7| Capítulo

Afrodite Ribeiro

Abro meus olhos escutando um choro alto e fino, pulo assustada quando constato que o choro é de um bebê, deve ser a Sophia mas eu tenho certeza que a dona Eleonor deve está capotada, já que ela me disse que ia tomar seus remédios para dor de cabeça junto com um suco de maracujá que ela fez.

Suspiro agoniada pois eu odeio ver ou escutar crianças chorando, isso me dá agonia e eu já acho que está acontecendo o pior com a criança e eu detesto ficar na dúvida.

Cadê o Rocco?

Respiro fundo, sem pensar duas vezes eu abro a porta do meu quarto e corro desesperada para o andar de cima, quando chego no corredor vejo que tem três portas, duas uma do lado da outra e três do outro lado.

Quando eu vejo a porta toda rosa com o nome Sophia e uma coroa em cima fico boba, abro a porta rapidamente e ando até o berço dando de cara com uma bebê com o rosto todo vermelho de tanto chorar.

A pego no meu colo com cuidado e rapidamente ela gruda uma mão no meu cabelo e a outra na blusa do meu pijama, começo a ninar ela e passar a minha unha pelo seu pescoço levemente fazendo um carinho leve, coloco sua cabeça em cima do meu peito para ela escutar o meu coração, isso geralmente acalma os bebês.

Observo seu rosto, cabelo loiro acobreado, sua sobrancelha com pequenos pelos e cílios bem grande, sua bochecha é redondinha grande e bem fofa, sua boquinha rosa em formato de coração super fofa me faz morrer de amores, juro que nessas horas eu quero muito ser mãe.

Começo a cantar a música do desenho da Rapunzel, danço com ela em meu colo fazendo movimentos suaves e em poucos minutos ela já está respirando bem fundo, sorrio e me aproximo da varanda vendo a lua bem grande e linda.

Olho para a bebe em meu colo e cheiro seu cabelo sentindo uma paz se apossar do meu coração, sorrio ao ver que ela dorme profundamente, suspiro e calmamente me viro para a colocar no berço mas me assusto quando vejo Rocco.

Como sempre, ele está em um terno preto muito lindo que eu tenho certeza que deve ser bem caro, sapato social e uma gravata preta, tenho certeza que esse conjunto foi um absurdo de caro, ele está com uma cara super fechada, bem seria mesmo fazendo meu coração bater mais rápido.

Merda, quebrei a única regra que ele impôs.

— Sei que você vai brigar comigo, mas só deixa eu colocar ela no berço e vamos lá pra fora pra ela não acordar. — Falo e ele nem se mexe, continua calado só me olhando.

Olho para a Sophia e sorrio, me inclino para colocar ela no berço, arrumo ela berço mas a bonita continua com a mão grudada no meu cabelo, tento tirar minha mão do seu cabelo e rapidamente ela faz um bico gigante, antes que ela comece chorar eu coloco um paninho em sua uma mão e ela o segura com força e logo volta a dormir.

Suspiro aliviada e quando ela volta a dormir passo por ele, Rocco fecha a porta, ficando tão perto de mim no corredor escuro que eu me sinto pequena, bem minúscula ao seu lado, ergo minha cabeça o olhando bem sério.

— Olha, antes que você fale algo eu jamais ia deixar Sophia chorando pois isso faz mal, pode brigar comigo mas se isso acontecer novamente eu vou fazer a mesma coisa, ok?— Falo, Rocco ergue a sobrancelha e quando ele vai abrir a boca eu falo. — E outra coisa, dona Eleonor não aguenta mais acordar de madrugada pois ela já é de idade, contrate uma babá pra fazer isso— Digo seria e me calo esperando vim o sermão.

— Obrigado Afrodite! — Abro e fecho a minha boca chocada, essa é a primeira vez que ele fala o meu nome.

Na minha cabeça ele iria me jogar escadaria abaixo e me expulsar da sua casa, mas parece que ele percebeu que eu sou incapaz de fazer mal a alguém.

— Ok! — Falo — Daqui a uma hora ela vai acordar novamente, trocar a fralda e dá mamadeira, balança um pouco e tá tudo certo, boa noite.

Digo e então me viro, saio andando e desço as escadas calmamente, quando estou na frente da minha porta eu travo.

Eu realmente preciso de álcool no meu corpo, desisto de entrar no meu quarto pois não vou conseguir dormir e só vou ficar rolando pela cama.

Quando chego na sala vou direto para a cozinha passando pela sala de jantar, abro a geladeira e para minha sorte assim que eu abro a geladeira dou de cara com um pote de frios.

Queijo, salame e presunto, pego o pote, fecho a geladeira e vou até uma porta que eu sei que é a adega, pois já vi Eleonor entrando lá para pegar um vinho para o Rocco.

Assim que abro a porta e acendo a luz, fico fascinada ao ver que não é só uma parede mas sim uma adega refrigerada, bem iluminada e linda com muito vinho, me sinto nas nuvens.

Mas tudo melhora quando eu vejo um vinho rosé que eu estava doida para provar. Eu tenho certeza que meus olhos brilham nesse momento.

Ele foi eleito cinco vezes o melhor da França e só uma taça desse vinho convertendo para a moeda do brasil é mil reais imagina um vinho desse.

Sorri feliz da vida e sem pensar duas vezes pego o vinho, saio da adega e travo ao vê ele bem na minha frente, cortando o queijo e salmente com duas taças na bancada, Rocco já não está sem o terno e agora com um shorts de dormir e uma blusa bem levinha.

— Logo esse?— Ele pergunta sério erguendo a sobrancelha.

Cada molécula do meu corpo entra em ebulição, me arrepio inteira sentindo os meus pés grudarem no chão.

— Bom, eu paguei caro só para ter uma experiência de tomar uma taça desse vinho e não vou poder ir, então você está me devendo isso! — Falo e vejo um pequeno vinco brotar no seu lábio.

— Se você gostar, eu posso mandar trazer vários desses. — Sorri, passo a língua nos meus lábios que de repente ficaram secos e ele acompanha o movimento.

Ando até ele e calmamente me sento ao seu lado a um banquinho de distância, consigo ver ele olhando para o banco vazio ao seu lado, depois para mim e erguendo a sobrancelha. Eu queria tanto saber o que passa nessa cabeça dele.

— Como é bom ser rico. — Falo abrindo a garrafa sem a menor cerimônia, coloco o vinho na minha taça e depois na dele.

Pego a taça e sinto o cheiro ficando fascinada pelo aroma que consigo detectar, tomo um pequeno gole e vou parar no céu. Eu tenho certeza que soltei um gemido, pois o gosto é tão bom quando o cheiro—

— Aceito a caixa, com certeza umas três ou quatro caixas na verdade. — Falo rindo mas ele não faz o mesmo, só fica me encarando sério.

Pego o queijo e como sentindo o gosto esplêndido que explode na minha boca, nossa esse queijo derretido para fundi seria a quinta maravilha do mundo.

Olho para ele novamente e percebo que ele nem sequer tocou em seu vinho, ele está me analisando como se eu fosse uma incógnita difícil de decifrar, sinto cada pelo do meu corpo arrepiar com sua atenção tão fixa em mim.

Então ele desvia o olhar, pega a taça e toma um gole tão grande que acaba com o líquido da taça de uma vez, me deixando atônita, Jesus.

— Se eu tomo uma taça dessa todinha de uma vez, em 1 hora eu estou falando uma língua nova que só eu vou entender.— Digo fazendo sua atenção se voltar para mim.

— Temos que falar sobre algumas coisas Afrodite. — Hum, começou.

— Sim? — Digo e encho a taça rapidamente, mas dessa vez até o final.

— Eu pesquisei tudo sobre você, então antes que você pense em contar alguma mentira saiba que eu já estou sabendo de tudo!— Que desaforado.

— Quer colocar um detector de mentiras em mim?— Brinco tentando descontrair, ele trava o seu maxilar e eu percebo que ele não tem muito senso de brincadeira.

— Você sabe que nosso casamento será de fachada, certo?—

— Tão claro como água e óleo não se misturam. — Falo e ele assente.

— Porém eu vi que minha filha gosta da sua presença, então podemos fazer um acordo que será bom para ambos— Assinto e tomo um longo gole do vinho.

— Prossiga.— Falo olhando em seus olhos.

— Teremos um relacionamento de fachada, você vai ter tudo o que desejar, cartão sem limites e liberdade para sair desde que seja com seguranças— Tomo outro gole do vinho. — Em troca, você cuidar e educar a minha filha, mas sem se apegar a ela e quando chegar a hora de ir embora, vai sem olhar para trás.— Engulo em seco.

— O que você está me propondo é muito complicado, dois anos vendo uma criança crescer para depois a deixar sem olhar pra trás… ela vai vai está grandinha e vai sentir falta.

— Você cuidou de criança durante dois anos e às deixou. — Fala e eu sinto uma pontada no meu coração ao lembrar dos meus bebês.

— Cuidei, mas foi 1 ano com cada um e até hoje eu tenho contato com eles, posso ver eles a hora que eu quiser. — Falo — O que você está me pedindo é para dar todo o amor e carinho para sua filha, me apegar a ela e fazer ela se apegar a mim e depois ir embora sem olhar para trás, isso não se faz.

— Mas com a minha filha vai ser assim!— Ele fala sério. — Todo mês você vai receber 100 mil euros na conta e no final desses dois anos te dou 100 milhões de euros para reconstruir sua vida no seu país— Abro a boca chocada com as informações.

100 milhões de euros é muito, lá no brasil eu poderia ser considerada milionária.

— Você sabe que dinheiro não compra tudo, principalmente o amor de uma criança— Digo seria.

— Quando chegar a hora, você vai ser que dinheiro é a chave para tudo. — Reviro meus olhos.

— Mas e os homens que querem me pegar?— Questiono, viro a taça de vez tomando todo o líquido.

Minha cabeça já tá rodando, mas não é nem por causa da bebida e sim por conta da nossa conversa.

— Até lá eles estarão mortos— Engulo em seco.

— Minha amiga…

— Ela já concordou. — Arqueei minha sobrancelha — Tudo que eu estou te dizendo Vittorio disse pra ela a diferença é que não existe uma criança no meio— Assinto

— Hum, entendi.— Falo.

— Pensei que seria mais difícil— Fala servindo mais vinho para nós dois.

— Porém eu tenho algumas objeções— Falo e ela dá um pequeno sorriso.

— Claro que tem! — Exclama.

— É sobre dois anos da minha vida que estamos falando, eu não quero ficar aqui só sendo babá e andando pela casa de um lado para o outro— Falo.

— O que você deseja? — Questiona.

— Quero aprender a falar Italiano e ter direito de sair, mesmo que seja escoltada com vários seguranças— Falo e vejo ele sorri de lado.

Se a cada sorriso desse homem meu coração acelerar, eu estou ferrada.

— Porque deseja aprender italiano? — Sorri dando de ombros, olho para sua boca mas quando percebo que ele está olhando para mim, desvio o olhar.

— Eu estou na Itália, irei me casar com um italiano e passar dois anos em uma família italiana, seria legal entender o que vocês falam. — Digo e ele assente.

— Irei contratar a melhor professora de italiano para te dar aula— Sorri.

— Mais alguma exigência Afrodite?— Quando ele fala meu nome seu tom já não é mais tão sério, é descontraído e leve.

— Eu não vou aceitar ser tirada da vida, dá sua filha da maneira que você está falando, temos que amadurecer essa conversa e ver o melhor caminho, Sophia já estará com 2 anos e isso pode lhe dar trauma achando que eu a abandonei. —

Falo e quando olho para Rocco vejo ele me analisando com atenção, então ele leva a mão até sua barba e cruza os braços se inclinados um pouco, ficando em uma posição mais relaxada.

— Se você insiste, com o tempo podemos ver o melhor para a minha filha. — Ele fala deixando o ‘minha’ bem claro. — Mais alguma exigência?

— Exijo que mesmo nesse casamento de mentira, você seja fiel e não saia com outras mulheres, pois eu não quero ser taxada como corna— Falo e vejo ele dá outro sorriso debochado.

— Mas não tem porque exigir fidelidade.— Reviro os olhos.

— Ótimo, então vamos fazer o seguinte.— Tomo um gole da minha taça calmamente — Você se relaciona escondido com outras mulheres e eu irei fazer o mesmo com outros homens, assim eu fico protegida e você não fica de bolas roxas.

— Eu irei casar com você pra te manter viva e você acha que pode sair com outros homens?— Pego a minha taça e olho em seus olhos vendo um começo de raiva misturado com indignação.

— E você acha que pode sair por aí com outras mulheres e eu ficar aqui chupando o dedo enquanto levo o nome de corna?— Questiono no mesmo tom que o dele. — E outra vocês que foderam com a minha vida não aja como se essa merda fosse um favor, pois isso é mais que a obrigação de vocês, ok?

Ele se levanta rapidamente e quando eu vejo estou contra a bancada, seu peito sobe e desce rapidamente, sua raiva em minha direção é palpável.

— Sua ingrata de m****a, eu poderia mandar te jogar em um puteiro qualquer só por falar comigo nesse tom de voz— Sinto meus olhos se encherem de lágrimas.

— Olha como você fala comigo!— Digo com a voz embargada.

— Você tem uma puta sorte de eu amar minha cunhada e está aceitando essa merda e não te obrigar a casar com velho nojento da família— Fala rosnando

Antes que eu consiga responder ele sai e eu fico me tremendo, cheia de medo e raiva. Eu estou em um relacionamento de mentira tóxico, pego a garrafa de vinho e vou para o meu quarto.

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