6| Capítulo

Afrodite Ribeiro 

Assim que dá o horário eu me levanto sem despertador, vou correndo para o banheiro, tomo um banho rápido, visto roupa de academia e corro para fora do banheiro antes que passe do horário, pego o celular vendo que ainda são oito da manhã, assim que saio do quarto dou de cara com o meu segurança, sorrio.

—  Bom dia—  Falo tentando parecer animada.

—  Bom dia senhora, onde deseja ir?—  Ele questiona sério.

—  Academia—  Falo.

 —  Me acompanhe!—   Ele fala já começando a descer as escadas.

—  Se você não se importar, meu nome é Afrodite e eu gostaria de ser chamada pelo meu nome, você me chamar de senhora faz eu me sentir super velha—  Digo e vejo um meio sorriso em seus lábios  —  Qual o seu nome?— 

—  Benito, senhorita Afrodite —  Fala.

—  Obrigado Benito—  Falo e ele assente.

Descemos os degraus e assim que estamos na sala, entro na mesma porta que entrei ontem e vejo a mesa de café da manhã montada, Rocco me encara sério, me analisando de cima a baixo.

—  Bom dia Rocco! —   Digo.

—  Bom dia! —   Ele diz serio.

—  Só um minuto—   Falo para o meu segurança, pego um copo com suco, tomo em um gole só, pego um pedaço de maçã e enfio na minha boca.  — Já podemos ir!

—  Por aqui senhora. —   Ele fala.

Ele aponta para a porta e eu quase corro em direção a saída, quando vejo a porta dá academia eu entro e rapidamente ele sai, olho todos os equipamentos e coloco uma música no fone, sorri ligando a esteira.

Fecho meus olhos e começo a correr rapidamente tendo a vista linda da piscina, enquanto corro percebo que as câmeras estão em mim, vou para o outro lado da sala e as câmeras me seguem, reviro meus olhos. Corro mais rápido ainda, sentindo minhas pernas arderem.

Continuo fazendo a minha série de exercícios e quando termino, tiro meu tênis e toda a minha roupa ficando com meu biquíni, assim que abro a porta Benito abaixa a cabeça .

—  Vou entrar na piscina—  Falo e já indo andando em direção a piscina.

Pulo na piscina indo até o fundo e nado com braçadas fortes até o outro lado, quando termino subo novamente e vejo um Rocco bem sério me encarando,

—  Oi, aconteceu algo?—  Pergunto confusa.

—  Que merda você acha que está fazendo quase pelada na minha piscina?—  Reviro meus olhos. —  Isso aqui não é um puteiro! 

Abro e fecho a minha boca tentando segurar a minha vontade de mandar ele ir a merda.

—  Isso é o meu biquini—  Falo seria. —  Não entendi, esse seu tom de voz comigo.

Rocco me lança um olhar de pura raiva e desgosto, me deixando envergonhada fazendo eu me sentir podre.

—  Eu não sei como vocês fazem no país de vocês, mas no meu uma mulher decente não se veste assim. —   Engulo em seco.

Vou até a escada e subo, quando saio da piscina me sinto ridícula sob o seu olhar rígido,  corro até a academia, pego as minhas roupas e saio correndo, quando entro na cozinha dou de cara com a dona Eleonor que me olha com um sorriso fofo.

—  Oi, minha linda.—  Ela fala — Fiz um café da manhã especial para você, diretamente do seu país. —  Sorrio

—  Obrigado, eu já desço só deixa eu me trocar de roupa! —  Falo e ela assente sorrindo.

—  Esse seu biquíni está tão lindo nesse seu corpo cheio de curvas —  Sorrio sentindo o meu coração ficar quentinho.

Corro para o andar de cima, me troco e desço novamente. Para o meu azar vejo ele sentado na mesa novamente, esse homem já não tomou o café?

Engulo em seco e me sento na mesa o mais longe possível dele, dona Eleonor traz uma bandeja e coloca na minha frente.

Quando eu olho vejo um potinho com manga e morango cortado em pedaços, três pães de  queijo e um misto quente bem recheado, sorrio feliz.

—  Meu Deus! —   Falo e então antes que eu consiga me controlar lhe dou um beijo na testa fazendo ela ficar corada  —  Eu estava com tanta saudade disso aqui, jesus.

—  Eu gostei muito de você! —   Ela fala  — Tenho certeza que vamos ser ótimas amigas, depois me fala o que podemos fazer de almoço e janta.

—  Bom, eu amo uma boa lasanha, macarronada ou strogonoff com batata palha. —  Falo e ela sorri  —  Depois posso te contar dá cultura do meu país, comida e tudo o que você quer aprender.—  Ela sorri animada e puxa a cadeira se sentando ao meu lado

—  Bom, eu ouvi uma vez sobre o churrasco lindo que vocês fazem. —  Fala.

—  Eu sinto tanta saudade do nosso churrasco. —  Falo e ela sorri —  Nós só temperamos a carne com sal grosso, compramos carne, coxinha de frango e linguiça, mas a linguiça do meu país é diferente dessa, sabe? A de vocês parece a linguiça calabresa, o nosso frango eu amo quando temperamos com mostarda.

—  Nossa, mas isso é uma coisa que podemos fazer—  Fala —  Posso pedir para alguém trazer, e então fazemos um bom churrasco para você matar a saudade. —  Sorrio

—  Nossa, seria ótimo! —   Falo e ela sorri.

—  E me fala sobre o carnaval e as novelas, eu amo as novelas antigas de vocês. —  Sorri e olhando para aquela senhora eu senti o meu coração ficar quente.

—  Você parece a minha mãe, minha mãe também ama novelas e ela não passa um dia em casa no carnava. l—  Falo e ela rir —  Podemos falar sobre isso tudo, já que vou ficar trancada aqui.—   Falo e ela sorri.

—  Bom…—  Olho para Rocco que se levanta da mesa —  Vou dá um beijo na Sophia, você já sabe das regras! 

Ele fala e sai dá mesa me deixando chocada com a sua falta de educação e o jeito que ele é rude.

—  Ele é assim mesmo minha filha, um homem muito sério. —  Dona Eleonor fala. —  Mas me conta, como vocês se conheceram...

Respiro fundo e dou de ombros, se ele confia e gosta tanto dela não vai se importar com ela saber tudo, começo a contar e os olhos da senhora se esbugalham a cada palavra minha.

—  Dios mio! —  Ela fala chocada. 

—  Pois é, mas tá tudo bem, vai ser só de aparência, não é nada sério, né. —   Falo rindo, tentando não deixar o meu nervoso transparecer.

— É sério sim, casamentos na nossa cultura são para a vida toda a não ser que eles inventem algo sabe?—  Assinto.

—   Bom, eu confio na Aurora e sei que ela não vai me deixar presa eternamente em um casamento de fachada. —  Falo sentindo um aperto grande no peito. Aurora não seria capaz de fazer isso comigo, né?

—  Amém menina, amém! —   Ela fala com um sorriso torto.

Sorrio e então escuto um grito fino, Eleonor tira um telefone que eu usava quando era babá para conseguir saber se a criança já tinha acordado e então ela se levanta colocando a cadeira no lugar.

—  Bom, eu vou cuidar da minha pequena. —   Ela fala, assinto e ela sai da sala de jantar.

Quando termino meu café, suspiro me sentindo completamente sozinha nessa casa gigante, vou para o quarto e me jogo na minha cama, pego o meu Kindle e me deito ligando ele aproveitando para colocar a leitura em dia.

*****

— Menina? —  Pulo assustada da cama vendo a senhora me olhando preocupada.

—  Oi, aconteceu alguma coisa?—  Questiono.

—  Você não desceu para almoçar, bati aqui na porta você não respondeu e eu achei que estava dormindo, mas agora já está na hora da janta e você não acordou então resolvi te acordar. — Me expreguiço

—  Meu Deus, me desculpe eu comecei ler e acabei dormindo, já vou descer!—  Falo e ela assente.

—  Ok! —  Fala e sai fechando a porta.

Coloco um casaco e saio do quarto, quando chego na cozinha Rocco está sentado no mesmo lugar de hoje de manhã, me sento quatro cadeiras longe e começo a me servir em silêncio, é uma macarronada que cheira muito bem, na primeira garfada sinto o gosto maravilhoso de molho caseiro.

Meu celular vibra, pego ele e vejo uma foto que a minha mãe mandou dela e do meu pai, ambos super felizes na praia do rio de janeira apreciando o pôr do sol, antes que eu conseguisse controlar, uma vontade gigante de chorar veio, ligo pra ela e apoio o celular na mesa, no segundo toque ela atendeu.

—  Oi, meu amor..

—  Oi mamãe. —  Falo e antes que eu consiga controlar as lágrimas escorrem.

—  Meu amor, o que está acontecendo?—  Ela fala e eu nego —  Vamos falar bem rapidinho, antes que seu pai chegue e fique preocupado. 

—  Ok. —  Falo e ela assente.

—  Fala meu bebe, o que está te deixando chateada—  Fala.

—  Eu estou com saudades de você e do papai, sabe?  Estou muito tempo fora sem ver vocês, sentir o cheiro, receber os carinhos e ter os nossos momentos, sabe? —  Minto e ela suspira.

—  Eu também sinto tanta saudades de você, que às vezes eu finjo que você só está fazendo faculdade ou casou e saiu de casa e está muito feliz. —  Sorrio e limpo as minhas lágrimas, deixo a comida de lado.

—  Que eu casei é? —  Questiono rindo e ela assente.

—  Óbvio, você sabe que meu maior sonho é te ver de noiva, com um vestido longo todo branco e ver seu pai te levar até o altar.—  Sorrio, antigamente eu falaria que isso não iria acontecer, mas hoje não posso falar isso.

—  Você é demais! —  Falo, ela sorri.

—  Eu tenho certeza que dessa vez o meu visto vai dar certo e logo vamos nos encontrar—  Sorri toda boba.

—  Ok mamãe, te amo! —  Falo e ela sorri

—  Te amo bebê! —  Ela fala e então desliga, não consigo me controlar.

Pego o meu prato e saio da mesa indo para fora, sem olhar para trás e pensar que ele vai se sentir ofendido, eu sinceramente não estou nem aí para a opinião dele, ele é extremamente grosso e me trata como se eu fosse uma um criminosa que fosse machucar a bebezinha.

—  Dona Afrodite?—  Ergo minha cabeça vendo dona Eleonor. 

 —  Sem a dona, eu que tenho que te tratar assim mulher! —  Falo secando as minhas lágrimas.

Eleonor se senta ao meu lado, suspiro e sem pensar duas vezes coloco minha cabeça em seu ombro, ela começa a fazer um carinho leve, fecho meus olhos.

—  Eu ouvi sua conversa com sua mãe e eu não entendi uma palavra do que vocês falaram só a parte que você mãe, se você quiser um colo de mãe ou abraço eu estou aqui, sei que não é a mesma coisa mas eu prometo tentar. —  Ergo minha cabeça olhando para os seus olhos.

—  Você é tão fofa! —  Digo e ela sorri.

—  Bom, eu tento. Mas me diga, o que te aflige?—  Ela pergunta.

—  Bom, eu achei que esse ano seria um ano maravilhoso, sabe? Que eu iria viajar, beijar muito e realizar meu sonho de conhecer todos os países, mas olha como eu estou… infeliz sem poder conhecer essa cidade linda, vou me casar com um homem que está se casando forçado comigo, eu não amo e no qual parece ter nojo de mim e de quebra vou entrar em uma organização criminosa— Falo tudo o que está travado na minha garganta.

—  Meu anjo, ninguém força Rocco a fazer nada que ele não queira—  Fala confusa. —  Se ele aceitou isso foi porque ele quis’

—  Me diz que homem seria doido de aceitar se casar com uma estranha e outra, ele tem uma bebe! —  Falo.

—  A criança é um empecilho para você?—  Ela fala em um tom sério.

—  Jamais, eu amo criança e eu jamais irei negar de me envolver com um cara por ele ter filhos—  Explico.

—  Achei que você era uma vaca egoista! —  Caiu na gargalhada.

—  Eu fui babá por tanto tempo no meu país e aqui também, até hoje os pais das crianças me amam e as crianças também, tanto que os últimos quiseram me adotar como filha mais velha. —  Falo sorrindo ao lembrar dos quatro irmãos que eu tenho.

—  Nossa, você já foi babá?—   Ela questiona intrigada.

—  Claro, eu vim pra cá para ser babá e depois viajar pelo mundo—   Falo.  —  Bom, eu até consegui visitar outros países, mas agora já era né.

Eleonor me pergunta como foi cada lugar que eu tive oportunidade de viajar e enquanto eu falo vejo seus olhos brilhando, rapidamente eu percebo que ela nunca teve a oportunidade de viajar para além do seu país.

E com o coração bem triste eu peço a Deus que isso não seja o meu futuro.

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