11| Capítulo

Afrodite Ribeiro

Saio dos meus pensamentos e volto a olhar para a bebê nos meus braços, que me encara com seus olhos azuis reluzentes.

Enquanto uma mão está na boca toda cheia de baba a outra está segurando o meu cabelo com força.

— Ó meu Deus. — Me viro assustada vendo a dona Eleonor me olhar com os olhos arregalados, ainda de pijama toda descabelada. — Eu dormi demais? Ó meu Deus, Rocco vai ficar furioso ao ver que você está com ela.

— Calma dona Eleonor, ele mesmo me deu a Sophia. — Falo e ela abre a boca chocada.

— Ele autorizou você cuidar da pequena? — Assenti — Você tem noção que nenhuma babá, fica mais de um dia porque ele não confia? Rocco é um pai muito cauteloso, desconfia de todos que chegam perto.

— Foi tudo questão de sentar e conversar. — Falo e beijo a bochecha dá neném outra vez que abre um sorriso banguela.

— Eu estou tão feliz de ver que vocês estão se acertando, meu menino merece ser amado. — Fala com um sorriso super feliz. — Bom, agora que ele confia a Sophia a você, dá para mim fazer uma comida bem gostosa para nós bem calma sem preocupação.

— Bom, eu amaria comer uma boa lasanha italiana. — Falo e ela sorri.

— Lasanha italiana saindo! — Ela fala toda animada. — Anjo, o cronograma dela está na frente do berço, creio que você já sabe disso né?

— Não, eu não sabia. — Falo e ela sorri.

— Vem, vamos lá para cima que eu irei te mostrar. — Assenti e subimos as escadas juntas.

Quando entrei no quanto ela começou a falar sobre o cronograma e eu fui lendo o livro que a pediatra fez.

E literalmente as babás só trocava a fralda dela, colocar ela pra dormir, mamar, banho e só, Sophia nem vê a luz do sol ou da lua direito, isso tudo é uma loucura. A criança vive trancada em casa.

Mesmo contrariada eu tento seguir tudo o que está no papel que a tal pediatra passou, mas quando deu meio dia eu cansei e resolvi finalmente sair do quarto, até porque já estava cansada de não fazer nada e vê a menina só olhando para paredes.

Desço as escadas ainda com Sophia no meu colo com o papel especificando tudo, já dei banho na neném, coloquei ela para mamar, arrotar e brinquei um pouco com ela.

Quando chego na sala vejo dona Eleonor colocando vinho no copo de Rocco, ele veio almoçar em casa?

Assim que ele me vê fecha a cara e se levanta rapidamente, Rocco rapidamente se levanta e anda na minha direção, quando ele tenta pegar Sophia do meu colo.

Mas ela simplesmente começa a chorar e gruda no meu cabelo, seguro ela comigo e me afasto dele.

— Ela não quer ir com você, deixa ela aqui comigo. — Rocco torce o nariz, ele não gostou nadinha.

— Mal chegou e já roubou minha filha? — Olho para ele pensando em lhe dar uma resposta rude, mas vejo seu olhar leve sobre nós.

Ok, talvez eu consiga manter minha serenidade para tentar manter uma boa convivência.

Me sento e coloco Sophia sentada em uma perna, pego um pedaço de manga que já está cortado e coloco em sua mão vendo ela levar direto para boca, Sophia dá um sorriso banguela me olhando, beijo sua testa rindo.

Ergo minha cabeça e vejo que Rocco está nos encarando, sorrio.

— Que foi? — Pergunto.

Coloco ele atrás da minha orelha e pego um pedaço da manga com a mão ainda olhando para Rocco que me encara.

— Minha filha está agindo como se te conhecesse. — Ele fala sério, ela não costuma gostar muito das pessoas. — Diz, dou de ombros.

— Só tem uma explicação. — Falo vendo ele me olhar com atenção. — Ela me adora!

Rocco revira os olhos e nega, sorrio e olho para Sophia que já está toda suja com a manga, ela parece tão feliz.

Seu celular toca, ele pega o celular e quando olha o visor seu rosto fica contorcido de raiva.

— Merda. — Fala e deixa o celular de lado, fecha a mão em punhos e respira fundo olhando bem sério para frente.

Eita, deve ter acontecido algo bem sério.

— Eu sei que talvez não seja um bom momento, mas queria conversar com você

sobre a Sophia. — Falo e vejo que na mesma hora ele volta ao normal.

Então ele se levanta, vem até mim e pega a Sophia dos meus braços que dessa vez não resisti e vai com o pai, com a cara toda lambuzada de manga.

— Fala! — Corro um pedaço da lasanha e coloco em meu prato.

— Sophia tem um dia muito parado para um bebê de 6 meses, eu quero fazer algumas alterações. — Digo, quando coloco uma colher cheia desssnhs na boca, gemo saboreando o tempero Italiano.

Rocco ergue a sobrancelha, olha para Sophia que sorri feliz da vida se sujando toda com a manga.

— A lista foi feita pela melhor médica pediátrica da Itália e você quer mudar? — Reviro meus olhos.

— Fui baba durante dois anos e cuidei de várias crianças no Brasil, Sophia não sai para brincar no jardim, não tem estímulos para ela se desenvolver. — Falo. — Não tem um dia brincando na piscina, pintura, música ou ela sair para ver a rua e se adequar aos sons, sei que com a vida que vocês levam isso é um pouco complicado mas temos que fazer um esforço, ainda mais que ela não tem nenhuma outra criança da idade dela para brincar.

Quando termino de falar vejo que Rocco está com sua atenção fixa em mim, ele pode ser um escroto, mas como pai ele é bom.

— Eu te autorizo a fazer as mudanças, só quero que ela tenha uma infância boa. — Ele fala e beija a bochecha da filha mesmo toda melada de manga. — Mas sobre sair com ela, só com segurança e você vai ter que me avisar antes.

— Ok. — Falo e encho minha boca de lasanha novamente, na mesma hora uma moça entra e coloca a mamadeira da Sophia ao lado do Rocco e sai novamente. — Como devo me comportar hoje à noite?

— Você não precisa se preocupar com isso! — Ele fala e pega a mamadeira de Sophia, que rapidamente pega a mamadeira lhe dando.

— Como não preciso? — Digo chocada. — O que eu vou falar se me perguntarem quem é meu pai, que grau eu tenho de parentesco com a Aurora ou se pesquisarem a minha vida.

— Você não tem que se importar com isso! — Ele fala bem calmo, já me dando nos nervos.

— Como não? Imagina se irem atrás disso e descobrir que é tudo mentira. — Falo.

— Não vão! — Bufo.

— Caralho, eu posso saber porque você está tão calma assim? — Questiono.

Ele olha nos meus olhos transparecendo tanta prepotência e soberania, me deixando incrédula.

— Você é minha mulher e ninguém vai ousar achar ou pensar algo sobre você. — Ele fala sério. — Vão ter que te aceitar!

Sorrio desacreditada, ele deve ser um dos fodão pra ninguém ousar questionar ele

— Eu sei que talvez possa está perguntando demais, mas o que você é na máfia? — Questiono.

Rocco me encara, sério.

— Eu sou o que faz o trabalho sujo! — Ele fala e eu vejo uma nova passar sobre seus olhos.

— Trabalho sujo? — Questiono, mas ao invés dele responder, Rocco se levanta com Sophia no colo.

— Ela já comeu bastante, irei subir com ela! A e sua professora chega daqui a 1 hora. — Olho pra ele confusa.

— Professora? — Pergunto.

— Você não queria aprender Italiano? — Ele fala já saindo.

— Hum, deve ser alguma das suas mulheres né? — Rocco me lança um olhar inigmatico.

— Em outra época, ela seria. — Ele fala saindo da sala.

Em outra época, o que ele quis falar?

*******

— Você é uma americana tão linda e educada, eu amei te conhecer. — Dona Antonieta fala.— Só seu sotaque que não é tão forte, mas eu já conheci outras pessoas assim.

Sorrio morrendo de amores pela senhorinha falante e simpática que está a 2 horas me ensinando italiano, com a maior paciência do mundo.

E entre uma palavra ou outra palavra, ela me conta uma fofoca sobre a máfia, falando sobre a vida de todo mundo.

Diz ela que é para quando eu conhecer todos da “ Família" saber quem é melhor para mim me aproximar e quem eu devo ficar longe ou com a orelha em pé, concluído ela é uma das senhoras fofoqueira, mas que todo mundo simpatiza.

Em duas horas de conversa ela me contou tudo sobre sua vida, inclusive eu fiquei chocada ao descobrir que ela foi prometida ao seu marido no dia em que seus pais souberam que ela seria mulher e que com isso, seu pai se tornou alguém poderoso na família ganhando renome.

Ela cresceu já sendo forçada a gostar de tudo que ele gostava, músicas, comidas e tudo o que se pode imaginar, ela não queria casar mas pelo bem da família casou.

E para a sorte dela ele já a amava e soube conquistar ela ganhando o seu amor, sendo compreensivo e ganhando seu coração aos poucos.

Mas ela deixou muito claro que outras amigas suas não tiveram a mesma sorte e vivem casamento de aparência, mas logo quando percebeu a minha cara ela mudou de assunto, acho que com medo sobre o que eu falaria, mas mal sabe ela que eu concordo com tudo o que ela falou.

Isso não deveria acontecer, as meninas são praticamente forçadas a casar ou simplesmente são mortas ou largadas ao relento por sujar o nome da família, isso quando não são obrigadas a serem prostitutas.

Mas o melhor foi quando ela mostrou fotos dela bem novinha e eu entendi o que Rocco quis dizer, ela era deslumbrante.

Quando ela foi embora, sob um juramento meu que no evento de hoje iria procurar ela para conversarmos eu fui direto para a cozinha procurar algo para comer.

E me surpreendi quando vi a bancada da cozinha com bolo de cenoura, torta de frango e um bolo de fubá com uma cauda de goiaba tão linda que me deu água na boca, eu me senti no meu país.

— Afrodite? — Me viro vendo a dona Eleonor me olhar com um sorriso gigante.

— A senhora fez isso tudo pra mim? — Pergunto sentindo o cheior dá comida me enfeitiçar.

— Sim, e eu não via a hora daquela velha fofoqueira ir embora para trazer você até aqui e vê se é tudo do seu gosto. — Sorrio.

Antes que eu possa me controlar pulo em cima dela e a abraço bem apertado, jesus.

— Eu sinto tanta falta da minha mãe, mas com você aqui parece que esse sentimento diminuiu um pouquinho.— Falei e quando me afastei vi seus olhos marejados.

— Muito obrigado, pode parecer loucura mas eu sinto que você é a luz que meu menino precisava.— Sorrio, não irei contrariar dona Eleonor, ela ainda acha que esse relacionamento pode dar certo. — Bom, mas enquanto isso não acontece eu te engordo.

Me sentei na bancada, e ela já foi cortando um pedaço do bolo de cenoura e colocando no meu prato.

Na primeira garfada gemi de prazer, na mesma hora senti um perfume amadeirado inundar a cozinha, me virei e vi Rocco andando na minha direção enchendo Sophia de beijos, com uma calça moletom preta sem camisa, puta merda.

Me viro rapidamente e na mesma hora vejo Eleonor me olhando com um sorriso gigante, engulo em seco.

— O cheiro está otimo. — Ele fala.

Olho para o lado vendo ele com Sophia entretida com um ursinho pequeno, sorrio e volto a olhar para minha comida.

— Vou pegar mais um pedaço, posso? — Questiono,

— E o outro bolo minha filha, não vai provar? — Questiona já cortando outro pedaço e me dando.

— Vou comer tambem, ai eu nem janto.— Falo e ela sorri.

— Mas você gostou? — Ela fala se sentando na minha frente.

Na mesma hora Rocco pega um pedaço do bolo de cenoura com a mão e dá uma mordida.

— Eu amei. — Digo com a boca cheia e ela rir.

— Está muito gostoso! — Escutou sua voz pela primeira vez, olho diretamente para seus olhos vendo ele com a boca toda suja de chocolate.

Sophia esperneia em seu colo querendo pegar o pedaço de bolo na mão do pai, pego um pedaço sem chocolate e lhe dou, ela come rapidamente sem fazer cara feia.

— Nossa ela gostou. — Eleonor fala com um sorriso gigante.

Antes que eu fale outra coisa ela corta um pedaço do bolo de fubá e coloca no pratinho, como outro pedaço e gemendo sentindo a goiabada derreter na minha boca.

Aqui tem gosto de casa, acolhimento, infância e amor. O amor dos meus pais.

Meus olhos se enchem de lágrimas, engulo em seco e olho para dona elenor.

— Obrigado, eu estou sentindo o gostinho de infância. — Falo com a voz embargada, antes que eu consiga controlar a lágrima cai e eu rapidamente seco. — Detesto chorar. — Falo rindo.

— Ó minha criança, eu sinto muito. — Ela fala segurando na minha mão. — Certeza que logo vocês vão poder estar juntos.

— Fé. — Digo, nem preciso olhar para o lado, vendo que o outro está me encarando.

Me levanto e quando vou pegar o prato do bolo para lavar, dona Eleonor rapidamente pega e coloca dentro da máquina de lavar, sorrio.

— Obrigado, vou subir para começar a me arrumar. — Falo e ela assente, me viro para Rocco. — Que horas vamos sair?

— Daqui a uma hora! — Arregalo meus olhos.

Subo correndo para o andar de cima, desesperada tentando saber como iria me vestir e como devo me maquiar, vou direto para o banho, molho o cabelo hidratado e quando finalizo meu banho, saí do box e fico em frente ao espelho do banheiro arrumando ele.

Bato o secador, passo chapinha e depois faço uma maquiagem básica

quando termino seco ele e passo a chapinha para deixar bem alinhado, assim que termino saio do banheiro e me assusto ao ver que tem uma caixa gigante em cima da cama, andou calmamente até ela e quando abro sorrio vendo que tem um vestido verde de seda lindo, abro a minha boca chocada.

Esse vestido deve ter custado um rim meus, merda. Pego ele com cuidado, vendo que com esse vestido eu não posso usar calcinha e muito menos sutiã, sorrio.

Coloco ele com cuidado na cama e olho novamente na caixa vendo um salto lindo, cheio de pedraria me deixando boba.

Suspiro, passo creme, me perfumo, coloco o vestido e na boca passo um batom vermelho, quando termino me olho no espelho saboreando a visão que tenho minha,

Meus Deus.

Eu estou perfeita.

Suspiro, saio do quarto vendo o horário, quando chego na escada vejo Rocco na sala, assim que ele me vê se levanta e anda até o fim da escada.

Começo a descer sentindo seus olhos grudados em mim, seu olhar sobre mim me causa um estranho nervosismo.

Quando finalmente chego no final da escada e estou de frente para ele sorrio, tentando não demonstrar o quanto eu estou nervosa.

— Obrigado pelo vestido.— Digo, Rocco assente.

— Está faltando duas coisas. — Arqueei minha sobrancelha confusa.

Na nossa frente tem uma escrivaninha com um espelho gigante na frente, ele abre a pequena gaveta e pega duas caixinhas, abre uma e eu vejo um colar lindo, com pedras verdes.

— Rubi Verde, mandei fazer para você. — Fala.

Sem conseguir pensar em nenhuma resposta eu só me viro e deixo ele colocar o colar em mim, observo o colocar pelo espelho.

Quando me viro, Rocco olhando em meus olhos pega minha mão, desvio meus olhos do dele e olho para minha mão, onde ele coloca um anel em meu dedo, o anel tem um designer lindo e tem um diamante lindo.

Engulo em seco, isso aqui deve custar uma vida de trabalho!

— Agora você é minha mulher. — Ele diz sério, muito sério para o meu gosto

Abro e fecho a minha boca sem ter uma boa resposta, então dou de ombros e me afasto um pouco para conseguir pensar em algo.

— Por dois anos. — Falo e vejo seu olhar oscilar, então me afasto. — Vamos.

Falo e passo por ele indo para longe, o mais longe possível.

Longe o suficiente para conseguir respirar normalmente.

******

Desço do carro dando de cara com uma casa que é idêntico ao castelo, sinto que todos estão nos encarando, engulo em seco e olho para Rocco vendo que ele está olhando para mim.

Antes que eu consiga falar algo ele me puxa, beija minha testa e coloca a mão na minha cintura, ok. Pose de casal apaixonado.

— Não sai do meu lado e não abaixe a cabeça para ninguém, encare quem te encarar e sorrir para quem sorrir para você, lembre-se que você é superior a eles e qualquer coisa eu resolvo. — Sorrio.

— Estou me sentindo a rainha da porra toda. — Falo e vejo ele sorri de lado.

Rocco não fala nada, continua com as mãos na minha cintura me puxando para ele, respiro fundo, solto o ar aos poucos e começamos a andar.

Acho que consigo dá conta dessa farsa!

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