A LEMBRANÇA

Vendo a ira da irmã, Emily com seu jeito apaziguadora, logo tentou contornar a situação.

— Calma Juliene, vai me dizer que você nunca viu os desenhos que Lillian faz, desde o jardim que ela é boa em desenhos só que de uns tempos pra cá ela tem melhorado bastante, e se você não fosse assim tão desdenhosa com todos nós, já teria se imperado dos talentos dela, ou agora até com o que ela pode e é capaz de fazer, você também vai implicar.

Ao ouvir o que a irmã mais nova que ela falou com tanta atitude, Juliene ficou sem reação pois ali ela viu que realmente não se importava com nenhum deles a não ser perceber o quanto todos só mimava a pobre indefesa Lillian, que naquela manhã nem parecia mais tão indefesa como sempre tinha sido desde muito pequena. E assim como Jullian já tinha percebido as filhas e até a própria Lillian, também já tinha percebido que realmente ela estava diferente desde que acordou naquela manhã. Aliás, desde que voltou do encontro com a mãe, as avós e a irmã que elas nunca souberam que um dia existiu.

— O que está acontecendo aqui? — perguntou Jullian já de pé ao lado de todas. Às quartos olharam imediatamente para ele e o avô que também tinha se aproximado para saber o porquê da mudança de comportamento das netas.

— Nada, não aconteceu nada. —  falou Juliene saindo em passos firmes seguindo em direção ao caminho de volta para casa.

— Vamos também meninas por hoje já chega, —  disse Jullian.

— Senhorita Betina, agradeço e peço desculpas por qualquer incómodo que minhas filhas possam ter lhe causado. — disse Jullian olhando fixo nos olhos da mulher ao seu lado que também o olhava nos olhos com a mesma intensidade.

— Tchau Betina, gostei muito de tê-la aqui nesta manhã com a gente, eu pedirei ao meu pai para me levar até seu estúdio para poder ver as fotos e falarmos sobre o quadro dos meus desenhos, pois eu quero muito fazê-los. —  disse Lillian tirando Betina e Jullian do transe que os dois se encontravam.      

—T-Tá, tá eu ficarei os aguardando. — falou Betina sentindo-se sem graça.

—  Então até mais tarde Betina porque eu também irei com papai e Lillian. —  falou Emily.

—  Senhorita Betina lamento por tudo e seja bem vinda em nos acompanhar para um café em nossa casa quando quiser. —  disse o senhor Júlio.

Jullian a olhou e se despediu com um aceno de cabeça, em seguida se afastou com os demais em direção a sua casa.     

Betina ficou ali de pé os olhando partirem desolados, pois algo dentro dela a incomodava como se o afastamento de toda aquelas pessoas não devesse acontecer. Mesmo sem entender, caminhou em direção a sua casa, ao entrar seu gatinho logo veio ao seu encontro se esfregando em suas pernas lhe desejando boas vindas, depois de fazer um carinho em seu pelo e falou palavras carinhosa para seu bichinho de estimação, Betina seguiu para para a cozinha, bebeu um copo de água, pegou uma maça e depois de lavá-la seguiu para sala comendo-a, se jogou no grande e confortável sofá sherwood pérola de couro legítimo, Betina ficou olhando para o horizonte através da porta que dava para a espaçosa varanda de frente para o mar. E ali ficou repassando o que lhe aconteceu naquela manhã, não demorou para algumas reminiscência surgissem em sua mente fazendo-a lembrar-se do passado quando era simplesmente uma menininha que adorava correr descalço pela praia coletando conchas e colocando em um grande pote junto ao filho do amigo de seu avô, ao lembrar-se daquele episódio, Betina arregalou os olhos pois ali viu que o menino que era um pouco mais velho que ela, era tão bondoso e paciente a ponto de lhe ajudar a coletar conchas para acrescentar na sua coleção, pois a cada dia o mar deixava inúmeras conchas em cores diferentes, as cores eram tão coloridas que ela ficava impressionada e juntava para sua avó fazer artesanato como os abajus de seu quarto, Betina ficou paralisada ao descobrir que aquele garoto tímido era o Jullian que ela acabou de ver na praia, só em pensar nele, ela sentiu um calor que subia por suas entranhas queimando-a toda por dentro, Betina levantou e seguiu imediatamente para a varanda esfregando o peito e a garganta, pois estava com dificuldade de respirar, achando estranho tudo aquilo que estava sentindo, já que não era normal, ela estava muito o querendo naquele exato momento, estava desejando desesperadamente aquele homem coisa que ela não sentia por ninguem anos. De pé na varando Betina olhava na direção da casa de Jullian, não avistando ninguém, mal sabia ela que ele estava sim ali também buscando sua presença, contudo, no momento que a viu surgir na porta se esquivou para trás da cortina, escondendo-se, observando-a pela fresta, Jullian estreitou os olhos ao vê-la se abanando parecendo desesperada, ele estranhou, pois não estava nem tão color para tamanho desespero. Jullian ficou escondido observando Betina pelo tempo que ela ficou na varanda.

Um tempo depois, Betina saiu e seguiu para o banheiro, sentindo-se ainda com muito calor decidiu se banhar com água fria.

***

A tarde chegou, já passava das dezesseis horas quando Lillian gritou Betina dos degraus da escada que tinha antes de chegar a porta de sua casa.     

Betina apareceu, e ao ver Lillian, Emily e logo atrás Jullian estremeceu, pois lembrou-se do calor que sentiu pensando nele, no entanto, logo respirou e se compôs, afinal não estavam sozinhos.

— Oi, meninas podem vim. —  disse Betina de pé na porta.

—  Cadê Juliene, não veio?

— Não, ela ainda está de mau humor, mas acredito que já, já, ela aparecerá, ela é sempre assim adora fazer um drama e quando ver que não damos atenção, ela muda de ideia e se junta a nós. —  disse Emily que já conhecia muito bem a irmã.

— Certo, entendi, com os meus sobrinhos e a mesma coisa, a menina e desse jeito também.

— E mesmo e você tem quantos sobrinhos? — perguntou Lillian. 

— Um casal mais a menina nunca aceitou muito bem quando o meu sobrinho nasceu, pois durante muito tempo ela foi a única até que meu sobrinho chegou, e tudo mudou já que meu irmão queria muito ter um filho. 

Jullian ficou ali de pé só ouvindo as três interagirem.

—  Vem, vou mostrar-lhes as fotos dessa manhã, todas ficaram lindas, acredita que nenhuma estragou, isso é incrível pois sempre algumas saem danificadas mais por algum milagre as de vocês, todas ficaram perfeitas, eu amei cada uma delas, mais eu sou suspeita né já que fui a fotógrafa. — falou ela olhando para Julian que também a olhava e os olhares deles se encontraram, fazendo ambos sentirem-se estranhos.  

As meninas nem perceberam o clima entre o pai e a mais nova amiga, pois estavam olhando as inúmeras fotos espalhadas na grande mesa à frente delas, Lillian e Emily não tocaram nas fotos até que Betina falou que podiam. Jullian estava impressionado com o belíssimo trabalho de Betina.

Pois a cada foto que ele e as filhas pegavam para ver, mostrava que a mulher sabia mesmo como manejar uma câmera, pois o foco, o ângulo estavam perfeitos. Ele sorriu com as caras e bocas que Lillian fez para a câmera mostrando seu lado divertido e extrovertido.

Ao seu lado Betina presenciou o extraordinário sorriso dele e aquilo a fez lembrar-se do sorriso tímido do menino de anos atrás.

— Jullian, depois que cheguei em casa essa manhã, eu lembrei de momentos de quando éramos crianças, até achei umas coisas que o vovô e a vovó guardaram. — falou Betina lhe entregando uma pequena caixa a qual todos pararam de ver as fotos daquela manhã para ver o que tinha na caixa que Betina tinha entregado a Jullian, e justo naquele momento, Juliene entrou na grande sala perguntando:

— Oi, o que isso?

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo