Lukas Haus nunca acreditou no amor à primeira vista, achava brega, e muito utópica, a ideia de se apaixonar por alguém apenas olhando para ela. E apesar de a leitura ser um dos seus maiores hobbies, ele sempre abandonava livros “instalovers”. O máximo que o belga se permitia crer, quando o assunto era ver alguém pela primeira vez, era em atração. E foi essa atração que ele sentiu quando seu olhar cruzou com o da fotógrafa.O jogador sempre considerou vermelho como sua cor favorita, já tinha dito isso em algumas entrevistas para sites de fofoca e revistas teen em que seu rosto estampava a capa, mas se perguntassem novamente, ele diria que era azul. O azul frio dos olhos da mulher que encarava, especificamente. Tinha até uma justificativa para isso: “é a cor do meu novo time”, diria se fosse questionado o motivo da mudança.— Essa não é uma boa ideia — o tom de voz de Christian era diferente de minutos antes, quando se apresentou, um pouco mais grossa, quase forçada — Flertar com funci
Lukas riu, ainda com um resquício de hesitação no sorriso. Copiou o movimento dos outros dois, vestindo o colete chamativo antes de se virar e encarar o trio que enfrentariam. Christian mantinha o olhar fixo em si, desafiador, como se fosse um maldito goleiro tentando defender seu pênalti na final de uma Copa do Mundo. Andrew e Jaden, cada um de um lado do equatoriano, tinham as feições mais amigáveis. O camisa 10 do KRS não tinha gostado de si, ele tinha percebido, mas ainda não sabia a razão. ***************Alexandria já tinha mais fotos do que o suficiente para aquela manhã, mas ainda assim seus dedos não paravam de clicar no obturador, capturando desde o enorme sorriso no rosto do pai até a carranca estampada nas feições de Christian. Cole já tinha abandonado há muito a sua filmadora, sentado no chão, ele parecia entretido no seu celular. Os olhos do equatoriano caíram nela e ela pôde jurar que viu uma curvatura em seus
Christian levantou, virando de costas para Alexandria. Ela conseguia ver seus ombros subindo e descendo, tensos. Quando se virou, as mãos esfregaram o rosto, subindo para os cachos já desfeitos no cabelo. — Da mesma forma que você olhou pra mim naquela noite — ele não sustentou o olhar, desviando para o caminho que já devia ter percorrido até a academia.A primeira noite que passaram juntos. Era disso que ele estava falando e ela não precisava pensar muito para perceber isso. Seu cérebro foi preenchido por alguns flashes da noite: uma conversa estranha, duas doses de Margarita, flertes sem sentido, os lençóis bagunçados da cama do equatoriano na manhã seguinte e uma frase, uma frase que ela não fazia ideia que ressoaria em sua mente sempre que houvesse uma oportunidade. — Você não tem o direito de ter ciúmes de mim, sabe disso, não é? — Seu tom de voz calmo era meramente fingido, mas ela o manteve. — Eu não estou com ciúmes — rolou os olhos — Só não entendo por que tinha que f
Lukas parou de ouvir quando seus olhos perceberam os da fotógrafa em si. O cinegrafista ainda estava ali, falando com ela, da mesma forma que Thomas e Afonso falavam com ele, mas estava ocupado demais para prestar atenção. — Eu volto em um minuto — ele não esperou uma resposta dos novos amigos, atravessando a academia até a porta. Alexandria desviou o olhar, Lukas era encantador e se envolver com ele era a última coisa que ela precisava. Cole seguiu seu caminho em direção ao banheiro, os fios laranjas sumindo no horizonte. Ela suspirou, já fora do alcance do vidro, tinha poucos minutos até uma reunião com a equipe de marketing e isso tirava completamente sua paciência. O som da porta rangendo afastou os seus pensamentos e um embrulho se formou em seu estômago. Lukas Haus estava sorrindo, parado a poucos metros de si, o rosto levemente suado e os olhos verdes fixos nela. — Oi — falou enquanto rompia a distância entre eles — Eu sou o…— Eu sei quem você é — a frase saiu automática —
Alexandria não sabia ao certo a razão, mas seus pensamentos pareciam fluir em uma velocidade fora do comum. Talvez fosse a cafeína em excesso acumulada em sua corrente sanguínea, ou a quantidade de piadas machistas que a equipe de marketing conseguia inventar tão rapidamente a cada deixa.Alex não conseguiu deixar de pensar como seria incrível se essa criatividade fosse usada em prol do time, ou em qualquer outra coisa útil. Na apresentação em sua frente, prints dos insights da página do Instagram do KRS ocupavam a tela. Os números eram consideravelmente baixos, decepcionantes. Alex achou cômico, para dizer o mínimo, tinha tirado duas semanas de férias e os engravatados soberbos tinham acabado com o trabalho meticuloso de mais de um mês que ela, Cole e alguns designers tinham produzido. As publicações mais recentes divulgavam a nova camisa do time em modelos desconhecidos. O tom de azul petróleo ainda estava lá, dividindo espaço com um tom mais claro, serenity, em linhas médias diag
O trânsito de Londres era caótico, para dizer o mínimo, era, de longe, um dos piores do mundo, talvez melhor do que o de Salvador, apenas talvez. Mas excepcionalmente naquele dia, o universo parecia conspirar, um pouco, a seu favor. As ruas estavam vazias, raros carros ocupavam a pista. Lauren Hummel já estava sentada do lado de fora do restaurante francês quando Alexandria chegou. Estacionou a scooter a poucos metros do guard rail de vidro fumê que delimitava o espaço do estabelecimento antes de se livrar do capacete branco e se dirigir à mesa onde a amiga estava. Não era difícil enxergar Lauren, ainda que todos os lugares estivessem ocupados. O coque laranja feito com mais de meio quilo de box braids se destacava na multidão. Ela não pareceu perceber a chegada da brasileira, os olhos escuros focados no celular dobrável em suas mãos. A pele estava coberta por uma base de pelo menos dois tons acima da cor dos seus braços, era típico dela. Sua marca favorita de maquiagem não fabr
A ruiva assentiu, ainda calada. A julgar pelo jeito com que os olhos castanhos vagavam sobre o prato, todas as engrenagens da sua mente funcionavam ao mesmo tempo. Gotas de chuva atingiram a calçada próxima a elas. Era apenas uma garoa, e por isso, a tenda transparente sobre a área externa do restaurante parecia funcionar bem o suficiente, sem espantar nenhum cliente que optava pela brisa fresca do lado de fora. Alex olhou para cima. O dia tão cinzento quanto seus pensamentos. Podia ver as gotículas de chuva perdendo a trajetória quando batiam no plástico sobre si, o destino de atingir o solo momentaneamente interrompido. Tirou a câmera fotográfica da bolsa e direcionou-a para cima. Um clique e lá estava, uma foto que a fez sorrir.— Sadie me convidou para ser madrinha do casamento dela — Lauren levou o garfo à boca, mastigando um pedaço do seu nhoque quase intacto no prato e isso fez Alex suspirar. Sua mente, mais uma vez rápida demais para seu autocontrole, se lembrou de Christi
— Quando vamos dar a festa de boas-vindas aos novatos? — Jaden rompeu o silêncio, pronunciando as palavras entre uma mastigação e outra — É uma tradição.— Eu não sou o maior adepto de festas no momento, então… — Drew deu ombros, as feições vacilando minimamente como alguém que acabara de ver um fantasma antes de voltar para sua constante impassividade. Christian ignorou a conversa pelo máximo de tempo que pôde, mantendo a boca ocupada com garfadas consecutivas. Os olhos escuros do inglês estavam sobre si, fixos, irritantemente insistentes.— Você é, provavelmente, a pessoa mais insuportável que eu já conheci — falou, se dando por vencido. — Mas sem muitas bebidas, sem som alto e sem strippers. Só alguns caras do time vendo um filme e conversando.Andrew riu. O canto dos lábios suspenso na sugestão de um sorriso verdadeiro, do tipo que ele dava esporadicamente quando algo o agradava e ele não sentia obrigação de externalizar sobre aquilo. O norueguês terminou a refeição o mais rápid