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Capítulo 01 (Parte 04):

— Então quer dizer que o seu pai gosta de mim? E que ele quer que você arrume um namorado? Bem providencial não acha? — Christian praticamente sussurrava, a ideia que Teddy Tapper estava com o ouvido colado na porta não lhe parecia tão utópica assim. 

Alex ergueu a sobrancelha. A ideia de uma proposta de Christian parecia tentadora, e apesar de que ela sabia que jamais aconteceria, sua presunção não perderia a chance de uma resposta.

— Chris — sua voz soou arrastada e quase cantada — Se você está pretendendo me pedir em namoro, espero que tenha pelo menos um buquê de astromélias azuis escondido em algum lugar desse quarto — fez uma pausa enquanto caminhava até o armário de roupas. Seus dedos afastaram alguns cabides e ela tocava algum tecido vez ou outra, apenas para largá-lo mais uma vez e continuar em busca de algo — Caso contrário, nem tente a sorte.

Alexandria suspirou. Mulheres e seus guarda-roupas nunca foram a melhor combinação, sempre acabava em uma tragédia: ou a mulher frustrada, ou o guarda-roupas completamente desarrumado. Alex tinha pelo menos uma centena de peças entre seus cabides e gavetas, mas nada parecia adequado: formais demais, arrumados demais, casual demais. Era estúpido, quase patético não ser capaz decidir a roupa que usaria para jantar em sua própria casa com o pai e o cara com quem dividia o lençol momentos antes.

— Eu fecharia uma pirâmide se fosse te pedir em namoro — a voz do equatoriano ecoou perto demais do ouvido de Alexandria. A diferença de altura entre os dois não era tão grande, na verdade, Alex era considerada alta demais com seus 1,72, e os sete centímetros a mais que Christian tinha deixava sua boca bem próxima ao ouvido da fotógrafa, quando estavam próximos o suficiente para isso. Alexandria suspirou, o ar quente vindo da respiração do jogador fazia sua pele se arrepiar. Chris esticou o braço tatuado alcançando uma calça pantalona bege em um dos cabides pretos aveludados — Você fica linda com essa. Você fica linda com qualquer coisa.

Ela sorriu minimamente. Os lábios sutilmente curvados deixavam claro que concordava com a opinião dele. A calça definitivamente ficava bem nela, um contraste perfeito com a pele de um tom areia pálida, típica de quem passou mais de quatro anos sem ver a praia, vivendo em um, como ela gostava de descrever: eterno frio londrino. Uma blusa curta social branca com detalhes quadriculados em preto pareceu uma combinação boa o suficiente.

— Pretendia me contar que foi convidado para jantar aqui? — Alex virou brusca sem diminuir a curta distância que existia entre eles. Os olhos mel do rapaz encaravam cada detalhe do rosto dela como se quisesse guardá-lo na memória, apenas para si. Se perguntassem, Christian responderia sem hesitação que não era apaixonado por Alexandria, e ela, bom, ela faria o mesmo, mesmo que cada olhar, pensamento e toque dissessem exatamente o contrário. Ele não respondeu. Apenas contraiu os lábios dando ombros — Eu vou julgar isso como um não — Os dedos do equatoriano repousaram sobre a nuca da fotógrafa puxando-a para perto antes de colar seus lábios. Alexandria jamais confessaria, mas nunca se acostumaria a beijar Christian. As borboletas no estômago eram involuntárias, o arrepio que a atingia era imediato, mas seu orgulho, a ideia de dar o primeiro passo, ainda eram maiores do que qualquer sentimento extasiante de estar com ele. Ela o empurrou de leve, quebrando o contato — Eu preciso me vestir e você tem que entrar pela porta da frente.

— Eu posso esperar você se vestir — ele deu alguns passos para trás sentando na beirada da cama apoiado nos braços. A postura largada fez Alex rir. Alexandria Tapper era fascinante para Christian, mas quando ela sorria o mundo parecia parar. Os olhos azuis brilhantes pareciam guardar milhões de segredos que ele queria merecer desvendar, mesmo que apenas por algumas noites. 

Ele não estava apaixonado. Ao menos era isso que dizia a si mesmo quando seu coração fibrilava perto dela. Talvez fosse verdade, não estava apaixonado, ou talvez apenas acreditasse veementemente que se repetisse aquilo milhões de vezes, seu coração aprendesse a bater compassado na presença da fotógrafa.

Christian empurrou os pensamentos para longe quando ela virou de costas para ele, deixando o roupão escorregar pelos braços. Seus olhos percorreram todo corpo dela e ele nem se importou em disfarçar. Ele abriu um sorriso mínimo quando notou uma tatuagem pequena, e recente, na base da coluna dela: uma libélula. Há duas semanas, o corpo do animal não passava de uma cicatriz em alto relevo, avermelhada e longa. Ela nunca quis contar o que era aquilo.  

 Um suspiro saiu dos seus lábios involuntariamente. Ele ficou calado. Tão quieto e imóvel que, se Alex não tivesse plena consciência de sua presença, ela acreditaria estar sozinha. Christian acompanhou cada mínimo movimento de Alexandria se vestindo, desde as roupas íntimas, até ela virar na direção dele fechando o último botão da blusa clara.

  — Você deveria ir logo — Alex sentou no colo do rapaz deixando beijos carinhosos em seu pescoço. Ele sorriu. Eles tinham atração um pelo outro e era isso que fazia a relação funcionar, mas acima de tudo, eram amigos, o que fazia a intimidade deles ser ainda maior do que de apenas pessoas que faziam sexo. — Vai ter que esperar pelo menos dez minutos lá fora, seria estranho você aparecer na porta segundos depois de eu descer, Peña. — Christian girou o corpo fazendo-os cair lado a lado no colchão.

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