Afrodite Ribeiro

Entramos no grande salão e assim que passamos pelas portas é como se tudo ficasse mudo, todos nós encaram. Um nos encaram na cara dura, me olhando de cima a baixo e outros olharam e viram a cara cochichando.

Respiro fundo disfarçadamente e ergo a cabeça enfiando minha unhas na minha pele, totalmente tensa, enquanto Rocco passa alguns homens falando com ele mas ele só assentiu com a sua postura prepotente e séria, como se ninguém ali valesse a sua atenção.

Quando já estamos na metade do salão eu vejo em uma grande messa, Kiara e Aurora conversando e rindo, enquanto os meninos estão conversando com outros homens em pé mas afastado, fumando e bebendo.

Nos aproximamos da mesa e ele se inclina, beija a cabeça dá Aurora, depois fala com a Kiara que só assente e quando ele se vira pra mim sou surpreendida com um beijo leve deixado em meus lábios.

— Fique aqui com elas. — Diz e então sai indo em direção aos irmãos.

Me sento na mesa, olho para Kiara que me encara com cara de cachorro sem dono e então me viro para Aurora.

— Oi, prima. — Falo com ironia.

Me inclino beijando a sua bochecha, ela retribuiu me olhando com um sorriso triste.

— Você está bem? — Assenti.

— Por incrível que pareça eu estou super bem. — Falo.

— Licença senhora, aceita um vinho ou champanhe? — Sorrio para o garçom.

— Vinho, por favor. — Falo e ele me entrega a taça, tomo um gole e ele logo se retira.

Olho para Aurora e Kiara, respiro fundo pois eu não estou preparada para conversar com nenhuma no momento, eu realmente só quero me manter sã para não dá mais problemas do que já deu.

— Afrodite, podemos conversar? — Kiara pergunta.

Olho em seus olhos e pela primeira vez vejo seu brilho apagado, nem em meio a turbulência que ela vivia com os pais o brilho em seus olhos se apagava, respiro fundo.

— Eu não estou com raiva de você por esse casamento, pois eu também irei me casar, mas estou com raiva de você porque desde os Estados Unidos você está sendo uma vaca egoísta pensando só no seu umbigo! — Dou uma pausa para controlar a minha raiva e não acabar alterando a minha voz. — Quantas vocês eu não deixei de fazer algo que eu queria muito só para te acompanhar em alguma balada, mas você não pode ir pra casa descansar para passarmos o dia visitando museus e bibliotecas e por culpa do seu egoísmo eu me fodi, tendo que abandonar todos do meus sonhos para manter a mim e meus pais bem, então não eu não quero falar com você agora, me dá um tempo para essa raiva diminuir.

Quando termino de falar seus olhos esto cheios de lagrimas, mesmo assim eu não me abalo pois se eu não falasse tudo o que estou sentindo ia ser bem pior.

Olho para Aurora e seguro suas mãos.

— E você, isso não é sua culpa você só queria amizades verdadeiras e nos trouxe para essa loucura, mas eu sei que nao foi por mal e te entendo. — Falo e ela abre um sorriso aliviado. — Que nesses dois anos nossa amizade seja linda e que possamos superar isso.

— Eu só quero a minha amiga de volta.? — Ouço Kiara falar. — Tem acontecido tanta coisa e eu…eu preciso de você.

Olho pra ela novamente, seus incríveis olhos azuis estão sem vida e seu cabelo vermelho fogo opaco, ela realmente está muito mal.

— Se o seu marido libera, amanhã irei no período da tarde para a sua casa. — Falo e ela assentiu mordendo a boca nervosa.

— Aqui está você. — Ergo minha cabeça vendo Dona Antonieta com um sorriso gigante.

— Eu acabei de chegar, já ia procurara a senhora. — Falo e ela sorri.

Me levantei e a abracei fortemente, então quando ela se afasta sorri e já pega a minha mão olhando para a aliança em meus dedos com os olhos arregalados.

— Olha que aliança linda, combinou tanto com você. — Sorrio, então ela se vira para Aurora que já está levantada e abraça apertado.

— Estou vendo que já conheceu minha prima Afrodite. — Ela fala se afastando dá dona Antonieta. — Agora quero que conheça a minha prima Kiara.

— Ó sim, a herdeira roubada. — Arregalo meus olhos e quando olho para Kiara vejo seus olhos encherem de lágrimas outra vez, ela está por um triz de chorar.— Espero que aqueles que te privam de ter um boa vida, tenham uma morte lenta e dolorosa, sinto muito por tudo o que você deve ter passado com aqueles monstros, tantas vidas que se perderam nessa guerra…

Mil perguntas se formam na minha cabeça mas eu só assinto.

— Ó eu tenho que apresentar vocês as outras mulheres da máfia. — Ela fala com um sorriso feliz.

— Claro, vamos. — Aurora fala me puxando e Kiara vem atrás.

— Juro que se assim que a velha Lucia me ver e falar do meu corpo, eu mando ela a merda. — Aurora fala seria.

Quando nos aproximamos vejo um grupo de três mulheres de nariz em pé encarando nos três, mas não é um olhar gentil e sim de autoridade e ironia.

— Meu bem, como vai você. — A primeira mulher que se levanta abraça Aurora de uma forma falsa, tão falsa que eu recomendaria um banho de sal grosso após o abraço.

— Eu estou bem, Lucia. E você? — Aurora pergunta..

— Bem, eu estou ótima. — Ela fala e então olha para a Aurora de cima a baixo e nega. — Você tem tomado o chá que eu te passei para emagrecer.

— Minha prima está muito feliz com o corpo dela, Dona Lucia. — Falo tomando a frente do assunto e quando seus olhos param em mim eu vejo raiva.

— Quem é voce? — Ela pergunta seria, bem rude.

Dou um passo para frente ficando cara a cara com ela, mas não muito perto.

— Sou Afrodite, noiva do Rocco você deve conhecer ele. — Assim que falo o nome do Rocco vejo seu olhar vacilar.

— Então você foi a escolhida dele? — Ela fala e me olha de cima a baixo, sorriu e elegantemente dou de ombros olhando para as mulheres a minha volta.

— Amor a primeira vista. — Digo tentando camuflar a ironia na minha voz, mas quase não consigo.

— Bom, já que minha prima já se apresentou quero que você também conheça a Kiara. — Fala Aurora com um sorriso grande nos lábios, ela amou essa situação.

— Non ho intenzione di parlare con quel dannato russo. — Ergo min ha sombraclha confusa, de tudo que ela falo eu só entendi a palavra Russa ( Tradução- Eu não vou falar com essa m*****a Russa)

Antes que eu fale algo ela cospe no chão quase pegando o pé da Kiara, olho para a minha amiga vendo as lágrimas escorrendo pelo seu rosto.

— Velha m*****a. — Falo em inglês, mesmo sem saber o que ela falou.

E ela me olha chocada, então cospe no meu pé também.

— Che cazzo sta succedendo qui? — Esculto a voz de de Alessandro, mas novamente só entendo os palavrões, puxo a minha amiga para o meu lado e Aurora fica na nossa frente.

(Tradução - Que porra está acontecendo aqui? )

Rapidamente um senhor baixo, meio careca aparece segurando a mulher dele, ele fala bem rápido e embolado se apressando para falar, sinto uma mão na minha cintura e pelo perfume eu sei que é Rocco então não me afasto.

De repente a voz do Rocco soa como trovão falando alto e raivoso, em minutos cinco homens aparecem e arrastam o homem e a senhora para outro lugar, o homem grita falando italiano já a mulher é tão ruim que vai sorrindo

Me viro para a Rocco e ergo minha sobrancelha em uma pergunta silenciosa, mas ele só nega e eu então sei que essa não é um bom momento para perguntas.

Alessandro fala algo com Vittorio que está com Kiara agarrada a ele e quando ambos terminam, Alessandro fala algo para Aurora que só segura minha mão e da Kiara e saímos em meio a multidão, quase correndo.

Mesmo confusa sigo Aurora e logo estamos do lado de fora, onde entramos no carro e somos levada para longe.

Kiara chora agradar a Aurora, respiro fundo começando a me sentir agoniada com o vestido.

— Que porra acabou de acontecer, eu posso saber? — Pergunto já desfazendo o nó do vesttido sem ligar se alguem vai ve meus peitos de fora.

******

— Puta merda, Kiara. — Falo chocada.

— Dá para acreditar que aqueles que eu amei, passei a vida inteira chamando de pai e mãe na verdade não são os meus pais e sim os meus sequestradores. — Fala. — Agora tudo faz sentido, a preocupação excessiva e a descursao ao ponto de ameçarem corta minha mesada, tudo isso foi puro disfarce.

— Nós não sabemos a o certo, se eles foram os sequestradores ou só ficaram encarregados de cuidar de você e manter você escondidos. — Vittorio fala.

Respiro fundo, me sentindo esgotada com toda essa informação.

— Eles oferecem algum risco para os meus pais? — Questiono.

— Amiga, eles nem sonham que eu sei de tudo exatamente por esse motivo, até ter certeza de que tudo ficará bem para os meus tios vamos manter assim. — Sorrio agradecida, me aproximo dela e beijou sua testa.

— Obrigado, e me desculpa por te julgar e não escutar o que você tinha para me dizer. — Falo e ela nega.

— Mas você estava certa, eu fui uma vaca esse tempo todo. — Ele diz. — Só pensava em mim na maioria das vezes.

— Ainda bem que você sabe. — Falo e ela rir.

— Mas, vocês já sabem quem são os seus pais? — Questiono.

— Esse é o problema. — Alessandro fala. — Ela é herdeira dá Bratva, a menina que foi prometida ao Vittorio em forma de selar paz entre as máfias mas que sumiu misteriosamente rompendo o acordo entre as máfias resultado em uma guerra grande entre as famílias e muita morte.

— E onde aquela velha endemoniada entra nisso? — Questiono.

— Os cinco filhos dela foram torturados e mortos pela Bratva, ela recebeu a cabeça de todos em uma caixa de presente casa. — Arregalo meus olhos aterrorizados.

— Meu Deus, meu pai é um mostro. — Fala Kiara.

— O seu pai acha que nós sumimos com você e nossa família achava que eles sumiram com você para não honrar o acordo. — Fala.

— Caralho, o destino é muito do doido. — Falo e Kiara assente. — Acho que não tenho mais tanto o direito de reclamar.

Kiara me conta mais algumas coisas, como isso foi descoberto e eu acho até engraçado.

Após treparem feito coelhos, no dia seguinte ele viu a marca de nascença que ela tem no braço que parece uma lua.

Isso fez o Vittorio surtar, ele imediatamente arrastou ela para uma clínica para fazer o exame e horas depois veio o choque, tudo uma grande loucura, mas que ela se sente aliviada porque não queria morrer vivendo essa mentira.

Respiro fundo e olho para a porta agoniada disfarçadamente pela milésima vez em meio a nossa conversa, Rocco não voltou até agora, confesso que quando Alessandro e Vittorio chegaram sem Rocco eu me controlei pra não perguntar sobre ele.

Mas acho que quando eles viram a minha cara entenderam e foram logo falando que ele ficou para resolver algumas coisas.

******

Respiro fundo e me levanto do sofá, ando novamente de um lado para o outro com uma xícara de chá de camomila que por um milagre eu encontrei no armário da cozinha, já são quatro da manhã e nada do Rocco chegar.

Para piorar eu sou orgulhosa demais para perguntar onde ele está.

— Orgulho filho dá puta. — Falo sozinha comigo mesma.

Então de repente a porta se abre, me viro rapidamente e meu ar some, Rocco está todo sujo de sangue, existe sangue dos pés a cabeça, seu olhar é como o de um leão caçando a sua presa, ele está irreconhecível.

Ele até então não tinha visto que eu estava ali, mas quando chega mais próximo e seus olhos se chocam com o meu ele não para de andar, só muda a direção e começa a vim até a mim.

Engulo em seco e coloco a xícara na pequena mesinha e ando até ele, quando finalmente estamos um de frente pro outro e eu finalmente consigo ver melhor, sinto um tremor passar por todo o meu corpo, mas não um tremor ruim mas sim de excitação. Jesus.

Vê ele assim me deixa completamente excitada, engulo em seco e ainda olhando nos seus olhos me afasto.

— Você…você está bem? — Questiono, Rocco me olha de cima a baixo e dá mais um passo fazendo o espaço entre nós ficar nulo

— Você não tem medo ou nojo? — Respiro fundo.

Penso no que responder, se e falar que não tenho nojo e sim estou excitada pela cara de mal dele eu vou parecer uma doida, então só me afasto e falo.

— Não, eu só queria saber se você está bem, mas já que você já está em casa estou indo dormir. — Falo já me virando pronta para sair.

Antes que eu dê um passo, eu sinto ele me puxar pelo braço com força me fazendo bater contra o seu peito deixando o meu corpo grudado no seu.

Minhas roupas automaticamente se sujam com o sangue, inclino minha cabeça olhando em seus olhos e me assusto com o que vejo.

Um montro cheio de desejo e luxuria