CAPÍTULO 2

Eu tinha o sonho de me tornar médica, mas eu sabia que aquela era uma realidade distante, e o que me restou foi um emprego em uma cafeteria, já que o emprego na loja ficava muito longe da minha mais nova morada.

Enquanto as máquinas de café produziam uma melodia monótona na cafeteria, eu sorria para os clientes, escondendo o eco persistente desse sonho que ainda ressoava em meu coração. O aroma do café substituía o cheiro do formol dos laboratórios, e os pedidos de cappuccinos substituíam as consultas que eu sonhava em conduzir.

Cada xícara servida era um lembrete silencioso das escolhas que a vida me ofereceu. No entanto, mesmo entre os grãos moídos e os clientes apressados, eu encontrava pequenos momentos de satisfação. Cada expresso era uma paleta de experiências únicas, e eu aprendia a saborear as histórias que os clientes compartilhavam enquanto aguardavam o café.

Nos intervalos entre os turnos na cafeteria, as apostilas de biologia e anatomia se misturavam aos pacotes de café. À noite, depois de um dia exaustivo, eu mergulhava nos livros, alimentando a chama persistente do meu sonho. A jornada para me tornar médica não estava perdida; apenas estava sendo reescrita com capítulos inesperados.

Enquanto a máquina de café ronronava, eu viajava entre mundos, mantendo vivo o sonho que um dia me levaria além do balcão da cafeteria. Cada sorriso para os clientes era um passo firme em direção à determinação de construir um futuro que, mesmo que diferente do planejado, seria meu.

Eu só não esperava que aquele homem absurdamente lindo que havia acabado de entrar na cafeteria iria mudar o rumo da minha vida.

— Um café, por favor.

Ele disse, olhando ao redor da cafeteria com desinteresse evidente.

Seus olhos, por um breve momento, encontraram os meus, mas o brilho que costumava estar lá estava agora obscurecido por uma camada de indiferença.

— Sem açúcar e sem qualquer complicação...

Acrescentou, como se cada palavra fosse uma tarefa árdua. Enquanto eu preparava o café, ele continuou, sua voz fria:

— Sabe, esse lugar é apenas um ponto de passagem. Não espero que haja algo notável aqui.

Eu respirei fundo, tentando ignorar a aura de desdém que permeava suas palavras, eu não conseguia entender como um homem tão lindo poderia estragar a beleza com tanta arrogância.

— Aqui está o seu café.

Murmurei, oferecendo a xícara, e ele respondeu, sem expressão...

— Obrigado, acho.

Cada interação era como um fragmento de gelo, mas algo nele me intrigava. Em meio a palavras gélidas, eu sentia uma história não contada, uma camada de emoção escondida sob sua aparente frieza. Naquele momento, naquela cafeteria comum, era como se o calor dos nossos destinos colidisse, desafiando a frieza que ele tentava exibir.

Enquanto entregava o café, decidi tentar quebrar o gelo que envolvia a interação. Com um sorriso sutil, perguntei...

— Então, qual é o seu nome? Acho que seria estranho continuar chamando você de "senhor café sem açúcar'.

Ele olhou para mim com a expressão impassível, e respondeu...

— Meu nome é Alex Vilar. Não que faça diferença.

— Alex, repeti, como se o nome fosse uma pista para decifrar o enigma diante de mim.

— Eu sou Melissa Garcia, caso tenha alguma curiosidade.

Ele apenas acenou levemente com a cabeça, como se a troca de nomes fosse uma formalidade desnecessária. Uma parte de mim queria descobrir mais sobre esse homem cujas palavras eram tão frias quanto o café que ele pediu, mas o mistério que pairava sobre ele era palpável.

— Se precisar de mais alguma coisa, Alex, estou por aqui.

Ofereci, meio na esperança de que ele revelasse algo mais do que o exterior imperturbável que mostrava.

Enquanto eu continuava atrás do balcão, Alex, de maneira inesperada, tirou um papel do bolso e escreveu algo rapidamente.

Ele então se aproximou e disse, de forma quase imperceptível...

— Aqui está o meu número, me ligue.

Entregou-me o papel com o número do telefone, uma ação que contradizia totalmente a frieza que ele havia mostrado anteriormente. Antes que eu pudesse formular uma resposta, ele se afastou, como se tivesse acabado de realizar uma transação de negócios.

Eu fiquei ali, segurando o papel, tentando entender a súbita mudança no comportamento de Alex.

Entre a confusão e a curiosidade, percebi que havia mais nessa história do que eu inicialmente imaginava. O número do celular, escrito em tinta preta, era uma ponte para um mundo além do café e das palavras gélidas de Alex. O papel guardava não apenas um contato, mas um enigma a ser desvendado.

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