Um carro já esperava por eles quando desembarcaram no Cairo e Harry foi incisivo e prático ao informar ao motorista que deveriam deixá-la no hotel antes de seguir para a concentração no Olympic Sports Center. O trajeto que o GPS informava que duraria 36 minutos levou o triplo. Harry tinha dito a ela, ainda no voo, que o trânsito de lá era ainda mais caótico que o londrino. Ela não acreditou a princípio, mas agora anotava uma nota mental de nunca desacreditar dele.Alex se despediu de Harry rapidamente, descendo do veículo onde o homem, para quem ela meramente sorria e assentia, falava algo em árabe para ela com sua mala em mãos e um sorriso no rosto. O seu hotel lembrava vagamente uma casa grande e ela gostou muito disso. Os ladrilhos debaixo dos seus pés formavam flores geométricas e o nome do hotel estava inscrito sobre um metal abaixo de uma arandela preta: “Villa Belle Epoque”. Algumas árvores e plantas ornamentais marcaram o caminho do portão preto até quatro degraus de mármore
Harry dormiu a maior parte do caminho de mais de três horas entre o estádio e o Porto, acordando apenas para incentivar Alexandria, que estava ansiosa demais para pregar os olhos, a tirar um cochilo e atender uma ligação de Andrew, que resmungava freneticamente algo sobre o empate da Noruega contra a Geórgia. A construção enorme de mármore marrom e vidros esverdeados fez Alex soltar um suspiro alto e animado, e Harry bocejou com um leve curvar dos lábios ao ver a empolgação dela. A fotógrafa não esperou, pronunciou um “obrigada” em árabe para o motorista, que era uma das únicas palavras que conseguira memorizar desde o dia que chegara, e desceu do carro, deixando que Harry combinasse horário de volta e qualquer outra coisa que fosse importante para ele, e desceu do veículo, se pondo de pé ao lado das bases ladrilhadas em azul da estrutura em que estava escrito com letras douradas “PORT OF ALEXANDRIA”.Uma extensão de mar e barcos alinhados se estendia diante dela, o cheiro salgado d
(27/03/2023)Lukas finalmente tinha conseguido sair da concentração na qual estava enfurnado desde o dia em que chegara à Bélgica. Sua seleção vencera o primeiro dos dois jogos da pausa internacional e ele se sentia mais cansado do que deveria, considerando que o segundo jogo seria no dia seguinte. Estava treinando demais. Tirou o casaco que cobria as três camisas que estava vestindo quando entrou na cafeteria e sorriu quando percebeu seus pais sentados na mesa costumeira. Joanna e Jules não tinham mudado nada nos últimos dois meses, mas Lukas percebeu uma terceira pessoa sentada na mesa com sua família.Sua mãe empurrou o marido para que ele saísse do caminho antes de se lançar nos braços do filho em um abraço. Suas mãos apalparam todo o rosto de Lukas, que sorria constrangido.— Você está ainda mais bonito. — Joanna falou, olhando-o de cima a baixo. — Como estão as coisas?— Muito boas, mãe, para ser o mais transparente possível… — ele suspirou. — Magníficas.Sua mãe demorou mais a
(29/03/2023) Harry já estava com uma taça na mão enquanto ele e Alex esperavam na sala de embarque o horário do voo de volta para Londres. O voo ainda demoraria algumas horas, por isso Alexandria parecia entretida com algumas fotos que havia tirado durante a viagem. Harry gostou de ver o sorriso no rosto dela, não percebera muitos sorrisos no último mês quando ela estava tão focada no trabalho.Ele estava encarando o próprio celular. Um e-mail do KRS brilhava no topo das novas mensagens como não lido na sua caixa de entrada e ele rolou os olhos antes de clicar nele. Uma imagem azul e dourada adornada por arabescos informava de maneira prática com letras floreadas: Baile de Caridade Anual do KRS, a realizar-se no dia 08/04/2023 às 19:00 no Hotel Degas. Uma pequena observação com letra genérica ocupava a parte de baixo do convite: Cada colaborador terá direito a apenas um convidado.Harry rolou os olhos e mostrou a tela para Alex, que bufou em resposta, voltando a atenção para a próp
Os lençóis brancos da cama de hóspedes de Keegan estavam muito bagunçados e a fotógrafa culparia Lukas, que se remexia sem parar deitado ao seu lado enquanto contava, empolgado, sobre seu gol, que levara a vitória da sua seleção sobre a Alemanha no dia anterior. Alex gostava de ouvi-lo falar com tanta empolgação, já estavam deitados ali compartilhando detalhes das respectivas viagens há mais de uma hora e meia, sua mala ainda por desfazer ao lado da porta branca do closet que ainda não sentia pertencer completamente a si. — É sério, Alex, é até estranho estar tão ensandecido com um gol, mas quando o goleiro veio na minha direção e eu… — ela não ouviu mais uma palavra do que ele disse.O vídeo que viu no telefone do egípcio preencheu seu cérebro. O goleiro peruano corria na direção de Christian, seu rosto retorcido de dor contra o gramado, o tornozelo inchado e avermelhado. Seu estômago revirou.Os olhos verdes de Lukas a encaravam com uma expectativa animada e ela empurrou a memória
“Não se apaixone por mim, eu não vou me apaixonar por você”. Já fazia quase um ano desde que Alexandria Tapper ouvira aquela frase, mas não houve um dia sequer que as palavras não ressoaram em seu cérebro como um lembrete vívido da relação, meramente casual, que mantinha. Ela odiava não saber como se sentia sobre isso. (02.01.2023) O visor do ar condicionado do quarto de Alex indicava confortáveis 68ºF, o que em uma conversão para graus Celsius, ficava em torno de 20º. Deveria ser extremamente agradável, mas o vapor vindo da fresta do banheiro deixava a janela da suíte levemente embaçada e o ar pesado, como se acabasse de entrar em uma sauna.Coberta com apenas um lençol fino floral, ela queria, desesperadamente, gritar para que Christian saísse logo do seu banho, mas estava tentando, a pedido do próprio rapaz, ser uma pessoa mais paciente, uma tarefa extremamente árdua para a fotógrafa.Alexandria fechou os olhos, contou até dez, bateu as pernas, tentou até meditar focando em fra
O jogador agarrou a própria calça e camisa jogadas perto de uma estante de livros, vestindo as peças o mais rápido que podia. As roupas da fotógrafa estavam um pouco afastadas, largadas mais perto da cama queen bagunçada no meio do quarto. Tinha sido uma tarde boa, muito boa, que deixaria vestígios na mente e corpo, e a julgar pelo enorme arranhão que Christian tinha nas costas, ele lembraria daquela tarde por pelo menos uma semana. — “Eu cheguei a cogitar abandonar tudo lá só pra vir te ver.” — repetiu baixinho julgando as próprias palavras enquanto fazia uma careta de desgosto. Tinha sido uma tarde boa, mas ele sentiu que provavelmente tinha perdido o que poderia vir a ser uma noite boa também. Seus olhos passearam pelo quarto de Alex, tinha passado pouco mais de duas semanas fora, mas o cômodo parecia um pouco diferente. As paredes que antes eram brancas, tinham um tom escuro e aconchegante de verde esmeralda. O lustre também tinha sido trocado, o que era um, quase medieval, co
— Achei que sua reunião iria demorar mais — Alexandria forçou sua mais plena feição de tranquilidade para o pai, a expressão calma não deixava transparecer em momento algum que Christian Peña estava escondido sob sua cama. — Eu saí antes — Teddy massageou a própria nuca, as bolsas levemente arroxeadas se formavam aos poucos sob os olhos azuis do homem e o deixavam com a aparência de alguém muito mais velho do que os poucos 47 anos que ele tinha — Eu conheço meu sistema tático melhor que ninguém, a última coisa que eu preciso é de um bando de engravatados me dizendo quem eu devo ou não liberar para venda. Você acredita nisso? Eu levei esse time para a primeira divisão sem apoio nenhum, agora eles acham que podem me dizer o que fazer com os meus jogadores? É sério, acha que eles chegariam à Premier League sem mim? — Ele bufou, mas emendou outro assunto antes que a filha pudesse responder algo — Além disso, eu precisava passar naquele restaurante italiano com nome estranho. Cinccino, Ce