelmente tinha perdido o que poderia vir a ser uma noite boa também. 

Seus olhos passearam pelo quarto de Alex, tinha passado pouco mais de duas semanas fora, mas o cômodo parecia um pouco diferente. As paredes que antes eram brancas, tinham um tom escuro e aconchegante de verde esmeralda. O lustre também tinha sido trocado, o que era um, quase medieval, conjunto de cristais que tilintavam irritantemente sempre que uma corrente de vento o alcançava, deu lugar a um pendente de aros prateados entrelaçados bem acima da cama. 

O número de livros na prateleira tinha aumentado também, uma coleção de romances de época da Julia Quinn tinham aparecido nesse meio tempo. “Um perfeito cavalheiro”, foi o livro que Christian puxou de forma aleatória de uma das estantes em forma de escada. Sentado na beira da cama ele folheou as páginas dando atenção somente à sinopse do fundo, não tinha interesse real de ler, mas gostava de conhecer os gostos da moça. 

Alexandria não demorou muito no banho. O cabelo preso em um rabo de cavalo alto tinha as pontas pintadas, desde a época da faculdade, de um verde já desbotado, molhadas.  Christian sorriu de canto, parte dele queria explicar que, de fato, tinha sentido falta dela, mas a outra tinha medo de piorar ainda mais as coisas. 

— Você fica bem de vermelho — seu desespero para puxar um assunto era tanto que ele decidiu elogiar o roupão da fotógrafa.

Alex riu. Com uma das mãos tirou o livro do rapaz o jogando sobre a cama e passando os joelhos ao redor das pernas dele, um de cada lado, sentando em seu colo da forma mais indecente que poderia.     

— Eu conheço bem os limites da nossa relação, Chris — suas mãos tocaram a barba curta do jogador. Ela gostava da sensação dos pequenos pelos afiados do seu rosto contra a pele dela. Sorriu minimamente — Eu senti sua falta também 

Christian afastou uma mecha do longo cabelo preto dela. As mãos dele desceram pelas costas da fotógrafa parando na base da sua cintura, eles gostavam um do outro, mesmo que preferissem não envolver sentimentos na relação. Os olhos dele estavam quase fechados em uma linha pequena, sempre ficava quando ele sorria verdadeiramente. 

— Alex — o pulso firme de Teddy Tapper contra a porta de madeira dela a fez saltar da cama em um segundo.

Era humilhante, mas ainda assim, Christian rolou sob a cama. Todo seu ego parecia ter deixado seu corpo e se transformado em uma espécie de pavor. Ser pego em um momento como aquele não era agradável, mas ser pego pelo próprio técnico era assustador. Ele prendeu a respiração quando Alexandria abriu a porta, como se o mínimo som da sua respiração o garantisse um encontro constante com o banco de reservas durante toda a temporada.   

 Teddy Tapper não era um homem ruim, ao menos não com ele, muito pelo contrário, o tratava como um filho durante os treinos, jogos e, principalmente, fora do trabalho, Christian perdeu as contas de quantas vezes saiu pra almoçar e jantar com o técnico, mesmo que sua real intenção fosse com a filha dele. Christian Peña achava Teddy uma pessoa gentil e carinhosa, mas não estava disposto a testar essa gentileza, pelo menos não quando estava escondido debaixo da cama da filha única, e vestida apenas com um roupão, do homem. 

Christian franziu o cenho, o estranhamento em suas feições era digno de uma foto, que Alexandria provavelmente tiraria se o pudesse ver naquele momento. Pelo pouco que podia ver, Teddy usava uma bermuda de moletom florida e bem casual, mas o que chamava sua atenção era o extravagante sapato social que o homem calçava. O calçado era tão envernizado que poderia deixar Christian cego. O sapato lustroso marrom parecia não acabar nunca de tão grande, uma costura discreta separava o bico da gáspea ornamentada apenas por um trio de ilhós e um cordão, da mesma cor, no lado externo do pé. Era um sapato bonito e caro, definitivamente caro. Quanto um técnico de futebol ganha? Ou ainda, quem usa sapato social em casa? Christian se perguntou dando ombros quando sua mente não conseguia formular uma resposta lógica. 

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