Eu tinha o sonho de me tornar médica, mas eu sabia que aquela era uma realidade distante, e o que me restou foi um emprego em uma cafeteria, já que o emprego na loja ficava muito longe da minha mais nova morada.
Enquanto as máquinas de café produziam uma melodia monótona na cafeteria, eu sorria para os clientes, escondendo o eco persistente desse sonho que ainda ressoava em meu coração. O aroma do café substituía o cheiro do formol dos laboratórios, e os pedidos de cappuccinos substituíam as consultas que eu sonhava em conduzir. Cada xícara servida era um lembrete silencioso das escolhas que a vida me ofereceu. No entanto, mesmo entre os grãos moídos e os clientes apressados, eu encontrava pequenos momentos de satisfação. Cada expresso era uma paleta de experiências únicas, e eu aprendia a saborear as histórias que os clientes compartilhavam enquanto aguardavam o café. Nos intervalos entre os turnos na cafeteria, as apostilas de biologia e anatomia se misturavam aos pacotes de café. À noite, depois de um dia exaustivo, eu mergulhava nos livros, alimentando a chama persistente do meu sonho. A jornada para me tornar médica não estava perdida; apenas estava sendo reescrita com capítulos inesperados. Enquanto a máquina de café ronronava, eu viajava entre mundos, mantendo vivo o sonho que um dia me levaria além do balcão da cafeteria. Cada sorriso para os clientes era um passo firme em direção à determinação de construir um futuro que, mesmo que diferente do planejado, seria meu. Eu só não esperava que aquele homem absurdamente lindo que havia acabado de entrar na cafeteria iria mudar o rumo da minha vida. — Um café, por favor. Ele disse, olhando ao redor da cafeteria com desinteresse evidente. Seus olhos, por um breve momento, encontraram os meus, mas o brilho que costumava estar lá estava agora obscurecido por uma camada de indiferença. — Sem açúcar e sem qualquer complicação... Acrescentou, como se cada palavra fosse uma tarefa árdua. Enquanto eu preparava o café, ele continuou, sua voz fria: — Sabe, esse lugar é apenas um ponto de passagem. Não espero que haja algo notável aqui. Eu respirei fundo, tentando ignorar a aura de desdém que permeava suas palavras, eu não conseguia entender como um homem tão lindo poderia estragar a beleza com tanta arrogância. — Aqui está o seu café. Murmurei, oferecendo a xícara, e ele respondeu, sem expressão... — Obrigado, acho. Cada interação era como um fragmento de gelo, mas algo nele me intrigava. Em meio a palavras gélidas, eu sentia uma história não contada, uma camada de emoção escondida sob sua aparente frieza. Naquele momento, naquela cafeteria comum, era como se o calor dos nossos destinos colidisse, desafiando a frieza que ele tentava exibir. Enquanto entregava o café, decidi tentar quebrar o gelo que envolvia a interação. Com um sorriso sutil, perguntei... — Então, qual é o seu nome? Acho que seria estranho continuar chamando você de "senhor café sem açúcar'. Ele olhou para mim com a expressão impassível, e respondeu... — Meu nome é Alex Vilar. Não que faça diferença. — Alex, repeti, como se o nome fosse uma pista para decifrar o enigma diante de mim. — Eu sou Melissa Garcia, caso tenha alguma curiosidade. Ele apenas acenou levemente com a cabeça, como se a troca de nomes fosse uma formalidade desnecessária. Uma parte de mim queria descobrir mais sobre esse homem cujas palavras eram tão frias quanto o café que ele pediu, mas o mistério que pairava sobre ele era palpável. — Se precisar de mais alguma coisa, Alex, estou por aqui. Ofereci, meio na esperança de que ele revelasse algo mais do que o exterior imperturbável que mostrava. Enquanto eu continuava atrás do balcão, Alex, de maneira inesperada, tirou um papel do bolso e escreveu algo rapidamente. Ele então se aproximou e disse, de forma quase imperceptível... — Aqui está o meu número, me ligue. Entregou-me o papel com o número do telefone, uma ação que contradizia totalmente a frieza que ele havia mostrado anteriormente. Antes que eu pudesse formular uma resposta, ele se afastou, como se tivesse acabado de realizar uma transação de negócios. Eu fiquei ali, segurando o papel, tentando entender a súbita mudança no comportamento de Alex. Entre a confusão e a curiosidade, percebi que havia mais nessa história do que eu inicialmente imaginava. O número do celular, escrito em tinta preta, era uma ponte para um mundo além do café e das palavras gélidas de Alex. O papel guardava não apenas um contato, mas um enigma a ser desvendado.No fim do expediente eu fui pra casa, tirei o número do bolso, peguei o celular e liguei pro número fornecido pelo Alex.— Eu estava esperando a sua ligação Melissa.— Como você sabe que sou eu?— Eu dei esse número apenas pra você.— Eu não entendi o motivo de você ter deixado o seu número, qual foi a sua intenção?— Eu tenho uma proposta para você. — Que proposta?— Te darei um apartamento, um milhão de reais e a faculdade de medicina dos seus sonhos, tudo isso em troca de ser minha amante pelos próximos seis meses.A proposta que ele fez era inesperada e, de certa forma, desconcertante, a oferta pairou no ar, uma mistura estranha de oportunidade e dilema. Por um lado, estavam os sonhos que eu guardava secretamente, agora tão perto de se realizarem. Por outro lado, a ideia de ser amante de alguém por um período definido deixava-me desconfortável.— Como você sabe que quero fazer medicina? Perguntei, perplexa.Ele respondeu com uma calma calculada...— Pra mim não é difícil ter ess
No dia seguinte, enquanto eu estava me arrumando pra ir ao trabalho, o meu celular tocou, era o Alex, sua voz firme ecoou no celular...— Melissa, a partir de agora, você deve pedir demissão do seu trabalho. Assumo integralmente os seus gastos.A instrução de Alex trouxe consigo uma nova realidade, um mergulho mais profundo no mundo que ele estava proporcionando. A promessa de segurança e o compromisso financeiro intensificavam o vínculo entre nós, trazendo à tona as implicações práticas daquela escolha.Com uma mistura de apreensão e curiosidade, eu me vi ponderando sobre as mudanças que aquela decisão acarretaria.— Você tem certeza que quer bancar todos os meus gastos? Perguntei com uma pontada de dúvida na minha voz, mas ele respondeu, com uma confiança aparente...— Melissa, isso é parte do acordo. Quero garantir que você tenha tudo o que precisa, sem se preocupar com as questões financeiras.Apesar da explicação, uma sensação persistente de desconforto permanecia. A ideia de de
Após a agitada manhã na cafeteria, voltei para casa, tomei um banho rápido e me preparei para cuidar do visual conforme as instruções de Alex. Decidi ir a um salão que nunca imaginei ter dinheiro para frequentar.Ao entrar no salão, porém, a atmosfera mudou. O tratamento que recebi foi frio e distante, uma clara indicação de que não era uma cliente típica. Os olhares e comentários sussurrados sugeriam que minha presença ali não era bem-vinda.Mesmo diante do tratamento desagradável, respirei fundo, decidida a não deixar que a hostilidade daqueles olhares me afetasse.A dona do salão apareceu com seus olhos críticos fixos em mim e com uma expressão de desdém falou comigo.— Certamente, você não tem dinheiro para frequentar este lugar. Por favor, retire-se.A humilhação pairava no ar enquanto os olhares curiosos se voltavam para a cena constrangedora. Ouvir aquilo foi doloroso, tornou-se um lembrete das barreiras sociais que o dinheiro muitas vezes costumava impor.— Não é justo você
Após o banho, vesti uma roupa confortável, escovei os cabelos e fui para a cozinha preparar algo para comer. Enquanto saboreava minha refeição, fui surpreendida por batidas na porta e ao abrir, vi Alex diante dos meus olhos.A presença inesperada dele trouxe uma mistura de surpresa e curiosidade. — Alex, o que faz aqui?— Posso entrar?Eu acenei com a cabeça concordando.Alex entrou com cuidado e seus olhos observaram os meus com atenção. Com gestos suaves, ele segurou carinhosamente meu queixo, notando os olhos vermelhos causados pelas lágrimas.— Melissa, não permitirei que ninguém a faça chorar novamente dessa forma. Isso não deveria ter acontecido.A lembrança dos eventos dolorosos ainda pesava no meu peito, e involuntariamente, lágrimas molharam novamente o meu rosto, a vulnerabilidade do momento era evidente, mesmo diante da presença reconfortante de Alex.Ele percebendo as lágrimas em meu rosto, agiu com gentileza, limpando-as suavemente. Em seguida, pediu que eu me arrumas
Quando voltamos pro carro, Alex me olhou com surpresa.— Eu achei que você iria querer ela fora dali.— Eu sempre vou escolher o bem independente da maldade das pessoas Alex.— Você é tão diferente de mim Melissa, essa sua bondade e pureza me deixa fascinado.— Mas você já não sabia quem eu era antes de entrar na minha vida?— Eu deixei passar esses detalhes que com certeza irão me modificar por dentro, eu sinto uma necessidade absurda de proteger você e eu não estava contando com isso.— Então me diz Alex, quais eram os planos iniciais? O que te motivou a me fazer a proposta que fez?— Ainda não é o momento pra falarmos sobre isso, agora vamos.— Pra casa?— Não, Melissa, ainda resta um lugar pra irmos.Mesmo sem Alex mencionar explicitamente o local, eu pressentia que ele estava me conduzindo ao shopping, a intenção dele era clara, ele desejava que a dona da loja que me destratou recebesse a mesma lição que a dona do salão. A surpresa tomou conta de mim quando chegamos ao shopping
Enquanto Alex e eu caminhávamos pelo shopping, como um casal, meus olhos se fixaram em um vestido deslumbrante na vitrine. Era um vestido longo, envolto em um tom suave de rosa pálido. A saia fluída proporcionava um movimento gracioso, e a parte superior delicadamente bordada com detalhes florais em tons mais escuros dava um toque romântico.As mangas curtas apresentavam um padrão sutil de renda o deixando elegante e o decote em V acentuavam a feminilidade, enquanto a cintura marcada realçava a silhueta, ele era perfeito.Ao perceber o brilho nos meus olhos diante do vestido, Alex me puxou para dentro da loja. A expectativa e a empolgação preenchiam o momento enquanto íamos em direção ao vestido que capturou minha atenção. — Sejam bem vindos, como posso ajudá-los?A vendedora perguntou com um sorriso no rosto, mas eu não sabia se aquele tratamento era sincero ou era pelo fato dela ter percebido o padrão do Alex.— Minha namorado gostaria de experimentar esse vestido.A simples mençã
MELISSA*Eu nunca imaginei que um homem milionário e dono da metade dos estabelecimentos comerciais de São Paulo fosse cruzar a minha vida e virar ela de cabeça pra baixo.Ele era casado e eu era só uma garota com traumas e virgem, alguém que nunca soube o que era ter um homem dentro de si.Crescer naquela casa sempre foi como dançar em uma corda bamba, esperando a queda a qualquer momento. Minha relação com meus pais era mais uma partitura desafinada do que uma harmonia familiar.Minha mãe, com seu olhar crítico, sempre parecia encontrar falhas até nas minhas melhores conquistas. "Melissa, isso poderia ter sido feito de forma melhor"...Ela dizia, como se perfeição fosse uma obrigação e não uma escolha. Meu pai, por outro lado, estava sempre imerso em seu próprio mundo, distante e indiferente às batalhas diárias que eu enfrentava.Numa noite fria, ao jantar, tentei compartilhar um pouco do meu dia..."Consegui uma boa nota na prova de matemática hoje", eu disse com um sorriso frág