CAPÍTULO 6

Após o banho, vesti uma roupa confortável, escovei os cabelos e fui para a cozinha preparar algo para comer.

Enquanto saboreava minha refeição, fui surpreendida por batidas na porta e ao abrir, vi Alex diante dos meus olhos.

A presença inesperada dele trouxe uma mistura de surpresa e curiosidade.

— Alex, o que faz aqui?

— Posso entrar?

Eu acenei com a cabeça concordando.

Alex entrou com cuidado e seus olhos observaram os meus com atenção.

Com gestos suaves, ele segurou carinhosamente meu queixo, notando os olhos vermelhos causados pelas lágrimas.

— Melissa, não permitirei que ninguém a faça chorar novamente dessa forma. Isso não deveria ter acontecido.

A lembrança dos eventos dolorosos ainda pesava no meu peito, e involuntariamente, lágrimas molharam novamente o meu rosto, a vulnerabilidade do momento era evidente, mesmo diante da presença reconfortante de Alex.

Ele percebendo as lágrimas em meu rosto, agiu com gentileza, limpando-as suavemente.

Em seguida, pediu que eu me arrumasse, pois tinha planos de me levar a algum lugar e mesmo sem muita vontade, decidi seguir suas instruções e fui pro meu quarto enquanto ele me aguardava na sala.

Eu fui escovar os dentes e depois fui escolher a roupa que eu usaria. A curiosidade sobre para onde ele me levaria competia com a cautela que as experiências recentes haviam causado.

Eu escolhi um vestido que marcava perfeitamente a minha cintura, eu estava tentando transformar a dor recente em uma expressão de beleza.

Com uma maquiagem leve eu procurei disfarçar os rastros das lágrimas, depois eu organizei novamente os cabelos e calcei as sandálias.

Ao sair do quarto, percebi o olhar fascinado de Alex, captando a transformação.

Alex se aproximou de mim, e seus olhos refletiram apreciação e carinho.

— Melissa, você está deslumbrante.

O elogio dele trouxe um toque de calor à noite, dissipando um pouco das sombras deixadas pelas experiências difíceis.

— Alex, você está muito próximo... Murmurei, sentindo uma proximidade intensa entre nós.

Ele olhou nos meus olhos e, com sinceridade, admitiu...

— Eu estou tentando conter a vontade de beijá-la.

A proximidade da respiração de Alex, tão próxima, fez minha pele arrepiar intensamente.

Cada centímetro entre nós pulsava com uma eletricidade palpável, a troca de calor e a respiração compartilhada criavam uma sensação de proximidade íntima.

O arrepio na pele era um eco das emoções intensas que permeavam o momento, enquanto a noite, carregada de expectativas e desejos contidos, continuava a desdobrar-se em uma dança emocional imprevisível.

Mesmo com a tensão palpável entre nós, Alex revelou que não poderia perder a linha naquele momento, pois tinha que me levar a um lugar específico, e ele se afastou, quebrando momentaneamente a intensidade do momento.

A compreensão de que havia outros planos naquele momento adicionou uma camada de complexidade à nossa interação, e a promessa de algo além do imediato criava uma antecipação ansiosa.

O afastamento de Alex, embora temporário, deixou no ar a promessa de um futuro desconhecido e emocionante.

Ao sair de casa acompanhada por Alex e entrarmos em um carro luxuoso, percebi o olhar atento dos vizinhos, e uma sensação de vergonha se instalou.

A ostentação do momento destacava-se no ambiente mais modesto ao redor.

Alex, atento às minhas emoções, percebeu a vergonha refletida em meu rosto.

O contraste entre os mundos, diante dos olhos dos vizinhos, me deixou desconfortável.

Alex, percebendo minha vergonha diante do olhar deles quebrou o silêncio.

— Amanhã, vou levá-la para morar em outro lugar, assim, não terá mais sua vida sendo comentada por ninguém.

A promessa de um novo lar, longe do julgamento alheio, trazia uma mistura de alívio e expectativa.

— Eu vou morar onde?

— No apartamento que eu prometi que te daria.

A rapidez com que a promessa de Alex iria ser cumprida quase parecia surreal, e uma onda de emoção tomou conta de mim.

Eu Mal podia acreditar que em tão pouco tempo, a promessa de um novo lar iria ser realizada.

Eu agradeci a Alex pela promessa cumprida e, em seguida, me mantive em silêncio durante o restante do percurso, pois o turbilhão de emoções internas pedia um momento de introspecção.

Ao pararmos exatamente em frente ao salão da qual fui humilhada, um nó se formou em minha garganta, o silêncio era carregado de memórias e significados, e o destino escolhido por Alex sinalizava que a noite não seria apenas sobre luxo, mas de justiça.

— O que viemos fazer aqui, Alex?

— Vou ensinar à dona do salão a nunca mais tratar ninguém da forma como você foi tratada, vamos descer, você vem comigo.

Seguindo a determinação de Alex, desci do carro com ele e entrei no salão ao seu lado.

A presença imponente de Alex ao meu lado era palpável, e o salão, que outrora me havia humilhado, agora se transformava em um palco onde justiça e confronto se encontrariam.

A dinâmica da noite assumia uma complexidade ainda maior, e eu me preparava para enfrentar não apenas as memórias dolorosas do dia, mas também para testemunhar as consequências das ações de Alex na busca por equidade e respeito.

O olhar penetrante da dona do salão e das clientes presentes se voltaram para nós, e ficou evidente que a dona estava nitidamente assustada.

A presença de Alex e minha entrada ao lado dele alteraram a dinâmica do salão, transformando-o momentaneamente em um cenário de confronto.

— Alex? O que te trás aqui?

Perguntou enquanto olhava pra mim desconfiada, mas logo em seguida voltou a encará-lo.

O fato dela ter o chamado pelo nome deixava evidente que já se conheciam, e eu fiquei intrigada.

A resposta de Alex foi direta...

— Quero você fora deste estabelecimento pela manhã.

No mesmo momento, uma revelação chocante me atingiu, Alex era o dono do estabelecimento.

A mulher olhou pra mim e pareceu perceber o motivo daquela decisão.

— Eu não sabia que você conhecia essa moça, Alex.

— É sua obrigação tratar bem qualquer pessoa.

— Desculpe, isso não irá se repetir.

— Não irá mesmo, pois você irá devolver o ponto comercial logo pela manhã.

— Você não pode fazer isso Alex, eu estou aqui há cinco anos, e nós renovarmos a pouco tempo o contrato.

— Eu faço questão de pagar a quebra do contrato, isso não será um problema.

— Alex, peço que você reconsidere, dificilmente eu irei conseguir um ponto comercial em um local tão bom e acessível.

Diante do desespero da mulher, Alex olhou pra mim, e imediatamente me deu autonomia pra tomar aquele decisão.

— Você decide Melissa, você permite que ela continue aqui?

A mulher olhou pra mim e se desculpou pela forma como me tratou, e ao receber as desculpas dela, mesmo que não parecessem sinceras, permiti que ela continuasse no estabelecimento.

A superficialidade do pedido de desculpas não alterou minha integridade, e eu escolhi seguir adiante, mantendo minha dignidade inabalável.

A decisão de permitir que ela continuasse refletia não apenas uma força interior, mas também uma compreensão de que, independentemente do tratamento recebido, minha identidade permanecia intacta.

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