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Capítulo 01 (Parte 06):

— Lukas Haus vai se apresentar no treinamento amanhã — Teddy sorriu dando uma explicação que ninguém havia pedido.

Alex franziu o cenho, não fazia ideia de quem era Lukas Haus e não estava interessada em descobrir. Christian forçou um notório sorriso amarelo, não tinha nada pessoal contra o outro, sabia apenas o básico: Lukas era belga, tinha vinte e dois anos e era considerado uma promessa do futebol mundial, mas algo dentro dele sentia uma ameaça iminente. O clima estranho pairou por alguns segundos e Alexandria se sentiu na obrigação de intervir.

— Você disse que você e o seu irmão tocaram na garagem — os olhos claros encararam o jogador — Aprendeu alguma música nova? Nada contra seu repertório repetitivo do Ed Sheeran 

Christian gargalhou. Seus sorrisos verdadeiros eram seletivos. Ele assentiu. Alex apontou com o nariz em direção à um suporte para violão na sala de estar, há alguns passos do corredor que o pai acabara de voltar. Era um violão antigo de Teddy que funcionava mais como ítem de decoração já que ninguém na casa sabia tocar. Os olhos do equatoriano encontraram os do técnico, um pedido de licença não verbalizado que foi prontamente assentido.  

Ele não levou mais do que trinta segundos para ir e voltar com o violão preto em mãos. Com a mão livre, puxou a cadeira que estava sentado um pouco mais para trás ganhando espaço para o instrumento. Seus dedos removeram a palheta lisa da casa apoiando-a sobre o joelho. Com cuidado, Christian rolou os dedos sobre as tarraxas, levando um curto tempo para conferir a afinação e logo reposicionando o capotraste na parte inferior da segunda casa. Seus dedos dedilhavam algumas notas desconexas antes de finalmente uma melodia conhecida preencher a cozinha dos Tapper junto com a voz tímida do equatoriano. 

I met you in the dark, you lit me up

You made me feel as though I was enough

We danced the night away, we drank too much

I held your hair back when

You were throwing up

A música de James Arthur saia como um sussurro dos seus lábios. Alex sentiu seu estômago revirar, mais tarde colocaria a culpa na comida, mas apenas naquele momento, preferiu deixar um sorriso escapar encarando os lábios vermelhos do rapaz cantando timidamente com os olhos mel se dividindo entre o chão e ela.    

Then you smiled over your shoulder

For a minute, I was stone-cold sober

I pulled you closer to my chest

Teddy também deixou um sorriso escapar, mas diferente da filha, notoriamente hipnotizada, seus dentes perfeitamente brancos deixavam um misto de orgulho e malícia no ar. Christian se perdeu na melodia por uma fração do tempo. Os olhos encontrando os de Alex tempo o suficiente para sua mente vagar por todas memórias que tinha com ela, mas não o bastante para Teddy perceber algo.

And you asked me to stay over

I said, I already told ya

I think that you should get some rest

— Eu não aprendi a cifra completa — Christian mudou o tom de voz rapidamente e abaixou a cabeça, tímido. Ele sabia a cifra completa, mas parte de si percebeu como aquela música parecia uma declaração melosa e a última coisa que precisava era que Alex achasse que estava apaixonado. Ele definitivamente não queria estragar o que tinham e os termos do relacionamento eram muito claros: sexo sem compromisso. Ele mesmo tinha imposto.

— Uau — Teddy aplaudiu virando o que era a sua quarta dose de uísque duplo da noite — James Arthur é tão… — ele revirou os olhos azuis como se escolhesse as palavras com sabedoria em seu cérebro parcialmente embriagado — Romântico. Está apaixonado, Christian?

O equatoriano engasgou. O rosto se tornando vermelho à medida que ele recuperava o ar que lhe pareceu faltar. Os olhos passearam por Alex, parte de si queria ver a reação dela à pergunta, mas debaixo dos azul frio, só existiam expressões apáticas. Ele encostou o violão em uma cadeira vazia numa velocidade muito menor que o necessário, uma maneira de ganhar tempo para achar a resposta ideal.

— Relacionamentos que envolvem amor são complicados demais pra mim — ele franziu a boca, quase como se estivesse orgulhoso de si mesmo.

Alex ajeitou a coluna na cadeira. Cada feição e palavra que saia da boca do equatoriano passava por uma análise meticulosa em seu cérebro.

— Estar apaixonado e amar são coisas diferentes, Peña — ela cruzou as pernas ganhando atenção não só dele, quanto do próprio pai — Por definição, paixão é basicamente atração sexual e desejo de companhia.

— Você é uma leitora ávida de dicionários, não eu — ele riu fazendo a fotógrafa rolar os olhos.

— Não vamos misturar sentimentos aqui — a frase de Teddy fez um pequeno embrulho na barriga dos dois. Não misturar sentimentos era exatamente o que eles faziam. O lado paranóico de Christian gritava que o treinador sabia de tudo que acontecia entre eles e estava se preparando para dar um bote. Mas Teddy estava apenas curioso sobre a vida sexual do equatoriano, provavelmente uma maneira de tentar ser “descolado” ou reviver a própria juventude — Vai me dizer que não tinha nenhuma equatoriana disposta a passar um tempo, se é que você me entende, na sua presença íntima?

Christian considerou fingir uma ligação importante só para ter a chance de fugir daquele assunto. Ele não tinha vergonha daquilo, mas evitaria ao máximo que pudesse falar na frente de Alex sobre outras garotas, afinal, seu histórico com palavras erradas era mais extenso do que poderia contar. 

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