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Capítulo 01 (Parte 07):

— É… — se deu por vencido — Tinham algumas, mas não foi nada importante — a última parte soou como uma explicação para a fotógrafa sentada ao seu lado. Pelo que Christian conhecia de Alex, as expressões neutras em seu rosto não eram um sinal ruim, mas estava longe de ser bom — Na verdade, tem uma pessoa importante. Ela não é do Equador, é daqui de Londres, mas não é nada sério, a gente só… Você sabe…

As sobrancelhas do patriarca Tapper se moveram para cima e para baixo, com interesse. Teddy estava bêbado e isso era uma constatação óbvia. 

— Vocês só transam — Alexandria ergueu o olhar entediado para ele voltando a atenção às pontas descascadas da unha sem muita importância. Teddy limpou  a garganta, um pequeno traço de embaraço manchava os olhos azuis — O que? — Ela deu de ombros naturalmente — Não é como se alguém aqui ainda fosse virgem. Eu não consigo entender, por que sexo ainda é um tabu social? Não tem razão pra ter vergonha de algo que é instintivo e básico, se você existe é porque alguém transou pra você nascer. 

A naturalidade com que ela falava constrangia os homens na sala, cada um por uma razão diferente. Teddy deu um longo gole no uísque, provavelmente para manter a boca ocupada por tempo o bastante para não responder à filha. 

— Você precisa tomar cuidado — o homem falou depois de um momento, enfim deixando o copo sobre a mesa — As mulheres de hoje em dia são muito ligadas ao poder financeiro e social de um homem. 

Os olhos de Alex estavam focados no celular em suas mãos. Novas mensagens de Lauren brilharam na tela, algo sobre sua criatividade e inspiração estarem em falta seguidos por gifs de um Minion arrancando os poucos fios de cabelo que tinha. Ela respondeu sucinta: o print da ficha técnica de um filme sobre moda, que ocupava a memória do seu aparelho há algum tempo, esperando o momento certo de ser usado.

— Poder financeiro e social? — Christian inclinou o rosto, sua confusão marcada em cada parte do rosto — Quer dizer dinheiro? Acha que as mulheres se interessam por mim por causa de dinheiro e fama?

— Não — o treinador balançou as mãos em frente ao corpo — Eu quero dizer que muitas mulheres se aproximariam de você visando um… — ele jogou o corpo sobre a mesa sussurrando as próximas palavras — golpe. Tem que ter cuidado pra não engravidar ninguém. Mas não quer dizer que você não seja simpático.

O silêncio pesou mais do que deveria. 

— Se eu fosse transar com o Christian, por exemplo — Alex falou sem tirar as orbes do telefone fazendo o pai arregalar os olhos — Seria pela beleza dele, não pelo dinheiro — Ela finalmente levou os olhos frios aos do pai — Mulheres também transam por diversão, sabia? E o Chris é o que eu chamaria de… — ela mordeu o lábio inferior fingindo que o analisava, como se não conhecesse cada mínima parte do corpo dele mais intimamente do que qualquer outra pessoa —… um puta gostoso.

Christian arregalou os olhos, o rubor preenchendo suas bochechas enquanto ele tossia, aparentemente se engasgando com o gole de suco que tomara. 

— Não foi o que eu quis dizer — o treinador ergueu as mãos no ar, como se estivesse se rendendo — É uma situação completamente diferente e você é minha filha, eu conheço a sua índole, além de que eu sei que vocês dois nunca se envolveriam — com certeza era o teor alcoólico falando, se estivesse sóbrio, Teddy nunca falaria tão abertamente sobre sexo. — Você é complicada emocionalmente, o Christian é despreparado pra isso. — ele deu ombros — Quer saber? Eu vou deitar, a minha cabeça tá rodando e provavelmente isso vai virar uma discussão que eu não vou lembrar amanhã de manhã, então, é melhor eu ir.

Teddy bufou rolando os olhos para o equatoriano como se a filha não pudesse ver. Trocou um pouco os pés com uma dificuldade palpável de andar em linha reta. Christian levantou prontamente. Suas mãos alcançaram as costas do treinador o impedindo de tombar quando pisou no primeiro degrau da escada. O belga sorriu agradecido. Ele gostava verdadeiramente do jogador, caso contrário não aceitaria sua ajuda, afinal, o ego de Teddy Tapper era seu maior defeito. 

Alexandria ficou sozinha com seus pensamentos conflituosos por algum tempo. Os  sentimentos estranhos que nutria por Christian, a relação conturbada com Teddy, a iminente reunião com os assessores de marketing do time, a falta de inspiração repentina de Lauren. 

Se desmayó — a voz do equatoriano tinha uma sonoridade muito mais sensual quando falava em espanhol — É sua última chance. — ele se aproximou da fotógrafa de pé em frente à pia marmorizada — Solo pide y me quedo.

— Peña — suspirou se afastando minimamente — Você acha que vai me convencer só mudando o idioma? — Se fosse um dia normal, sim, ele facilmente mudaria a opinião dela, mas não depois de passar tanto tempo na sua cabeça. — Eu tenho muita coisa pra fazer amanhã.

Ele sorriu amarelo dando alguns passos para trás antes de se virar em direção a saída da cozinha. Uma porta de vidro dava direto para a garagem dos fundos da casa, o mais perto possível da rua escondida que tinha deixado o próprio carro horas antes.

— Então acho que essa é minha deixa — Christian agarrou o casaco preto pendurado em um gancho de parede. Antes que seus dedos alcançassem a maçaneta ele virou brusco procurando o olhar de Alex — O que eu falei mais cedo, sobre só uma pessoa importar, era verdade. Eu não tô apaixonado, não se preocupa, mas eu gosto da gente, de como a gente funciona, como é fácil e sem complicação.

— Eu também — Alex virou de costas, voltando sua atenção para a pia cheia — Boa noite, Chris.

— Boa noite, Alex.   

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